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A Escrava Isaura

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Já são passados mais de dois meses depois da fuga de <strong>Isaura</strong>, eagora, leitores, enquanto Leôncio emprega diligências extraordinárias emeios extremos, e desatando os cordões da bolsa, põe em atividade apolícia e uma multidão de agentes particulares para empolgar de novo apresa, que tão sorrateiramente lhe escapara, façamo-nos de vela para asprovíncias do Norte, onde talvez primeiro que ele deparemos com anossa fugitiva heroína.Estamos no Recife. É noite e a formosa Veneza da América do Sul,coroada de um diadema de luzes, parece surgir dos braços do oceano,que a estreita em carinhoso amplexo e a beija com amor. É uma noitefestiva: em uma das principais ruas nota-se um edifício esplendidamenteiluminado, para onde concorre grande número de cavalheiros e damasdas mais distintas e opulentas classes. É um lindo prédio onde umasociedade escolhida costuma dar brilhantes e concorridos saraus. Algunsestudantes dos mais ricos e elegantes, também costumam descer davelha Olinda em noites determinadas, para ali virem se espanejar entre osesplendores e harmonias, entre as sedas e perfumes do salão do baile; eaos meigos olhares e angélicos sorrisos das belas e espirituosas pernambucanas,esquecerem por algumas horas os duros bancos da Academia e os carunchosospraxistas.Suponhamos que também somos adeptos daquele templo deTerpsícore, entremos por ele a dentro, e observemos o que por aí vai decurioso e interessante. Logo na primeira sala encontramos um grupo deelegantes mancebos, que conversam com alguma animação. Escutemo-los.- É mais uma estrela que vem brilhar nos salões do Recife, -dizia Álvaro, - e dar lustre a nossos saraus. Não há ainda três meses,que chegou a esta cidade, e haverá pouco mais de um, que a conheço.Mas creia-me, Dr. Geraldo, é ela a criatura mais nobre e encantadoraque tenho conhecido. Não é uma mulher; é uma fada, é um anjo, éuma deusa!...- Cáspite! - exclamou o Dr. Geraldo; fada! anjo! deusa!... Sãoportanto três entidades distintas, mas por fim de contas verás que nãopassa de uma mulher verdadeira. Mas dize-me cá, meu Álvaro; esseanjo, fada, deusa, mulher ou o que quer que seja, não te disse de ondeveio, de que família é, se tem fortuna, etc., etc., etc.?- Pouco me importo com essas coisas, e poderia responder-teque veio do céu, que é da família dos anjos, e que tem uma fortunasuperior a todas as riquezas do mundo: uma alma pura, nobre einteligente, e uma beleza incomparável. Mas sempre te direi que o quesei de positivo a respeito dela é que veio do Rio Grande do Sul emcompanhia de seu pai, de quem é ela a única família; que seus meios sãobastantemente escassos, mas que em compensação ela é linda comoos anjos, e tem o nome de Elvira,- Elvira! - observou o terceiro cavalheiro - bonito nome naverdade!... mas não poderás dizer-nos, Álvaro, onde mora a tua fada?...- Não faço mistério disso; mora com seu pai em uma pequenachácara no bairro de Santo Antônio, onde vivem modestamente,evitando relações, e aparecendo mui raras vezes em público. Nessachácara, escondida entre moitas de coqueiros e arvoredos, vive ela

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