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A Escrava Isaura

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dirigidas para o salão de dança. - Estou calculando o meu jogo... suponham queé o xadrez, e que eu vou dar xeque-mate à rainha... dito e feito, e os cinco contossão meus...- Não há dúvida, o rapaz está doido varrido... Anda lá, Martinho;descobre o teu jogo, ou vai-te embora, e não nos estejas a maçar apaciência com tuas maluquices.- Malucos são vocês. O meu jogo é este... mas quanto me dãopara descobri-lo? olhem que é coisa curiosa.- Queres-nos atiçar a curiosidade para nos chuchar alguns cobres,não é assim?... pois desta vez afianço-te da minha parte, que nãoarranjas nada. Vai-te aos diabos com o teu jogo, e deixa-nos cá como nosso. As cartas, meus amigos, e deixemos o Martinho com suasmaluquices.- Com suas velhacarias, dirás tu... não me pilha.- Ah! toleirões! - exclamou o Martinho, - vocês ainda estãocom os beiços com que mamaram. Andem cá, andem, e verão se émaluquice, nem velhacaria. Enfim quero mostrar-lhes o meu jogo,porque desejo ver se a opinião de vocês estará ou não de acordocom a minha. Eis aqui a minha bisca. - concluiu Martinho mostrando umpapel, que sacou da algibeira; - não é nada mais que um anúncio deescravo fugido.- Ah! ah! ah! esta não é má!...- Que disparate!... decididamente estás louco, meu Martinho.- A que propósito vem agora anúncio de escravo fugido?...- Foste acaso nomeado oficial de justiça ou capitão-do-mato?Estas e outras frases escapavam aos mancebos de envolta, em umcoro de intermináveis gargalhadas, que competiam com a orquestra do baile.- Não sei de que tanto se espantam, - replicou frescamente oMartinho; - o que admira é que ainda não vissem este grande anúncioem avulso, que veio do Rio de Janeiro, e foi distribuído por toda acidade com o jornal do Comércio.- Porventura somos esbirros ou oficiais de justiça, para nosembaraçarmos com semelhantes anúncios?- Mas olhem que o negócio é dos mais curiosos, e as alvíssarasnão são para se desprezarem.- Pobre Martinho! quanto pode em teu espírito a ganância deouro, que faz-te andar à cata de escravos fugidos em uma sala de baile!- pois é aqui que poderás encontrar semelhante gente?...- Olé... quem sabe?!... tenho cá meus motivos para desconfiarque por aqui mesmo hei de achá-la, assim como os cinco continhosque, aqui entre nós, vêm agora mesmo ao pintar, pois que o armazémde meu sócio bem pouco tem rendido nestes últimos tempos.Martinho chamava armazém à pequena taverna de que era sócioDitas aquelas palavras foi postar-se junto à porta que dava para o salãoe ali ficou por largo tempo a olhar, ora para os que dançavam, ora parao anúncio, que tinha desdobrado na mão, como quem averigua e confronta os sinais.- Que diabo faz ali o Martinho? - exclamou um dos mancebosque entretidos com as mímicas do Martinho, tomando-as por palhaçadas,tinham-se esquecido de jogar.- Está doido, não resta a menor dúvida. - observou outro. -Procurar escravo fugido em uma sala de baile!... Ora não faltava mais

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