Ronaldo Gazal Rocha - Programa de Pós-Graduação em Educação ...

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91sua busca constante para a supressão de desejos muito além das reaisnecessidades individuais. Neste contexto, embalagens e produtos descartáveistomam vulto como elementos fundamentais responsáveis pelo aumento considerávelde resíduos que se acumulam em nossos aterros e lixões. CONCEIÇÃO (2005,p.15) salienta que “As embalagens têm vida efêmera, muitas não chegando a termais de 60 dias de vida entre sua saída da indústria até sua chegada ao lixo”.Associado ao fato de uma vida breve, conforme estudo encomendado a FundaçãoGetúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV/RJ) pela Associação Brasileira deEmbalagens (ABRE, 2007), a indústria de embalagens vem registrandofaturamentos cada vez mais elevados ao longo dos anos (TABELA 7) e queatingiram mais de 33 bilhões de reais, somente em 2007. O valor é 7,3% maior doque o obtido em 2006 e representa aproximadamente 1,5% do Produto Interno Bruto(PIB) do Brasil e o mercado do setor prevê ainda uma expansão de 2,5% naprodução física de embalagens.TABELA 7 – DESEMPENHO DA INDÚSTRIA DEEMBALAGENS NO BRASILAnoReceita Líquida deVendas (1)Valor Bruto deProdução (1)(em bilhões de Reais)2003 24,20 -2004 28,17 28,022005 29,49 29,072006 31,27 30,892007 33,55 33,142008 (2) 36,64 36,19FONTE: IBGE/Pesquisa Industrial Anual (PIA) – EmpresaElaboração: O autor, dados fornecidos pela ABRENOTA: (1) Valores aproximados.(2) Dados estimadosNo nosso país, a PNSB (IBGE, 2002, p.51) aponta para uma tendênciacrescente de produção de lixo domiciliar per capita, na medida em que se eleva o

92número de habitantes. Desta maneira, enquanto nas cidades com até 200.000habitantes a quantidade coletada varia de 450 a 700 g/hab/dia, nos municípios compopulações maiores que esse valor, a produção gira em torno de 800 a 1200g/hab/dia. Isso equivale a aproximadamente 125.281 toneladas de lixo domiciliar pordia que precisam ser coletados, transportados e destinados corretamente para locaispróprios para esse fim, sem que possam gerar aspectos negativos à saúde dapopulação ou danos ao meio ambiente.Neste sentido, o serviço de limpeza urbana, incluindo a coleta regular deresíduos, é realizado em muitos municípios brasileiros através da contratação dosserviços de empresas terceirizadas, especialmente naqueles de maior porte. Aindaque com um percentual elevado de cidades cuja administração direta do município éresponsável pelos serviços de limpeza, já é possível perceber uma tendência aterceirização dessas atividades, com inúmeras cidades já cobrando taxasespecíficas para cobrir os serviços de varrição, coleta e disposição do lixo 60 .Segundo o Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável 61(MNCR) (2005, p.1), na maior parte das vezes, as empresas contratadas recebemdas prefeituras, em média, R$ 90,00 por tonelada/dia para a realização da coleta,transporte e destinação adequada dos RSU. Ao mesmo tempo em que essescontratos são firmados com o setor privado, milhares de catadores que participamativamente das cadeias produtivas relacionadas ao reaproveitamento ou reciclagemde materiais, na maioria das vezes, o fazem sem receber qualquer tipo decontrapartida pelos seus serviços.Essa realidade de aumento contínuo da produção de mercadorias – econseqüentemente de embalagens – juntamente a uma maior “conscientização”ambiental, acaba por direcionar as prefeituras na implantação de programas de60De acordo com a PNSB (2000) é possível constatar que nas regiões Sudeste e Sul do país, onúmero de municípios que terceirizaram os serviços de limpeza e instituíram taxa de cobrança poressa atividade é muito maior do que nas demais regiões brasileiras.61O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) surgiu em medos de 1999,quando da realização do I Encontro Nacional de Catadores de Papel, após um longo período deluta por parte desses trabalhadores. Em processo de articulação nacional, mais de 1.700 catadoresreuniram-se em Brasília, em 2001, para o I Congresso Nacional dos Catadores de MateriaisRecicláveis. A articulação dos militantes do MNCR nas diversas regiões brasileiras foi fundamentalpara que o movimento pudesse impulsionar a luta dos catadores através do país. No ano de 2003aconteceu o I Congresso Latino-americano de Catadores, em Caxias do Sul/RS, que reuniucatadores de diversos países da América Latina.

