3mesmo modo <strong>de</strong> produção. Na “nova” fase do capitalismo, tais aspectos i<strong>de</strong>ológicosdo <strong>em</strong>prego dos termos globalização e exclusão são <strong>de</strong>smistificados pelas palavras<strong>de</strong> LIMOEIRO-CARDOSO (1999, p.106):A noção <strong>de</strong> globalida<strong>de</strong> r<strong>em</strong>ete a conjunto, integralida<strong>de</strong>, totalida<strong>de</strong>. A palavra ‘global’carrega consigo esse mesmo sentido <strong>de</strong> conjunto, inteiro, total. Sugere, portanto,integração. Desse modo, ou por esse meio, o uso do termo ‘global’ supõe ou leva a suporque o objeto ao qual ele é aplicado é, ou ten<strong>de</strong> a ser integral, integrado, isto é, nãoapresenta quebras, fraturas, ou hiatos. Globalizar, portanto, sugere o oposto <strong>de</strong> dividir,marginalizar, expulsar, excluir. O simples <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> ‘globalizar’ referindo-se a umarealida<strong>de</strong> que divi<strong>de</strong>, marginaliza, expulsa e exclui, não por aci<strong>de</strong>nte ou casualida<strong>de</strong>, mascomo regularida<strong>de</strong> ou norma, passa por cima <strong>de</strong>sta regularida<strong>de</strong> ou norma, dificultando asua percepção e mesmo omitindo-a. Consciente e <strong>de</strong>liberadamente, ou não, a utilização dapalavra nestas condições t<strong>em</strong> exatamente tal eficácia.Sendo assim, o contexto atual que estrutura a nova or<strong>de</strong>m mundial pautadana “mundialização” da economia, mascara uma forma ainda mais brutal <strong>de</strong>dominação e expropriação da força <strong>de</strong> trabalho. Por trás do discurso afável da“globalização” como processo <strong>de</strong> internacionalização da produção, do trabalho e domercado, como novo ápice civilizatório para a espécie humana (como algunsquer<strong>em</strong> crer), escon<strong>de</strong>-se formas cada vez mais concentradas <strong>de</strong> capital industrial e,especialmente, financeiro 2 .Orientada nos mol<strong>de</strong>s da produção capitalista, a economia se transfigura –<strong>de</strong> maneira consciente, ou não – como el<strong>em</strong>ento representativo primordial dasrelações sociais. De maneira prática, através dos mercados, os espaçoscont<strong>em</strong>porâneos se adaptam a máxima capitalista da competitivida<strong>de</strong>, do aumentoda produtivida<strong>de</strong> e da busca incessante do lucro. Desta forma, naturaliza-se aprodução e a reprodução do capital como força propulsora da socieda<strong>de</strong>cont<strong>em</strong>porânea e, por conseguinte, legitima-se a dicotomia acumulação-exclusão.Dialeticamente, <strong>de</strong>senvolve-se a polarização como dinâmica natural entre países,regiões e pessoas. Intensificam-se os contrastes sociais, concentram-se as finanças<strong>de</strong> uma forma, até então, nunca antes imaginada, e se reconhece o triunfo dofetichismo da mercadoria. O <strong>de</strong>snivelamento entre os indivíduos na atual fase <strong>de</strong>2Acerca do processo <strong>de</strong> mundialização financeira verificar CHESNAIS (1996, 2000, 2005). O autor,<strong>em</strong> seu trabalho Les T<strong>em</strong>ps Mo<strong>de</strong>rnes (2000, p.7), <strong>de</strong>staca que: “Um terço do comércio mundialresulta das exportações e das importações feitas pelas <strong>em</strong>presas pertencentes a grupos industriaisque têm o estatuto <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s transnacionais, enquanto o outro terço t<strong>em</strong> a forma <strong>de</strong> trocasditas ‘intragrupos’, entre filiais <strong>de</strong> uma mesma socieda<strong>de</strong> situadas <strong>em</strong> países diferentes ou entrefiliais e a se<strong>de</strong> principal”.
4<strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> capitalista organiza uma massa populacional <strong>de</strong>excluídos que agravam as crises sociais e <strong>de</strong>generam a vida da imensa maioria. Énesse contexto que a exclusão social coloca-se como categorial central para análise,exigindo sua incorporação como el<strong>em</strong>ento estrutural do modo <strong>de</strong> produçãocapitalista e não mero “<strong>de</strong>feito” ou “inconsistência” <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> ajuste do/aosist<strong>em</strong>a. Ou nas palavras <strong>de</strong> OLIVEIRA (2004, p.23): “(...) a exclusão está incluídana lógica do capital, ou ainda, dizendo <strong>de</strong> outra maneira, que o círculo entreexclusão e inclusão subordinada é condição <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> dos processos <strong>de</strong>produção e reprodução do capital” 3 .Ao mesmo t<strong>em</strong>po, mas por outra via <strong>de</strong> análise, é possível reconhecer que ahistória das civilizações humanas reforça a idéia <strong>de</strong> que o hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre manteveestreitas ligações com a Natureza <strong>em</strong> função da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer oambiente e seus diversos componentes. Contudo, a análise dos processostransformadores das socieda<strong>de</strong>s humanas revela uma contradição el<strong>em</strong>entar. Àmedida que os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> produção impulsionaram os homens ao encontro daNatureza, propiciaram, ao mesmo t<strong>em</strong>po, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias que nosafastavam progressivamente <strong>de</strong>la. Ainda que se possa dizer que <strong>de</strong>pendamos –direta ou indiretamente – da Natureza, o hom<strong>em</strong> instintivamente adotou uma posturadominadora, que o colocou praticamente como um el<strong>em</strong>ento distinto daquela. Assim,o processo <strong>de</strong> trabalho (<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas as formas sociais e as i<strong>de</strong>ologias a eleassociadas) foi encarado como el<strong>em</strong>ento fundamental para alterar a Natureza e,neste sentido, MARX (1988, p. 142) esclarece que:O trabalho é um processo entre o hom<strong>em</strong> e a Natureza, um processo <strong>em</strong> que o hom<strong>em</strong>, porsua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. (...) Ele põe<strong>em</strong> movimento as forças naturais pertencentes à sua corporalida<strong>de</strong>, braços e pernas,cabeça e mão, a fim <strong>de</strong> apropriar-se da matéria natural numa forma útil para a sua própriavida. Ao atuar, (...) sobre a Natureza (...) e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo t<strong>em</strong>po,sua própria natureza.Ainda a ser ressaltado, é importante observar que todas as socieda<strong>de</strong>shumanas necessitam gerar suas próprias condições materiais <strong>de</strong> existência e, nessesentido, a mercadoria torna-se o el<strong>em</strong>ento fundamental nos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> produçãoorganizado por meio <strong>de</strong> trocas. Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente que os agentes produtores <strong>de</strong>3Grifos no original.
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