Ronaldo Gazal Rocha - Programa de Pós-Graduação em Educação ...
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155projeto ou <strong>de</strong> integrantes da prefeitura. Tal atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra que o processo <strong>de</strong>qualificação <strong>de</strong>sses profissionais ainda não alcançou, <strong>de</strong> fato, uma conscientizaçãoformal, precisando ser reavaliado como mecanismo <strong>de</strong> inculcação <strong>de</strong> valores epráticas por esses catadores. Ainda que os estabelecimentos <strong>de</strong> ensino formalsejam parte importante do sist<strong>em</strong>a mais geral <strong>de</strong> internalização <strong>de</strong> valores, hábitos eatitu<strong>de</strong>s, com toda certeza, não são os únicos. Assim, o trabalho no interior dosgalpões também funciona no sentido <strong>de</strong> induzir os indivíduos, que ali <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhamsuas funções, a internalizar <strong>de</strong> maneira ativa (ou resignada) os pressupostosreprodutivos da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>, <strong>de</strong> acordo com a posição hierárquica queocupam e com as funções que lhe foram atribuídas (MÉSZÁROS, 2005, p.44).Outra fonte <strong>de</strong> aprendizado importante são os conflitos. No interior dasassociações/cooperativas formadas, os <strong>em</strong>bates internos são comuns,especialmente quando da <strong>de</strong>terminação e acompanhamento <strong>de</strong> tarefas coletivas aser<strong>em</strong> executadas pelos integrantes das organizações. Ainda que a tomada <strong>de</strong><strong>de</strong>cisões se estabeleça a partir <strong>de</strong> reuniões periódicas aon<strong>de</strong> se discut<strong>em</strong> osprobl<strong>em</strong>as a ser<strong>em</strong> resolvidos e, por votação, se <strong>de</strong>termine as linhas <strong>de</strong>ação/soluções, não é raro evi<strong>de</strong>nciar o <strong>de</strong>scumprimento das tarefas acertadas entreos próprios catadores. Assim sendo, parece que tais “ass<strong>em</strong>bléias” acabaram porincorporar o princípio fundante da educação formal capitalista, ou seja, produzirconformida<strong>de</strong> ou “consenso”, tanto mais seja possível, por meio dos próprios limitesinstituídos e legalmente aceitos.Tal atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra claramente que o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>ssestrabalhadores ainda carece <strong>de</strong> um aperfeiçoamento no sentido <strong>de</strong> se efetivar as<strong>de</strong>cisões tomadas como ato político internalizado e a ação integrada comomecanismo expresso para o avanço da coletivida<strong>de</strong> organizada. O envolvimento<strong>de</strong>sses catadores com os princípios do MNCR não permite afirmar que o processo<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças esteja conseguindo consolidar as metas estabelecidas nosentido <strong>de</strong> uma melhor formação, qualificação e valorização <strong>de</strong>sses profissionais.De maneira abrangente, apesar da relevância da t<strong>em</strong>ática estudada frente àum número crescente <strong>de</strong> catadores na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba, a proposta <strong>de</strong>impl<strong>em</strong>entação do Projeto ECOCIDADÃO, traz consigo a marca da contradiçãotipificada na viabilização técnico-operacional das associações/cooperativas apoiadaspela prefeitura, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que revela uma formação i<strong>de</strong>alizada do catador