92número <strong>de</strong> habitantes. Desta maneira, enquanto nas cida<strong>de</strong>s com até 200.000habitantes a quantida<strong>de</strong> coletada varia <strong>de</strong> 450 a 700 g/hab/dia, nos municípios compopulações maiores que esse valor, a produção gira <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 800 a 1200g/hab/dia. Isso equivale a aproximadamente 125.281 toneladas <strong>de</strong> lixo domiciliar pordia que precisam ser coletados, transportados e <strong>de</strong>stinados corretamente para locaispróprios para esse fim, s<strong>em</strong> que possam gerar aspectos negativos à saú<strong>de</strong> dapopulação ou danos ao meio ambiente.Neste sentido, o serviço <strong>de</strong> limpeza urbana, incluindo a coleta regular <strong>de</strong>resíduos, é realizado <strong>em</strong> muitos municípios brasileiros através da contratação dosserviços <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas terceirizadas, especialmente naqueles <strong>de</strong> maior porte. Aindaque com um percentual elevado <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s cuja administração direta do município éresponsável pelos serviços <strong>de</strong> limpeza, já é possível perceber uma tendência aterceirização <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, com inúmeras cida<strong>de</strong>s já cobrando taxasespecíficas para cobrir os serviços <strong>de</strong> varrição, coleta e disposição do lixo 60 .Segundo o Movimento Nacional <strong>de</strong> Catadores <strong>de</strong> Material Reciclável 61(MNCR) (2005, p.1), na maior parte das vezes, as <strong>em</strong>presas contratadas receb<strong>em</strong>das prefeituras, <strong>em</strong> média, R$ 90,00 por tonelada/dia para a realização da coleta,transporte e <strong>de</strong>stinação a<strong>de</strong>quada dos RSU. Ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que essescontratos são firmados com o setor privado, milhares <strong>de</strong> catadores que participamativamente das ca<strong>de</strong>ias produtivas relacionadas ao reaproveitamento ou reciclag<strong>em</strong><strong>de</strong> materiais, na maioria das vezes, o faz<strong>em</strong> s<strong>em</strong> receber qualquer tipo <strong>de</strong>contrapartida pelos seus serviços.Essa realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento contínuo da produção <strong>de</strong> mercadorias – econseqüent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> <strong>em</strong>balagens – juntamente a uma maior “conscientização”ambiental, acaba por direcionar as prefeituras na implantação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong>60De acordo com a PNSB (2000) é possível constatar que nas regiões Su<strong>de</strong>ste e Sul do país, onúmero <strong>de</strong> municípios que terceirizaram os serviços <strong>de</strong> limpeza e instituíram taxa <strong>de</strong> cobrança poressa ativida<strong>de</strong> é muito maior do que nas <strong>de</strong>mais regiões brasileiras.61O Movimento Nacional dos Catadores <strong>de</strong> Materiais Recicláveis (MNCR) surgiu <strong>em</strong> medos <strong>de</strong> 1999,quando da realização do I Encontro Nacional <strong>de</strong> Catadores <strong>de</strong> Papel, após um longo período <strong>de</strong>luta por parte <strong>de</strong>sses trabalhadores. Em processo <strong>de</strong> articulação nacional, mais <strong>de</strong> 1.700 catadoresreuniram-se <strong>em</strong> Brasília, <strong>em</strong> 2001, para o I Congresso Nacional dos Catadores <strong>de</strong> MateriaisRecicláveis. A articulação dos militantes do MNCR nas diversas regiões brasileiras foi fundamentalpara que o movimento pu<strong>de</strong>sse impulsionar a luta dos catadores através do país. No ano <strong>de</strong> 2003aconteceu o I Congresso Latino-americano <strong>de</strong> Catadores, <strong>em</strong> Caxias do Sul/RS, que reuniucatadores <strong>de</strong> diversos países da América Latina.

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