o processo de cuidar em enfermagem ao portador ... - Ppgenf.ufpr.br

o processo de cuidar em enfermagem ao portador ... - Ppgenf.ufpr.br o processo de cuidar em enfermagem ao portador ... - Ppgenf.ufpr.br

ppgenf.ufpr.br
from ppgenf.ufpr.br More from this publisher
13.07.2015 Views

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁSETOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDEPROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEMMESTRADO ACADÊMICO EM ENFERMAGEMO PROCESSO DE CUIDAR EM ENFERMAGEM AO PORTADORDE DOENÇA CRÔNICA CARDÍACACURITIBA2007

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁSETOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDEPROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEMMESTRADO ACADÊMICO EM ENFERMAGEMO PROCESSO DE CUIDAR EM ENFERMAGEM AO PORTADORDE DOENÇA CRÔNICA CARDÍACACURITIBA2007


ANICE DE FÁTIMA AHMAD BALDUINOO PROCESSO DE CUIDAR EM ENFERMAGEM AO PORTADORDE DOENÇA CRÔNICA CARDÍACADissertação apresentada <strong>ao</strong> Curso <strong>de</strong> Mestrado<strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Programa <strong>de</strong> Pós – Graduação<strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Setor <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>, daUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, como parte dasexigências para obtenção do título <strong>de</strong> Mestre <strong>em</strong>Enfermag<strong>em</strong>.Área <strong>de</strong> Concentração – Prática Profissional <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>.Orientadora: Profª Drª. Maria <strong>de</strong> Fátima MantovaniCo-orientadora: Profª Drª. Maria Ribeiro LacerdaCURITIBA2007


Balduino, Anice <strong>de</strong> Fátima AhmadO <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doençacrônica cardíaca / Anice <strong>de</strong> Fátima Ahmad Balduino. - Curitiba, 2007.111 f.:il.Orientadora: Maria <strong>de</strong> Fátima MantovaniCo-orientadora: Maria Ribeiro LacerdaDissertação (Mestrado <strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong>) - Setor <strong>de</strong> Ciências daSaú<strong>de</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.1. Processo <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>. 2. Enfermag<strong>em</strong>. 3. Promoção à saú<strong>de</strong>. 4.Doença crônica cardíaca. l.Título.


TERMO DE APROVAÇÃOANICE DE FÁTIMA AHMAD BALDUINOO PROCESSO DE CUIDAR EM ENFERMAGEM AO PORTADORDE DOENÇA CRÔNICA CARDÍACADissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do titulo <strong>de</strong> Mestre <strong>em</strong>Enfermag<strong>em</strong>, Área <strong>de</strong> concentração Prática Profissional <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, doPrograma <strong>de</strong> Pós-Graduação Mestrado <strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Setor <strong>de</strong> Ciências daSaú<strong>de</strong>, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, pela seguinte banca examinadora:Orientadora: _________________________________________________________Profª. Drª. Maria <strong>de</strong> Fátima MantovaniPresi<strong>de</strong>nte da Banca: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – UFPR_________________________________________________________Profª. Drª. Maria Ribeiro LacerdaCo-orientadora: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – UFPR_________________________________________________________Profª. Drª. Elaine Rossi RibeiroM<strong>em</strong><strong>br</strong>o Titular: Colégio Brasileiro <strong>de</strong> Estudos Sistêmicos - Curitiba -PR__________________________________________________________Profª. Drª. Marineli Joaquim MeierM<strong>em</strong><strong>br</strong>o Titular: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – UFPRCuritiba, 06 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong><strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2007.


A G RA D E CIM E N TO S E SPE CIA ISA Profª D rª M aria <strong>de</strong> F átim a M antovani e Profª D rª M aria R ibeiro L acerda,ilustres orientadora e co-orientadora, professoras am igas e profissionais com petentes, m uitoo<strong>br</strong>igada por estar<strong>em</strong> presentes, por vocês existir<strong>em</strong> e m e orientar<strong>em</strong> através dos seusconhecim entos, sensibilida<strong>de</strong>, sabedoria, paciência e confiança. Toda a <strong>de</strong>dicação dispensadafoi o que contribuiu para que este estudo pu<strong>de</strong>sse se concretizar, possibilitando-m e umcam inhar pró-ativo, criativo e reflexivo, incentivando-m e a buscar e a <strong>de</strong>senvolver um aconsciência m ais crítica na área da E nferm ag<strong>em</strong> .A os E nferm eiros, sujeitos <strong>de</strong>sta pesquisa, que na condição <strong>de</strong> profissionais,tam bém cuidadores dos pacientes crônicos cardíacos, t<strong>em</strong> a central <strong>de</strong>sse estudo, o m eu m uitoo<strong>br</strong>igada pelas suas contribuições e disponibilida<strong>de</strong>s, s<strong>em</strong> os quais não teria sido possível o<strong>de</strong>senvolvim ento <strong>de</strong>ssa dissertação.


AGRADECIMENTOSFicam aqui os meus sinceros agra<strong>de</strong>cimentos:Ao meu Deus onipotente universal, eu agra<strong>de</strong>ço todas as horas por ser Sua filha s<strong>em</strong>pre abençoadae por guiar-me <strong>em</strong> toda trajetória <strong>de</strong>ste estudo. Muito o<strong>br</strong>igada, Senhor, que está presente <strong>em</strong> minhavida, por ser a luz da minha mente, do meu espírito e do meu corpo.À minha mãe Diva e <strong>ao</strong> meu pai Mahmoud (in m<strong>em</strong>orian), os quais me ensinaram várias lições <strong>de</strong>vida, transmitindo-me o amor <strong>ao</strong> próximo e o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> ser e o <strong>de</strong> se tornar a ser.Ao meu amado esposo João, que soube enten<strong>de</strong>r a minha ausência no cotidiano da vida, s<strong>em</strong>precompartilhando as inquietações e as conquistas durante esse período.À minha querida filha Layla, por muitas vezes não po<strong>de</strong>r participar ativamente <strong>em</strong> seu viver, muitoo<strong>br</strong>igada pela sua compreensão.À minha irmã Fari<strong>de</strong> e <strong>ao</strong> meu irmão Naser, que mesmo estando distantes, s<strong>em</strong>pre torceram pelaconquista <strong>de</strong>sta vitória.Às professoras Drª Grace Teresinha Marcon Dal Sasso, Drª Marineli Joaquim Meier, Drª Liliana MariaLa<strong>br</strong>onici, Drª Mariluci Alves Maftun e Drª Lilia Bueno, os meus sinceros agra<strong>de</strong>cimentos por sedispor<strong>em</strong> a participar da banca examinadora.A todas as professoras do Curso <strong>de</strong> Mestrado - UFPR que estiveram presentes nessa minhatrajetória, o<strong>br</strong>igada pelas valiosas contribuições a esta pesquisa.À Ms Leomar Albini e Drª Raymunda Aguiar pela <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za e disponibilida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ssapesquisa.Ao Grupo <strong>de</strong> Estudo Multiprofissional da Saú<strong>de</strong> do Adulto (GEMSA), pelo aprendizado e experiênciaapreendida.À Drª Elisabeth Bernardino, que autorizou a minha inserção no cenário da pesquisa.Às colegas do Curso <strong>de</strong> Mestrado, Maria Eduarda, Maria Emília, Sandra, Ana Carla, Joana, Dayane,Angelita e Luciana pelo apoio e companheirismo nos momentos <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e <strong>de</strong> reflexão.A todas as colegas do Curso <strong>de</strong> Mestrado, pela convivência, momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração eaprendizados.À querida amiga Albani Alves pelo carinho e estímulo fornecidos.À Alcioni Freitas, secretária do Curso do Programa Mestrado da UFPR, pelo profissionalismo e<strong>de</strong>dicação.A todas as pessoas que direta ou indiretamente me ajudaram na realização <strong>de</strong>ste estudo.


A V ID A(H E N F IL )Por m uito eu pensei que m inha vida fosse se tornar um a vida <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>;M as, s<strong>em</strong> pre havia um obstáculo no cam inho, algo a ser ultrapassado antes <strong>de</strong> com eçar a viver, um trabalhonão term inado, um a conta a ser paga;A í sim , a vida <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> com eçaria;Por fim , cheguei à conclusão <strong>de</strong> que esses obstáculos eram a m inha vida <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>;E ssa perspectiva t<strong>em</strong> m e ajudado a ver que não existe um cam inho para a felicida<strong>de</strong>.A felicida<strong>de</strong> é o cam inho;A ssim , aproveite todos os m om entos que você t<strong>em</strong> . E aproveite-os m ais se você t<strong>em</strong> alguém especial paracom partilhar, especial o suficiente para passar seu t<strong>em</strong> po; e l<strong>em</strong> <strong>br</strong>e-se que o t<strong>em</strong> po não espera ninguém ;Portanto, pare <strong>de</strong> esperar até que você term ine <strong>de</strong> pagar a faculda<strong>de</strong>;A té que você volte para a faculda<strong>de</strong>;A té que você perca 5 quilos;A té que você ganhe 5 quilos;A té que você tenha tido filhos;A té que seus filhos tenham saído <strong>de</strong> casa;A té que você se case;A té que você se divorcie;A té sexta à noite;A té segunda <strong>de</strong> m anhã;A té que tenha com prado um carro ou um a casa nova;A té que seu carro ou sua casa tenham sido pagos;A té o próxim o verão, outono, inverno;A té que você se aposenteA té que sua m úsica toque;A té que você m orra;E <strong>de</strong>cida que não há hora m elhor para ser feliz do que...A gora m esm o...!L <strong>em</strong> <strong>br</strong>e-se:“F elicida<strong>de</strong> é um a viag<strong>em</strong> , não um <strong>de</strong>stino”.


RESUMOBALDUINO, A. F. A. MANTOVANI, M. F. LACERDA, M. R. O <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong><strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca. Curitiba, 2007. 111f. Dissertação (Mestrado <strong>em</strong>Enfermag<strong>em</strong>) – Programa <strong>de</strong> Pós – Graduação <strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.O <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> é um conjunto <strong>de</strong> ações, atitu<strong>de</strong>s e relações do enfermeiro na execução <strong>de</strong> suaprática profissional e que para sua efetivação utiliza meios, recursos, componentes e princípios.Assim sendo, os objetivos <strong>de</strong>ste estudo foram i<strong>de</strong>ntificar os el<strong>em</strong>entos do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> doenfermeiro e <strong>de</strong>screver o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônicacardíaca. A abordag<strong>em</strong> metodológica utilizada foi a qualitativa na modalida<strong>de</strong> exploratória e o cenárioum Serviço <strong>de</strong> Cardiologia e <strong>de</strong> Internação Clínica Médica <strong>em</strong> um Hospital <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Curitiba. Ossujeitos se constituíram <strong>de</strong> oito enfermeiros, sendo sete assistenciais e um gerente <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>funcional. A coleta <strong>de</strong> dados realizou-se por meio <strong>de</strong> entrevista s<strong>em</strong>i-estruturada e gravada. A análisedos dados foi efetuada após a transcrição das entrevistas e mediante Análise <strong>de</strong> Conteúdo.Emergiram das informações analisadas três categorias: o <strong>cuidar</strong>, a prática do <strong>cuidar</strong>/cuidado epromoção à saú<strong>de</strong>. Na categoria <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong>stacam–se duas dimensões: a técnica e expressiva,oferecidas mediante as ações cuidado o paciente no <strong>processo</strong> <strong>de</strong> adoecimento. Na segunda, aprática do <strong>cuidar</strong>/cuidado caracteriza-se por duas subcategorias como concepções <strong>de</strong> ser humano e<strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, sendo o paciente um ser complexo, pensante, com vida própria, hábitos, estilo <strong>de</strong>vida e tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e no momento estando fragilizado, que necessita <strong>de</strong> uma Enfermag<strong>em</strong>como ciência, arte e profissão e <strong>de</strong> profissionais que atuam com conhecimentos específicos, oferecelhecuidados tanto no aspecto biológico como na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernir as necessida<strong>de</strong>s maisimportantes do <strong>cuidar</strong>, na vertente técnica e expressiva. Na terceira categoria, <strong>em</strong>ergiu a promoção àsaú<strong>de</strong> <strong>em</strong> que o enfermeiro ocupa-se com o preparo do paciente para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, que seexpressa <strong>em</strong> cinco subcategorias: a educação à saú<strong>de</strong>, orientação, concepções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, doençacrônica cardíaca e ambiente. Desse modo, a promoção à saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com os enfermeiros,como <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, têm como objetivo as orientações para o autocuidado e para a melhora doquadro clínico do paciente <strong>em</strong> seu <strong>processo</strong> <strong>de</strong> adoecimento, ancoradas <strong>em</strong> um ambiente interligadoe <strong>em</strong> construção com a socieda<strong>de</strong> na qual o <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca convive com seusfamiliares, profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e comunida<strong>de</strong>, relacionam-se <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estar. Osenfermeiros sugeriram a revisão <strong>de</strong> conceitos e pressupostos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong> paciente crônicocardíaco e a elaboração <strong>de</strong> diretrizes para o atendimento e o <strong>cuidar</strong>/cuidados específicos para essestipos <strong>de</strong> pacientes. Também manifestou-se o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> que os gestores dos Serviços <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>e os dirigentes <strong>de</strong> Instituições <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> possam proporcionar condições para um ambiente <strong>de</strong><strong>cuidar</strong>/cuidado saudável e <strong>de</strong> interação/vínculo com os pacientes, a família e a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, poiscomo seres humanos precisam ser olhados com dignida<strong>de</strong>, compressão e solidarieda<strong>de</strong>.Palavras-chave: Processo <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>. Enfermag<strong>em</strong>. Promoção à saú<strong>de</strong>. Doença Crônica Cardíaca.


ABSTRACTBALDUINO, A. F. A. MANTOVANI, M. F. LACERDA, M. R. Process in nursing care for bearer ofchronic cardiac disease. Curitiba, 2007. 111pg. Dissertation (Masters Degree in Nursing) – Post-Graduation Program in Nursing, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.Care process is a combination of actions, attitu<strong>de</strong>s and relations of the nurse performing his/herprofessional practice and to be executed uses means, resources, components and principles. Thus,the objectives of this study were to i<strong>de</strong>ntify the el<strong>em</strong>ents of the nurse’s care process and to <strong>de</strong>scribethe process in nursing care for beater of chronic cardiac disease. It was used the qualitativ<strong>em</strong>ethodological approach in exploratory modality and the scenery was a Service of Cardiology andMedical Clinic Admission in a School Hospital in Curitiba. The prospect persons were eight nurses andone functional unit manager. The data gathering was ma<strong>de</strong> through interview s<strong>em</strong>iestructured andrecor<strong>de</strong>d. The data analysis was ma<strong>de</strong> after interviews transcription and by Content Analysis. Fromthe information analyzed three categories have arisen: care, care practice/care and health promotion.In the care category two dimensions stand out: technical and expressive, offered by care actions to thepatient in the sicken process. In the second, the care/nursing practice is characterized by twosubcategories as human being and Nursing conception, being the patient a complex, thinking being,having own life, habits, lifestyle and <strong>de</strong>cision making, and being weakened at the moment, needing aNursing as science, art and profession, and professionals acting with specific knowledge, and giving tohim/her care, both in the biological aspect and in the capacity of discerning the most important needsin care, in technical and expressive aspects. In the third category, the health promotion has risen,where the nurse <strong>de</strong>als with the preparation of the patient for the quality of life, which is expressed infive subcategories: health education, orientation, conceptions on health, chronic cardiac disease an<strong>de</strong>nvironment. Thus, according to the nurses, promotion to health, as care process, has as objectiveorientations for self care and to improve the patient’s clinical Picture in his/her sicken process, beingfoun<strong>de</strong>d on an interconnected environment and in construction with the society where the bearer ofchronic cardiac disease coexists with his/her relatives, professionals of health and community, in arelationship of well being conditions. The nurses have suggested the revision of nursing concepts andpresuppositions to a chronic cardiac patient and the preparation of directives for service andcare/specific caring for that kind of patients. It was also manifested the wish that the managers ofNursing Services and directors of Health Institutions could provi<strong>de</strong> conditions for a healthy care/caringenvironment and having interaction/link with the patients, the family and the health team, because ashuman beings they need to be visualized with dignity, un<strong>de</strong>rstanding and solidarity.Key words: Care process. Nursing. Promotion to health. Chronic Cardiac Disease.


LISTA DE ILUSTRAÇÕESQUADRO 1 - EXEMPLO DO CAMINHO PARA ANÁLISE............................ 44QUADRO 2 - CARACTERÍSTICAS DOS SUJEITOS.................................... 46QUADRO 3 -TEMA, CATEGORIAS E SUBCATEGORIASENCONTRADAS NAS ANÁLISES DOS RELATOS............... 47FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS DO PROCESSODE CUIDAR AO PORTADOR DE DOENÇA CRÔNICACARDÍACA............................................................................. 93


SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 121.1 QUESTÃO NORTEADORA ................................................................... 191.2 OBJETIVO.............................................................................................. 192 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA .......................................................... 212.1 O PROCESSO DE CUIDAR DO ENFERMEIRO.................................... 212.2 OS INSTRUMENTOS............................................................................. 292.3 A DOENÇA CRÔNICA CARDÍACA ....................................................... 332.4 O ADULTO PORTADOR DE DOENÇA CRÔNICA CARDÍACA ............ 353 METODOLOGIA ....................................................................................... 383.1 TIPO DE ESTUDO ................................................................................. 383.2 O CENÁRIO DO ESTUDO .................................................................... 393.3 SUJEITOS DO ESTUDO ...................................................................... 403.4 COLETA DE DADOS ............................................................................ 413.5 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................ 423.6 CRITÉRIOS DE ADEQUAÇÃO E CONFIABILIDADE ........................... 453.7 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................. 454 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................. 464.1 CARACTERÍSTICAS DOS SUJEITOS................................................... 464.2 O CUIDAR ............................................................................................. 484.2.1 Dimensão Técnica .............................................................................. 484.2.2 Dimensão expressiva.......................................................................... 514.3 PRÁTICA DO CUIDAR/CUIDADO ........................................................ 614.3.1 Concepções <strong>de</strong> ser humano ............................................................... 624.3.2 Concepções <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> .............................................................. 664.4 PROMOÇÃO À SAÚDE ......................................................................... 754.4.1 Educação à saú<strong>de</strong> ............................................................................. 754.4.2 Orientação .......................................................................................... 804.4.3 Concepções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ........................................................................ 834.4.4 Concepções <strong>de</strong> doença crônica cardíaca ........................................... 864.4.5 Ambiente ............................................................................................. 88


5 DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS EVIDENCIADOS NO PROCESSODE CUIDAR ............................................................................................. 906 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 94REFERÊNCIAS ........................................................................................... 97APÊNDICES ................................................................................................ 106APÊNDICE 1 − ROTEIRO DE ENTREVISTA ............................................. 107APÊNDICE 2 − TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO .. 108ANEXOS....................................................................................................... 109ANEXO 1 - AUTORIZAÇÃO PARA CONSTAR O NOME DAINSTITUIÇÃO NO RELATÓRIO................................................ 110ANEXO 2 - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA .......................................... 111


131 INTRODUÇÃOO cuidado faz parte da vida do ser humano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios dahumanida<strong>de</strong>, como resposta <strong>ao</strong> atendimento às necessida<strong>de</strong>s na dimensãoontológica ou espiritual, visto que a vida do ser humano é singular e <strong>de</strong>ve ser vividaintensamente. Para Costenaro e Lacerda (2002, p. 29) “ter cuidado com alguém oualguma coisa é um sentimento inerente <strong>ao</strong> ser humano, ou seja, é natural da espéciehumana, pois faz parte da luta pela so<strong>br</strong>evivência e percorre toda a humanida<strong>de</strong>”.Com o <strong>de</strong>senvolvimento do conhecimento científico passado <strong>de</strong> geração<strong>em</strong> geração, surgiram novas disciplinas das mais variadas áreas do saber, como:ciências humanas, antropológicas, sociais, tecnológicas, <strong>de</strong>ntre outras.Conseqüent<strong>em</strong>ente, o hom<strong>em</strong> evoluiu e o cuidado o acompanhou. Assim,incorporou e continuamente absorveu esses novos saberes <strong>em</strong> prol da vida humana.Na Enfermag<strong>em</strong> ocorr<strong>em</strong> duas eras relacionadas <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong>. A primeira,<strong>de</strong>nominada pré-história, consi<strong>de</strong>ra a Enfermag<strong>em</strong> propriamente dita, <strong>em</strong> que o<strong>cuidar</strong> era prestado às pessoas doentes no ambiente familiar e no meio <strong>de</strong> amigos.A segunda é a Enfermag<strong>em</strong> Profissional, que apareceu por meio da evolução <strong>de</strong> umgrupo <strong>de</strong> pessoas organizadas e politizadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>. As pessoas<strong>de</strong>ssa era receb<strong>em</strong> capacitação e qualificação a<strong>de</strong>quada para o exercício eoferec<strong>em</strong> cuidados profissionais r<strong>em</strong>unerados <strong>ao</strong> paciente, à família e à comunida<strong>de</strong>(WALDOW, 2001a; OGUISSO, 2005).No que diz respeito à Enfermag<strong>em</strong> Profissional, além do cuidado a serrealizado por enfermeiros, também exist<strong>em</strong> outros m<strong>em</strong><strong>br</strong>os na equipe como ostécnicos e os auxiliares <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. Cada profissional t<strong>em</strong> suas competênciasnormativas conduzidas pela Lei do Exercício Profissional nº 7948, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong>1986, e pelo Código <strong>de</strong> Ética dos Profissionais <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> Resolução nº 311,<strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2007, que estabelec<strong>em</strong> o respeito à vida, à dignida<strong>de</strong> e <strong>ao</strong>sdireitos humanos <strong>em</strong> todas as suas dimensões, regulamentam as ativida<strong>de</strong>s a essesprofissionais para que exerçam ações com competências na promoção do serhumano <strong>em</strong> sua integrida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo os princípios da ética e da bioética (COREN-PR, 2007).O <strong>cuidar</strong> dos profissionais <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> é, para Costenaro e Lacerda(2002, p. 10), algo além da execução dos procedimentos técnicos, “é a relação,


