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Ronaldo Gazal Rocha - Programa de Pós-Graduação em Educação ...

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35<strong>de</strong>senvolvimento acaba substituído pela “luta contra a pobreza”, <strong>de</strong>slocando-se aótica econômica stricto sensu para a “questão social” <strong>em</strong> seu sentido amplo.Quaisquer que sejam as medidas tomadas pelo Estado, <strong>em</strong>presas ou indivíduos, opropósito da acumulação permanece, o que explica, <strong>em</strong> parte, a flexibilização dotrabalho/precarização dos trabalhadores sob a égi<strong>de</strong> do capital.Consi<strong>de</strong>rando-se que, para MARX (1988, p. 146), o processo <strong>de</strong> trabalho é“ativida<strong>de</strong> orientada a um fim para produzir valores <strong>de</strong> uso, apropriação do naturalpara satisfazer a necessida<strong>de</strong>s humanas, condição universal do metabolismo entre ohom<strong>em</strong> e a Natureza”, há <strong>de</strong> se supor que é durante tal processo que a força <strong>de</strong>trabalho será consumida e, portanto, passará a produzir valor. Contudo, durante o<strong>de</strong>curso do processo <strong>de</strong> trabalho pelo capitalista, o trabalhador permanece sob ocontrole do capitalista que <strong>de</strong>tém seu trabalho e se apropria <strong>de</strong> seu produto, isto é, oproduto gerado é <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> daquele que mantém os meios <strong>de</strong> produção e nãodo próprio produtor/trabalhador. Assim, ainda que por vezes “mimetizada”, acondição do trabalhador é <strong>de</strong> sujeição ao capitalista, o que expõe, portanto, afinalida<strong>de</strong> precípua <strong>de</strong>sse modo <strong>de</strong> produção – a maior produção <strong>de</strong> mais-valia,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das condições <strong>de</strong> exploração da força <strong>de</strong> trabalho.Nesse contexto, o trabalho informal evolui da condição <strong>de</strong> entrave para a <strong>de</strong>“questão social”, como b<strong>em</strong> explica a professora Maria Augusta TAVARES:o ‘setor informal’ assume, historicamente, configurações completamente opostas. Quando ocapitalismo partilhava a idéia <strong>de</strong> que a sua organização produtiva, regulada pelo livr<strong>em</strong>ercado, se expandiria <strong>de</strong> forma equilibrada, homogênea e amplamente integradora, o‘setor informal’ era visto como sinônimo <strong>de</strong> atraso. Assim, o <strong>de</strong>senvolvimento do capitalacabaria por eliminá-lo. Mas quando a mesma economia <strong>de</strong> livre mercado se revela incapazda integração prometida, o ‘setor informal’ é reivindicado, não porque o seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhocontribua <strong>de</strong> algum modo com a acumulação capitalista, mas como uma açãocompl<strong>em</strong>entar à proteção social. (TAVARES, 2002, p. 50-51).Incorporado ao discurso do capital, o trabalho informal se apresenta nacont<strong>em</strong>poraneida<strong>de</strong> como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupação para aqueles cuja perda do<strong>em</strong>prego é cada vez mais <strong>em</strong>inente. Através da adoção <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> ajusteestrutural, como forma <strong>de</strong> adaptação competitiva ao mercado mundial, o trabalhoformal vai ficando cada vez mais escasso e, <strong>de</strong>sta maneira, a perda <strong>de</strong> direitosgarantidos historicamente converte-se <strong>em</strong> padrão <strong>de</strong> referência.

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