Ronaldo Gazal Rocha - Programa de Pós-Graduação em Educação ...
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151duradouro da mercadoria. Nesse caso, mantém-se a tendência de diminuição davida útil dos produtos, “já que a taxa decrescente de utilização das mercadorias levaa ampliação e aceleração da produção, sobretudo por que há um descolamentodesta e da venda da utilidade das mercadorias” (GONÇALVES, 2001, p. 120).Desconsiderando em essência a questão central que atinge a essecontingente crescente de trabalhadores desqualificados, a municipalidadeimplementou – e vem desenvolvendo – desde de 2007, o Projeto ECOCIDADÃOque tem como finalidade “propiciar o fortalecimento da coleta informal, através deações e parcerias que garantam melhores alternativas de trabalho e renda para oscatadores e ao mesmo tempo se traduzam em ganhos sociais e ambientais paratoda a sociedade”. (PMC, 2007, p.5)Com certeza, a possibilidade dada de reproduzir-se de forma ampla eirrestrita é que torna o negócio da reciclagem um empreendimento lucrativo para ocapitalista. Com um circuito econômico estruturado tendo por base uma massa detrabalhadores desqualificados e sem vínculo formal, a cadeia da reciclagememprega essa mão-de-obra na coleta, seleção, transporte e comercialização de umagrande quantidade de materiais que tem como destino final as grandes indústriasrecicladoras que, por sua vez, transformam estes resíduos em novos produtosdestinas ao consumo.Neste sentido, deve-se estar atento para a lógica determinante dereprodução do capital, inerente ao circuito da reciclagem de resíduos, como formade reconhecer as reais intenções relacionadas aos processos de “valorização” docatador e de “conscientização” ambiental da sociedade como um todo. Somenteatravés de um profundo conhecimento das estreitas relações que se estabelecemnesse circuito e convictos da necessidade de rompimento dessa lógica capitalistaserá, de fato, possível adotar medidas concretas para alterar o quadro de pobreza eexclusão do exército de catadores miseráveis.Isso posto, ainda que com atividade recente, o projeto já permite a análisede alguns de seus procedimentos junto aos catadores, que demonstram anecessidade de um acompanhamento mais sistemático. A forma de organização emassociações/cooperativas expõe uma realidade desafiante, mas também poucoeficiente em vários aspectos. Primeiramente, é possível perceber que o trabalhocoletivo ainda não foi incorporado pelos catadores e a almejada integração social
152ainda esbarra em questões políticas e econômicas. O trabalho com catadores nointerior dos galpões ainda apresenta uma série de particularidades que o afasta dosprincípios do associativismo/cooperativismo – e mesmo de uma Economia Solidária– enquanto reforça mecanismos capitalistas de submissão dessa força trabalhadora.O levantamento empírico foi significativo para estabelecer o perfil doscatadores de material reciclável do Projeto ECOCIDADÃO. Como resultado dapesquisa, foi possível perceber uma maior participação de trabalhadores do sexofeminino (70%), de baixa escolaridade (quase 80% não possui o EnsinoFundamental completo) e de idade “avançada” como força de trabalho (cerca de63% dos catadores possuem mais de 36 anos).O processo específico de formação e o envolvimento com instituiçõesexternas aos galpões apontam para realidades próprias no interior dasassociações/cooperativas. Assim, a dinâmica de trabalho, o envolvimento doscatadores e os rendimentos auferidos na cata de materiais recicláveis são distintosem relação às organizações estudadas. Nesse sentido, a identidade profissional e aparticipação política desses trabalhadores também variam, acabando por expressarseem condutas diferenciadas no interior dos galpões e também para fora deles.Enquanto a formação do grupo da Matriz foi estabelecida a partir da experiência deuma cooperativa (CATAMARE) já estruturada, atuante e envolvida com os princípiosdo MNCR, a Associação Natureza Livre organizou-se com catadores locais e aAssociação Barracão com antigos catadores participantes do movimento popular pormoradia, do bairro do Boqueirão, com suporte político-ideológico do CEFURIA. Emnenhum dos três grupos foi possível encontrar a maioria dos catadores que deramorigem a estas organizações, sendo a maior parte dos catadores (80%) participantesa menos de um ano nas associações/cooperativas formadas. Apesar disso, muitoscatadores há mais de 20 anos participam da cadeia da reciclagem, detendo, destaforma, algum grau de conhecimento técnico – muitas vezes tácito – na área em queatuam. Além desse conhecimento, os associados/cooperados realizam capacitaçãotécnica específica voltada ao trabalho com a reciclagem de resíduos, no interior dosgalpões. Mesmo diante desse processo de qualificação dessa massa detrabalhadores, até o presente momento, nenhum dos grupos estudados foicontratado pela prefeitura a fim de executar a coleta, triagem e comercialização de