14expressão, envolve <strong>em</strong>patia, autencida<strong>de</strong>, aceitação, um dispor–se, um estars<strong>em</strong>pre junto com o ser cuidado”.Destarte, o enfermeiro <strong>ao</strong> <strong>de</strong>senvolver o cuidado, precisa estabelecer umatroca e interação com o paciente, ou seja, um <strong>cuidar</strong> compreendido como autênticoque oportuniza o encontro entre o ser cuidado e o ser cuidador, que <strong>de</strong>ve aconteceralicerçado no respeito, na confiança, na ética e na experiência compartilhada <strong>de</strong>vida, por meio <strong>de</strong> formas criativas e efetivas, <strong>em</strong> uma percepção <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> que alie aciência e a arte na Enfermag<strong>em</strong> (CELICH, 2004).O <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> para Waldow (2006) é a forma como se realiza ocuidado, <strong>em</strong> uma ação interativa entre o enfermeiro e o paciente. Nele, as ativida<strong>de</strong>sdo profissional são <strong>de</strong>senvolvidas “para” e “com” o paciente, ancorados noconhecimento científico, habilida<strong>de</strong>, intuição, pensamento crítico, criativida<strong>de</strong>, sendoacompanhadas <strong>de</strong> comportamentos e atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado no sentido <strong>de</strong>promover, manter e/ou recuperar a totalida<strong>de</strong> e a dignida<strong>de</strong> humana.Para realizar o <strong>cuidar</strong>/cuidado, o enfermeiro, além <strong>de</strong> estabelecer umaparceria, uma relação <strong>de</strong> confiança com o ser cuidado, faz uso <strong>de</strong> um instrumentobásico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, <strong>em</strong>basado <strong>em</strong> conhecimento científico, <strong>de</strong>nominadoSist<strong>em</strong>atização da Assistência <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> 1 (SAE). Consi<strong>de</strong>ro a SAE umaestratégia tecnológica, ancorada <strong>em</strong> um método científico dinâmico que buscai<strong>de</strong>ntificar os fenômenos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> relevantes <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>ao</strong>s pacientes, família ecomunida<strong>de</strong>.Utilizada pelo enfermeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 70, a SAE é uma tecnologia 2 quepropicia uma melhoria/agilização e/ou modificação do <strong>cuidar</strong>/cuidado na sua prática.Diante <strong>de</strong>ssa ferramenta, o profissional está voltado para o pensamento clínico maisdo que para a tarefa; portanto, é capaz <strong>de</strong> pensar criticamente, <strong>de</strong> aprimorarhabilida<strong>de</strong>s técnicas e interpessoais, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> e a vonta<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>.A SAE é caracterizada pelo cuidado terapêutico, pela especialização doprofissional, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as e pela comunicabilida<strong>de</strong> pormeio das técnicas e arte na sua realização, enfim, pelo comprometer-se1 Forma sist<strong>em</strong>ática e dinâmica <strong>de</strong> prestar os cuidados humanizados, dirigida a resultados, <strong>de</strong> baixocusto, que impulsiona o enfermeiro a buscar avaliação e conhecimento para melhor <strong>cuidar</strong> dopaciente (ALFARO-LEFEVRE, 2005). Leia-se, daqui <strong>em</strong> diante, <strong>processo</strong> <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> ferramentatecnológica.2 “Não é representada na maioria das vezes por equipamentos, mas sim por <strong>processo</strong>s, métodos quesubsidiam o alcance <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados objetivos <strong>de</strong> cuidado mais subjetivos” (MEIER, 2004, p. 30).


15legitimamente (LEOPARDI, GELBCKE e RAMOS, 2001). Para Waldow (2004), essasist<strong>em</strong>atização é consi<strong>de</strong>rada um método <strong>de</strong> trabalho científico, com ações e metasa ser<strong>em</strong> seguidas passo a passo, prevendo um <strong>de</strong>terminado resultado. Assim, <strong>ao</strong>utilizar a SAE o enfermeiro, além <strong>de</strong> buscar evidências científicas e socioculturaisque sustent<strong>em</strong> a sua prática no cotidiano, também <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s dopaciente crônico cardíaco na sua história natural <strong>de</strong> doença <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a prevenção,manutenção e recuperação da saú<strong>de</strong>, maximizando suas sensações <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estar,oferecendo um <strong>cuidar</strong> com efetivida<strong>de</strong>, eficiência <strong>em</strong> seu saber fazer.Com o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico dos procedimentos diagnósticos eterapêuticos da atualida<strong>de</strong>, o enfermeiro procura incr<strong>em</strong>entar o seu <strong>processo</strong> <strong>de</strong><strong>cuidar</strong> <strong>de</strong> forma integral e evolutiva. Dessa forma, passa a enten<strong>de</strong>r a si mesmo e opaciente <strong>em</strong> seus fenômenos, sentimentos e atitu<strong>de</strong>s, projetando o olhar noreconhecimento do significado situacional vivido. Além disso, procura enten<strong>de</strong>r assimilarida<strong>de</strong>s e diferenças, por meio das relações interpessoais efetivas<strong>de</strong>senvolvidas durante o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>.Para realizar o cuidado o enfermeiro como m<strong>em</strong><strong>br</strong>o integrante da equip<strong>em</strong>ultidisciplinar, precisa <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> conhecimentos que possibilite a busca <strong>de</strong>resolutivida<strong>de</strong> às respostas dos fenômenos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finidos pelo InternacionalCouncil of Nurses (2003), como aspectos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> relevantes à prática <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>. Para que o enfermeiro alcance respostas a esses fenômenos vividospelo paciente e família, <strong>ao</strong> realizar o cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, <strong>de</strong>ve utilizarconhecimentos <strong>de</strong>senvolvidos pelos estudiosos da profissão <strong>ao</strong> longo dos últimosséculos.No século XX, o enfermeiro apropriou-se <strong>de</strong> conhecimentos com aelaboração <strong>de</strong> teorias <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> 3 que contribuíram para as pesquisasaplicadas <strong>em</strong> várias áreas <strong>de</strong> atuação. As teóricas responsáveis por essa construção<strong>de</strong>fendiam uma estrutura ou mo<strong>de</strong>lo para orientar a prática e propunham a utilizaçãoda SAE, método científico que propicia uma maneira <strong>de</strong> testar e validar essas teoriasou mo<strong>de</strong>los no cotidiano do trabalho do enfermeiro.3 Guias <strong>de</strong> ação que se prestam à coleta <strong>de</strong> dados, à busca a novos conhecimentos e que explicam anatureza da ciência (HORTA, 2005). Instrumentos <strong>de</strong> trabalhos que ressalvam o conhecimentocientífico, expondo as tendências das visões a cerca do <strong>processo</strong> saú<strong>de</strong> - doença e a experiência docuidado terapêutico, favorecendo outras atitu<strong>de</strong>s coerentes do <strong>cuidar</strong> e a promoção <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>humana, que, muitas vezes, contrariam o ambiente on<strong>de</strong> se realizam (ROLIM, PAGLIUCA eCARDOSO, 2005).


16Antes mesmo da apropriação <strong>de</strong>sses conhecimentos citados à priori,adquiridos por meio <strong>de</strong> pesquisas, durante a minha trajetória profissional e <strong>em</strong>trabalhos realizados anteriormente, s<strong>em</strong>pre procurei <strong>cuidar</strong> dos pacientes comatenção, respeito, solidarieda<strong>de</strong>, fraternida<strong>de</strong> e dignida<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong>, na época, aexecução das ações caracterizar-se pela prática do “saber fazer”. Reconheço que aminha experiência profissional do <strong>cuidar</strong>/cuidado se iniciou no penúltimo ano dagraduação <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> 1977, quando prestava cuidados às mães e ofereci<strong>ao</strong>s primeiros atendimentos <strong>ao</strong>s recém-nascidos.Após concluído o curso <strong>de</strong> graduação, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhei a prática profissionalno Serviço <strong>de</strong> Pronto Atendimento <strong>de</strong> um Hospital Geral <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte <strong>em</strong>Curitiba, com pacientes adultos e pediátricos. Essa fase proporcionou-me outraexperiência no <strong>cuidar</strong>, ou seja, o <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> trabalhointelectual, que era efetuado pelos enfermeiros, enquanto o trabalho manual cabia<strong>ao</strong>s auxiliares e aten<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.Nesse período, procurei-os, como forma <strong>de</strong> interagir no ambiente <strong>de</strong>trabalho, <strong>em</strong> que era da minha responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>legar as ações do <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong>enfermag<strong>em</strong>. Essa função me causava angústia e inquietação, pois não havia umaabertura para troca entre os enfermeiros e colaboradores, o que corroborava o saberfazer, s<strong>em</strong> que se efetivasse o julgamento clínico com planejamento. Portanto, nãoexistia o <strong>cuidar</strong> profissional como <strong>de</strong>fendido por Lacerda (1999, p. 44-45) que:se faz <strong>de</strong> uma forma autônoma, recorrendo <strong>ao</strong>s meios próprios <strong>de</strong> açãoindividual, profissional-cliente <strong>em</strong> uma correlação, <strong>em</strong> um espaço <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>entarieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, pois existe ain<strong>de</strong>pendência intelectual baseada no conhecimento pessoal e noconhecimento <strong>em</strong>pírico, e ainda na responsabilida<strong>de</strong> legal e moral, nacompetência e na expertise adquirida <strong>ao</strong> longo dos anos.Posteriormente, no mesmo hospital, atuei no Serviço <strong>de</strong> Emergência <strong>de</strong>Adulto e continuei a realizar o <strong>cuidar</strong>/cuidado. Nesse serviço, <strong>de</strong>senvolvia o trabalhointelectual e manual, <strong>em</strong> meio a um sincronismo entre as equipes <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>,médicas e outras. Oferecia os cuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong>s pacientes clínicos epré–cirúrgicos.Entre os pacientes clínicos, havia dois grupos que me chamavam aatenção - os com probl<strong>em</strong>as asmáticos e os com probl<strong>em</strong>as cardíacos - que


17quinzenal ou s<strong>em</strong>analmente retornavam para ser<strong>em</strong> atendidos. Questionava-meso<strong>br</strong>e o que a Enfermag<strong>em</strong> po<strong>de</strong>ria oferecer para ajudar esses pacientes. A partir <strong>de</strong>reflexões, comecei a <strong>de</strong>senvolver o <strong>cuidar</strong> além dos procedimentos técnicos. Recorrià interação, <strong>ao</strong> ajudar, <strong>ao</strong> compartilhar, <strong>ao</strong> respeito, à dignida<strong>de</strong>, <strong>ao</strong> envolvimento, à<strong>em</strong>patia, o que hoje é entendido como <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>. Aliado a isso, a Direção<strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> solicitou-me que testasse um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> SAE. O objetivo era que aunida<strong>de</strong> servisse <strong>de</strong> piloto para a implantação <strong>de</strong>ssa sist<strong>em</strong>atização <strong>em</strong> que ospacientes recebess<strong>em</strong> um <strong>cuidar</strong> planejado, sist<strong>em</strong>atizado, dinâmico eindividualizado, tendo como resultado um cuidado eficiente e eficaz.Destarte, minha prática profissional quanto à utilização da SAE, na épocachamada <strong>de</strong> Processo <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, começou <strong>em</strong> 1980, quando do meu trabalhono Serviço <strong>de</strong> Emergência do Hospital <strong>de</strong> Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral doParaná (HC/UFPR). A SAE era por mim utilizada na forma <strong>de</strong> teste para a<strong>de</strong>quaçãodos impressos utilizados durante o <strong>de</strong>senvolvimento da sist<strong>em</strong>atização. Entretanto,<strong>em</strong> 1984, essa ferramenta tecnológica já havia sido implantada, quando atuavacomo chefe <strong>de</strong> seção <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> Clínica do mesmo hospital, nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Terapia Intensiva Adulto e Transplante <strong>de</strong> Medula Óssea.Como não havia no momento uma política organizacional <strong>de</strong>planejamento e <strong>de</strong> implantação da SAE <strong>em</strong> toda a instituição, ficava a critério doenfermeiro fazê-lo ou não. Em 1988, passei a ocupar o cargo <strong>de</strong> Direção <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>, e uma das minhas ações foi a elaboração <strong>de</strong> um documento quepropunha a criação <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> Implantação <strong>de</strong> Metodologia da Assistência(PRIMA). A proposta <strong>de</strong>spertou o interesse dos enfermeiros <strong>em</strong> pesquisar so<strong>br</strong>e oscuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> individualizados e so<strong>br</strong>e a integralida<strong>de</strong> das ações. Assimeles passaram a registrar os probl<strong>em</strong>as do paciente no prontuário único e a equipe<strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entava as Anotações <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> <strong>em</strong> impresso próprio(BALDUINO, 1993).Durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse programa, foram realizados várioscursos so<strong>br</strong>e a SAE para capacitação dos enfermeiros, a fim <strong>de</strong> que cuidass<strong>em</strong> dospacientes internados e também dos pacientes ambulatoriais. Como resultado <strong>de</strong>sseplanejamento organizacional, ocorreu a continuida<strong>de</strong> da execução da SAE até hoje.S<strong>em</strong>pre acreditei na SAE como uma ferramenta tecnológica que oenfermeiro possui para realizar o cuidado <strong>ao</strong> paciente com competência, visibilida<strong>de</strong>,autonomia, intuição, sensibilida<strong>de</strong>, raciocínio, julgamento clínico e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


18tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Continuei a buscar novos conhecimentos, mediante a minhaparticipação na equipe <strong>de</strong> Assessoria <strong>de</strong> Informática (ASSINF), no <strong>de</strong>senvolvimento,manutenção, implantação, impl<strong>em</strong>entação e no treinamento <strong>ao</strong>s usuários(enfermeiros, <strong>de</strong>mais m<strong>em</strong><strong>br</strong>os da equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, m<strong>em</strong><strong>br</strong>os do apoiotécnico, médicos e resi<strong>de</strong>ntes) do módulo <strong>de</strong> internação do Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> InformaçãoHospitalar (SIH), além <strong>de</strong> contribuir também para a Sist<strong>em</strong>atização da Assistência <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong> Informatizada (SAEI).Visto que a tecnologia da informação t<strong>em</strong> a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenar,tratar e recuperar os dados durante o seu <strong>processo</strong> <strong>de</strong> transformação <strong>em</strong>informações, permitiu <strong>ao</strong>s profissionais usuários recebê-las <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po real,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do lugar <strong>em</strong> que os enfermeiros estivess<strong>em</strong>. Nessa fase, novamentetive contato com a SAEI, <strong>em</strong> que foi <strong>de</strong>senvolvida a prescrição <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>informatizada, sendo impl<strong>em</strong>entada como recurso tecnológico, para que oenfermeiro prescrevesse os cuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> a todos os pacientes <strong>de</strong> suaunida<strong>de</strong>. Essa ação propiciou uma melhora do cuidado individualizado e facilitouquanto às orientações <strong>ao</strong>s colaboradores <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> com maior segurança erapi<strong>de</strong>z (BALDUINO, 1993).O enfermeiro, por meio da aplicação dos seus conhecimentos, das suashabilida<strong>de</strong>s interpessoais, tecnológicas, dos instrumentos e da sensibilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>realizar um cuidado, sendo esse compreendido como uma forma <strong>de</strong> envolvimentoprofissional entre o ser cuidado e o ser cuidador. Com o trabalho <strong>de</strong> conclusão dadisciplina Vivência da Prática Assistencial no Curso <strong>de</strong> Mestrado <strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong>,no ano <strong>de</strong> 2006, na qual realizei encontros com os enfermeiros, busquei construir ummarco <strong>de</strong> referência para a prática do enfermeiro a <strong>portador</strong>es <strong>de</strong> doença crônica <strong>em</strong>sua experiência <strong>de</strong> adoecimento. Essa prática assistencial possibilitou-me conhecer,in loco, as ações <strong>de</strong> cuidado dos enfermeiros com os pacientes acometidos pordoenças crônicas e também constatar que essas são permeadas pelo respeito àscaracterísticas <strong>de</strong> unicida<strong>de</strong>, autenticida<strong>de</strong> e individualida<strong>de</strong> ─ por meio <strong>de</strong> um olharcrítico, reflexivo e pró-ativo, ancorado <strong>em</strong> um referencial teórico (BALDUINO et al.,2007).Consi<strong>de</strong>ro que a Vivência da Prática Assistencial a<strong>br</strong>iu novaspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vislum<strong>br</strong>ar este estudo. Ao término das aproximações foi possívelconstatar que o enfermeiro é um ser humano com dimensões sociopolíticas,espirituais, possuidor <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong>s, alegrias, frustrações, além <strong>de</strong> estar aberto


19para o futuro. Ele também se coloca como parceiro do ser cuidado, visto querespeita as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, as diferenças sociais, as crenças, os valores, enfim, acidadania (BALDUINO et al., 2007).Portanto, o ser cuidado é, neste estudo, a pessoa com doençacardiovascular a qual é responsável por mais <strong>de</strong> 16,6 milhões <strong>de</strong> óbitos anuaismundialmente. Desses, 3,0 milhões são <strong>de</strong> doenças hipertensivas ou outrascardiopatias da mortalida<strong>de</strong> mundial, conforme a Organização Pan-Americana(2003a). No Brasil, entre 1996 e 1999, as doenças cardiovasculares foramresponsáveis por 33% dos óbitos com causas conhecidas, sendo consi<strong>de</strong>rada a 1ªcausa <strong>de</strong> hospitalização no setor público <strong>de</strong> pessoas com ida<strong>de</strong> entre 40 e 59 anos(17%) e entre aquelas com 60 anos ou mais (29%) (OPAS, 2003b).Alguns pesquisadores mencionam que há um aumento <strong>de</strong> doençascardiovasculares <strong>em</strong> países <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento como o Brasil e que existe umatendência <strong>de</strong> ocorrer <strong>em</strong> pessoas com ida<strong>de</strong>s mais precoces, o que é comumenteobservado <strong>em</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos. As altas taxas <strong>de</strong> incidências observadas <strong>em</strong>nosso país associam-se à exposição a fatores <strong>de</strong> risco na atualida<strong>de</strong>, comotabagismo, hipertensão, obesida<strong>de</strong>, hipercolesterol<strong>em</strong>ia, diabetes, se<strong>de</strong>ntarismo eestresse (BRASIL, 2003; BRASIL, 2006a).Ainda, para confirmar esse quadro preocupante, ocorreram 27,9% <strong>de</strong>óbitos <strong>de</strong> pacientes com doenças do aparelho circulatório <strong>em</strong> 2004, porcentag<strong>em</strong>esta que ocupou posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque. Também, por meio da análise das causasespecíficas, excluindo–se as causas mal <strong>de</strong>finidas, relataram-se algumas doençasdo aparelho circulatório que ocuparam as três primeiras colocações, cuja somaresultou <strong>em</strong> 25% do total registrado, com 243.203 óbitos no Brasil (BRASIL, 2006b).Para a Organização Pan-Americana da Saú<strong>de</strong>, as doenças crônicascardiovasculares não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>radas como um probl<strong>em</strong>a isolado ou<strong>de</strong>ixadas nas tradicionais categorias <strong>de</strong> doenças não-transmissíveis pelo fato <strong>de</strong> aspessoas apresentar<strong>em</strong> mais <strong>de</strong> um fator <strong>de</strong> risco ou mais <strong>de</strong> uma doença crônica(OMS, 2003). Tendo <strong>em</strong> vista a experiência profissional, o entendimento <strong>de</strong> que asdoenças crônicas cardíacas interfer<strong>em</strong> na vida do ser humano nos seus limites ecapacida<strong>de</strong>s, e que <strong>ao</strong> ser<strong>em</strong> internados <strong>em</strong> instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tais pacientesnecessitam <strong>de</strong> um olhar mais atento, pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cura e característicaspeculiares <strong>de</strong> sua doença, exig<strong>em</strong>-se do enfermeiro meios, princípios e fundamentospara atendê-los. Sendo assim, <strong>ao</strong> partir do pressuposto <strong>de</strong> que a utilização da SAEI


20─ implantada <strong>em</strong> 1991 no hospital-foco <strong>de</strong>ste estudo ─ propicia <strong>ao</strong>s enfermeiros autilização do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, evi<strong>de</strong>nciei a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigar como osenfermeiros conduz<strong>em</strong> a prática <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado para esse paciente, a partir dacomposição <strong>de</strong> seu método <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>.Diante <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>, a questão norteadora <strong>de</strong>sta pesquisa foi quaissão os el<strong>em</strong>entos 4 utilizados pelos enfermeiros no <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong>doença crônica cardíaca? Além <strong>de</strong>sse questionamento, este estudo t<strong>em</strong> comoobjetivos i<strong>de</strong>ntificar os el<strong>em</strong>entos do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> realizado pelo enfermeiro<strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca e <strong>de</strong>screver os el<strong>em</strong>entos evi<strong>de</strong>nciados no<strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca.4 Neste estudo, compreen<strong>de</strong>m-se el<strong>em</strong>entos como meios, princípios e fundamentos para realizar o<strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>.


