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Ronaldo Gazal Rocha - Programa de Pós-Graduação em Educação ...

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153resíduos recicláveis, <strong>em</strong> qualquer setor da cida<strong>de</strong>, tarefa ainda executada por firmaterceirizada.De forma mais ampla, a interpretação dos mecanismos <strong>de</strong> educação <strong>de</strong>ssaforça <strong>de</strong> trabalho parece pautar-se na afirmativa <strong>de</strong> GRAMSCI 102 citado porKUENZER (2007, p.1154) <strong>de</strong> que “a heg<strong>em</strong>onia ultrapassa o campo exclusivamentesuperestrutural, uma vez que as práticas i<strong>de</strong>ológicas aparec<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o aparelho <strong>de</strong>produção econômica”. Diante das novas exigências impostas pelo regime <strong>de</strong>acumulação flexível que se esten<strong>de</strong>m aos processos <strong>de</strong> trabalho e aos produtosgerados, aos mercados e aos novos padrões <strong>de</strong> consumo estabelecidos, asquestões educativas esbarram forçosamente <strong>em</strong> formas <strong>de</strong> disciplinamento da força<strong>de</strong> trabalho as novas exigências do regime <strong>de</strong> acumulação capitalista. Estas novasformas <strong>de</strong> disciplinamento implicam no “<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>s queatendam às exigências da produção e da vida social, mas também se submetam aosprocessos flexíveis caracterizados pela intensificação e pela precarização, aconfigurar o consumo cada vez mais predatório e <strong>de</strong>sumano da força <strong>de</strong> trabalho”(KUENZER, 2007, p.1159). Assim, a formação da subjetivida<strong>de</strong> daqueles a qu<strong>em</strong>não restou alternativa, a não ser viver no/do lixo, é <strong>de</strong>corrência direta da a<strong>de</strong>quaçãoàs exigências cont<strong>em</strong>porâneas do capital, condicionando os processos educativosdas relações sociais às novas características necessárias a esse trabalho. Éimportante esclarecer, nesse sentido, que os processos <strong>de</strong> qualificação daquelesque viv<strong>em</strong> da cata <strong>de</strong> resíduos recicláveis não são pressupostos para a inclusão<strong>de</strong>sses trabalhadores na ca<strong>de</strong>ia da reciclag<strong>em</strong>, uma vez que não é a formação ecapacitação dos catadores que os insere no circuito produtivo da reciclag<strong>em</strong> <strong>de</strong>resíduos, mas as necessida<strong>de</strong>s implícitas ao processo produtivo que viabiliza arealização <strong>de</strong>stes como mercadoria.De princípio análogo, a interação das associações/cooperativas cominstituições públicas e privadas permite o reconhecimento <strong>de</strong> valores que mo<strong>de</strong>lam ogrupo <strong>de</strong> trabalhadores. Pensado por esse viés, é possível reconhecer a relação <strong>de</strong>reprodução que aproxima os processos educacionais e sociais latu sensu. Nessesentido, qualquer proposta <strong>de</strong> alteração significativa dos processos educativos,forçosamente <strong>de</strong>ve ser concebida com a respectiva transformação do quadro social102GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira,1978.

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