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A Escrava Isaura

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o meu amor.,- Nunca! - exclamou <strong>Isaura</strong>. - Eu cometeria uma traiçãoinfame para com minha senhora, se desse ouvidos às palavras amorosasde meu senhor.- Escrúpulos de criança!.., escuta ainda, <strong>Isaura</strong>. Minha mãe vendoa tua linda figura e a viveza de teu espírito, - talvez por não ter filhaalguma, - desvelou-se em dar-te uma educação, como teria dado auma filha querida. Ela amava-te extremosamente, e se não deu-te aliberdade foi com o receio de perder-te; foi para conservar-te semprejunto de si. Se ela assim procedia por amor, como posso eu largar-te demão, eu que te amo com outra sorte de amor muito mais ardente eexaltado, um amor sem limites, um amor que me levará à loucura ouao suicídio, se não... mas que estou a dizer!... Meu pai, - Deus lheperdoe, - levado por uma sórdida avareza, queria vender tua liberdadepor um punhado de ouro, como se houvesse ouro no mundo quevalesse os inestimáveis encantos, de que os céus te dotaram.Profanação!... eu repeliria, como quem repele um insulto, todo aqueleque ousasse vir oferecer-me dinheiro pela tua liberdade. Livre és tu,porque Deus não podia formar um ente tão perfeito para votá-lo àescravidão. Livre és tu, porque assim o queria minha mãe, e assim o queroeu. Mas, <strong>Isaura</strong>, o meu amor por ti é imenso; eu não posso, eu nãodevo abandonar-te ao mundo. Eu morreria de dor, se me visse forçado alargar mão da jóia inestimável, que o céu parece ter-me destinado, eque eu há tanto tempo rodeio dos mais ardentes anelos de minhaalma...- Perdão, senhor; eu não posso compreendé-lo; diz-me que soulivre, e não permite que eu vá para onde quiser, e nem ao menos queeu disponha livremente de meu coração?!- <strong>Isaura</strong>, se o quiseres, não serás somente livre; serás a senhora,a deusa desta casa. Tuas ordens, quaisquer que sejam, os teus menorescaprichos serão pontualmente cumpridos; e eu, melhor do que faria omais terno e o mais leal dos amantes, te cercarei de todos os cuidados ecarinhos, de todas as adorações, que sabe inspirar o mais ardente einextinguível amor. Malvina me abandona!... tanto melhor! em quedependo eu dela e de seu amor, se te possuo?! Quebrem-se de uma vezpara sempre esses laços urdidos pelo interesse! esqueça-se para semprede mim, que eu nos braços de minha <strong>Isaura</strong> encontrarei sobeja venturapara poder lembrar-me dela.- O que o senhor acaba de dizer me horroriza. Como se podeesquecer e abandonar ao desprezo uma mulher tão amante e carinhosa,tão cheia de encantos e virtudes, como sinhá Malvina? Meu senhor,perdoe-me se lhe falo com franqueza; abandonar uma mulher bonita,fiel e virtuosa por amor de uma pobre escrava, seria a mais feia dasingratidões.A tão severa e esmagadora exprobração, Leôncio sentiu revoltar-seo seu orgulho. escrava insolente! - bradou cheio de cólera. - Queeu suporte sem irritar-me os teus desdéns e repulsas, ainda vá:mas repreensões!... com quem pensas tu que falas?...- Perdão! senhor!... exclamou <strong>Isaura</strong> aterrada e arrependida daspalavras que lhe tinham escapado.- E, entretanto, se te mostrasses mais branda comigo... mas não,

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