21Competência por meio das habilida<strong>de</strong>s dos saberes ser, estar e fazer;União do conhecimento da enfermag<strong>em</strong> e <strong>de</strong> outras áreas, articulando ateoria e prática;Interação dos sujeitos (enfermeiro, paciente, família e comunida<strong>de</strong>);Doação do t<strong>em</strong>po que vivencia o presente <strong>ao</strong> encontro do outro;Alívio do sofrimento com olhar nas multidimensões do ser humano;Responsabilida<strong>de</strong> pelo b<strong>em</strong>-estar <strong>de</strong> si e do outro.Anice <strong>de</strong> Fátima Ahmad Balduino, 2006.


222 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMANa exposição da t<strong>em</strong>ática <strong>de</strong>ste estudo, serão dissertados so<strong>br</strong>e o<strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> do enfermeiro, os instrumentos, a doença crônica cardíaca e oadulto <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca.2.1 O PROCESSO DE CUIDAR DO ENFERMEIROPara discorrer so<strong>br</strong>e o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> do enfermeiro oferecido <strong>ao</strong>paciente crônico cardíaco, serão apresentados o <strong>de</strong>senvolvimento histórico econceitual do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/sist<strong>em</strong>atização da assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, queoportunizam <strong>ao</strong> profissional conhecer o paciente mediante sensibilida<strong>de</strong> esolidarieda<strong>de</strong>, elaborar e executar os cuidados com organização e o planejamento,além <strong>de</strong> torná-lo pró-ativo.Destarte, para melhor entendimento do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, forampesquisados vários autores norte-americanos e <strong>br</strong>asileiros que conceituaram o<strong>cuidar</strong>/cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong> longo <strong>de</strong> algumas décadas, os quais apropriaramsedas mais diversas ciências como: humanas, sociais, antropológicas,sociopolíticas, tecnológicas, entre outras. Além da incorporação <strong>de</strong>ssas ciências,foram realizadas reflexões a partir da prática do enfermeiro. Algumas autorasutilizam o verbo ”<strong>cuidar</strong>” <strong>em</strong> vez do substantivo “cuidado”, porém ambas as palavraspossu<strong>em</strong> a mesma conotação no contexto analisado.Os vocábulos (<strong>cuidar</strong>/cuidado; assistir/assistência), merec<strong>em</strong> umaexplicação etimológica. O primeiro par se origina do latim cogitare-cogitatus que, <strong>em</strong>português, é entendido como cogitar, imaginar, pensar, tratar <strong>de</strong>, dar atenção, tercuidado com a saú<strong>de</strong> e cura (FERREIRA, 1999). As palavras <strong>cuidar</strong>/cuidado tambémestão relacionadas <strong>ao</strong> termo “terapêutico”, <strong>de</strong>rivado do grego therapéuo que significa“eu cuido” (VOLICH, 2000). O segundo par da mesma forma origina-se do latim adsistereou assistere que, <strong>em</strong> português, significa estar presente, assistir, ver,test<strong>em</strong>unhar, ajudar e socorrer, sendo uma reprodução <strong>de</strong> stare (FERREIRA, 1999).Neste estudo serão utilizadas as palavras “<strong>cuidar</strong>/cuidado”, visto que significam


23ação, envolvimento, prestar atenção e viver o momento presente, consi<strong>de</strong>rando opaciente <strong>em</strong> todas as suas dimensões, ou seja, na sua integralida<strong>de</strong> (FERREIRA,1999).Desse modo, conforme, o art. 11, inciso I, parágrafo i, j, l e m da Lei nº7.498/86 do Exercício Profissional (COFEN, 2002), que compreen<strong>de</strong> açõesprivativas do enfermeiro quanto <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado, o profissional procura umaarticulação da teoria com a prática para contribuir com o corpo <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>, mediante evidências científicas numa interação do enfermeiro com opaciente e a família. Conseqüent<strong>em</strong>ente, o enfermeiro projeta um olhar nasdimensões biopsicossociais e espirituais do paciente, cabendo-lhe também aresponsabilida<strong>de</strong> pelo seu próprio b<strong>em</strong>-estar e o ser cuidado.A partir da meta<strong>de</strong> do século XIX, na Enfermag<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>rna, FlorenceNightingale estabelece ser o <strong>cuidar</strong>/cuidado as medidas <strong>de</strong> higiene, ambiente, aprivacida<strong>de</strong> e o lazer <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> cuidava dos pacientes (CARRARO, 1997; PADILHA,SOBRAL e SILVEIRA, 2002). Na década <strong>de</strong> 50, caracterizava-se pela obediência <strong>ao</strong>tratamento médico e pelos procedimentos <strong>de</strong> cura (KRON, 1978).Na década <strong>de</strong> 60 do século XX, a teórica Lydia E. Hall, nos EstadosUnidos, evi<strong>de</strong>nciou o <strong>cuidar</strong>/cuidado físico e o auxílio à execução das funçõesbiológicas diárias, centrando-se nas necessida<strong>de</strong>s básicas e no conforto dopaciente. Surgiu assim o <strong>cuidar</strong>/cuidado <strong>de</strong> forma mais a<strong>br</strong>angente, quecompreendia os sentimentos extensivos à família e socieda<strong>de</strong>, a arte e a ciência, pormeio <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s, competências intelectuais e habilida<strong>de</strong>s técnicas, preconizada porFaye Glenn Ab<strong>de</strong>llah (GEORGE, 1993). Nessa mesma década, surgiram as teorias<strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, fundamentadas <strong>em</strong> princípios científicos como um sustentáculo daprática profissional, com o objetivo <strong>de</strong> explicar as concepções <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado aSAE e com o intuito <strong>de</strong> favorecer a inter-relação entre enfermeiro-paciente(LEOPARDI, 1999; GEORGE, 1993; KRON, 1978).Nos Estados Unidos, nos anos 70, persistiu a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong> sob o olhar tecnicista, que “significa somente realização <strong>de</strong>procedimentos <strong>de</strong> acordo com etapas pré-<strong>de</strong>terminadas ou condutas hospitalaresestabelecidas” (KRON, 1978, p. 15). Iniciaram-se as discussões para se avançar noconhecimento <strong>de</strong> dimensões filosóficas, teóricas e epist<strong>em</strong>ológicas na visão do<strong>cuidar</strong>/cuidado, li<strong>de</strong>rados por Ma<strong>de</strong>leine Leininger. Ainda, foram estimuladasinvestigações que envolveram mo<strong>de</strong>los alternativos para a prática <strong>de</strong> cuidado


24administrativo e <strong>de</strong> componentes, <strong>processo</strong>s e padrões na perspectiva cultural(NEVES, 2002; GEORGE, 1993).Os enfermeiros dos Estados Unidos, nos anos 80 do século XX estavampreocupados com a promoção da saú<strong>de</strong>, com os tratamentos das enfermida<strong>de</strong>s.Começaram então a conceituar o <strong>cuidar</strong>/cuidado na visão holística <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, quecontava com contribuições sociais, morais e científicas à humanida<strong>de</strong>,principalmente as estudiosas Jean Watson e Marilyn Ray, com uma abordag<strong>em</strong>qualitativa que articulava os conceitos <strong>de</strong> ser humano, saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> sintonia com oambiente e natureza para alcançar a harmonia do self e promoção doautoconhecimento (NEVES, 2002; GEORGE, 1993).No Brasil, na época supracitada, o enfermeiro acompanhava o mo<strong>de</strong>lotaylorista para representar o que se t<strong>em</strong> como <strong>cuidar</strong>/cuidado. Esse mo<strong>de</strong>loconstava das técnicas <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> com a atenção não-voltada <strong>ao</strong> paciente, massim <strong>ao</strong>s procedimentos e tarefas. Tais tarefas eram <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhadas pelos m<strong>em</strong><strong>br</strong>osda equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> não-qualificada, que não precisaria saber o porquê <strong>de</strong><strong>de</strong>terminada ação e apenas executá-la com economia <strong>de</strong> movimento e t<strong>em</strong>po. Oenfermeiro realizava o trabalho intelectual, uma vez que as ações eram <strong>de</strong>legadaspela equipe multiprofissional e também pela administração da instituição (ALMEIDAe ROCHA, 1989).Na década <strong>de</strong> 90 do século XX, houve uma ampliação do conceito <strong>de</strong><strong>cuidar</strong>/cuidado o qual se voltou para a ajuda <strong>ao</strong> próximo, para a sensibilida<strong>de</strong>profissional, relação interpessoal, interação, autonomia, responsabilida<strong>de</strong> legal <strong>em</strong>oral, competência para manter ou recuperar a dignida<strong>de</strong> e totalida<strong>de</strong> humana(LACERDA, 1999; WALDOW, 2001).No início do século XXI, o <strong>cuidar</strong>/cuidado é compreendido como umconjunto <strong>de</strong> vários conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s que se aperfeiçoam no exercício daprofissão e permit<strong>em</strong> <strong>ao</strong> enfermeiro <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar o seu trabalho com qualida<strong>de</strong>(SANTOS et al., 2004). Também é evi<strong>de</strong>nciado como toque, sensibilida<strong>de</strong>,sensualida<strong>de</strong>, ações, procedimentos, propósitos e valores que transcen<strong>de</strong>m o t<strong>em</strong>poda ação, visto que o <strong>cuidar</strong>/cuidado possui o componente humanístico <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>e <strong>de</strong> autonomia (SOUZA et al., 2005; CARVALHO, 2004). Para Pires (2005, p. 733),o <strong>cuidar</strong> “é mais que um ato mecanizado, rotinizado e alienado <strong>de</strong> sentido”. É um atoque faz parte da ativida<strong>de</strong> criativa do ser humano, pois é uma das atitu<strong>de</strong>s incluídasno campo vital, subjetiva e cultural das relações sociais. Destarte, consi<strong>de</strong>ro o


25<strong>cuidar</strong>/cuidado não é simplesmente como um ato isolado, mas requer do enfermeiroapreensão, incumbência, sabedoria, conhecimentos específicos e respeito <strong>ao</strong>spacientes e família.A partir <strong>de</strong>ssa análise histórica do <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado e <strong>de</strong>senvolvidopelos enfermeiros, enfatiza-se que houve a operacionalização na prática profissionaldas proposições, pressupostos e conceitos das teorias <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, os quaisreflet<strong>em</strong> novas relações e novas formas <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado a ser<strong>em</strong> testadas evalidadas, possibilitando a aplicação e o aperfeiçoamento da SAE nas necessida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> paciente hospitalar e/ou ambulatorial.Na busca das novas formas do <strong>cuidar</strong>/cuidado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época <strong>de</strong> 70 doséculo XX até hoje, as pesquisadoras, mundialmente, fizeram uso do conhecimentocientífico para investigar os metaparadigmas 5 ou conceitos centrais <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.Assim, <strong>em</strong>ergiram conceitos, pressupostos, princípios e <strong>de</strong>finições que subsidiam acriação <strong>de</strong> teorias <strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong>. Tais teorias <strong>de</strong>screv<strong>em</strong>, explicam, prevê<strong>em</strong> econtrolam os fenômenos relevantes à saú<strong>de</strong> do paciente, da família e dacomunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma sist<strong>em</strong>ática, estruturada e direcionada <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>, constituindo-se como base segura para a ação eficiente e eficaz. Issopermitiu <strong>ao</strong> enfermeiro apropriar-se <strong>de</strong> uma estrutura com vistas a orientar o<strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, mediante a utilização da SAE.O enfermeiro, <strong>ao</strong> utilizar a SAE, estará aplicando o método científico comoum instrumento racional para <strong>de</strong>monstrar seus conhecimentos, <strong>de</strong> modo que tenhaativida<strong>de</strong> intelectual <strong>de</strong>liberada. Nesse caso, necessita <strong>de</strong> conhecimento dasciências sociais e humanas para a solução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as. Com isso ocorre um<strong>processo</strong> <strong>de</strong> reflexão contínuo <strong>em</strong> que o profissional busca compreen<strong>de</strong>r osignificado do comportamento do paciente. Ao lançar mão da SAE, o enfermeiropropõe-se a alcançar objetivos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e po<strong>de</strong> oferecer uma avaliação do <strong>cuidar</strong>prestado (GEORGE, 1993).No Brasil, na década <strong>de</strong> 70 do século passado, a Associação Brasileira <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong> divulgou um documento <strong>de</strong>nominado “Probl<strong>em</strong>as, Prescrições ePlanos: um estilo <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>”. Esse documento trata <strong>de</strong> umestudo so<strong>br</strong>e um método científico, aplicado a nível hospitalar, que po<strong>de</strong> levar o5 Representa a visão <strong>de</strong> mundo <strong>de</strong> uma disciplina, a visão mais global, que comporta visõesespecíficas e interpretações <strong>de</strong> um conceito central. Como metaparadigma da enfermag<strong>em</strong> consiste<strong>em</strong>: “pessoa, ambiente, saú<strong>de</strong>, enfermag<strong>em</strong>” (BORK, 2003, p. 8).


26<strong>cuidar</strong> <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> a se diferenciar, com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permitir <strong>ao</strong>senfermeiros um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho eficiente, porque é científico e humano (PAIM, 1978).Naquela década, os enfermeiros <strong>br</strong>asileiros estavam mobilizados nosentido <strong>de</strong> revisar o <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> com base no método científico.Comentava-se que o <strong>processo</strong> era científico e humano e a exeqüibilida<strong>de</strong> do métodofoi testada <strong>em</strong> vários hospitais. Os pesquisadores, <strong>em</strong> suas teses, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ramesses novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado, pautados na cientificida<strong>de</strong> (PAIM, 1978;HORTA, 2005). A SAE, no Brasil era/é consi<strong>de</strong>rada como uma dinâmica das açõessist<strong>em</strong>atizadas e inter-relacionadas que visava/visa a uma assistência <strong>ao</strong> serhumano. Baseada na Teoria das Necessida<strong>de</strong>s Humanas Básicas é composta dasetapas: “histórico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, diagnóstico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, plano assistencial,plano <strong>de</strong> cuidados (prescrição <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>), evolução e prognóstico <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>” (HORTA, 2005, p. 35-36).Campe<strong>de</strong>lli et al. (1989) mencionam <strong>em</strong> seus estudos que exist<strong>em</strong> algunspesquisadores <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> que realizaram investigações relacionadas à SAE,na década <strong>de</strong> 70. Foi evi<strong>de</strong>nciado que esse método científico é aplicado <strong>em</strong> váriasáreas <strong>em</strong> que se cuida <strong>de</strong> pacientes com necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, como no CentroCirúrgico. A sist<strong>em</strong>atização assegurava um <strong>cuidar</strong>/cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>personalizado, contínuo e integrado, também <strong>em</strong> grupos familiares, o que permitiuuma visão mais real dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do paciente, pois era assistido <strong>de</strong>ntroda probl<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> sua família. Aplicou-se também a SAE <strong>em</strong> pacientes comdoenças transmissíveis, focando-se nas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> adaptações. Portanto, asinformações contidas nos instrumentos que norteiam a SAE permit<strong>em</strong> darcontinuida<strong>de</strong> <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, avaliar e fornecer subsídios para pesquisasna Enfermag<strong>em</strong>.Na década <strong>de</strong> 80 do século XX, preocupados com suas competênciasprivativas, regulamentadas pela Lei 7.498 <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1986 e seu Decreto-Lei94.406 <strong>de</strong> 08 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1987, que dispõe so<strong>br</strong>e a regulamentação do exercícioprofissional e <strong>de</strong>fine o papel <strong>de</strong> cada m<strong>em</strong><strong>br</strong>o da equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, osenfermeiros iniciaram a aplicação da SAE <strong>em</strong> diversas instituições, principalmentena pública. No ensino também houve uma resposta a essa ação normativa, o quefez com que o discente a aplicasse <strong>em</strong> todos os estágios contribuindo com a novaera da enfermag<strong>em</strong> profissional.


27A primeira experiência ocorreu com a implantação da SAE nessa mesmadécada, no Hospital Universitário da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (HU-USP). Com apreocupação <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir um método <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>, optou-se por trêsfases, respectivamente: histórico, prescrição e evolução <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. Chamouse<strong>de</strong> Sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> Assistência <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> e, mais tar<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>Assistência <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, <strong>de</strong>finido como um conjunto <strong>de</strong> fases (citadasanteriormente) coor<strong>de</strong>nadas entre si e que funcionam como uma estrutur<strong>ao</strong>rganizada (CIANCIARULLO, 2001). Ainda, Domingues apud Campe<strong>de</strong>lli et al.(1989) aplicaram a SAE no <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong> gestantes. Esclareceram que este não po<strong>de</strong>ser consi<strong>de</strong>rado uma modificação apenas do estilo do <strong>cuidar</strong>, mas na forma <strong>de</strong>conhecimento ou <strong>de</strong> compreensão da enfermag<strong>em</strong> nos aspectos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m legal etécnico-administrativo.A SAE, na década <strong>de</strong> 80, era consi<strong>de</strong>rada um instrumento <strong>de</strong> resolução<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, que subsidiava o enfermeiro e lhe permitia conhecer, i<strong>de</strong>ntificar e<strong>de</strong>terminar os probl<strong>em</strong>as do paciente para melhor prestação do <strong>cuidar</strong>/cuidado <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong> <strong>em</strong> suas necessida<strong>de</strong>s básicas (DANIEL, 1981). Afirmam Campe<strong>de</strong>lli etal. (1989) que a SAE requer raciocínio e recuperação do conhecimento. Para isso,utiliza-se do saber, do fazer e dos dados do paciente, monitorizados e transformados<strong>em</strong> ações pelo enfermeiro.Os estudos so<strong>br</strong>e a SAE começaram a surgir <strong>em</strong> meados <strong>de</strong> 90, mas s<strong>em</strong>enfocar o julgamento clínico. Também estava <strong>em</strong> tramitação na OrganizaçãoMundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) uma proposta para inclusão da North American NursingDiagnosis Association (NANDA) na revisão da Classificação Internacional <strong>de</strong>Doenças (CID) (DANIEL, 1981). Durante a impl<strong>em</strong>entação da SAE <strong>em</strong> diferentescenários, conforme Doenges e Moorhouse (1999), os enfermeiros passaram aapropriar-se das fases do diagnóstico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> preconizadas pela NANDA,método eficiente na organização <strong>de</strong> pensamentos lógicos e racionais para a tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões clínicas e na solução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, <strong>de</strong> modo fundamental, para asações <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. A SAE, ativida<strong>de</strong> intelectual <strong>de</strong>liberativa baseada no métodocientífico e aplicada no <strong>cuidar</strong>/cuidado, fundamentada <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los teóricos daenfermag<strong>em</strong>, é um <strong>processo</strong> que requer do enfermeiro habilida<strong>de</strong>s cognitivas,técnicas e relacionamentos interpessoais (IYER, TAPTICH e BERNOCCHI-LOSEY,1993; GEORGE, 1993).


28Para Leopardi (1999, p. 36), a SAE é <strong>de</strong>finida como “ativida<strong>de</strong> unificadorada profissão, <strong>de</strong>monstrando a função da enfermag<strong>em</strong> por meio do uso da ciência earte e pela constituição <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> entre teoria (pr<strong>em</strong>issas e proposições),tecnologia (métodos e artefatos) e interação (relação intersubjetiva)”.Como ação normativa, <strong>em</strong> 1993 foi publicada a Resolução do ConselhoFe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> nº 159, estabelece a Consulta <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>:[...] se utiliza <strong>de</strong> componente do método científico <strong>de</strong>finindo as seguintesfases: histórico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> (compreen<strong>de</strong>ndo a entrevista), examefísico, diagnóstico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, prescrição e impl<strong>em</strong>entação daassistência e evolução <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. Essa resolução <strong>de</strong>fine o <strong>processo</strong><strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>em</strong> todos os níveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, seja <strong>em</strong> instituições públicasou privadas.No final dos anos 90 do século XX, uma das fases da SAE que se<strong>de</strong>stacou foi o diagnóstico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, etapa importante para o enfermeiro nasações in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para com o paciente, amparada legalmente <strong>em</strong> sua prática(CARPENITO, 1999).Ainda, na evolução histórica da SAE, Wall (2000) usou a terminologia“metodologia da assistência”. Definiu-a como uma união mediante assistênciaindividualizada não-massificada que leva <strong>em</strong> conta o ser singular, o profissional e ocliente, cada qual com sua experiência <strong>de</strong> vida e bagag<strong>em</strong> <strong>de</strong> conhecimentos. Essetipo <strong>de</strong> elo po<strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> a essa assistência e potencializar assim o po<strong>de</strong>rvital que impulsiona o paciente para o viver.Salientam Ford e Walsh, apud Cianciarullo (2001) que, para alguns, aSAE é uma filosofia, na qual se valoriza a individualização do <strong>cuidar</strong>/cuidado; par<strong>ao</strong>utros, é um método <strong>de</strong> organização dos cuidados. Destarte, Alfaro-LeFevre (2005p. 55) afirma que a sist<strong>em</strong>atização da assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> é “formasist<strong>em</strong>ática e dinâmica <strong>de</strong> prestar os cuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. Essencial a todas asabordagens <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> promove cuidado humanizado, dirigido a resultados(orientado a resultados) e <strong>de</strong> baixo custo, impulsionando os enfermeiros acontinuamente examinar<strong>em</strong> o que estão fazendo e a estudar<strong>em</strong> como po<strong>de</strong>riamfazê-lo melhor”. O enfermeiro, após apreen<strong>de</strong>r esses instrumentos, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penharásuas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cuidado nas dimensões biopsiocossocial e espiritual, por meio do<strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>.