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151duradouro da mercadoria. Nesse caso, mantém-se a tendência <strong>de</strong> diminuição davida útil dos produtos, “já que a taxa <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> utilização das mercadorias levaa ampliação e aceleração da produção, sobretudo por que há um <strong>de</strong>scolamento<strong>de</strong>sta e da venda da utilida<strong>de</strong> das mercadorias” (GONÇALVES, 2001, p. 120).Desconsi<strong>de</strong>rando <strong>em</strong> essência a questão central que atinge a essecontingente crescente <strong>de</strong> trabalhadores <strong>de</strong>squalificados, a municipalida<strong>de</strong>impl<strong>em</strong>entou – e v<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvendo – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2007, o Projeto ECOCIDADÃOque t<strong>em</strong> como finalida<strong>de</strong> “propiciar o fortalecimento da coleta informal, através <strong>de</strong>ações e parcerias que garantam melhores alternativas <strong>de</strong> trabalho e renda para oscatadores e ao mesmo t<strong>em</strong>po se traduzam <strong>em</strong> ganhos sociais e ambientais paratoda a socieda<strong>de</strong>”. (PMC, 2007, p.5)Com certeza, a possibilida<strong>de</strong> dada <strong>de</strong> reproduzir-se <strong>de</strong> forma ampla eirrestrita é que torna o negócio da reciclag<strong>em</strong> um <strong>em</strong>preendimento lucrativo para ocapitalista. Com um circuito econômico estruturado tendo por base uma massa <strong>de</strong>trabalhadores <strong>de</strong>squalificados e s<strong>em</strong> vínculo formal, a ca<strong>de</strong>ia da reciclag<strong>em</strong><strong>em</strong>prega essa mão-<strong>de</strong>-obra na coleta, seleção, transporte e comercialização <strong>de</strong> umagran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais que t<strong>em</strong> como <strong>de</strong>stino final as gran<strong>de</strong>s indústriasrecicladoras que, por sua vez, transformam estes resíduos <strong>em</strong> novos produtos<strong>de</strong>stinas ao consumo.Neste sentido, <strong>de</strong>ve-se estar atento para a lógica <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong>reprodução do capital, inerente ao circuito da reciclag<strong>em</strong> <strong>de</strong> resíduos, como forma<strong>de</strong> reconhecer as reais intenções relacionadas aos processos <strong>de</strong> “valorização” docatador e <strong>de</strong> “conscientização” ambiental da socieda<strong>de</strong> como um todo. Somenteatravés <strong>de</strong> um profundo conhecimento das estreitas relações que se estabelec<strong>em</strong>nesse circuito e convictos da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rompimento <strong>de</strong>ssa lógica capitalistaserá, <strong>de</strong> fato, possível adotar medidas concretas para alterar o quadro <strong>de</strong> pobreza eexclusão do exército <strong>de</strong> catadores miseráveis.Isso posto, ainda que com ativida<strong>de</strong> recente, o projeto já permite a análise<strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> seus procedimentos junto aos catadores, que <strong>de</strong>monstram anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um acompanhamento mais sist<strong>em</strong>ático. A forma <strong>de</strong> organização <strong>em</strong>associações/cooperativas expõe uma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>safiante, mas também poucoeficiente <strong>em</strong> vários aspectos. Primeiramente, é possível perceber que o trabalhocoletivo ainda não foi incorporado pelos catadores e a almejada integração social