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A Escrava Isaura

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deste teu infeliz cativo...- Levante-se, levante-se, - interrompeu <strong>Isaura</strong> com impaciência.- Seria bonito que meus senhores viessem aqui encontrá-lo fazendoesses papéis!... que estou-lhe dizendo?... ei-los aí!... ah! senhor Belchior!De feito, de um lado Leôncio, e de outro Henrique e Malvina, osestavam observando.Henrique, tendo-se retirado do salão, despeitado e furioso contraseu cunhado, assomado e leviano como era, foi encontrar a irmã nasala de jantar, onde se achava preparando o café e ali em presença delanão hesitou em desabafar sua cólera, soltando palavras imprudentes,que lançaram no espírito da moça o germe da desconfiança e dainquietação.- Este teu marido, Malvina, não passa de um miserável patife- disse bufando de raiva.- Que estás dizendo, Henrique?!... que te fez ele?... - perguntoua moça, espantada com aquele rompante.- Tenho pena de ti, minha irmã... se soubesses... queinfâmia!...- Estás doido, Henrique!... o que há então?- Permita Deus que nunca o saibas!... que vilania!...- O que houve então, Henrique?... fala, explica-te por quem és,- exclamou Malvina, pálida e ofegante no cúmulo da aflição.- Oh! que tens?... não te aflijas assim, minha irmã, - respondeuHenrique, já arrependido das loucas palavras que havia soltado. Tardecompreendeu que fazia um triste e deplorável papel, servindo demensageiro da discórdia e da desconfiança entre dois esposos, que até aliviviam na mais perfeita harmonia e tranquilidade. Tarde e emvão procurou atenuar o terrível efeito de sua fatal indiscrição.- Não te inquietes, Malvina, continuou ele procurando sorrir-se;- teu marido é um formidável turrão, eis aí tudo; não vás pensar quenos queremos bater em duelo.- Não; mas vieste espumando de raiva, com os olhos em fogo, ecom um ar...- Qual!... pois não me conheces?... sempre fui assim; por - dácá aquela palha - pego fogo, mas também é fogo de palha.- Mas pregaste-me um susto!...- Coitada!... toma isto, - disse-lhe Henrique, oferecendo-lheuma xícara de café, é a melhor coisa que há para aplacar sustos eataques de nervos.Malvina procurou acalmar-se, mas as palavras do irmão tinham-lhepenetrado no âmago do coração, como a dentada de uma víbora, aídeixando o veneno da desconfiança.O aparecimento de Leôncio, que vinha do salão, pôs termo a esteincidente. Os três tomaram café à pressa e sem trocarem palavras; estavamjá ressabiados uns com outros, olhavam-se com desconfiança, e deum momento para outro a discórdia insinuara-se no seio daquelapequena família, ainda há pouco tão feliz, unânime e tranqüila. Tomado ocafé retiraram-se, mas todos por um impulso instintivo, dirigiram seuspassos para o salão, Henrique e Malvina de braços dados pelo grandecorredor da entrada, e Leôncio sozinho por compartimentos interiores,que comunicavam com o salão. Era ali com efeito que se achava o

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