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A Escrava Isaura

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desprezo que Leôncio lhe merecia, Álvaro não pretendia levar ao últimoextremo os meios de vingança, que por um acaso as circunstâncias tinhamposto em suas mãos. Era ele dez vezes mais rico do que o seu adversário, ede muito bom grado, se não houvesse outro recurso, por um contratoamigável daria uma soma igual a toda a fortuna deste, pela liberdade de<strong>Isaura</strong>.Agora, que o destino vinha pôr em suas mãos toda a fortuna desseadversário caprichoso, arrogante e desalmado, Álvaro, sempre generoso,nem por isso desejava vê-lo reduzido à miséria.Os credores não hesitaram um momento em aceitar a proposta.Com razão preferiram saldar suas contas por um modo fácil e expedito,em dinheiro contado, recebendo a metade, do que sujeitando-se àsdespesas, delongas e dificuldades de uma execução em escravos e bensde raiz, quando nenhuma probabilidade havia de que no rateiopudessem obter mais de metade.Senhor de todos os títulos de divida de Leôncio, isto é, detoda a sua fortuna, Álvaro partiu para Campos a fim de promover por suaconta a execução dos bens do mesmo, e munido de todos os papéis edocumentos, acompanhado de um escrivão e dois oficiais de justiça,apresentou-se em pessoa em casa de Leôncio para intimar-lhe empessoa a sentença de sua perdição.- Oh! maldição! - exclamara Leôncio, arrancando os cabelos emdesespero, depois que ouvira dos lábios de Álvaro aquele arresto esmagador.Atordoado e quase louco com a violência do golpe, ia sair correndo pela portaa fora.- Espere ainda, senhor, - disse Álvaro detendo-o pelo braço. -Agora quanto à escrava de que há pouco se falava, o que pretendiafazer dela?- Libertá-la, já lhe disse, - respondeu Leôncio com rudeza.- E mais alguma coisa; creio que também me disse que ia casá-la;e, desculpe-me a pergunta, haveria para isso consentimento da partedela?- Oh! não! não!... eu era arrastada, senhor! - exclamou <strong>Isaura</strong>resolutamente.- É verdade, senhor Álvaro, - atalhou Miguel, ela ia casar-se,por assim dizer, forçada. O senhor Leôncio, como condição daliberdade dela obrigava-a a casar-se com aquele pobre homem que V. S.ªali vê.- Com aquele homem?! - exclamou Álvaro cheio de pasmo eindignação, olhando para o homúnculo que Miguel lhe indicava com odedo.- Sim, senhor, - continuou Miguel, - e se ela não se sujeitassea esse casamento, teria de passar o resto da vida presa em um quartoescuro, incomunicável, com o pé enfiado em uma grossa corrente,como tem vivido desde que veio do Recife até o dia de hoje...- Verdugo! - bradou Álvaro, não podendo mais sopear suaindignação. - A mão da justiça divina pesa enfim sobre ti para punir tuasmonstruosas atrocidades!- O que vergonha!.., que opróbrio, meu Deus! - exclamou Malvina,debruçando-se a uma mesa, e escondendo o rosto entre as mãos.- Pobre <strong>Isaura</strong>! - disse Álvaro com voz comovida, estendendo

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