29Com o uso <strong>de</strong> computadores nas instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> há quase trêsdécadas, surgiram nos Estados Unidos e Europa diferentes tipos <strong>de</strong> vocabuláriospara a <strong>de</strong>scrição da prática <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. Nisso se inclu<strong>em</strong> os sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong>classificação so<strong>br</strong>e os diagnósticos, as intervenções e os resultados <strong>em</strong>enfermag<strong>em</strong>. Essas classificações estão direcionadas <strong>ao</strong> diagnóstico <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>, às ações e <strong>ao</strong>s resultados apresentados pelos cuidados prestados(MARIN, 1995).Nesse contexto, enumeram-se alguns vocábulos como: North AmericanNursing Diagnoses Association (1973)-NANDA; Classificação na assistênciadomiciliar-HHCC-Home Health Care Classification (SABA, 1991); Classificação daIntervenção <strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong>-NIC-Nursing Intervention Classification (McCLOSKEYe BULECHEK, 1992); Projeto OMAHA <strong>de</strong> Classificação-OMAHA Community HealthSyst<strong>em</strong> (MARTIN e SCHEET, 1992); Léxico e a Taxonomia <strong>em</strong> Intervenção <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>-NILT-Nursing Intervention Lexicon Taxonomy (GROBE, 1992) (MARIN,1995). E Classificação Internacional para a Prática <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>-Versão 1.0CIPE/ICNP-International Classfication for Nursing Practice (ICN, 2007).A partir da década 90 do século passado, houve um avanço na SAE noque se refere à fase do diagnóstico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, pois existe um movimentomundial, seja através do Conselho Internacional <strong>de</strong> Enfermeiros (CIE) e daAssociação Norte-Americana (ANA), para que os enfermeiros vali<strong>de</strong>m a sua práticapor meio dos diagnósticos <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> Classificação para a Prática <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong> (CIPE ou ICNP) e North American Nursing Diagnosis Association(NANDA). No Brasil, na área da saú<strong>de</strong> coletiva, ocorreu um <strong>de</strong>senvolvimento dodiagnóstico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>nominado Classificação para a Prática <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong> na Saú<strong>de</strong> Coletiva (CIPESC) e exist<strong>em</strong> também estudos <strong>de</strong> validação.Na década <strong>de</strong> 2000, a CIPE adquiriu outra versão: passou a ser CIPE Versão 1.0 eNANDA, <strong>de</strong>nominada NANDA Internacional.Para solidificar a compreensão da SAE, o enfermeiro necessita <strong>de</strong>pensamento crítico, reflexivo, sensibilida<strong>de</strong> e incorporação <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong>outras disciplinas, além da própria Enfermag<strong>em</strong>. Quanto a este aspecto questionase:até quando o enfermeiro vai <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se apropriar <strong>de</strong>sse instrumentotecnológico?Até 2007, o enfermeiro, no Brasil, t<strong>em</strong> procurado sist<strong>em</strong>atizar o seu<strong>cuidar</strong>, mas este ainda não é incorporado pelos m<strong>em</strong><strong>br</strong>os da equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>,


30o que dificulta a aproximação da teoria com a prática. Como ações prescritivas enormativas, o Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> (COFEN) promulgou: a Resoluçãodo COFEN 311/2007 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007, que aprova a reformulação doCódigo <strong>de</strong> Ética dos Profissionais <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> e a Resolução do COFEN272/2002 <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2002, que dispõe so<strong>br</strong>e a SAE nas instituições <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> <strong>br</strong>asileiras, consi<strong>de</strong>rando-a uma ativida<strong>de</strong> privativa do enfermeiro <strong>em</strong> que seutiliza um método e estratégia <strong>de</strong> trabalho científico para a i<strong>de</strong>ntificação dassituações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença, subsidiando ações <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> quepossam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saú<strong>de</strong>do indivíduo, família e comunida<strong>de</strong> (COREN-PR, 2007).Com essas Resoluções há um respaldo legal das ações quanto àaplicação da SAE, porém, percebe-se que o enfermeiro ainda incorporouparcialmente esse instrumento tecnológico <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> na cultura da políticainstitucional. Falta <strong>de</strong>finição da filosofia do serviço <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> para que secont<strong>em</strong>ple um mo<strong>de</strong>lo teórico, além do que, há ina<strong>de</strong>quação do dimensionamentodos m<strong>em</strong><strong>br</strong>os da equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.2.2 OS INSTRUMENTOSNo seu cotidiano o enfermeiro utiliza, na prática, no ensino ou na pesquisa,instrumentos para o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>. Os instrumentos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> são osrecursos utilizados para se alcançar um propósito na sua ação efetiva. Estesproporcionam <strong>ao</strong> enfermeiro, além do conhecimento do paciente, um raciocínio ejulgamento clínico, uma tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão fundamentada nas competências doexercício profissional, o que garante maior segurança e eficiência nas ações <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>. Definidos os instrumentos, é importante especificar quais são eles ecomo o enfermeiro os utiliza no seu <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>.Entre os vários instrumentos utilizados na Enfermag<strong>em</strong>, a comunicação, oplanejamento, a avaliação, o método científico ou <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> fenômenos, <strong>ao</strong>bservação, o trabalho <strong>em</strong> equipe, a <strong>de</strong>streza manual e a criativida<strong>de</strong> são citadospor (HORTA, 2005). Para Cianciarullo (2005, p. 137), à <strong>de</strong>streza manual acrescentasea habilida<strong>de</strong> psicomotora, pois “presume-se que a utilização das mãos com


31habilida<strong>de</strong> é uma das características mais valorizadas pelos alunos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>,pelos enfermeiros e pela clientela <strong>em</strong> geral”. Além dos instrumentos básicos, Horta(2005, p. 160) também se refere <strong>ao</strong>s princípios científicos como “um conjunto <strong>de</strong>conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s fundamentais para o exercício <strong>de</strong> todas as ativida<strong>de</strong>sprofissionais”, sendo que, na atualida<strong>de</strong>, são <strong>de</strong>finidos como a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão relativa às ações <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, buscando explicá-las e ampliálas,no que tange <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong> dos pacientes <strong>em</strong> suas necessida<strong>de</strong>s básicas(CIANCIARULLO, 2005).A comunicação é <strong>de</strong>finida como significado compartilhado quando duaspessoas estão <strong>de</strong> acordo com a mensag<strong>em</strong> que foi trocada entre elas, e essesignificado <strong>de</strong>ve-se <strong>ao</strong> fato <strong>de</strong> as pessoas ter<strong>em</strong> interpretações s<strong>em</strong>elhantes para asmensagens verbais e não-verbais (ATKINSON et al., 1989). Para que haja acomunicação eficaz, o enfermeiro t<strong>em</strong> um componente fundamental: a <strong>em</strong>patia queo torna mais sensível <strong>ao</strong>s próprios pensamentos e sentimentos para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas ações <strong>de</strong> uma forma favorável <strong>ao</strong>s pacientes.O enfermeiro, no seu exercício profissional, faz uso da competênciainterpessoal mediante a comunicação. Para que isso ocorra, ele <strong>de</strong>ve <strong>em</strong>basar-senos mo<strong>de</strong>los teóricos da comunicação geral, ou da comunicação interpessoal, o quelhe permite aten<strong>de</strong>r o paciente <strong>em</strong> todas as suas dimensões (STEFANELLI eCARVALHO, 2005). Quando se comunica com efetivida<strong>de</strong>, está <strong>em</strong> um <strong>processo</strong> <strong>de</strong>interação. Sabe lidar com gente, procura caminhos para chegar a um <strong>de</strong>terminadoresultado, ou seja, <strong>de</strong>senvolve um <strong>cuidar</strong> com eficiência. Tal <strong>processo</strong> resume a“capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trocar ou discutir idéias, <strong>de</strong> dialogar, <strong>de</strong> conversar, com vista <strong>ao</strong> bomentendimento entre as pessoas” (FERREIRA, 1999, p. 517).O encontro do enfermeiro com o paciente na relação da comunicação no<strong>cuidar</strong> é <strong>de</strong>finido por O’Connor (2000, p. 324) como o momento “quando você seaproxima <strong>de</strong> mim, mesmo sabendo que você não po<strong>de</strong> satisfazer meu <strong>de</strong>sejo maisprofundo, isto é, minha cura... quando vejo que você é capaz <strong>de</strong> sorrir e sentir-sefeliz no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong> seu trabalho... quando você se aproxima <strong>de</strong> mim s<strong>em</strong> ares<strong>de</strong> profissionalismo, mas como pessoa humana que todos nós somos”.A observação, afirma Horta apud Cianciarullo (2005, p. 6), “é a ação ou efeito<strong>de</strong> observar, isto é, olhar com atenção para examinar com minúcia, atenção que sedá a certas coisas”. Para Rudio (2004), é um dos meios que o ser humano t<strong>em</strong> <strong>de</strong>conhecer e compreen<strong>de</strong>r as pessoas, coisas, acontecimentos e situações. Sob


32esses olhares, enten<strong>de</strong>-se que o enfermeiro precisa utilizar os órgãos dos sentidos<strong>de</strong> forma eficaz, pois a observação <strong>de</strong>verá estar “presente” durante sua prática,sendo o primeiro passo para iniciar um “caminho” <strong>de</strong> interação com o doente crônicocardíaco que procura por ajuda. Cianciarrullo (2005, p. 5-24) afirma que o enfermeiro<strong>de</strong>ve incorporar a observação como uma capacida<strong>de</strong> e habilida<strong>de</strong> para compreen<strong>de</strong>ro contexto <strong>em</strong> que está inserida e assim ter subsídios para enfrentar e agir naEnfermag<strong>em</strong>.A criativida<strong>de</strong> é o instrumento <strong>de</strong> que se apropria o enfermeiro quando, pormeio da crítica reflexiva <strong>de</strong> sua prática cotidiana, cria novas alternativas para<strong>de</strong>senvolver suas competências no trabalho e um olhar interior a partir dasdiferenças do seu modo <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>. Sny<strong>de</strong>r apud Cianciarullo (2005) afirmam que acriativida<strong>de</strong> é uma capacida<strong>de</strong> essencial <strong>ao</strong> enfermeiro que busca a resolução <strong>de</strong>probl<strong>em</strong>as no seu dia-a-dia. Sendo assim, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> intervençõescriativas <strong>em</strong> seu fazer profissional po<strong>de</strong>rá proporcionar-lhe um crescimento interior euma prestação <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong> paciente com uma melhoria naqualida<strong>de</strong>, tendo este, como recompensa, as suas ações criativas (CIANCIARULLO,2005).Para Skeet e Thompson apud Cianciarullo (2005, p. 52) o cuidado <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong> criativo t<strong>em</strong> um objetivo dinâmico: além buscar a resolução doprobl<strong>em</strong>a, valorizar o “conhecimento natural” do enfermeiro - intuição e sensocomum -, promover o <strong>de</strong>senvolvimento pessoal e o exercício <strong>de</strong> suas habilida<strong>de</strong>sinovadoras, interpessoais e criativas.O planejamento também é consi<strong>de</strong>rado um instrumento visto que oenfermeiro elabora um plano <strong>de</strong> trabalho gerencial ou assistencial, tendo uma visãodo todo. Nessa ótica, ele utiliza os níveis <strong>de</strong> a<strong>br</strong>angências no tocante <strong>ao</strong> alcance <strong>de</strong>prazos, isto é, estabelece planos estratégicos, táticos e operacionais para realizar aSAE individualizada. Esse é um <strong>processo</strong> intelectual que conta com a <strong>de</strong>terminaçãoconsciente do curso <strong>de</strong> ação, com a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões com base <strong>em</strong> objetivos,fatos e estimativas submetidas à análise (HORTA, 2005).Avaliação, para Cianciarullo (2005, p. 112), é “uma ativida<strong>de</strong> metodológica eprocessual <strong>de</strong> interpretação e julgamento <strong>de</strong> dados qualitativos e quantitativos paraatribuição <strong>de</strong> valor, fundamentada <strong>em</strong> padrões e critérios pre<strong>de</strong>terminados”.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> qual seja a situação a ser avaliada, o profissional faz umaretroalimentação <strong>em</strong> diversas dimensões, principalmente, no <strong>processo</strong> <strong>de</strong>


33enfermag<strong>em</strong>, que representa a excelência do cuidado prestado <strong>ao</strong> paciente, umavez que conta com a eficácia do <strong>cuidar</strong>/cuidado individualizado.Consi<strong>de</strong>ra Gomes, citado por Cianciarullo (2005, p. 111-12), que “o hom<strong>em</strong>,para <strong>de</strong>senvolver-se <strong>em</strong> sua forma <strong>de</strong> sentir, pensar e agir necessita avaliar suasexperiências, como i<strong>de</strong>ntificar quais as suas possibilida<strong>de</strong>s e quais suas restrições.Mediante <strong>ao</strong> uso <strong>de</strong>sse <strong>processo</strong>, ele está se permitindo julgar, apreciar, <strong>de</strong>terminarvalores para suas <strong>de</strong>cisões. Esta conduta se faz tanto para consigo mesmo, comopara com tudo que o cerca”.A <strong>de</strong>streza manual é o instrumento utilizado pelo enfermeiro quando aplica osaber fazer <strong>de</strong> forma racional, repensando as ações que realiza <strong>ao</strong> paciente e so<strong>br</strong>esi mesmo. Logo, o <strong>cuidar</strong> não é apenas a aplicação dos m<strong>em</strong><strong>br</strong>os superiores, mas aarticulação <strong>de</strong> outros movimentos motores. Essa articulação se relaciona àcapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer movimentos hábeis <strong>de</strong> <strong>br</strong>aços e mãos, b<strong>em</strong> direcionados, quepo<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s psicomotoras (CIANCIARULLO, 2005).O trabalho <strong>em</strong> equipe se constitui <strong>em</strong> um instrumento na medida <strong>em</strong> quecada m<strong>em</strong><strong>br</strong>o da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> realiza suas competências profissionais comsegurança e é capaz <strong>de</strong> negociar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um caráter <strong>de</strong> <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dorismo, comconhecimento técnico-científico e com respeito ético e moral. O hom<strong>em</strong> nãoconsegue laborar sozinho, necessita estar <strong>em</strong> equipe e, segundo Cianciarullo(2005), o po<strong>de</strong>r energético do grupo é requisito vital para a obtenção <strong>de</strong> resultados.Ainda, a equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve ser orientada para a obtenção <strong>de</strong> uma únicameta: o <strong>cuidar</strong>. Se não houver um espírito <strong>de</strong> equipe, esse <strong>cuidar</strong> po<strong>de</strong> sofrerinterferências, ficando comprometidos os objetivos que <strong>de</strong>veriam ser comuns. Assim,o enfermeiro po<strong>de</strong>rá realizar o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong>ntro do profissionalismo earticular a ciência, a arte, o pessoal, a ética e o sociopolítico como formas <strong>de</strong>padrões <strong>de</strong> conhecimentos na Enfermag<strong>em</strong> (CARPER e WHITE apud LACERDA,ZAGONEL e MARTINS, 2006).Na visão <strong>de</strong> Amaru, citado por Cianciarullo (2005, p. 91), o enfermeiro,quando se apresenta com profissionalismo,<strong>de</strong>verá possuir conhecimento e habilida<strong>de</strong> especifica, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>escolher e usar métodos a<strong>de</strong>quados para o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da missãoorganizacional, execução <strong>de</strong> tarefas e <strong>de</strong> ações específicas, tambémplanejar e preparar cuidadosamente cada uma <strong>de</strong> suas ações, evitandoimprovisações, ainda procurar acompanhar as evoluções <strong>de</strong>ntro do seu


34campo <strong>de</strong> trabalho, separar as relações pessoais das tarefas, participandoda equipe <strong>de</strong> forma solidária, e não <strong>de</strong>ixar compromissos inacabados.O método científico constitui reflexos das necessida<strong>de</strong>s do hom<strong>em</strong> para aconstrução do conhecimento científico, o qual parte <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> racional e lógicapara buscar a compreensão do mundo por meio <strong>de</strong> seus questionamentos. Sabercientificamente é ser capaz <strong>de</strong> comprovar, <strong>de</strong> explicar os fenômenos e não só <strong>de</strong>apreendê-los; é uma expressão que l<strong>em</strong><strong>br</strong>a o método sist<strong>em</strong>ático e evi<strong>de</strong>ncia umcaráter <strong>de</strong> respeitabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, sendo característica exclusiva doconhecimento científico. De acordo com Cianciarullo (2005, p. 25), o métodocientífico “constitui um procedimento geral, sist<strong>em</strong>ático, baseado <strong>em</strong> princípioslógicos”. Com ele o enfermeiro <strong>de</strong>senvolve um raciocínio e julgamento clínico, umatomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão para os pacientes sob um olhar <strong>de</strong> “estar com” e “estar para”.Os instrumentos abordados po<strong>de</strong>rão ser apreendidos e utilizados no cotidianoda prática do <strong>cuidar</strong> do enfermeiro, com objetivos <strong>de</strong> promover, manter e recuperar asaú<strong>de</strong> do paciente.2.3 A DOENÇA CRÔNICA CARDÍACAAs condições crônicas são evi<strong>de</strong>nciadas como doenças nãotransmissíveis(doenças cardiovasculares; câncer; diabetes; asma); transmissíveispersistentes; Acquired Immuno<strong>de</strong>ficiency Syndrome/Síndrome <strong>de</strong> Imuno<strong>de</strong>ficiênciaAdquirida (AIDS/SIDA); distúrbios mentais <strong>de</strong> longo prazo e <strong>de</strong>ficiências físicas,sendo que as doenças não-transmissíveis e as doenças mentais estão <strong>em</strong>ascensão, constituindo probl<strong>em</strong>as para o Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mundial (OMS, 2003).Os Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> necessitam tomar providências para o tratamentodas doenças <strong>de</strong> longo prazo, ou <strong>ao</strong>s <strong>portador</strong>es crônicos, visto que o paradigmapredominante, nesses casos, volta-se para o tratamento agudo nas instituições <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. Para superar esse mo<strong>de</strong>lo é necessário que os dirigentes <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e os governantes <strong>de</strong>senvolvam condutas com bases <strong>em</strong> políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;que as organizações capacit<strong>em</strong> seus profissionais, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s


35interpessoais e tecnológicas; que promovam a participação das comunida<strong>de</strong>s e ainteração dos pacientes nessas políticas (OMS, 2003).A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina que as doenças crônicascardiovasculares sejam conduzidas por políticas do Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> por meio dasevidências científicas, para que se reoriente a prática e, conseqüent<strong>em</strong>ente, ospacientes possam apresentar melhoras, po<strong>de</strong>ndo o profissional intervir <strong>de</strong> modoeficaz. Tais doenças representam um aumento crescente da mortalida<strong>de</strong> mundial,portanto, faz-se necessário impl<strong>em</strong>entar políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na prevenção paraestimular o paciente e família a participar<strong>em</strong> efetivamente do tratamento (OMS,2003).As doenças crônicas cardiovasculares são consi<strong>de</strong>radas, para Woods,Froelicher e Motzer (2005), como resultados da incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compensar osmecanismos fisiológicos. Apresentam-se como uma história natural prolongada; commultiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco; interação <strong>de</strong> vários fatores etiológicos e biológicosconhecidos e <strong>de</strong>sconhecidos. Inicia como uma condição aguda, aparent<strong>em</strong>enteinsignificante e que se prolonga através <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> exacerbação e r<strong>em</strong>issão.Embora sejam passíveis <strong>de</strong> controle, o acúmulo <strong>de</strong> eventos e as restrições impostaspelo tratamento po<strong>de</strong>m levar a uma significativa alteração no estilo <strong>de</strong> vida daspessoas (LESSA, 1998). Dessa maneira, essas doenças requer<strong>em</strong> uma atençãoespecial no que diz respeito <strong>ao</strong>s <strong>processo</strong>s patológicos advindos <strong>de</strong> fatores sociais eambientais, constituídos da própria história natural da doença (FIQUEIREDO, STIPPe LEITE, 2004).A Organização Pan-Americana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, preocupada com o crescenteaumento das doenças não-transmissíveis, impl<strong>em</strong>entou projetos <strong>de</strong> prevençãointegrados no âmbito da comunida<strong>de</strong>, conhecidos como CARMEN (Conjunto <strong>de</strong>Ações para a Redução Multifatorial das Enfermida<strong>de</strong>s Não–transmissíveis). Suafinalida<strong>de</strong> é melhorar a saú<strong>de</strong> da população mediante a redução da incidência <strong>de</strong>fatores <strong>de</strong> risco associados às enfermida<strong>de</strong>s não-transmissíveis, por meio das açõescombinadas e coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> prevenção da enfermida<strong>de</strong> e da promoção da saú<strong>de</strong>no âmbito dos serviços, da socieda<strong>de</strong> e da comunida<strong>de</strong> (BRASIL, 2000; OPAS,2003a).A participação dos múltiplos fatores <strong>de</strong> risco no <strong>de</strong>senvolvimento dasdoenças cardiovasculares implica na formação, progressão e ocorrências doseventos cardiovasculares futuros. Portanto, esses fatores <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser reconhecidos


