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Ronaldo Gazal Rocha - Programa de Pós-Graduação em Educação ...

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32social: uma crônica do salário” quando tenta <strong>de</strong>limitar a nova dimensionalida<strong>de</strong> aque estamos sujeitos.(...) a presença, aparent<strong>em</strong>ente cada vez mais insistente, <strong>de</strong> indivíduos colocados <strong>em</strong>situação <strong>de</strong> flutuação na estrutura social e que povoam seus interstícios s<strong>em</strong> encontrar aíum lugar <strong>de</strong>signado. Silhuetas incertas, à marg<strong>em</strong> do trabalho e nas fronteiras das formas<strong>de</strong> troca socialmente consagradas – <strong>de</strong>s<strong>em</strong>pregados por período longo, moradores <strong>de</strong>subúrbios pobres, beneficiários da renda mínima <strong>de</strong> inserção, vítimas das readaptaçõesindustriais, jovens à procura <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego e que passam <strong>de</strong> estágio <strong>em</strong> estágio, <strong>de</strong> pequenotrabalho à ocupação provisória. CASTEL (2005, p. 23).Historicamente <strong>de</strong>senvolveram-se as condições para a reorganização dasocieda<strong>de</strong>, transformada por trabalhadores s<strong>em</strong> <strong>em</strong>prego, s<strong>em</strong> salário <strong>em</strong> umasocieda<strong>de</strong> salarial. São, portanto, indivíduos que se colocam como <strong>de</strong>squalificadosno plano econômico e, conseqüent<strong>em</strong>ente, que se consi<strong>de</strong>ram <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong>possibilida<strong>de</strong>s para exercer seu papel político agindo realmente como atores sociais.Visto por uma ótica mais ampla, o que se coloca <strong>em</strong> “xeque” é a próprianatureza das relações sociais (e salariais) da socieda<strong>de</strong> como um todo, e nãoapenas daqueles <strong>de</strong>spossuídos ou <strong>de</strong>samparados socialmente. Uma lógica maisprodutivista voltada à competição internacional acirra o conflito <strong>de</strong> classes <strong>em</strong>aterializa-se no seio da socieda<strong>de</strong> através do <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego, da precarização e doindividualismo. Se a diminuição do número <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregos é uma evidência estatísticaincontestável na socieda<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porânea, a precarização do trabalho é suacaracterística mais marcante, ainda que, por vezes, não tão aparente. Impulsionadapela alteração da base material <strong>de</strong> produção, a precarização do trabalho é guiadapelas (novas) necessida<strong>de</strong>s impostas num mundo repleto <strong>de</strong> ciência e <strong>de</strong> tecnologia,<strong>de</strong> relações sociais e culturais conflituosas, <strong>de</strong> “políticas” e sub-políticas, <strong>de</strong><strong>em</strong>po<strong>de</strong>ramento e fortalecimento o capital.Disto resulta, nas palavras <strong>de</strong> CASTEL 30 , uma verda<strong>de</strong>ira “metamorfose”,on<strong>de</strong> as populações s<strong>em</strong> estabilida<strong>de</strong>, expulsas do <strong>em</strong>prego, fragilizadas nas suasproteções sociais, ocupam posição homóloga na estrutura social (os “inúteis para omundo” do século XV, são os “vagabundos” <strong>de</strong> antes da Revolução Industrial e os“in<strong>em</strong>pregávéis” <strong>de</strong> hoje); on<strong>de</strong> os processos que configuram tais condições são30Para esse autor o termo “metamorfose” sintetiza a dialética das relações sociais, qual seja, <strong>de</strong> umasituação que encerra uma mesma essência, mas, ao mesmo t<strong>em</strong>po, apresenta-se com aparênciadiferente. (CASTEL, 2005, p. 27).

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