43<strong>de</strong>saparição, n<strong>em</strong> ontologicamente per<strong>de</strong>u seu sentido estruturante”. Assim, se pelolado teórico, houve – e há – uma tendência a questionar a valida<strong>de</strong> da categoriatrabalho como el<strong>em</strong>ento central <strong>de</strong> análise sociológica, na prática, o que se observaé a mutação do campo. Organizado a partir <strong>de</strong> uma nova dinâmica, o trabalho seapresenta mais atual do nunca, <strong>em</strong>bora compreendido <strong>em</strong> uma nova morfologia, <strong>de</strong>“caráter multifacetado, polissêmico e polimorfo” (ANTUNES, 2004, p.1).Assim, como já <strong>de</strong>stacava ANTUNES (1999, p.41), o que se constata nocapitalismo cont<strong>em</strong>porâneo, é uma múltipla processualida<strong>de</strong> do mundo do trabalhoque afeta, especialmente, aqueles <strong>de</strong>spossuídos dos meios <strong>de</strong> produção. Portanto,diante do processo <strong>de</strong> transformação da classe-que-vive-do-trabalho, <strong>em</strong>erg<strong>em</strong>como tendências gerais: a <strong>de</strong>sproletarização do trabalho industrial/fabril,especialmente nos países <strong>de</strong> capitalismo central, a heterogeneização do trabalho,b<strong>em</strong> como a subproletarização intensificada sob a forma <strong>de</strong> trabalho parcial,t<strong>em</strong>porário, subcontratado ou terceirizado.O mais brutal resultado <strong>de</strong>ssas transformações é a expansão, s<strong>em</strong> prece<strong>de</strong>ntes na eramo<strong>de</strong>rna, do <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego estrutural, que atinge o mundo <strong>em</strong> escala global. Po<strong>de</strong>-se dizer,<strong>de</strong> maneira sintética, que há uma processualida<strong>de</strong> contraditória que, <strong>de</strong> um lado, reduz ooperariado industrial e fabril; <strong>de</strong> outro, aumenta o subproletariado, o trabalho precário e oassalariamento no setor <strong>de</strong> serviços. Incorpora o trabalho f<strong>em</strong>inino e exclui os mais jovens eos mais velhos. Há, portanto, um processo <strong>de</strong> maior heterogeneização, fragmentação ecomplexificação da classe trabalhadora. (ANTUNES, op.cit , p.41-42). 37De maneira associada, os el<strong>em</strong>entos apresentados <strong>de</strong>svelam um contexto<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>poraneida<strong>de</strong> multifacetado. Contra o discurso da perda da centralida<strong>de</strong> dacategoria trabalho e o fim da socieda<strong>de</strong> do trabalho, transformam-se os processosprodutivos, impl<strong>em</strong>entam-se novas formas <strong>de</strong> organização e gestão da produção eintensifica-se a “produção flexível”. Instaura-se com a nova base técnico-científica –pautada na microeletrônica, na informática e na robótica – a dinâmica contraditóriado aumento da produtivida<strong>de</strong> e da diminuição dos postos <strong>de</strong> trabalho, damundialização do capital e do acirramento da competitivida<strong>de</strong> por mercados naeconomia mundial. Desponta como tendência nefasta, o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego estrutural quecontribui para a formação <strong>de</strong> um exército <strong>de</strong> reserva como nunca antes imaginadoque, associado ao <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego tecnológico, contribui sobr<strong>em</strong>aneira para <strong>de</strong>teriorar omercado daqueles que necessitam ven<strong>de</strong>r sua força <strong>de</strong> produção. Aqui, talvez seja37 Grifos no original.
44significante l<strong>em</strong>brar que <strong>em</strong>prego é o resultado direto <strong>de</strong> um contrato pelo qual o<strong>em</strong>pregador compra a força <strong>de</strong> trabalho ou a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir do <strong>em</strong>pregado.SINGER contextualiza essa perspectiva <strong>de</strong> análise examinando a questãocriticamente:Os <strong>em</strong>presários gostam <strong>de</strong> falar <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego, como se fosse alguma dádiva que afirma faz ao <strong>em</strong>pregado. Na realida<strong>de</strong>, é o contrário: é o trabalhador que oferece, ele que éo ven<strong>de</strong>dor, e a mercadoria não é o <strong>em</strong>prego mas a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir do trabalhador.A firma <strong>em</strong>pregadora é o comprador, o <strong>de</strong>mandante e, como tal, paga o preço damercadoria – o salário 38 . SINGER (2006, p.12).Contudo, KUENZER (2007) nos l<strong>em</strong>bra que as bases do pensamento quejustifica essa prática já estavam dadas por MARX 39 . Assim, a autora se expressa <strong>em</strong>relação aos fundamentos marxistas:os meios <strong>de</strong> produção, por ser<strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong> do capitalista, ao ser<strong>em</strong> utilizados pelotrabalhador, com ele se <strong>de</strong>frontam, <strong>em</strong> que pese a força <strong>de</strong> trabalho ser a própriamanifestação vital do trabalhador. É esta força <strong>de</strong> trabalho que, explorada, vai permitir avalorização do capital. No processo <strong>de</strong> trabalho, o trabalhador consome os meios <strong>de</strong>produção ao transformá-lo <strong>em</strong> produto, que aten<strong>de</strong> a uma finalida<strong>de</strong>”. KUENZER (2007,p.1161)É assim que o <strong>de</strong>senvolvimento das economias globalizadas e da“financeirização” do capital atinge diretamente o núcleo dos trabalhadoresindustriais, responsáveis históricos por conquistas significativas no campo dotrabalho (boa r<strong>em</strong>uneração, direito <strong>de</strong> sindicalização, direito <strong>de</strong> greve s<strong>em</strong> risco <strong>de</strong><strong>de</strong>missão, representação junto à direção das <strong>em</strong>presas, etc.). Mais grave ainda é ofato que quanto mais se acentua a crise do (<strong>de</strong>s)<strong>em</strong>prego, mais acirrada acorrelação <strong>de</strong> forças entre os que compram e os que ven<strong>de</strong>m força <strong>de</strong> trabalho, comvantag<strong>em</strong> significativa para os primeiros. E, nesse sentido, KUENZER explica que osurgimento <strong>de</strong> diferentes regimes <strong>de</strong> acumulação está relacionado ao duplo sentidoatribuído ao trabalho humano. Assim:É <strong>de</strong>sta dupla face do trabalho, através da qual o trabalho humano é, ao mesmo t<strong>em</strong>po,modo <strong>de</strong> existência humana e processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> valorização do capital, a este seincorporando, que se origina a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar e gerir o trabalho diferent<strong>em</strong>entenos distintos regimes <strong>de</strong> acumulação, ou seja, por meio <strong>de</strong> diferentes modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>38 Grifos no original.39Em seu livro O Capital, no capítulo sobre o “Processo <strong>de</strong> Trabalho e Processo <strong>de</strong> Valorização”, oautor <strong>de</strong>ixa claro os fundamentos que subjugam o trabalhador e permit<strong>em</strong> a valorização do capital.
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