36precoc<strong>em</strong>ente. Recent<strong>em</strong>ente foi feito um estudo, INTERHEART, coor<strong>de</strong>nado peloDoutor Salium Yusuf, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar, <strong>de</strong> forma sist<strong>em</strong>atizada, aimportância dos fatores <strong>de</strong> risco para a doença cardiovascular mundialmente. Foramevi<strong>de</strong>nciados nove <strong>de</strong>les e comprovou-se que mais <strong>de</strong> 90% dos riscos eramatribuídos <strong>ao</strong> infarto do miocárdio e que os dois mais importantes fatores <strong>de</strong> riscosão o tabagismo e a dislipi<strong>de</strong>mia, que juntos compreen<strong>de</strong>ram dois terços do riscoglobal <strong>de</strong> infartos do miocárdio. Já a obesida<strong>de</strong>, diabetes mellitus, hipertensãoarterial sistêmica e fatores psicossociais apresentaram diferenças relativas nasdiferentes regiões realizadas (YUSUF, HAWKEN e OUNPUU, 2004).Todas as alterações fisiológicas <strong>de</strong>correntes do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> adoecimentolevam o indivíduo a uma condição crônica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com a qual terá <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r aconviver. Tal condição traz consigo certos fatores estressantes como o t<strong>em</strong>poprolongado <strong>de</strong> tratamento e as mudanças no estilo <strong>de</strong> vida e no meio social, o quealtera o modo <strong>de</strong> viver <strong>de</strong>sse indivíduo e das pessoas que conviv<strong>em</strong> com ele(RIBEIRO e MANTOVANI, 2001).Consi<strong>de</strong>rando esse quadro, é relevante a participação do enfermeiro nolevantamento dos fatores <strong>de</strong> risco pr<strong>em</strong>aturamente, uma vez que as doençascrônicas cardíacas geram alto custo para os cofres públicos e traz<strong>em</strong> danos severos<strong>ao</strong> paciente, comprometendo também a sua família.2.4 O ADULTO PORTADOR DE DOENÇA CRÔNICA CARDÍACAViver leva o hom<strong>em</strong> a crescer nas dimensões biopsicossocial, cultural eespiritual durante a sua existência e, quando ele reconhece essas dimensões no seudia-a-dia, elas po<strong>de</strong>m ser mobilizadas para facilitar o entendimento <strong>de</strong> uma situaçãoatual e assim criar novas alternativas a ser<strong>em</strong> examinadas. Isso requer o esforço <strong>de</strong>compreen<strong>de</strong>rmos a nós mesmos e <strong>ao</strong>s outros. Somos mais do que um ser físico;todos nós possuímos um mundo interior n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre fácil <strong>de</strong> perceber.O hom<strong>em</strong> é um ser que apresenta corpo físico, mente, sentimentos eespírito formando um todo. Quando uma <strong>de</strong>ssas dimensões não está b<strong>em</strong>, todo esseser é afetado. Os profissionais da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ajudá-lo a conhecer suas forçaspessoais e espirituais como uma forma <strong>de</strong> lhe permitir conhecer sua própria


37capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moldar a qualida<strong>de</strong> e a riqueza da sua vida por meio <strong>de</strong> suasescolhas.No entanto, quando ocorre um <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io importante, o surgimento <strong>de</strong>uma doença ou outro fator <strong>de</strong> diferente natureza, ocorre um comprometimento <strong>de</strong>ssetodo harmônico que permite <strong>ao</strong> hom<strong>em</strong> um não-viver pleno. O adulto <strong>portador</strong> <strong>de</strong>doença crônica cardíaca, por ex<strong>em</strong>plo, começa a sentir que a força física e a forçado coração estão diminuídas. Surge a aterosclerose nos vasos sangüíneos, tambémocorre a perda do tecido ósseo e há carência na auto-estima (ATKINSON et al.,1989). Nessa fase eles po<strong>de</strong>m apresentar limitações <strong>em</strong>ocionais, financeiras, perdaspessoais, sociais e precisará apren<strong>de</strong>r a administrar o seu tratamento efetivo.Nessas circunstâncias, quando o paciente se encontra fragilizado, é que oenfermeiro assume um papel importante e muito expressivo junto a ele, no sentido<strong>de</strong> ajudá-lo não só a enfrentar as dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> torno da doença, mas também <strong>de</strong>cuidá-lo nas suas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> segurança, carinho e autoconfiança. Dess<strong>em</strong>odo, é importante que o enfermeiro compreenda que os pacientes <strong>portador</strong>es <strong>de</strong>doença crônica requer<strong>em</strong> do profissional um raciocínio clínico e crítico constante,pois uma simples preocupação que apresent<strong>em</strong> po<strong>de</strong> colocar <strong>em</strong> risco suas vidas.A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>finida por Silva et al. (2005, p. 8) é como umaexperiência interna <strong>de</strong> satisfação e <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estar <strong>em</strong> consonância com o <strong>processo</strong><strong>de</strong> viver, que envolve todas as dimensões da pessoa, ou seja, físico, psicológico,social, cultural e espiritual. Ainda é consi<strong>de</strong>rado “um conceito dinâmico, que s<strong>em</strong>odifica no <strong>processo</strong> <strong>de</strong> viver das pessoas”.Em um estudo so<strong>br</strong>e esse t<strong>em</strong>a, <strong>em</strong> pacientes <strong>portador</strong>es <strong>de</strong> doençacrônica, percebe-se que o significado <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida relacionou-se <strong>ao</strong> b<strong>em</strong>estarmaterial (40,9%), <strong>ao</strong> b<strong>em</strong>-estar físico (23,9%), <strong>ao</strong> <strong>em</strong>ocional (11,2%) einterferiu na capacida<strong>de</strong> física (67,6%), no trabalho, no estudo e na ativida<strong>de</strong> do lar(64,8%) e na auto-estima (53,5%). Esse estudo ainda evi<strong>de</strong>ncia que a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida é <strong>de</strong>terminada por fatores socioeconômicos, pois a doença crônica interrompeou dificulta a participação do paciente no <strong>processo</strong> produtivo e o leva a experimentardiferentes sentimentos e comportamentos <strong>de</strong>vido às alterações da capacida<strong>de</strong> física,da auto-estima, da imag<strong>em</strong> corporal e das relações com outras pessoas (MARTINS,FRANÇA e KIMURA, 1996). Desse modo, o enfermeiro t<strong>em</strong> uma função fundamentalna equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> já que por meio da avaliação clínica diária do paciente po<strong>de</strong>rárealizar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência externa ou na


38subjetivida<strong>de</strong> da muldimensionalida<strong>de</strong> do ser humano, e provi<strong>de</strong>nciar que o pacienteseja atendido nos mais diferentes segmentos da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e/ou da <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>.A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> seu documento “Cuidadosinovadores para as condições crônicas”, enfatiza que o paciente <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doençacrônica carece <strong>de</strong> cuidados planejados, capazes <strong>de</strong> prever suas necessida<strong>de</strong>sbásicas e <strong>de</strong> atenção integrada. Essa atenção envolve t<strong>em</strong>po, cenário da saú<strong>de</strong> ecuidadores, além <strong>de</strong> treinamentos para que o paciente se autocui<strong>de</strong> <strong>em</strong> suaresidência. O paciente e seus familiares precisam <strong>de</strong> suporte, <strong>de</strong> apoio para aprevenção ou administração eficaz dos eventos crônicos (OMS, 2003).Quando da hospitalização <strong>de</strong>sses tipos <strong>de</strong> pacientes, cria-se uma carga<strong>em</strong>ocional muito intensa, e estes necessitam <strong>de</strong> várias informações <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oconhecimento <strong>de</strong> sua doença, <strong>de</strong> seus direitos e <strong>de</strong>veres na instituição, b<strong>em</strong> comoos <strong>de</strong> cidadão. Assim sendo, faz-se necessário que o enfermeiro pense nanecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitas vezes modificar suas ações <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> diárias, pois o mo<strong>de</strong>lobiomédico cartesiano restringe-se a tratar o paciente <strong>em</strong> suas manifestações agudasda doença não resolutiva. Conforme Costa, Alves e Lunardi (2006), a equipe <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong> e os próprios familiares, <strong>de</strong> um modo mecânico, passam, muitas vezes,a realizar e assumir as <strong>de</strong>cisões e as ações que o paciente po<strong>de</strong>ria efetuar. Essesatores, infelizmente, po<strong>de</strong>m estar contribuindo para que ele amplie mais suasdificulda<strong>de</strong>s e aumente seus sentimentos <strong>de</strong> sofrimento, reforçando nele aincapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir por si e so<strong>br</strong>e si.


393 METODOLOGIA3.1 TIPO DE ESTUDODe natureza qualitativa, na modalida<strong>de</strong> exploratória foi alicerçado ejustificado nesse tipo <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> vista dos objetivos propostos e por possibilitara incorporação da questão do significado e da intencionalida<strong>de</strong> como inerentes <strong>ao</strong>satos, às relações e às estruturas sociais.A pesquisa qualitativa para Polit, Beck e Hungler (2004) envolve umaprogressão linear <strong>de</strong> tarefas, s<strong>em</strong> preten<strong>de</strong>r controlar o contexto da pesquisa e simcaptá-lo <strong>em</strong> sua totalida<strong>de</strong>, adicionando o subjetivo como um meio <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>re interpretar as experiências pessoais. Nesse sentido, o pesquisador salienta osaspectos dinâmicos, holísticos e individuais da experiência humana no contextodaqueles que a estão vivenciando. Torna-se possível uma pesquisa qualitativaquando os sentidos e as significações dos fenômenos <strong>em</strong> foco são o cerne para ospesquisadores, sendo que esses procuram captá-los (TURATO, 2003).A pesquisa qualitativa t<strong>em</strong> como características oferecer <strong>ao</strong> pesquisador a“possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captar a maneira pela qual os indivíduos pensam e reag<strong>em</strong> frenteàs questões focalizadas” e propiciar, também, o conhecimento da dinâmica e daestrutura da situação do estudo, na perspectiva <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> a vivencia. Outracaracterística é a indução do pesquisador a não se <strong>de</strong>ter na teoria adotada, mas simoportunizar a geração <strong>de</strong> conceitos e formulação <strong>de</strong> novas teorias, partindo dosdados (PRAÇA e MERIGHI, 2003, p. 1). Dessa maneira, a investigação possibilitauma aproximação ímpar entre o sujeito e objeto pesquisado, e o material básico <strong>de</strong>interpretação é a palavra, sendo possível <strong>de</strong>tectar as diferentes concepções.Ao se escolher a pesquisa qualitativa modalida<strong>de</strong> exploratória, atribuiusea ela cont<strong>em</strong>plar os propósitos <strong>de</strong> estudo, visto que se pretendia agregar efornecer dados so<strong>br</strong>e as práticas cotidianas dos enfermeiros que atuam no<strong>cuidar</strong>/cuidado na instituição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> questão.A pesquisa exploratória é realizada <strong>em</strong> áreas <strong>em</strong> que há escassez ounenhum conhecimento acumulado e sist<strong>em</strong>atizado. Por meio da natureza <strong>de</strong>


40sondag<strong>em</strong>, não parte <strong>de</strong> hipóteses, mas estas po<strong>de</strong>rão surgir como produto final dapesquisa (TOBAR e YALOUR, 2003).Para Gil (2002), a pesquisa exploratória visa proporcionar maiorfamiliarida<strong>de</strong> com o probl<strong>em</strong>a com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.Quando explora algum fenômeno <strong>de</strong> interesse, mais que observar e <strong>de</strong>screver ofenômeno, a pesquisa exploratória investiga a sua natureza complexa e os outrosfatores com os quais ela se relaciona, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma nova área ou tópico que estãosendo investigados e não estão claramente entendidos (POLIT, BECK e HUNGLER,2004).Em geral, o estudo exploratório constitui-se na estratégia preferidaquando o tipo da questão norteadora é “qual” e/ou “o quê”, na qual o foco encontrase<strong>em</strong> fenômenos <strong>de</strong> interesse inseridos <strong>em</strong> algum contexto <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong>fenômenos pouco entendidos. Nesses casos, conforme Polit e Hungler (1995), <strong>ao</strong>invés <strong>de</strong> observar e registrar a incidência do fenômeno, a pesquisa exploratóriabusca explorar as dimensões e a maneira pela qual ele se manifesta e tambémoutros fatores com os quais se relaciona. Para o estudo <strong>em</strong> questão tal pesquisa foiutilizada, uma vez que a proposta insere-se nas características anteriores.3.2 O CENÁRIO DO ESTUDOA investigação realizou-se no Serviço <strong>de</strong> Cardiologia <strong>de</strong> atendimentoclínico <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica e no Serviço <strong>de</strong> Internação Clínica Médica doHospital <strong>de</strong> Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná (HC-UFPR) (ANEXO, 1).O hospital teve sua construção iniciada <strong>em</strong> 1949, no governo <strong>de</strong> MoysesLupion e compõe-se <strong>de</strong> cinco blocos. Em 1950, a construção do bloco central estava<strong>em</strong> vias <strong>de</strong> conclusão e, <strong>em</strong> 1953, por conta da com<strong>em</strong>oração <strong>ao</strong> Centenário daEmancipação Política do Paraná, foi erguido so<strong>br</strong>e a laje um luminoso <strong>em</strong> néon:“C<strong>em</strong> Anos”. Após oito anos <strong>de</strong> construção, o HC-UFPR foi inaugurado no dia 05 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 1961 pelo então presi<strong>de</strong>nte Jânio Quadros. A instituição nasceu graças<strong>ao</strong>s anseios do reitor da UFPR, Flávio Suplicy <strong>de</strong> Lacerda, <strong>de</strong> construir um hospitalpara o treinamento dos alunos <strong>de</strong> medicina, e pela necessida<strong>de</strong> do funcionamento<strong>de</strong> um hospital geral que aten<strong>de</strong>sse a população do estado do Paraná. Órgão


41supl<strong>em</strong>entar da UFPR, é consi<strong>de</strong>rado o maior hospital público do estado e um doscinco maiores hospitais universitários do país (UFPR, 2007).Em termos <strong>de</strong> estrutura, t<strong>em</strong> aproximadamente 59.652,45 m² <strong>de</strong> áreaconstruída, na qual circulam cerca <strong>de</strong> 11.000 pessoas diariamente. Possuía 643leitos, 510 ambulatórios, 288 consultórios e 3.709 funcionários até <strong>de</strong>z<strong>em</strong><strong>br</strong>o <strong>de</strong>2004. Atualmente t<strong>em</strong> 6.524 colaboradores que, juntos, trabalham <strong>em</strong> prol daprestação <strong>de</strong> assistência <strong>ao</strong> ser humano que procura o hospital. O HC é consi<strong>de</strong>radoo maior prestador <strong>de</strong> serviços do Sist<strong>em</strong>a Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) do estado doParaná, sendo sua única fonte <strong>de</strong> recursos para custeio (UFPR, 2007;BURMESTER, 2002).Na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hospital universitário, realiza ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisacientífica e <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> graduação (Enfermag<strong>em</strong>, Medicina, Nutrição, TerapiaOcupacional) e na pós-graduação lato e stricto sensu (Residência Médica, Mestrado<strong>de</strong> Medicina e Enfermag<strong>em</strong>, Doutorado <strong>em</strong> Medicina).Os dados <strong>de</strong> 2005, <strong>em</strong> relação à prestação <strong>de</strong> serviço foram:atendimentos <strong>de</strong> internação: 20.521; atendimentos: 818.990; partos: 1.997; cirurgias:10.735. Quanto à procedência dos pacientes, o total do Paraná: 96%; <strong>de</strong> Curitiba:56%; região Metropolitana: 29%; <strong>de</strong> outros estados: 4%; <strong>de</strong> outros países: 0,01%(UFPR, 2007).Especificamente na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cardiologia, a média mensal <strong>de</strong>internações no ano <strong>de</strong> 2005 foi <strong>de</strong> 31%, e a taxa <strong>de</strong> permanência média/dia foi <strong>de</strong>10,24/dias. Atualmente, conta com doze leitos: seis para internação <strong>de</strong> mulheres eseis para homens, os quais são encaminhados do pronto atendimento, central <strong>de</strong>internação, unida<strong>de</strong> coronariana, unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia intensiva, serviço ambulatorialmédico e outras unida<strong>de</strong>s do hospital (UFPR, 2007).3.3 SUJEITOS DO ESTUDOOs sujeitos da pesquisa se constituíram, intencionalmente, <strong>de</strong> oitoenfermeiros: sete enfermeiros assistenciais e um enfermeiro gerente <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>funcional, que trabalham nos serviços <strong>de</strong> Cardiologia Clínica e Serviço <strong>de</strong> ClínicaMédica. A amostrag<strong>em</strong> intencional é um tipo <strong>de</strong> método não-probabilístico <strong>de</strong>


42amostrag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> que o pesquisador seleciona os participantes para a pesquisa,baseados <strong>em</strong> critérios pessoais, para aten<strong>de</strong>r os objetivos propostos (POLIT, BECKe HUNGLER, 2004). Ainda, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do seu turno, e <strong>de</strong> representar<strong>em</strong> o únicoquantitativo <strong>de</strong> enfermeiros que laboram naquelas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> internação, todosaceitaram participar <strong>de</strong>ste estudo.3.4 COLETA DE DADOSA coleta <strong>de</strong> dados realizou-se por meio da entrevista s<strong>em</strong>i-estruturada,gravada e houve um teste piloto para a<strong>de</strong>quação do instrumento. As entrevistasforam realizadas nos meses <strong>de</strong> fevereiro, março e a<strong>br</strong>il <strong>de</strong> 2007, <strong>em</strong> locais <strong>de</strong>trabalho, individualmente e <strong>em</strong> uma sala reservada. Isso permitiu privacida<strong>de</strong> <strong>ao</strong>ssujeitos para se expressar<strong>em</strong> com tranqüilida<strong>de</strong> e segurança, estabelecendo-se umarelação <strong>de</strong> confiança com a pesquisadora. O período <strong>de</strong> duração das entrevistas foi,<strong>em</strong> média, <strong>de</strong> uma hora e trinta minutos. Foram gravadas <strong>em</strong> digital MP3 playerUSB-831, posteriormente transferidas para hardware e transcritas na íntegra.A entrevista s<strong>em</strong>i-estruturada gravada (Apêndice 1), conforme Polit, Becke Hungler (2004), encoraja os sujeitos a <strong>de</strong>finir<strong>em</strong> as dimensões importantes <strong>de</strong> umfenômeno e a elaborar o que é relevante para eles, mais do que ser orientados pelasnoções <strong>de</strong> relevância transmitidas a priori pelo investigador, que enfoca diretamentea questão norteadora <strong>de</strong>sta pesquisa e fornece inferências causais percebidas. Asquestões reais foram elaboradas <strong>de</strong> uma forma não-ten<strong>de</strong>nciosa para aten<strong>de</strong>r <strong>ao</strong>estudo proposto, que diz respeito <strong>ao</strong> perfil dos sujeitos e questões-guias como: oentendimento do paciente crônico cardíaco e do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>para esses pacientes. Essa fonte <strong>de</strong> informação t<strong>em</strong> como propósito corroborar<strong>de</strong>terminados fatos, os quais a pesquisadora acredita haver estabelecido.De acordo com Tobar e Yalour (2003), a entrevista s<strong>em</strong>i-estruturada éfundamentada no uso <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> instruções claras relativas às perguntasfundamentais a ser<strong>em</strong> realizadas ou <strong>ao</strong>s t<strong>em</strong>as a ser<strong>em</strong> explorados. Esse conjuntoserve <strong>de</strong> guia para a entrevista, que é um instrumento valiosíssimo visto que, no seutodo, trata <strong>de</strong> questões humanas que possibilitam apresentar uma natureza <strong>de</strong>conservação, <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> relatórios verbais. Ainda, para Turato (2003), a entrevista


43é um método precioso <strong>de</strong> conhecimento interpessoal e facilitador, pois no encontroface a face propicia a apreensão <strong>de</strong> vários fenômenos.3.5 ANÁLISE DOS DADOSA análise é um <strong>processo</strong> pelo qual se evi<strong>de</strong>nciam os princípiosfundamentais do pensamento entre os mo<strong>de</strong>los conceituais e os sujeitos do estudo àluz <strong>de</strong> uma leitura exaustiva dos fenômenos investigados.Na análise das evidências leva-se à presença ou ausência <strong>de</strong> uma dadacaracterística ou conjunto <strong>de</strong> características <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada mensag<strong>em</strong>. Osregistros são analisados a partir <strong>de</strong> análise categorial, ou seja, da <strong>de</strong>scrição dascategorias <strong>de</strong>finidas, consi<strong>de</strong>radas “classificação dos el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> significaçãoconstitutivos, da mensag<strong>em</strong>”. A segunda etapa é a inferência, conceituada como“operação lógica, pela qual se admite uma proposição <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da sua ligaçãocom outras proposições já aceitas como verda<strong>de</strong>iras”. A ultima fase é a interpretaçãoda mensag<strong>em</strong>, após leitura e releitura dos dados contidos nas respostas dos sujeitos(BARDIN, 1977, p. 37-39).Desse modo, a análise <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong> Bardin (1977, p. 24) é o:[...] conjunto <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> análise das comunicações, que utilizaprocedimentos sist<strong>em</strong>áticos e objetivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição, <strong>de</strong> conteúdo dasmensagens indicadoras (qualitativas ou não) que permitam inferência <strong>de</strong>conhecimentos relativos à condição <strong>de</strong> produção (variáveis inferidas).Esse método é utilizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XV até os dias atuais e a<strong>br</strong>angetrês fenômenos primordiais: o recurso <strong>ao</strong> or<strong>de</strong>nador, o interesse pelos estudosrespeitantes à comunicação não-verbal e a inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> precisão dos trabalhoslingüísticos (BARDIN, 1977). Desse modo há uma flexibilida<strong>de</strong> e organização dasinformações, que possibilitam chegar a uma conclusão <strong>de</strong> como favorecer asabordagens filosóficas. O objetivo principal da análise <strong>de</strong> conteúdos é a manipulação<strong>de</strong> mensagens, que mostra os indicadores, possibilitando inferir so<strong>br</strong>e uma outrarealida<strong>de</strong> que não a da mensag<strong>em</strong> (BARDIN, 1977).


