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A Escrava Isaura

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- Meu pai!... que novidade o traz aqui?... a modo que lhe estouvendo um ar mais alegre que de costume.- Calada! - murmurou Miguel, levando o dedo à boca e apontandopara Leôncio. - Trata-se da tua liberdade.- Deveras, meu pai!... mas como pôde arranjar isso?- Ora como?!... a peso de ouro. Comprei-te, minha filha, e embreve vais ser minha.- Ah! meu querido pai!... como vossemecê é bom para sua filha!...se soubesse quantos hoje já me vieram oferecer a liberdade!...mas por que preço! meu Deus!... nem me atrevo a lhe contar. Meucoração adivinhava, continuou beijando com terna efusão as mãos deMiguel; - eu não devia receber a liberdade senão das mãos daqueleque me deu a vida!...- Sim, querida <strong>Isaura</strong>! - disse o velho apertando-a contra ocoração. - O céu nos favoreceu, e em breve vais ser minha, minha só,minha para sempre!...- Mas ele consente?... perguntou <strong>Isaura</strong> apontando para Leôncio.- O negócio não é com ele, é com seu pai, a quem agora escreve.- Nesse caso tenho alguma esperança; mas se minha sorte dependersomente daquele homem, serei para sempre escrava.- Arre! com mil diabos!... resmungou consigo Leônciolevantando-se, e dando sobre a mesa um furioso murro com o punhofechado. - Não sei que volta hei de dar para desmanchar estainqualificável loucura de meu pai!- Já escreveste, Leôncio? - perguntou Malvina voltando-se paradentro.Antes que Leôncio pudesse responder a esta pergunta, um pajem,entrando rapidamente pela sala, entrega-lhe uma carta tarjada de preto.- De luto!... meu Deus!... que será! - exclamou Leôncio, pálidoe trêmulo, abrindo a carta, e depois de a ter percorrido rapidamentecom os olhos lançou-se sobre uma cadeira, soluçando e levando olenço aos olhos.- Leôncio! Leôncio!... que tem?... exclamou Malvina pálida desusto; e tomando a carta que Leôncio atirara sobre a mesa, começou aler com voz entrecortada:"Leôncio, tenho a dar-te uma dolorosa notícia, para a qual teucoração não podia estar preparado. E um golpe, pelo qual todosnós temos de passar inevitavelmente, e que deves suportar comresignação. Teu pai já não existe; sucumbiu anteontem subitamente,vítima de uma congestão cerebral..."Malvina não pôde continuar; e nesse momento, esquecendo-se dasinjúrias e de tudo que lhe havia acontecido naquele nefasto dia, lançou-sesobre seu marido, e abraçando-se com ele estreitamente, misturava suaslágrimas com as dele.- Ah! meu pai! meu pai!... tudo está perdido! - exclamou <strong>Isaura</strong>,pendendo a linda e pura fronte sobre o peito de Miguel. - Já nenhumaesperança nos resta!...- Quem sabe, minha filha! - replicou gravemente o pai. - Nãodesanimemos; grande é o poder de Deus!...

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