Ronaldo Gazal Rocha - Programa de Pós-Graduação em Educação ...

20Em princípio, a internacionalização do capital é a internacionalização dopróprio processo produtivo. Em conseqüência, implanta-se uma nova forma dedivisão de trabalho e de produção que vai para além das linhas de montagem domodelo fordista. Incorporam-se os princípios tayloristas da administração científica,eleva-se a produtividade por força de vontade do operariado, tomando por base asidéias propagadas pelo stakhanovismo, implanta-se o novo método de gestão daprodução baseado no modelo toyotista, tudo isso com a finalidade de reorganizaçãodo processo de trabalho. Com isso, a fragmentação passa a ser o elementofundamental do processo produtivo moderno/globalizado, que leva a precarização daclasse trabalhadora nas formas de desproletarização do setor fabril/industrial,subproletarização do trabalho sob as formas de trabalho terceirizado, parcial,temporário, subcontratado, vinculados à economia “informal” e ainda na dinâmica deheterogeneização das condições de trabalho, com uma maior participação dotrabalho feminino e exclusão dos mais jovens e dos mais velhos. Desta maneira,todas as formas contemporâneas de emprego da classe trabalhadora apontam parasua maior complexificação, exigindo um trabalhador mais ágil e flexível, contudosem se poder imaginar outra forma de dinâmica social que não conte com a classeque-vive-do-trabalho.18 Assim, as novas formas de gestão das empresas e suaspráticas rotineiras de (des)qualificação da mão-de-obra criam uma orientação desolidariedade empregado-patrão que, em verdade, oculta um significado real dedominação e expropriação do trabalhador, com o rebaixamento de sua situaçãosocial. Isso se revela nas grandes empresas através de múltiplas linguagens, querna denominação dos empregados como “colaboradores” ou “associados”, quer naaplicação de mecanismos sutis de “valorização do mérito” com fotografias e imagensdo “melhor do mês”, quer na forma de programas de aperfeiçoamento nas/dasempresas, onde o trabalho intelectual dos trabalhadores mais qualificados éexpropriado em troca de uma melhor remuneração ou convertido em benefícios parasi e para seus dependentes (auxílio-escola para os filhos, auxílio-faculdade paraaqueles que “quiserem” se dedicar a carreira acadêmica, auxílio-academia paratodos atingirem um padrão adequado de qualidade de vida e trabalharem bem). Taismecanismos mimetizam a condição subjugada da maioria dos trabalhadores que,18Para maiores detalhes e exemplos verificar a obra de Ricardo Antunes, Adeus ao trabalho?Ensaios sobre as metamorfoses do mundo do trabalho. Campinas, São Paulo: Cortez, 1999.