44No estágio final da análise, o pesquisador tenta unir as várias categoriasencontradas <strong>em</strong> um todo integrado. Essas categorias precisam estar interrelacionadas<strong>de</strong> modo a oferecer uma estrutura geral à totalida<strong>de</strong> do corpo <strong>de</strong>dados, e analisá-los é uma ativida<strong>de</strong> intensiva que exige criativida<strong>de</strong>, sensibilida<strong>de</strong>conceitual, trabalho árduo e rigor intelectual (POLIT, BECK e HUNGLER, 2004).Assim, a análise <strong>de</strong> conteúdo procura conhecer o que está por trás daspalavras so<strong>br</strong>e as quais o pesquisador se inclina, além <strong>de</strong> buscar outras realida<strong>de</strong>satravés das mensurações. O recorte é <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m s<strong>em</strong>ântica, se b<strong>em</strong> que às vezesexista uma correspondência com unida<strong>de</strong>s formais, como palavra e palavra-t<strong>em</strong>a,frase e unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significações. Enfim, o material principal da análise <strong>de</strong> conteúdosão os significados (BARDIN, 1977).Para Bardin (1977), as diferentes fases <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> conteúdoorganizam-se <strong>em</strong> três pólos cronológicos: a pré-análise; a exploração do material e otratamento dos resultados; a inferência e a interpretação. A pré-análise correspon<strong>de</strong>a um período <strong>de</strong> intuições, que t<strong>em</strong> por objetivo operacionalizar e sist<strong>em</strong>atizar asidéias iniciais para conduzir um esqu<strong>em</strong>a preciso do <strong>de</strong>senvolvimento das operaçõessucessivas num plano <strong>de</strong> análise. Essa fase possui três fatores: a escolha dosdocumentos a ser<strong>em</strong> submetidas à análise; as formulações das hipóteses e dosobjetivos; a elaboração <strong>de</strong> indicadores que fundamentam a interpretação final.Depois <strong>de</strong> escolhido, o registro explícito <strong>de</strong> um t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> uma mensag<strong>em</strong>,proce<strong>de</strong>u-se à construção <strong>de</strong> indicadores precisos e seguros, que são <strong>de</strong>terminados<strong>em</strong> operações <strong>de</strong> recorte do texto <strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s comparáveis <strong>de</strong> categorização paraanálise t<strong>em</strong>ática, e <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> codificação para registro <strong>de</strong> dados.Nessa fase dos estudos, as entrevistas s<strong>em</strong>i-estruturadas, já haviam sidogravadas e transcritas na íntegra e, para facilitar a manipulação <strong>de</strong> análise, foram<strong>de</strong>cifradas <strong>em</strong> folhas <strong>de</strong> papel A4, dispondo-se <strong>em</strong> colunas à direita para o recortedo texto t<strong>em</strong>a, da categoria, da subcategoria e respostas das entrevistas, <strong>em</strong> fichaspara que se possam marcar os contrastes.A maioria dos procedimentos <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo organiza-se pormeio do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> categorização, consi<strong>de</strong>rada uma operação <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong>el<strong>em</strong>entos constituídos <strong>de</strong> um conjunto por diferenciação e reagrupamento,conforme analogia, e a partir <strong>de</strong> critérios previamente <strong>de</strong>finidos. As categorias sãoclasses, que reún<strong>em</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro sob um título genérico, que sãoagrupadas <strong>em</strong> razão dos caracteres comuns <strong>de</strong>ssas unida<strong>de</strong>s (BARDIN, 1977).


45A partir do momento <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> codificar o material, <strong>de</strong>ve-seproduzir um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> categorias. A categorização t<strong>em</strong> como objetivo fornecer umarepresentação simplificada dos dados <strong>br</strong>utos e <strong>de</strong>verá apresentar exclusão mútua,homogeneida<strong>de</strong>, pertinência, objetivida<strong>de</strong>, fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong> para que sejaconsi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> (BARDIN, 1977).A segunda fase é a <strong>de</strong> exploração do material, consi<strong>de</strong>rada longa, tediosae cheia <strong>de</strong> enfado, pois é essencialmente a operação <strong>de</strong> codificações, <strong>processo</strong> peloqual os dados <strong>br</strong>utos são transformados sist<strong>em</strong>aticamente e agregados <strong>em</strong>unida<strong>de</strong>s, que permit<strong>em</strong> uma discussão exata das características pertinentes <strong>ao</strong>conteúdo.A terceira fase cronológica da análise é o tratamento dos resultadosobtidos e interpretados. Nessa fase, os dados <strong>br</strong>utos são tratados <strong>de</strong> maneira aser<strong>em</strong> significativos. A pesquisadora, <strong>de</strong> posse dos resultados significativos e fiéis,po<strong>de</strong> propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstosou <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> outras <strong>de</strong>scobertas inesperadas.Um ex<strong>em</strong>plo do caminho da análise cujo t<strong>em</strong>a é <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>encontra-se no Quadro 1 a seguir:Quadro 1 – Ex<strong>em</strong>plo do caminho para análiseCONTEÚDO DA FALA SUBCATEGORIA CATEGORIA TEMAA avaliar o quadro <strong>de</strong>le, qual é oatendimento no quadro <strong>de</strong>le <strong>de</strong>momento. Um paciente cardíacoque está na cama, então já estácom oxigênio, está com umquadro mais agudo ou maisgrave, ver o cuidado comoxigênio, verificar a pressão <strong>de</strong>leé <strong>de</strong> quantas horas [...] olhar aunha para ver se a circulaçãoesta boa ou não, se estácianótico (E 3).FONTE: O autor (2007)DimensãoTécnica do cuidadoO CuidarProcesso <strong>de</strong>Cuidar


463.6 CRITÉRIOS DE ADEQUAÇÃO E CONFIABILIDADENa busca <strong>de</strong> conceitos que envolv<strong>em</strong> não apenas a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> t<strong>em</strong>aspartilhados pelos sujeitos, mas a busca <strong>de</strong> variação natural dos dados, é importantefazer a checag<strong>em</strong>, apresentando a análise dos conceitos preliminares a alguns dossujeitos que po<strong>de</strong>m ser estimulados a oferecer sugestões capazes <strong>de</strong> apoiar oucontradizer essa análise (POLIT e HUNGLER, 1995). Ainda, para Polit, Beck eHungler (2004), a confiabilida<strong>de</strong> dos dados refere-se à estabilida<strong>de</strong> das informações<strong>ao</strong> longo do t<strong>em</strong>po e sob diferentes condições.A valida<strong>de</strong> e a confiabilida<strong>de</strong> dos resultados <strong>de</strong> uma análise foi construída<strong>ao</strong> longo do <strong>processo</strong>. O rigor foi conduzido <strong>em</strong> cada etapa <strong>de</strong> análise, o queproporcionou a sua garantia. Assim sendo, uma unitarização e uma categorizaçãorigorosas encaminham para as <strong>de</strong>scrições e interpretações válidas e representativasdos fenômenos investigados (MORAES, 2003).3.7 ASPECTOS ÉTICOSO projeto foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa do Hospital <strong>de</strong>Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná CEP/HC nº 1288.136/2006-09 naforma <strong>de</strong> protocolo, no dia 28 <strong>de</strong> set<strong>em</strong><strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2006 (Anexo 2), conforme as normasexigidas pela Comissão Nacional <strong>de</strong> Ética <strong>em</strong> Pesquisa (CONEP/MS), respeitandoas diretrizes, e normas regulamentadoras da Resolução nº 196/1996 do ConselhoNacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996).Foi solicitado <strong>ao</strong>s sujeitos <strong>de</strong>sta pesquisa o seu consentimento livre(APÊNDICE 2). Eles receberam informações so<strong>br</strong>e os objetivos e a metodologia doestudo, preservando-se o anonimato <strong>de</strong> suas respostas, que foram nomeados noestudo <strong>de</strong> modo enfermeiro 1 (E 1), enfermeiro 2 (E 2) e assim sucessivamente.Assim, pediu-se o seu consentimento para gravação da entrevista, garantindo-lhes odireito <strong>de</strong>, voluntariamente, não participar<strong>em</strong> ou <strong>de</strong>sistir<strong>em</strong> do estudo no momento<strong>em</strong> que <strong>de</strong>sejass<strong>em</strong>.


474 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOSNeste capítulo apresentam-se as características dos sujeitos e osresultados obtidos da análise das entrevistas s<strong>em</strong>i-estruturadas e gravadas. Aorganização do t<strong>em</strong>a, das categorias e das subcategorias foi ancorada pelosobjetivos e pela questão norteadora do estudo. A proposta foi priorizar assimilarida<strong>de</strong>s, discordâncias ou regularida<strong>de</strong>s e princípios <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> ougeneralização nos relatos dos sujeitos, os quais foram tomados <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração.A seguir serão apresentados as características dos sujeitos e o conteúdodas entrevistas, essas possibilitaram a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> três (3) categorias e nove (9)subcategorias que <strong>de</strong>ram significados <strong>ao</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> do enfermeiro <strong>ao</strong><strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca.4.1 CARACTERÍSTICAS DOS SUJEITOSForam observadas as questões relativas <strong>ao</strong> sexo, t<strong>em</strong>po médio <strong>de</strong>formação, t<strong>em</strong>po médio que trabalham com pacientes crônicos e o t<strong>em</strong>po médio quelaboram com pacientes crônicos cardíacos, sendo evi<strong>de</strong>nciado no Quadro 2.Quadro 2 - Características dos sujeitosDESCRIÇÃODADOSSexo F<strong>em</strong>inino Masculino7 sujeitos 1 sujeitoT<strong>em</strong>po médio <strong>de</strong> formação19 anos e 5 mesesT<strong>em</strong>po médio <strong>de</strong> trabalho pacientes crônicos22 anosT<strong>em</strong>po médio <strong>de</strong> trabalho pacientes crônicos cardíacos10 anos e 5 mesesFONTE: O autor (2007)Entre oito (8) enfermeiros participantes <strong>de</strong>sta pesquisa, 87,5% eram dosexo f<strong>em</strong>inino e 12,5% do sexo masculino, visto que é uma das características <strong>de</strong>sta


48profissão a prevalência <strong>de</strong> profissionais do sexo f<strong>em</strong>inino. Percebe-se que oenfermeiro apresenta no t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> formação uma variação entre 10 (no mínimo) a29 anos (no máximo), com uma média <strong>de</strong> 19 anos e 5 meses. Isso nos r<strong>em</strong>ete, <strong>ao</strong>final <strong>de</strong> 80 e início <strong>de</strong> 90.Em relação <strong>ao</strong> t<strong>em</strong>po médio <strong>de</strong> trabalho com paciente crônico existe umapredominância <strong>de</strong> 10 anos a 34 anos, com uma média <strong>de</strong> 22 anos, o que propiciou<strong>ao</strong> enfermeiro tornar-se expertise no cuidado <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> paciente, habilitando-otambém como agente <strong>de</strong> educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>.No que se refere <strong>ao</strong> t<strong>em</strong>po médio <strong>de</strong> trabalho que os enfermeiros cuidam<strong>de</strong> pacientes crônicos cardíacos existe uma amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um (1) mês a trinta equatro (34) anos, com uma média <strong>de</strong> 10 anos e 5 meses, o que permite <strong>ao</strong>profissional conhecer e enten<strong>de</strong>r esse tipo <strong>de</strong> doente, po<strong>de</strong>ndo ajudá-lo no seu<strong>processo</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/doença.O <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> refere-se à visão que os enfermeiros têm da suaprática profissional. Ao discorrer so<strong>br</strong>e como perceb<strong>em</strong> o <strong>cuidar</strong> <strong>ao</strong> paciente crônico,<strong>de</strong>le <strong>em</strong>erge três categorias: o <strong>cuidar</strong>, prática do <strong>cuidar</strong>/cuidado e promoção àsaú<strong>de</strong>, com suas respectivas subcategorias observadas no Quadro 3 a seguir.Quadro 3 - T<strong>em</strong>a, categorias e subcategorias encontradas nas análises dos relatosTEMA CATEGORIAS SUBCATEGORIASPROCESSODEO CuidarPrática do <strong>cuidar</strong>/cuidadoDimensão técnicaDimensão expressivaConcepções <strong>de</strong> ser humanoConcepções <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>Educação à saú<strong>de</strong>OrientaçãoPromoção à Saú<strong>de</strong>CUIDARFONTE: O autor (2007)Concepções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>: equilí<strong>br</strong>io econforto/b<strong>em</strong>-estarConcepções <strong>de</strong> doença crônica cardíaca:<strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io e incapacida<strong>de</strong>Ambiente


49Passo a discorrer os resultados encontrados nos discursos dosparticipantes <strong>de</strong>sta pesquisa, conforme categorias e subcategorias.4.2 O CUIDAREssa categoria expressa, na óptica dos enfermeiros <strong>de</strong>ste estudo, oscuidados oferecidos <strong>ao</strong>s pacientes crônicos cardíacos mediante realizações <strong>de</strong>ações para ajudá-lo a vivenciar o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> adoecimento. Sendo assim,estabelec<strong>em</strong>-se duas subcategorias: dimensão técnica e dimensão expressiva.4.2.1 Dimensão técnicaO <strong>cuidar</strong> permite cont<strong>em</strong>plar o conhecimento corporificado na dimensãotécnica e nas relações sociais específicas, além <strong>de</strong> propiciar o atendimento àsnecessida<strong>de</strong>s biopsicossociais do paciente (ALMEIDA e ROCHA, 1989). Ainda, o<strong>cuidar</strong> sob o ponto <strong>de</strong> vista da execução das ações técnicas aliadas <strong>ao</strong> saber. Adimensão instrumental 6 é caracterizada pelas ações físicas <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhadas,relacionado a papéis que cumpr<strong>em</strong> expectativas sociais, incluindo <strong>processo</strong>s <strong>de</strong><strong>cuidar</strong> permeados por saberes e fazeres, tendo uma orientação <strong>em</strong> longo prazo(TEIXEIRA, LACERDA e MANTOVANI, 2007).Os relatos evi<strong>de</strong>nciam que o enfermeiro realiza o ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> naexecução das ações <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> a pacientes com doença crônica cardíaca, pormeio <strong>de</strong> procedimentos técnicos, como observar sinais e sintomas, a fim <strong>de</strong> evitarque o paciente evolua para um quadro <strong>de</strong> complicações.Conforme citações a seguir, o enfermeiro procura estar atento àsalterações <strong>em</strong>ergenciais. Precisa saber i<strong>de</strong>ntificá-las para manter o paciente estável,permitindo-lhe aguardar para realizar, se for o caso, um possível procedimento6 Neste estudo, lê-se dimensão técnica do <strong>cuidar</strong>.


50cirúrgico, um exame diagnóstico terapêutico ou até um procedimentointervencionista.A nível hospitalar, com exames compl<strong>em</strong>entares, observar sinais esintomas das doenças cardíacas, orientar os cuidados e realizarprocedimentos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. O <strong>cuidar</strong> atenta a sinais e sintomas daquiloque eu possa fazer para evitar que o paciente evolua para um probl<strong>em</strong>acardíaco mais sério, uma clínica estável até que possa fazer oprocedimento cirúrgico ou, às vezes, só um exame compl<strong>em</strong>entar ou entãoaté um procedimento mais invasivo, levantamento através do contato diretocom o paciente <strong>de</strong> todas as alterações <strong>de</strong> sinais vitais, e<strong>de</strong>ma, dor [...]Porque o paciente cardíaco po<strong>de</strong> estar estável, mas para mim ele é umabombinha relógio, ele po<strong>de</strong> fazer uma síncope, po<strong>de</strong> fazer umahipertensão, porque eu tenho que saber o que ele esta tomando. O <strong>cuidar</strong>para mim, assim, é estar atenta a tudo o que possa alterar as condiçõesfora da normalida<strong>de</strong> no momento que está doente aqui (E 1).Na sintomatologia que esta relacionada com a sua patologia nos sinais(E2).O <strong>cuidar</strong> é o ato <strong>em</strong> que você dá assistência, procurar fazer a partecientífica <strong>de</strong>sses cuidados; o <strong>cuidar</strong> é o cuidado, é a execução daquelaação (E 5).Prestar assistência s<strong>em</strong>pre que necessário, observando as reais condiçõesdo paciente, amenizando ou sanando as suas queixas. É o ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>,s<strong>em</strong>pre verificando a real necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le [...] (E 8).No <strong>de</strong>poimento dos enfermeiros verifica-se a noção <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> comoatenção <strong>ao</strong>s sinais, sintomas e complicações do adoecimento, b<strong>em</strong> como daterapêutica <strong>em</strong>pregada. Essa visão corrobora-se com a concepção <strong>de</strong> Araújo eAraújo (2003) que enfatizam a importância do enfermeiro ser profissional participantee atuante da equipe multiprofissional, responsável pelo cuidado do paciente comdoença cardiovascular, tendo conhecimento a<strong>de</strong>quado dos princípios fisiológicosbásicos que reg<strong>em</strong> o funcionamento do sist<strong>em</strong>a cardiocirculatório. Além <strong>de</strong>sseconhecimento, é importante que o enfermeiro avalie o estado físico do paciente eque obtenha seus sinais vitais, outros parâmetros <strong>de</strong>correntes da monitorizaçãoh<strong>em</strong>odinâmica, b<strong>em</strong> como os cuidados com oxigênio e medicação parenteral,também saber interpretar corretamente as informações obtidas.De acordo com o quadro clínico apresentado pelo paciente, o enfermeiropresta cuidado como, por ex<strong>em</strong>plo, monitorizar a terapêutica medicamentosainalatória, pois ele reconhece quão dificultoso é para o paciente realizar o ciclorespiratório, dificulda<strong>de</strong> esta que po<strong>de</strong> levar a ocorrências como o comprometimento


51da perfusão periférica, dispnéia, alterações na pressão arterial sistêmica e faltaina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> oxigênio nos tecidos, como menciona o sujeito abaixo:A avaliar o quadro <strong>de</strong>le, qual é o atendimento no quadro <strong>de</strong>le <strong>de</strong> momento.Um paciente cardíaco que está na cama, então já está com oxigênio, estácom um quadro mais agudo ou mais grave, ver o cuidado com oxigênio,verificar a pressão <strong>de</strong>le é <strong>de</strong> quantas horas [...] olhar a unha para ver se acirculação está boa ou não, se está cianótico (E 3).O enfermeiro, <strong>ao</strong> avaliar os sinais e sintomas, t<strong>em</strong> o papel essencial <strong>de</strong>auxiliar o indivíduo no <strong>processo</strong> <strong>de</strong> adaptação. É preciso consi<strong>de</strong>rar que existe umalinha tênue entre o auxiliar e o fazer por, que há um caminho a ser percorrido pelopaciente e que o enfermeiro oferece ajuda para o percurso. Desse modo, aprestação <strong>de</strong> cuidado <strong>ao</strong> paciente com doença cardiovascular pelo profissionalrequer <strong>de</strong>le multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento e versatibilida<strong>de</strong> na atuação (CINTRA,NISHIDE e NUNES, 2003). Ainda, conforme César e Ferreira (2001) não evi<strong>de</strong>nciara evolução da doença no paciente com aparecimentos <strong>de</strong> eventos coloca-o <strong>em</strong>risco, conseqüent<strong>em</strong>ente a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida fica prejudicada.Conforme Figueiredo, Stipp e Leite (2004), com as medidas preventivas eavanço dos métodos diagnósticos e terapêuticos a so<strong>br</strong>evida dos pacientes comdoenças cardiovasculares aumentaram consi<strong>de</strong>ravelmente. Os enfermeiros <strong>de</strong>steestudo mostram na dimensão técnica do <strong>cuidar</strong> que reconhec<strong>em</strong> sinais e sintomas eas alterações da doença nos pacientes, pois atuam nas intercorrências daprevenção da doença.Deve-se levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que, na categoria do <strong>cuidar</strong>, asubcategoria dimensão técnica evi<strong>de</strong>ncia o mo<strong>de</strong>lo biomédico, no qual os cuidadostécnicos eram os únicos a<strong>de</strong>quados como científicos. O <strong>de</strong>staque a esse mo<strong>de</strong>loocasionou “um distanciamento entre os níveis dos cuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>,cuidados <strong>de</strong>stinados à manutenção e promoção <strong>de</strong> vida cotidiana, que erampercebidos como secundários” e s<strong>em</strong> importância científica ou econômica(ANDRADE, 2007, p. 97).Neste estudo, apesar do <strong>cuidar</strong> na subcategoria dimensão técnica trazerconsigo o mo<strong>de</strong>lo biomédico e atenção necessária à saú<strong>de</strong>, mesmo assim, percebesenos relatos dos participantes a dimensão expressiva subcategoria <strong>em</strong> que aflor<strong>ao</strong> cuidado humanizado <strong>ao</strong> doente crônico cardíaco, que vai além do ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>


