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A Escrava Isaura

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por um grupo de lindas e elegantes moças, que cintilantes de sedas epedrarias como um bando de aves-do-paraíso, passeavam conversando.O assunto da palestra era também D. Elvira; mas o diapasão era totalmentediverso, e em nada se harmonizava com o da conversação dosrapazes. Nenhum mal nos fará escutá-las por alguns instantes.- Você não saberá dizer-nos, D. Adelaide, quem é aquela moça,que ainda há pouco entrou na sala pelo braço do senhor Álvaro?- Não, D. Laura; é a primeira vez que a vejo, parece-me que nãoé desta terra.- Decerto; que ar espantado tem ela!... parece uma matuta,que nunca pisou em um salão de baile; não acha, D. Rosalina?- Sem dúvida!.., e você não reparou na toilette dela?... meuDeus!... que pobreza! a minha mucama tem melhor gosto para se trajar.Aqui a D. Emília é que talvez saiba quem ela é.- Eu? por quê? é a primeira vez que a vejo, mas o senhor Álvarojá me tinha dado notícias dela, dizendo que era um assombro de beleza.Não vejo nada disso; é bonita, mas não tanto, que assombre.- Aquele senhor Álvaro sempre é um excêntrico, um esquisito;tudo quanto é novidade o seduz. E onde iria ele escavar aquela pérola,que tanto o traz embasbacado?...- Veio de arribação lá dos mares do Sul, minha amiga, e a julgarpelas aparências não é de todo má.- Se não fosse aquela pinta negra, que tem na face, seria maissuportável.- Pelo contrário, D. Laura; aquele sinal é que ainda lhe dá certagraça particular...- Ah! perdão, minha amiga; não me lembrava que você tambémtem na face um sinalzinho semelhante; esse deveras fica-te muito bem,e dá-te, muita graça; mas o dela, se bem reparei, é grande demais; nãoparece uma mosca, mas sim um besouro, que lhe pousou na face.- A dizer-te a verdade, não reparei bem. Vamos, vamos para osalão; é preciso vê-la mais de perto, estudá-la com mais vagar parapodermos dar com segurança a nossa opinião.E, dito isto, lá se foram elas com os braços enlaçados, formandocomo longa grinalda de variegadas flores, que lá se foi serpeandoperder-se entre a multidão.Capitulo 11Álvaro era um desses privilegiados, sobre quem a natureza e afortuna parece terem querido despejar à porfia todo o cofre de seusfavores. Filho único de uma distinta e opulenta família, na idade devinte e cinco anos, era órfão de pai e mãe, e senhor de uma fortuna decerca de dois mil contos.Era de estatura regular, esbelto, bem feito e belo, mais pela nobree simpática expressão da fisionomia do que pelos traços físicos, queentretanto não eram irregulares. Posto que não tivesse o espírito muitocultivado, era dotado de entendimento lúcido e robusto, próprio a elevar-seà esfera das mais transcendentes concepções. Tendo concluído ospreparatórios, como era filósofo, que pesava gravemente as coisas,

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