Ronaldo Gazal Rocha - Programa de PÃ³s-GraduaÃ§Ã£o em EducaÃ§Ã£o ...

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147Com quem aprendeu (a trabalhar com o lixo)?(E 3) Eu aprendi com o meu próprio pai que na qual há muitos anos atrás ele coletavaosso pra fazer botão. Que antigamente eles coletavam osso pra modo de fazer botão,pra fazer ração canina. Então daí, o osso foi perdendo valo[r], na qual daí, o papel, oplástico, a lata, tudo material reciclável hoje teria o valor que antigamente teria o osso.Gostaria de permanecer trabalhando na atividade que realiza com o lixo? Por quê?(E 4) É acho que até o fim nós vamo continuá trabalhando aqui. Porque a gente não temcomo pegá um serviço porque a gente não tem estudo. Quem tem estudo pega serviçobom, mas agora quem não tem ... nós continuamo catando papel.(E 32) Enquanto Deus me der serviço, eu prefiro continuar, porque eu gosto. Eu gosto einclusive a minha esposa trabalha aqui também e eu pego 6 horas da manhã em casa,porque às vezes eu tenho material lá. Aí eu separo material até 6 horas, daí 6 horas euvenho pra cá, daqui eu só saio 10 horas da noite. Porque se eu fosse das 8 às 6 datarde, não dá pra mim pagá as minhas conta e não dá pra mim manter a minha casa.Então, por isso que eu trabalho mais, pra pode manter a casa e pode pagá as conta.
1486 - CONCLUSÕESAo longo deste trabalho, procurou-se enfatizar as dinâmicas econômicas esocioambientais relativas à gestão de resíduos sólidos em Curitiba, particularmenterelacionadas ao Projeto ECOCIDADÃO. Nesse sentido, procurou-se focar osprocessos educativos através dos quais ocorre a construção da identidade dostrabalhadores da catação no interior das unidades de triagem, beneficiamento ecomercialização das associações/cooperativas propostas pela prefeitura.Determinando-se como base para discussão teórica as mudanças que vemocorrendo na contemporaneidade no mundo do trabalho e as formas atuais degestão de resíduos sólidos no interior das sociedades de consumo, as propostas decriação de associações ou cooperativas de trabalho, para um número cada vezmaior de catadores “excluídos” do mercado “formal”, podem ser encaradas comoproposições vantajosas para a inclusão de um contingente marginalizado de mãode-obradesqualificada e despreparada para modelos formais de trabalho. Aomesmo tempo, o processo de inclusão subordinada desses trabalhadores revelamecanismos ideológicos de envolvimento e disciplinamento dessa força de trabalho,de acordo com os ideais do modelo hegemônico de produção. É como dizFERNANDES (2004, p.9):Essa sociedade imprime a todo esse processo de exclusão uma certa naturalidade que, aoser introjetada, desenvolve uma aceitação passiva, que torna o sujeito capaz de aceitar semquestionar a sua condição, seu não acesso às riquezas socialmente produzidas e, pior, amuitas vezes responsabilizar-se por sua condição como se fosse o único responsável porsua condição.No Brasil, como foi apresentado, a questão da disposição correta eadequada do lixo revela sua dimensão histórica e, com ela, o aumento significativoda importância do setor de reciclagem de resíduos, com a participação ativa deparcela de trabalhadores que não conseguem mais se manter nos empregos formaisou que nunca tiveram formação e/ou qualificação suficiente para buscar tais formasde empregabilidade. Diante dessa dura realidade, acrescenta-se a problemáticaimposta, um consumo exacerbado que se coloca como elemento discricionário dasdinâmicas social, ambiental e econômica que estruturam a cadeia produtiva dareciclagem.
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