52propriamente dito, pois os enfermeiros oferec<strong>em</strong> a eles solidarieda<strong>de</strong> e ajuda. ParaWaldow (2001a), o cuidado não se restringe apenas a uma ação técnica no sentido<strong>de</strong> fazer, executar um procedimento, mas também no sentido <strong>de</strong> ser, pois éexpresso <strong>de</strong> forma atitudinal e relacional.4.2.2 Dimensão expressivaPara a estudiosa Watson o <strong>cuidar</strong> é <strong>de</strong>monstrado e praticado <strong>de</strong> maneirainterpessoal, ou seja, na relação entre duas pessoas, consiste <strong>em</strong> fatores <strong>de</strong>cuidado que resultam na satisfação <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s humanas e, quando eficiente,promove saú<strong>de</strong> e crescimento individual. Assim, as respostas <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong> aceitam apessoa como é e como po<strong>de</strong> vir a ser, pois o ambiente <strong>de</strong> cuidado <strong>de</strong>veproporcionar <strong>de</strong>senvolvimento do potencial humano e <strong>ao</strong> mesmo t<strong>em</strong>po permite suasescolhas. Enfim, o cuidado é mais um gerador <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do que curativo e a práticado cuidado é fundamental à Enfermag<strong>em</strong>. Ainda, o cuidado transcen<strong>de</strong> o self, ot<strong>em</strong>po, o espaço e a história <strong>de</strong> vida do paciente do ponto <strong>de</strong> vista do cuidadohumano (GEORGE, 1993).Destarte, para Paterson e Z<strong>de</strong>rad o encontro do enfermeiro com pacienteacontece no ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, como um diálogo vivido, referindo-se a uma relaçãoexistencial <strong>de</strong> presença autêntica. Dessa forma, para que essa situação ocorra énecessário o estar com e o fazer com num <strong>processo</strong> <strong>de</strong> trocas e transaçõesintersubjetivas, voltado para um zelar do b<strong>em</strong>-estar e do estar melhor tanto doenfermeiro como do paciente. Isso acontece <strong>em</strong> um “t<strong>em</strong>po, espaço”, assim “medidae vivenciada” por ambos, “num mundo <strong>de</strong> homens e coisas” (GEORGE, 1993, p.245).Nas falas dos sujeitos, na subcategoria dimensão expressiva foi<strong>de</strong>stacada que os enfermeiros precisam estar s<strong>em</strong>pre presente, próximo dopaciente, respeitá-lo, assisti-lo na sua integralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira humanizada, quetranscen<strong>de</strong> o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> com um olhar no todo, dando-lhe mais atenção.Além <strong>de</strong> estar perto do paciente, o enfermeiro <strong>de</strong>ve estar atento <strong>ao</strong>s fenômenosrelevantes à prática <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, <strong>ao</strong> diagnóstico médico e à elaboração daprescrição <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, como é observado no <strong>de</strong>poimento a seguir:


53Para mim o <strong>cuidar</strong> é estar próximo do paciente, levantar os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>, diagnóstico médico, probl<strong>em</strong>a do paciente. Eu posso fazerlevantamento <strong>de</strong> todos, fazer uma prescrição <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, do <strong>cuidar</strong><strong>de</strong>ntro daquele que apresenta no momento. Probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> é ocontrole <strong>de</strong> tudo o que possa levar a uma alteração física ou <strong>em</strong>ocional,também porque está aqui há muito t<strong>em</strong>po, às vezes, o paciente está com aparte <strong>em</strong>ocional muito alterada [...]. O <strong>cuidar</strong> está nisso também, naquestão social [...] você conhece o paciente, o acompanhante, a gentelibera o acompanhante <strong>de</strong>ntro das normas. Esse é outro lado do cuidado,no meu ponto <strong>de</strong> vista ajuda muito. Então esse é o cuidado, é o probl<strong>em</strong>a.É o contato direto (E 1).Para Waldow (2001b), o <strong>cuidar</strong> é entendido como atendimento, ação ecomportamento que estão ligados <strong>ao</strong> tradicional ato <strong>de</strong> fazer algo, compreendidocomo procedimento <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. Desse modo, quando o enfermeiro expressa o<strong>cuidar</strong> no sentido <strong>de</strong> estar ali para elaborar o levantamento <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as oufenômenos relevantes à prática <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, percebe-se que ele irá fazer umaintervenção e/ou ajudá-lo.Na subcategoria dimensão expressiva, verificou-se nas falas dosparticipantes a noção <strong>de</strong> cuidado também sob o ponto <strong>de</strong> vista do amparo ─ o daratenção, o <strong>de</strong>monstrar consi<strong>de</strong>ração para com o paciente. Ao recebê-lo na unida<strong>de</strong><strong>de</strong> internação, <strong>de</strong>ve-se ter a preocupação <strong>de</strong> verificar o estado <strong>em</strong> que ele seencontra e atentar para suas necessida<strong>de</strong>s básicas e, a partir daí, estabelecer qual ocuidado prioritário a ser realizado. Diante disso, o profissional t<strong>em</strong>, além <strong>de</strong> suacompetência legal, a responsabilida<strong>de</strong> social e institucional, também <strong>de</strong> respeitá-locomo cidadão.Todo cuidado dispensado <strong>ao</strong> paciente durante sua internação, priorizandosuas necessida<strong>de</strong>s básicas. A gente t<strong>em</strong> que verificar o estado dopaciente, como ele interna, qual o primeiro cuidado que vai ser feito (E 7).Nesse sentido, a estratégia <strong>de</strong> aproximação para com o paciente vai paraalém da queixa da doença, o que favorece o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong>confiança nele por sentir-se ouvido <strong>em</strong> suas necessida<strong>de</strong>s e expectativas (LUCENAet al., 2006).No discurso a seguir, evi<strong>de</strong>ncia-se uma das faces da subcategoriadimensão expressiva da categoria <strong>cuidar</strong>, a qual leva <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a


54presença, o estar junto e o estar com, que vão além da doença. Diante disso, oenfermeiro saberá o que oferecer para atendê-lo <strong>de</strong> imediato.Você t<strong>em</strong> que estar ali, saber tudo o que ele t<strong>em</strong>, do que ele necessita,saber os probl<strong>em</strong>as do paciente, saber o que t<strong>em</strong> que fazer, que t<strong>em</strong> quedar mais atenção, assim (E 6).Na subcategoria dimensão expressiva os <strong>de</strong>poimentos dos sujeitossupracitados, v<strong>em</strong> <strong>ao</strong> encontro com Waldow (2004), que o <strong>cuidar</strong> é realizado comcompaixão, com interesse e com carinho, sendo o paciente olhado, ouvido e sentido.O enfermeiro, que é “gente que cuida <strong>de</strong> gente”, “<strong>de</strong>ve viver continuamente <strong>em</strong> umarelação <strong>de</strong> ajuda”, <strong>em</strong> que os “sentimentos <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, amor e respeito”nortei<strong>em</strong> as suas ações (COSTENARO e LACERDA, 2002, p. 52; HORTA, 2005).Ainda, nessa subcategoria, o assistir e o <strong>cuidar</strong> significam olhar o b<strong>em</strong>estardo paciente, estar próximo <strong>de</strong>le e assisti-lo <strong>de</strong> maneira humanizada,respeitando-o no seu contexto sociocultural, na sua integralida<strong>de</strong>. Nessaperspectiva, cabe <strong>ao</strong> enfermeiro saber qual é o “modo <strong>de</strong> ser” do paciente comdoença crônica cardíaca, a fim <strong>de</strong> que possa orientá-lo e ajudá-lo a<strong>de</strong>quadamente.Como se constata nas falas a seguir:Assistir <strong>de</strong> maneira humanizada, respeitando a cultura do contexto socialdo indivíduo, minimizando riscos (E 2).[...] <strong>cuidar</strong> para mim é realmente ver o b<strong>em</strong>-estar <strong>de</strong>le no dia-a-dia. S<strong>em</strong>preeu vou lá, faço a visita, converso com o paciente, me inteiro do assunto, e o<strong>cuidar</strong> para mim, assim, é observar algum mal-estar do paciente, o cuidadoé estar próximo <strong>de</strong>le (E 1).Quando se percebe que o assistir e o <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> estãodirecionados para além das técnicas e/ou procedimentos, conforme observados nosrelatos dos participantes <strong>de</strong>ste estudo, há que se rever quando esses termos foramintroduzidos no dia-a-dia do profissional e <strong>de</strong> que modo foram adaptados à suaprática. Na verda<strong>de</strong>, o assistir e o <strong>cuidar</strong> são consi<strong>de</strong>rados na maioria das vezescomo sinônimos. Ambos estão sendo utilizados neste estudo e significam ação,envolvimento, prestar atenção e viver o instante presente, consi<strong>de</strong>rando o pacientena sua integralida<strong>de</strong>. Mesmo assim, na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Horta (2005), os termos assistir


55e <strong>cuidar</strong> apresentam diferenças, já que são utilizados para o atendimento àsnecessida<strong>de</strong>s básicas. Enfim, o assistir viabiliza as ações <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> para aten<strong>de</strong>r àsNecessida<strong>de</strong>s Humanas Básicas, e o <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> caracteriza-se pelosaspectos <strong>de</strong> ajuda, <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ênfase no procedimento, no cuidado commaterial e na técnica (ações diretas <strong>ao</strong> paciente).O termo humanização começa a ser introduzido na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no finaldo século XX. A humanização <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida como um conjunto <strong>de</strong> iniciativasque visam à produção <strong>de</strong> cuidados <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, capaz <strong>de</strong> conciliar a melhor tecnologiadisponível com a promoção <strong>de</strong> acolhimento, respeito ético e cultural <strong>ao</strong> paciente,espaços <strong>de</strong> trabalho favoráveis <strong>ao</strong> bom exercício técnico e à satisfação dosprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e usuários (DELANDES, 2004). Para Pessini et al. (2003, p.204), a humanização da saú<strong>de</strong> “pressupõe consi<strong>de</strong>rar a essência do ser, o respeitoda individualida<strong>de</strong> e a necessida<strong>de</strong> da construção <strong>de</strong> um espaço concreto, nasinstituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que legitime o humano das pessoas envolvidas”.Na subcategoria dimensão expressiva, é possível observar que o <strong>cuidar</strong>humanizado torna-se indispensável <strong>ao</strong> enfermeiro, que <strong>de</strong>ve ir além do estudo <strong>de</strong>caso e tratar o paciente não como um mero objeto do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> visto que,como profissional, precisa transcen<strong>de</strong>r o cuidado propriamente dito. É preciso quetenha a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r qu<strong>em</strong> é esse paciente, o que o levou a ter adoença. Isso po<strong>de</strong> ser verificado na situação expressa a seguir:[...] eu não posso tratá-lo como um mero estudo <strong>de</strong> caso, um mero objeto,t<strong>em</strong> que ir mais além <strong>de</strong> levantar os dados, as necessida<strong>de</strong>s básicas. Elet<strong>em</strong> que ir mais além, ele t<strong>em</strong> que transcen<strong>de</strong>r o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, elet<strong>em</strong> que ver qu<strong>em</strong> é esse indivíduo que está hoje na socieda<strong>de</strong>, qual é acondição <strong>de</strong>le, o que o levou a essa doença exatamente, para que eupossa também ter uma referência <strong>de</strong> como orientá-lo, como acalmá-lo (E2).Comentam Pessini et al. (2003), que os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong>compartilhar com o paciente experiências e vivências, que result<strong>em</strong> na ampliação dofoco <strong>de</strong> suas ações, restritas <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong>, como sinônimos <strong>de</strong> ajuda para umaso<strong>br</strong>evivência.Na concepção humanista, o <strong>cuidar</strong> é <strong>de</strong>finido por Watson apud Waldow(1998) como a proteção, o <strong>de</strong>senvolvimento e a preservação da dignida<strong>de</strong> humana,envolvendo valores, <strong>de</strong>sejo, intenção e um compromisso para <strong>cuidar</strong>, além <strong>de</strong> incluir


56conhecimento, ações e conseqüências. E, no sentido <strong>de</strong> transcen<strong>de</strong>r no <strong>cuidar</strong>,La<strong>br</strong>onici (2002) afirma que o enfermeiro precisa <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir o sentido da sua própriaexistência e encontrar tudo aquilo que foi se per<strong>de</strong>ndo, aprisionando e reprimindocom o passar dos t<strong>em</strong>pos.Na óptica <strong>de</strong> Horta (2005), transcen<strong>de</strong>r o assistir nas necessida<strong>de</strong>sbásicas do ser humano é ir além da o<strong>br</strong>igação, é estar comprometido, engajado naprofissão, é compartilhar com cada ser humano sob seus cuidados a experiênciavivenciada. É usar-se terapeuticamente, é doar calor humano, é envolver-se com eviver cada momento como o mais importante da profissão.Para Paterson e Z<strong>de</strong>rad apud Celich (2004), a impl<strong>em</strong>entação das açõesdo cuidado humanizado no dia-a-dia do enfermeiro implica perceber o pacientecomo um ser integral, apreciar seus valores, crenças, sentimentos, <strong>em</strong>oções e nãoapenas consi<strong>de</strong>rar o aspecto biológico. Desse modo, é viável trazer avanços para aEnfermag<strong>em</strong>, a partir da valorização do ser humano no seu modo <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> estarno mundo.A dimensão expressiva do <strong>cuidar</strong> ocorre quando se presta assistência<strong>ao</strong> indivíduo na sua integralida<strong>de</strong>, quando se leva <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração que o pacientet<strong>em</strong> uma família, responsabilida<strong>de</strong>s e dificulda<strong>de</strong>s. É o que se observa na fala aseguir:É prestar assistência <strong>ao</strong> indivíduo na sua integralida<strong>de</strong>, você não po<strong>de</strong>fragmentar o indivíduo, você t<strong>em</strong> que ver o todo, você t<strong>em</strong> que ver oindivíduo na questão física t<strong>em</strong> que pensar que é um ser humano, que elet<strong>em</strong> uma família, que t<strong>em</strong> responsabilida<strong>de</strong>, que t<strong>em</strong> a sua dificulda<strong>de</strong> [...](E 2).O cuidado realizado pelos enfermeiros <strong>de</strong>sta pesquisa, focado naintegralida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido apenas como a diretriz básica do Sist<strong>em</strong>a Único<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS), mas percebido como um conjunto <strong>de</strong> noções pertinentes a umcuidado livre <strong>de</strong> reducionismo, com uma visão a<strong>br</strong>angente do ser humano, dispensarum tratamento <strong>ao</strong>s pacientes não só como doentes, mas como pessoas dotadas <strong>de</strong>sentimentos, <strong>de</strong>sejos e aflições.


57O modo como os enfermeiros <strong>de</strong>v<strong>em</strong> enten<strong>de</strong>r e abordar o pacientebaseia-se na teoria holística 7 e integral. Nessa teoria o hom<strong>em</strong> é um ser indivisível enão po<strong>de</strong> ser explicado apenas por seus aspectos físicos ou psicossociais e <strong>de</strong>forma fragmentada (PINHO, SIQUEIRA e PINHO, 2006).A subcategoria dimensão expressiva também é consi<strong>de</strong>rada como umato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> quando o enfermeiro presta um atendimento individualizado por meiodo levantamento das necessida<strong>de</strong>s biopsicossociais do paciente, conformecaracterizado a seguir:Prestar atendimento <strong>ao</strong> paciente como um todo, um atendimentoindividualizado <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s apresentadas por eles. Élevantando os probl<strong>em</strong>as e as necessida<strong>de</strong>s do paciente, as situaçõesnecessárias para o restabelecimento, manutenção da saú<strong>de</strong> e também daparte psicológica, as necessida<strong>de</strong>s básicas biopsicossociais (E 5).Verificar as necessida<strong>de</strong>s do paciente [...] o que vai precisar <strong>em</strong> casa oucomo que vai ser a vida <strong>de</strong>le, até mesmo como tomar uma medicação, sesabe ler uma receita, se sabe o nome do r<strong>em</strong>édio, qu<strong>em</strong> é que vai aten<strong>de</strong>rele, então apren<strong>de</strong>r a diferenciar um comprimido do outro, apren<strong>de</strong>r asorientações quanto <strong>ao</strong> cuidado <strong>de</strong>le (E 8).Evi<strong>de</strong>nciam-se nesses <strong>de</strong>poimentos traços da Teoria das Necessida<strong>de</strong>sHumanas Básicas, b<strong>em</strong> como o assistir <strong>ao</strong> paciente <strong>em</strong> suas necessida<strong>de</strong>s básicasafetadas, que mobilizam suas forças para a recuperação da saú<strong>de</strong> e resultados <strong>de</strong>ações sinergísticas <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, a fim <strong>de</strong> que o paciente atinja seu máximopotencial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (HORTA, 2005).Outra perspectiva como ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, configurado como o <strong>cuidar</strong> <strong>ao</strong> serhumano <strong>de</strong> forma integral, ancorado <strong>em</strong> conhecimento científico mediante osmo<strong>de</strong>los tecnicista e humanista é promover a reabilitação do paciente. É o que seevi<strong>de</strong>ncia nas falas:[...] é o <strong>cuidar</strong>; faz parte da reabilitação do ser, que durante uma fase <strong>de</strong>sua vida po<strong>de</strong> estar doente, o enfermeiro cuida e além <strong>de</strong> toda assistênciatécnica−administração <strong>de</strong> medicação, orientação, administração−vocêpo<strong>de</strong> ter contato direto com o paciente (E 1).7 Myra E. Levine <strong>de</strong>senvolveu a teoria holística <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, na qual “vê o hom<strong>em</strong> como um tododinâmico, <strong>em</strong> constante interação com o ambiente dinâmico“ (HORTA, 2005, p. 11). Afirma George(1993, p. 326) que “o universo e, <strong>em</strong> especial, a natureza viva são acertadamente entendidos <strong>em</strong>termos <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s interativas mais do que a mera soma das partes individuais”.


