63Quando confrontados com os dados da Tabela 1, essas informaçõesevi<strong>de</strong>nciam a complexida<strong>de</strong> da questão dos resíduos e a dificulda<strong>de</strong> inerente aosprocessos <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong>sses materiais, já que nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s os espaços<strong>de</strong>stinados para a disposição final <strong>de</strong> lixo é cada vez menor – ou já não existe 45 .TABELA 1 – QUANTIDADE DIÁRIA DE LIXO COLETADO, POR UNIDADE DEDESTINO FINAL DO LIXO COLETADO, NO BRASIL E NAS GRANDESREGIÕES, 2000Gran<strong>de</strong>s RegiõesBrasil Norte Nor<strong>de</strong>ste Su<strong>de</strong>ste Sul CentroOesteTotal 228.413,0 11.067,1 41.557,8 141.616,8 19.874,8 14.296,5Quantida<strong>de</strong> diária <strong>de</strong> lixo coletado (t/dia)Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino final do lixo coletadoVazadouro acéu aberto(lixão)Vazadouro<strong>em</strong> áreasalagadasAterrocontroladoAterrosanitárioEstação <strong>de</strong>compostag<strong>em</strong>Estação <strong>de</strong>triag<strong>em</strong>48.321,7 6.279,0 20.043,5 13.755,9 5.112,3 3.131,0232,6 56,3 45,0 86,6 36,7 8,084.575,5 3.133,9 6.071,9 65.851,4 4.833,9 4.684,482.640,3 1.468,8 15.030,1 52.542,3 8.046,0 5.553,16 549,7 5,0 74,0 5437,9 347,2 685,62 265,0 - 92,5 1262,9 832,6 77,0Incineração 1 031,8 8,1 22,4 945,2 30,1 26,0Locais nãofixos1 230,2 95,6 128,4 781,4 119,9 104,9Outra 1 566,2 20,4 50,0 953,2 516,1 26,5FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra <strong>de</strong> Domicílios, 2005.45O maior aterro sanitário do mundo é o <strong>de</strong> Fresh Kills, da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> New York, atingindo uma área<strong>de</strong> 12 km 2 (12 milhões <strong>de</strong> m 2 ). Sendo o único aterro da cida<strong>de</strong> e recebendo cerca <strong>de</strong> 13 miltoneladas diárias <strong>de</strong> resíduos, o <strong>de</strong>pósito foi fechado <strong>em</strong> 22 março <strong>de</strong> 2001, obrigando a cida<strong>de</strong> aexportar lixo para outras localida<strong>de</strong>s do país. Além disso, <strong>em</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos, a composiçãodos resíduos t<strong>em</strong> se alterado consi<strong>de</strong>ravelmente, reduzindo a parcela orgânica por uma porçãonão bio<strong>de</strong>gradável, o que agrava ainda mais a questão.
64A PNSB (ibi<strong>de</strong>m, p.49-50) revela que aparent<strong>em</strong>ente o país parece estarnuma situação favorável quanto ao <strong>de</strong>stino final do lixo coletado (Tabela 2), já qu<strong>em</strong>ais <strong>de</strong> 69% <strong>de</strong> todo o lixo coletado no Brasil estaria tendo um <strong>de</strong>stino finala<strong>de</strong>quado <strong>em</strong> aterros sanitários e/ou controlados. Contudo, <strong>em</strong> termos numéricos,os municípios revelam um resultado antagônico bastante constrangedor (Tabela 2),com a predominância da disposição final dos resíduos <strong>de</strong> maneira ina<strong>de</strong>quada.TABELA 2 - DESTINO FINAL DO LIXO COLETADO NO BRASILEM PESO EM Nº DE MUNICÍPIOSAterros sanitários 47,1% 13,8%Aterros controlados 22,3% 18,4%Lixões 30,5% 63,6%Não informado 5%FONTE: IBGE - PNSB, 2000Essa situação apresenta um quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental que v<strong>em</strong> seagravando ao longo <strong>de</strong> anos dada a tendência das prefeituras <strong>de</strong> apenas buscarafastar das áreas centrais urbanas o resíduo recolhido. Acrescente-se a issoquestões políticas e econômicas, além do freqüente <strong>de</strong>spreparo técnico, e asituação torna-se ainda mais caótica com o lançamento <strong>de</strong> lixo <strong>em</strong> locaisimpróprios 46 , capaz <strong>de</strong> gerar gran<strong>de</strong> impacto ambiental.Consi<strong>de</strong>rando-se ainda que <strong>em</strong> muitas <strong>de</strong>ssas áreas <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong>resíduos é cada vez mais freqüente a presença <strong>de</strong> catadores, sendo eles muitasvezes crianças e jovens, expõe-se um quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação social que revelaclaramente os probl<strong>em</strong>as que uma gestão ina<strong>de</strong>quada dos resíduos sólidos urbanospo<strong>de</strong> gerar.É verda<strong>de</strong> que se comparado aos resultados das pesquisas anterioresrealizadas no país, po<strong>de</strong>-se observar uma tendência <strong>de</strong> melhora no setor,46Sabendo-se que os aterros controlados po<strong>de</strong>m transformar-se <strong>em</strong> lixões <strong>em</strong> curto espaço <strong>de</strong>t<strong>em</strong>po, caso medidas regulares <strong>de</strong> controle não sejam adotadas, um percentual <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 70 e80% aproximadamente dos resíduos coletados pelos municípios po<strong>de</strong>m estar sendo vazados a céuaberto, <strong>em</strong> cursos <strong>de</strong> rios ou outras áreas <strong>de</strong> relevante interesse ambiental, como encostas,florestas, mangues, fundos <strong>de</strong> vale, <strong>de</strong>ntre outros.
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