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A Escrava Isaura

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educou com tanto esmero essa escrava, para torná-la digna da liberdade quepretendia dar-lhe, e não para satisfazer aos caprichos de V. S.a. Ela por certo ládo céu, onde está, o amaldiçoará, e o mundo inteiro a acompanhará na maldiçãoao homem que retém no mais infamante cativeiro uma criatura cheia de virtudes,prendas e beleza.- Basta, senhor!.. agora fico também sabendo, que uma escrava,só pelo fato de ser bonita e prendada, tem direitos à liberdade. Piquetambém V. S.ª sabendo, que se minha mãe não criou essa raparigapara satisfazer aos meus caprichos, muito menos para satisfazer aos deV. S.ª a quem nunca conheceu nesta vida. Senhor Álvaro, se deseja teralguma linda escrava para sua amásia procure outra, compre-a, que arespeito desta, pode perder toda a esperança.- Senhor Leôncio, V. S.ª decerto esquece-se do lugar onde está,e da pessoa com quem fala, e julga que se acha em sua fazenda falandoaos seus feitores ou a seus escravos. Advirto-lhe, para que mudede linguagem.- Basta, senhor; deixemo-nos de vás disputas, e nem eu vim aquipara ser catequizado por V. S.ª. O que quero é a entrega da escrava enada mais. Não me obrigue a usar do meu direito levando-a à força.Álvaro, desvairado por tão grosseiras e ferinas provocações, perdeude todo a prudência e sangue-frio.Entendeu que para sair-se bem na terrivel conjuntura em que seachava, só havia um caminho, - matar o seu antagonista ou morrer-lhe àsmãos, - e cedendo a essas sugestões da cólera e do desespero, saltou da cadeiraem que estava, agarrou Leôncio pela gola e sacudindo-o com força:- Algoz! - bradou espumando de raiva, - ai tens a tua escrava!mas antes de levá-la, hás de responder pelos insultos que me tens dirigido,ouviste?... ou acaso pensas que eu também sou teu escravo?..- Está louco, homem! - disse Leôncio amedrontado. - As leisdo nosso país não permitem o duelo.- Que me importam as leis!... para o homem de brio a honra ésuperior às leis, e se não és um covarde, como penso...Socorro, que querem assassinar-me, - bradou Leônciodesembaraçando-se das mãos de Álvaro, e correndo para a porta.- Infame! - rugiu Álvaro, cruzando os braços e rangendo os dentesnum sorrir de cólera e desdém...No mesmo momento, atraídos pelo barulho, entravam na sala deum lado <strong>Isaura</strong> e Miguel, do outro o oficial de justiça e os guardas.<strong>Isaura</strong> estava com o ouvido aguçado, e do interior da casaouvira e compreendera tudo.Viu que tudo estava perdido, e correu a atalhar o desatino, quepor amor dela Álvaro ia cometer.- Aqui estou, senhor! - foram as únicas palavras que pronunciouapresentando-se de braços cruzados diante de seu senhor.- Ei-los ai; são estes! - exclamou Leôncio indicando aos guardas<strong>Isaura</strong> e Miguel. Prendam-os!.. prendam-os!...Vai-te, <strong>Isaura</strong>, vai-te, - murmurou Álvaro com voz trêmula esumida, achegando-se da cativa. - Não desanimes; eu não te abandonarei.Confia em Deus e em meu amor.Uma hora depois Álvaro recebia em casa a visita de Martinho. Vinhaeste mui ancho e lampeiro dar conta de sua comissão, e sôfrego por embolsar

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