53Revolução Industrial foi um marco no sentido da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> disponibilizar maiorquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens materiais aos indivíduos. Com engenhosida<strong>de</strong> e perspicácia, ohom<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolveu técnicas cada vez mais sofisticadas, capazes <strong>de</strong> lhe viabilizar afabricação <strong>de</strong> novos materiais, instrumentos e máquinas que lhe permitiram dominarcom mais eficiência o meio ambiente ao seu redor. As palavras <strong>de</strong> LORENZ 40 apudPENNA (1999, p.26 e 27) são esclarecedoras quanto à interferência da técnica naformação <strong>de</strong> novos hábitos humanos:O <strong>de</strong>senvolvimento da tecnologia mo<strong>de</strong>rna, e especialmente a farmacologia, favorece <strong>em</strong>gran<strong>de</strong> medida a aspiração humana <strong>de</strong> evitar o sofrimento (...) dominandoprogressivamente o seu meio, o hom<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rno por força das circunstâncias, <strong>de</strong>slocou oequilíbrio prazer-<strong>de</strong>sagrado no sentido <strong>de</strong> uma hipersensibilida<strong>de</strong> diante <strong>de</strong> toda situaçãodolorosa.No entanto, ainda que se possa reconhecer a beleza da criação artística edo pensamento lógico como um dos mais sutis e refinados prazeres humanos,EINSTEIN (1994) nos alerta que:(...) se os homens, como indivíduos, ce<strong>de</strong>m aos apelos <strong>de</strong> seus instintos básicos, evitando ador [e o <strong>de</strong>sconforto] e buscando apenas a satisfação para si próprios, o resultado (...) éforçosamente um estado <strong>de</strong> insegurança, medo e sofrimento geral. Se, além disso, elesusam sua inteligência numa perspectiva individualista, isto é, egoísta, baseando suas vidasna ilusão <strong>de</strong> uma existência feliz e <strong>de</strong>scompromissada, as coisas dificilmente po<strong>de</strong>mmelhorar. Em comparação com outros instintos e impulsos primários, as <strong>em</strong>oções do amor,da pieda<strong>de</strong> e da amiza<strong>de</strong> são fracas e limitadas <strong>de</strong>mais para conduzir a socieda<strong>de</strong> humanaa uma condição tolerável.Essa constatação é importante no sentindo <strong>de</strong> que, se por um ladoconseguimos evoluir enquanto espécie <strong>de</strong>senvolvendo técnicas cada vez maisaprimoradas, por outro, é verda<strong>de</strong> que atingimos níveis <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estar e <strong>de</strong> confortomaterial até então impensáveis – e inatingíveis pela gran<strong>de</strong> maioria. Com aindustrialização e o aumento significativo e gradativo do processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>mercadorias, <strong>de</strong>senvolveu-se inicialmente (e especialmente) entre os países<strong>de</strong>senvolvidos uma i<strong>de</strong>ologia do conforto, ou seja, uma noção <strong>de</strong> que ter mais émais importante, mesmo que s<strong>em</strong> a <strong>de</strong>vida necessida<strong>de</strong>. Com isso, o estímulo aoconsumo se intensifica, particularmente após o término da Segunda Gran<strong>de</strong> Guerra,iniciando um período <strong>de</strong> incentivo à produção e à aquisição <strong>de</strong>scomedida <strong>de</strong> bens40 LORENZ, K. Civilização e pecado (Os oito erros capitais do hom<strong>em</strong>). São Paulo, Círculo do Livro,Artenova, 1973.
54materiais. PENNA (1999, p.28-29) ilumina a questão quando apresenta dados<strong>de</strong>sconcertantes:Entre o final da Segunda Guerra Mundial e os últimos anos da década <strong>de</strong> 1980, enquanto apopulação mundial apresentava um crescimento extraordinário <strong>de</strong> 120%, a produção global<strong>de</strong> bens conhecia um aumento ainda mais vertiginoso, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 400%. (...) O número <strong>de</strong>automóveis rodando no mundo aumentou, entre 1970 e 1990, <strong>de</strong> 250 para 580 milhões (...)[no mesmo período], o consumo <strong>de</strong> petróleo elevou-se <strong>de</strong> 17 para 24 bilhões <strong>de</strong> barris porano, enquanto o gás natural pulou <strong>de</strong> 31 para 70 trilhões <strong>de</strong> pés cúbicos. (...) Em 1960, 1%dos lares americanos possuía TV a cores; <strong>em</strong> 1987, já eram 93%. No mesmo período, o usodo ar-refrigerado expandiu-se <strong>de</strong> 15% para 64%. No final da década <strong>de</strong> 1980, o norteamericanomédio consumia 21 vezes mais plástico, utilizava o automóvel 2,5 vezes mais eviajava <strong>de</strong> avião 25 vezes mais do que fazia <strong>em</strong> 1950.Em síntese, com a ascensão dos Estados Unidos da América como potênciamundial e com o estímulo a difusão <strong>de</strong> seu American Way of Life, ocorreu, comonunca antes visto, o aumento da produção e da oferta <strong>de</strong> produtos, caracterizando oaparecimento <strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong> que pauta seus valores na aquisição <strong>de</strong> bens,favorecendo, portanto, ao consumo exacerbado. Contudo, com a industrializaçãocomo modo <strong>de</strong> vida mo<strong>de</strong>rno v<strong>em</strong> com ela a competição e a i<strong>de</strong>ologia danecessida<strong>de</strong>. Com uma estratégia agressiva <strong>de</strong> expansão pelos países <strong>em</strong>reconstrução na Europa e na Ásia, <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> novos mercados consumidores naAmérica e na África, o jeito americano <strong>de</strong> ser alastra-se pelos diversos países,criando necessida<strong>de</strong>s reforçadas pelo marketing e incorporando a obsolescênciaprogramada como forma perpétua <strong>de</strong> gerar outras novas. Instala-se a socieda<strong>de</strong> do<strong>de</strong>sperdício caracterizada principalmente pela era do <strong>de</strong>scartável.O advento da era do <strong>de</strong>scartável contribui muitíssimo para esse fenômeno [o <strong>de</strong>sperdício].Saudado como um símbolo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, indicador <strong>de</strong> inequívoco progresso, o<strong>de</strong>scartável é uma das principais causas do consumo crescente <strong>de</strong> matérias-primas e,conseqüent<strong>em</strong>ente, do aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo gerado. (PENNA, 1999, p. 34)A produção-distribuição-consumo quer <strong>de</strong> bens ou serviços segu<strong>em</strong> umimperativo clássico da física, ou seja, a Lei da Conservação da Matéria. Portanto,todo e qualquer material que entra (input) <strong>em</strong> uma ca<strong>de</strong>ia produtiva <strong>de</strong>ve sertransformado <strong>em</strong> b<strong>em</strong> material a ser consumido ou <strong>em</strong> serviço útil a ser <strong>em</strong>pregado.A questão fundamental neste caso é que <strong>em</strong> toda e qualquer etapa <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>mercadorias geram-se resíduos e, assim, toda ativida<strong>de</strong> econômica acaba por gerarsubprodutos que provocam modificações no ambiente natural. Assim, mesmo que
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