58[...] t<strong>em</strong> o <strong>de</strong>ver, o cuidado, todas as formas <strong>de</strong> cuidado, da melhor formapossível (E 6).Enfermag<strong>em</strong> é <strong>cuidar</strong>. É prestar assistência integral s<strong>em</strong>pre baseada <strong>em</strong>conhecimentos científicos, promovendo a melhora do paciente [...] (E 8).Para Passos (1996), o ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> visa à preservação do ser humano, ea enfermag<strong>em</strong> é o caminho para incutir na raça humana a arte <strong>de</strong> preservar a própriasaú<strong>de</strong>. Numa visão geral, a Enfermag<strong>em</strong> se responsabiliza, por meio do cuidado,pelo conforto, acolhimento e b<strong>em</strong>-estar do paciente, tendo como ação o cuidadodireto ou gerenciamento <strong>de</strong> outros setores para a prestação do cuidado e promove aautonomia do paciente, mediante a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> (ROCHA e ALMEIDA,2000).Entretanto, o enfermeiro, <strong>de</strong>vido <strong>ao</strong> mo<strong>de</strong>lo biomédico e hospitalocêntricoque imperava/impera tanto na formação profissional quanto nos hospitais, valorizar omo<strong>de</strong>lo tecnicista durante o <strong>cuidar</strong> e <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra os aspectos individuais e<strong>em</strong>ocionais do paciente e da família. Ao basear suas ações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo,acaba comprometendo o ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> que, segundo Figueiredo e Santos (2004),<strong>de</strong>ve ser realizado por meio da dimensão concreta do <strong>cuidar</strong>, do planejamento, daexecução, da observação, do tocar <strong>em</strong> todos os sentidos, do ouvir e do comunicarsee também baseado nos aspectos da subjetivida<strong>de</strong> como: imaginação,interpretação, intuição, <strong>em</strong>oção e sensibilida<strong>de</strong> <strong>ao</strong> ambiente <strong>em</strong> que está exercendoa Enfermag<strong>em</strong>.O enfermeiro <strong>de</strong>ste estudo, quando se refere <strong>ao</strong> ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> como<strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, ancora-se num cuidado, que vai além do conhecimentocientífico:Um <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento técnico-científico e<strong>de</strong> amor (E 1).Essa constatação po<strong>de</strong> ser corroborada por Celich (2004) <strong>ao</strong> afirmar queo <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> é preservar a dignida<strong>de</strong> humana, também um ato que assumeconotação subjetiva e focaliza procedimentos a respeito das necessida<strong>de</strong>spsicossoais e espirituais, numa relação <strong>de</strong> ajuda que se expressa pelaresponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> do outro na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar os conhecimentos, e


59no reconhecimento <strong>de</strong> que o saber e a prática <strong>de</strong>v<strong>em</strong> caminhar juntos. O <strong>processo</strong><strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> ainda, como ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> é a forma como se dá o cuidado, constitui <strong>de</strong>ações <strong>de</strong>senvolvidas “para” e “com” o ser cuidado com “base <strong>em</strong> conhecimentocientífico, habilida<strong>de</strong>, intuição, pensamento crítico, criativida<strong>de</strong>, acompanhamentos eatitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cuidado [...]” (Waldow, 2006, p. 113).Para os enfermeiros <strong>de</strong>sta pesquisa, o dom <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> é consi<strong>de</strong>rado umato <strong>de</strong> amor e <strong>de</strong>dicação. Porém, para que isso ocorra o enfermeiro <strong>de</strong>ve terconhecimento, capacitação e cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> humanizado, conforme oconteúdo das falas:[...] é um ato <strong>de</strong> amor, acho, eu sei que não é um ato <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>, essaquestão romântica que aparece, t<strong>em</strong> toda a questão científica, mas paravocê ser um bom enfermeiro t<strong>em</strong> que ser humano e t<strong>em</strong> que terhumanização no cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> [...] (E 1).Dedicação, amor, técnica, pesquisa, eficiência voltados <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong> b<strong>em</strong>daquele ser humano, que precisa <strong>de</strong> outro ser humano, porém este comtreinamento e capacida<strong>de</strong> para tal assistência (E 2).[...] a Enfermag<strong>em</strong>, acho que é você ter o dom <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> [...] (E 8).Segundo Passos (1996, p. 28), “é preciso separar a enfermag<strong>em</strong> dareligião, encarando-a como uma profissão não como ato <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>”, e para queisso ocorra, há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprofundar os estudos metodológicos e escolhert<strong>em</strong>as relevantes <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> <strong>em</strong> outras ciências para o avanço <strong>de</strong>conhecimentos específicos no <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.No entanto, a essência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> é o <strong>cuidar</strong>/cuidado a sereshumanos, família e comunida<strong>de</strong>. O enfermeiro não <strong>de</strong>ve se esquecer <strong>de</strong> seusaspectos afetivos, da sensibilida<strong>de</strong> e da intersubjetivida<strong>de</strong> que se realiza na suaprática do dia-a-dia (ROCHA e ALMEIDA, 2000). Para Waldow (2006), as ações no<strong>cuidar</strong> do enfermeiro <strong>de</strong>v<strong>em</strong> contar com a compaixão, o amor, o respeito e asatitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tolerância e solidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma a consi<strong>de</strong>rar o paciente singular eintegral.Observa-se nas falas dos sujeitos <strong>de</strong>sta pesquisa que a perspectivainteração/vínculo na subcategoria dimensão expressiva significa proximida<strong>de</strong> einteração do enfermeiro com o paciente. Assim, constitui a criação <strong>de</strong> um elo, <strong>de</strong>uma “corrente resistente”, propiciando a ele um cenário no qual informa suas


60queixas, suas manifestações <strong>em</strong>ocionais, que institu<strong>em</strong> assim um clima <strong>de</strong>confiança. Por sua vez, esse profissional t<strong>em</strong> um momento ímpar <strong>ao</strong> estar com opaciente, <strong>ao</strong> usar estratégias so<strong>br</strong>e como abordar o paciente crônico cardiovascular,sob o compromisso da responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer o vínculo profissional, comoé observado nos comentários:[...] o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> é estar próximo <strong>de</strong>le e interagir <strong>ao</strong> ponto que elepossa ter confiança para po<strong>de</strong>r reclamar so<strong>br</strong>e o que realmente ele t<strong>em</strong>naquele momento (E 1).[...] t<strong>em</strong> que saber como lidar, como chegar num paciente cardíaco, tudo éuma manifestação psicológica que se torna importante (E 3).Observando e escutando suas queixas, tentando s<strong>em</strong>pre orientá-los eprocurando sanar seus probl<strong>em</strong>as (E 8).Os <strong>de</strong>poimentos supracitados <strong>de</strong>notam que o enfermeiro t<strong>em</strong> consciênciada importância <strong>de</strong> estar próximo <strong>ao</strong> paciente, da presença, da escuta ativa, do saberlidar com os fenômenos relevantes à prática <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> e <strong>de</strong> estabelecer ovínculo com o paciente. Em contrapartida, é <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sse <strong>cuidar</strong> que opaciente se vincula <strong>ao</strong> profissional, que t<strong>em</strong> consciência do vínculo estabelecido.Há necessida<strong>de</strong> primordial <strong>de</strong> que os enfermeiros e profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> se relacion<strong>em</strong> com os pacientes crônicos. Dessa forma, é importante queesse vínculo se mantenha com o passar do t<strong>em</strong>po para garantir a eles orecebimento <strong>de</strong> informações e instruções a<strong>de</strong>quadas, a fim <strong>de</strong> se aprimor<strong>em</strong> oscuidados <strong>em</strong> suas condições crônicas (OMS, 2003).O enfermeiro <strong>de</strong>ve permitir <strong>ao</strong> paciente crônico cardíaco hospitalizadoexpressar as apreensões e o medo e criar, <strong>de</strong>sse modo, uma oportunida<strong>de</strong> benéficapara ele e sua família, que po<strong>de</strong>rá compreendê-lo melhor quanto <strong>ao</strong>s seussentimentos. Os pacientes com doenças cardiovasculares geralmente apresentamuma associação muito difícil entre o seu estado <strong>em</strong>ocional e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>externar tais <strong>em</strong>oções. Nesses casos, a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> interesse e consi<strong>de</strong>raçãodo enfermeiro po<strong>de</strong> ser favorável e promover alívio <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> com oesclarecimento <strong>de</strong> dúvidas e a <strong>de</strong>smistificação <strong>de</strong> fantasias e medos (WALDOW,2004). Além <strong>de</strong>ssa ação, também é importante proporcionar cuidado <strong>de</strong> suporte<strong>em</strong>ocional e controle quanto <strong>ao</strong>s fatores <strong>de</strong> risco e psicossociais (WOODS,FROELICHER e MOTZER, 2005).


61Para Waldow (2001b), o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> é uma ação interativa entre oenfermeiro e o ser cuidado, <strong>em</strong> que o profissional t<strong>em</strong> um papel ativo uma vez que<strong>de</strong>senvolve ações e comportamentos <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> que se iniciam antes da interação docuidado propriamente dito e se prolongam após o término, proporcionandomudanças. Desse modo, a interação concretiza-se com eficácia.Durante esse <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> há ações interativas entre o enfermeiroe o paciente, que reforçam a afirmação <strong>de</strong> que “s<strong>em</strong> interação inexiste o cuidado <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>, por mais que isso seja i<strong>de</strong>alizado e tecnificado pelo profissional”(SANTOS et al., 2004, p. 7).Por outro lado, quanto à interação/vínculo na subcategoria dimensãoexpressiva, o <strong>cuidar</strong>/cuidado traduz-se <strong>em</strong> envolvimento e doação do enfermeiro<strong>em</strong> relação <strong>ao</strong> paciente. Tal doação não se apresenta como caritativa, mas simcomo uma genuína percepção <strong>de</strong> que o paciente quer ser cuidado. O profissionalprocura, então, estimular as forças interiores <strong>de</strong>sse paciente mediante a valorizaçãodaquilo que ele mais gosta no cotidiano. Enfim, enquanto houver aproximação,envolvimento e preocupação do enfermeiro quanto à realida<strong>de</strong> do paciente, ambosviv<strong>em</strong> a relação e então o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> acontece. Dessa maneira, oenfermeiro <strong>de</strong>ve olhar para qu<strong>em</strong> está mais próximo <strong>de</strong>le, cumprimentá-lo e oferecera sua mão. Ainda, l<strong>em</strong><strong>br</strong>ar <strong>de</strong> que o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> também está nas palavrasafáveis, num sorriso amigo, num olhar <strong>de</strong> compreensão. Esse é o sentidohumanístico do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, para que o ato <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> não seja merament<strong>em</strong>ecânico e sim com sentimentos e atenção. Isso po<strong>de</strong> ser verificado na fala aseguir.[...] <strong>de</strong> envolvimento, <strong>de</strong> doação do profissional e que t<strong>em</strong> que serrespondido também pelo paciente, porque você não consegue trabalharcom o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> para pessoa que não quer ser cuidada. Tambémé complicado, você vai cair no básico tradicional. Ele confia <strong>em</strong> você e vocêt<strong>em</strong> a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer esse vínculo (E 2).Para Costenaro e Lacerda (2002), o inter-relacionamento humano éimportante no momento do diálogo a dois ou <strong>em</strong> grupo: o paciente se realiza e, <strong>ao</strong>mesmo t<strong>em</strong>po, ambos certificam-se da importância <strong>de</strong> sua própria existência. O sercuidado t<strong>em</strong> livre arbítrio <strong>em</strong> “seu querer” e no <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> e o enfermeiroprecisa estar atento e receptivo para receber as informações repassadas no


62momento por esse paciente. Assim cria situações <strong>de</strong> duas vias: o enfermeiro secuida e cuida do paciente.A maneira mais saudável para vivenciar um bom relacionamento é saberescutar os outros como gostaríamos que nos escutass<strong>em</strong> e saber escutar a simesmo. Conforme Woods, Froelicher e Motzer (2005), é melhor ouvir que falar. Essaatitu<strong>de</strong> expressa confiança <strong>ao</strong> paciente para que ele impl<strong>em</strong>ente a terapêutica.Desse modo, fica evi<strong>de</strong>nte que tanto a dimensão técnica como aexpressiva do <strong>cuidar</strong> não se realizam como um ato isolado. Requer<strong>em</strong> doenfermeiro uma preocupação, uma responsabilida<strong>de</strong>, um <strong>em</strong>po<strong>de</strong>ramento, umaexpertise, uma sensibilida<strong>de</strong>, uma solidarieda<strong>de</strong>, um dom <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> e umainteração/vínculo com os pacientes <strong>portador</strong>es <strong>de</strong> doença crônica cardíaca. Buscase,pois, um cuidado humano integral que consi<strong>de</strong>re o paciente como ser individual eúnico, s<strong>em</strong> se esquecer <strong>de</strong> que a família é força motriz para essa pessoa fragilizada.Essas duas vertentes do <strong>cuidar</strong> não acontec<strong>em</strong> isoladamente, mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo doinstante <strong>em</strong> que o enfermeiro e o paciente se encontram, prevalece uma com maiorintensida<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e a outra (BOBROFF, 2003).Os enfermeiros <strong>de</strong>ste estudo evi<strong>de</strong>nciam que, na sua prática, não ocorresó o <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong>sses pacientes crônicos <strong>portador</strong>es <strong>de</strong> doença crônica cardíacaapenas como um ato <strong>de</strong> saber fazer, mas sim o respeito, o estar mais próximopossível <strong>de</strong>les. Ainda, o enfermeiro precisa <strong>de</strong> conhecimentos específicos e oriundos<strong>de</strong> outras ciências, também ser um profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com direitos e <strong>de</strong>veres.Essas consi<strong>de</strong>rações nos r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> à próxima categoria que é a prática do<strong>cuidar</strong>/cuidado.4.3 PRÁTICA DO CUIDAR/CUIDADOA prática do <strong>cuidar</strong>/cuidado, na perspectiva dos enfermeirosparticipantes <strong>de</strong>ste estudo, significa manter proximida<strong>de</strong> e tornar pessoal o cuidadopara o paciente <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca com responsabilida<strong>de</strong> e umcorpo <strong>de</strong> conhecimento próprio e <strong>de</strong> outras ciências. Neste estudo <strong>em</strong>ergiram duassubcategorias <strong>de</strong>nominadas concepções <strong>de</strong> ser humano e concepções <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>.


634.3.1 Concepções <strong>de</strong> ser humanoNas concepções <strong>de</strong> ser humano <strong>de</strong>stacam-se alguns aspectos so<strong>br</strong>eser humano como: ser complexo com necessida<strong>de</strong>s básicas; projetado por Deus;criatura; ser pensante; doente crônico cardíaco. O Ser complexo com necessida<strong>de</strong>sbásicas é aquele que precisa <strong>de</strong> cuidado, atenção e respeito com o seu corpo físico.É o que requer equilí<strong>br</strong>io quanto <strong>ao</strong>s fatores psico<strong>em</strong>ocionais, satisfação <strong>de</strong> suasnecessida<strong>de</strong>s básicas − fisiológica e auto-realização − e respeito como cidadão,conforme se observa a seguir:Ser complexo com necessida<strong>de</strong>s básicas, [...] tentar se equili<strong>br</strong>ar <strong>de</strong>ntro dasocieda<strong>de</strong>. Ser um cidadão que t<strong>em</strong> direitos e <strong>de</strong>veres (E 1).É um ser complexo que necessita <strong>de</strong> cuidado, atenção, respeito tanto comseu corpo físico, quanto com seu b<strong>em</strong>-estar mental (E 8).Para Boff (2004) é essencial que um ser humano seja <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s,pois elas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser satisfeitas e vêm dotadas <strong>de</strong> sacralida<strong>de</strong>, porque ele é umsujeito <strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong>veres inalienáveis. Portanto, é indispensável olhar o serhumano como um b<strong>em</strong> maior do universo, sendo que a vida <strong>de</strong>le é “o valor inviolávelque precisa ser respeitado <strong>em</strong> todas as situações” (BETTINELLI, WASKIEVICZ eERDMANN, 2003, p. 232-233).Afirma Figueiredo e Santos (2004) que o ser humano complexo comnecessida<strong>de</strong>s básicas fisiológicas, é um ser vivo complexo <strong>de</strong> regulamentação quelhe permite homeostase, valores constantes <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura, <strong>de</strong> pH e <strong>de</strong> todos osel<strong>em</strong>entos, que constitu<strong>em</strong> o seu meio interno. Segundo Horta (2005), o ser humanot<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong>s psicobiológicas, psicoespirituais e psicossociais, que estãorelacionadas. São comuns a todos os seres humanos e tanto variam as suasmanifestações como as maneiras <strong>de</strong> satisfazê-las ou atendê-las. No contexto docuidado, é necessário manter um olhar na integralida<strong>de</strong> do ser humano mediante oequilí<strong>br</strong>io entre o corpo, mente e espírito (BOFF, 2004).O ser humano ainda para os participantes é projetado por DEUS, é um<strong>ao</strong><strong>br</strong>a “divina”, a mais b<strong>em</strong> projetada e elaborada pelo criador do universo, Deus.


64Essa o<strong>br</strong>a é formada pelo corpo físico, psicológico, pelas <strong>em</strong>oções e pela alma,diferenciada pelo sexo e cultura.Diante disso, quando o enfermeiro cuida <strong>de</strong>sse ser humano, <strong>de</strong>ve fazê-locom amor, carinho e respeito, uma vez que ambos são seres s<strong>em</strong>elhantes. Oprofissional também consi<strong>de</strong>ra o paciente do ponto <strong>de</strong> vista cultural, sexual e etário.As falas a seguir ilustram essa prática do <strong>cuidar</strong>/cuidado:[...] a mais b<strong>em</strong> projetada o<strong>br</strong>a e elaborada pelo criador do universo, Deus,uma criatura “divina” não há ninguém diferente <strong>de</strong> mim. [...] Quando oprofissional vai <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong>ssa pessoa <strong>de</strong>ve inserir amor no seu cuidado, t<strong>em</strong>s<strong>em</strong>pre que olhar o outro como igual a você, que está <strong>em</strong> suas mãos poro<strong>br</strong>a e graça do próprio Deus, então vamos <strong>cuidar</strong> com carinho, vamos<strong>cuidar</strong> com amor (E 2).[...] somos todos s<strong>em</strong>elhantes, é claro, não somos todos iguais, cada umt<strong>em</strong> a sua diferença individual, mas somos s<strong>em</strong>elhantes, que o próprioDeus disse [...] (E 3).O ser humano é uma o<strong>br</strong>a “divina”, complexa, é formada <strong>de</strong> corpo físico,psiquê, alma, com <strong>em</strong>oções diferenciadas <strong>de</strong> acordo com o sexo, ida<strong>de</strong>,cultura (E 5).Quando a pessoa é um ser <strong>de</strong> cuidado, sua essência se encontra nocuidado. É preciso colocar o <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> tudo o que se faz, pois este é umacaracterística singular do ser humano. Ainda, o ser humano apresenta a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> a<strong>br</strong>ir diálogo com Deus e <strong>de</strong> cultivar o espaço divino, pois O sente <strong>em</strong> seu interiorna forma da presença que o acompanha e que o ajuda tanto <strong>em</strong> momentos <strong>em</strong> queestá b<strong>em</strong> como naqueles <strong>em</strong> que se encontra com dificulda<strong>de</strong>s, <strong>em</strong> que está sesentindo mal (BOFF, 2004). Para Waldow (2006, p. 45) “a criação do ser humano àimag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Deus significa correspondência com a qual Ele po<strong>de</strong>ria falar”.Ao mencionar a criatura, o participante <strong>de</strong>sta pesquisa não se refere a umser vivo irracional, mas a um ser vivente que t<strong>em</strong> sentimentos, <strong>em</strong>oções, a um ser<strong>de</strong> cuidado preocupado com a família, que passou por dificulda<strong>de</strong>s e está <strong>em</strong> ummomento <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong>.No <strong>de</strong>poimento abaixo o sujeito <strong>de</strong>sta pesquisa, reconhece o ser humanono paciente que ele cuida. Conforme Waldow (2004), os pacientes necessitam sesentir seguros quanto <strong>ao</strong> que estão fazendo por eles. A situação po<strong>de</strong> serevi<strong>de</strong>nciada na fala a seguir:


65A criatura vivente [...] ali está uma criatura que chorou, que viveu, quesorriu, que passou todas as dificulda<strong>de</strong>s, que gerou filho e que cuidou dafamília e que está num momento frágil (E 2).Para Horta (2005), o ser humano necessita <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> outros sereshumanos <strong>em</strong> qualquer fase <strong>de</strong> seu ciclo vital e do ciclo saú<strong>de</strong>-enfermida<strong>de</strong>. A pessoaque está doente <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser como era antes e torna-se um paciente. Dessa forma,apresenta um novo pensamento so<strong>br</strong>e qu<strong>em</strong> é, so<strong>br</strong>e o que gostaria <strong>de</strong> ter sido,so<strong>br</strong>e a importância da família, o significado das coisas, o viver com os outros(WALDOW, 2004).O ser humano é capaz <strong>de</strong> colocar-se diante <strong>de</strong> situações da vida no dia-adia e, conforme Waldow (2004), <strong>de</strong> relacionar-se <strong>de</strong> forma a promover o crescimentoe o b<strong>em</strong>-estar <strong>de</strong> outro ser humano. Possui a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> harmonizar seus<strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estar <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> seus próprios atos e dos outros.Por outro lado, o ser pensante, na subcategoria concepção <strong>de</strong> serhumano, é aquele que pensa, que fala. É dotado <strong>de</strong> sentimento, inteligência, vidaprópria, costumes, estilo <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolver probl<strong>em</strong>as e tomar<strong>de</strong>cisões. Esse ser humano merece ser cuidado com amor, carinho, respeito e serconsi<strong>de</strong>rado como um s<strong>em</strong>elhante, visto que num futuro que sab<strong>em</strong>os ser incerto, oenfermeiro po<strong>de</strong>rá encontrar-se <strong>em</strong> condições s<strong>em</strong>elhantes, com a saú<strong>de</strong> fragilizada,como paciente, que expressam as falas:Ser humano para mim é ser gente e tratar todos com amor carinho erespeito e ter pessoas como seus s<strong>em</strong>elhantes e saber que <strong>em</strong> quaisquercondições que se encontra uma pessoa, amanhã po<strong>de</strong>rá ser você. [...] é odotado <strong>de</strong> sentimento, <strong>de</strong> inteligência, <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolver probl<strong>em</strong>a,<strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisão (E 3).Um ser que pensa, t<strong>em</strong> vida própria, costumes, crenças, estilo <strong>de</strong> vida que<strong>de</strong>ve ser respeitado (E 4).O ser humano é uma pessoa que t<strong>em</strong> vida, que pensa, que fala, que é umapessoa importante para mim. O ser humano é uma pessoa importante (E6).Para Figueiredo e Santos (2004), o ser humano é livre, pensa, t<strong>em</strong>dúvidas, direitos, <strong>de</strong>veres para consigo e para com os outros, pois é no ato dapercepção, representação, <strong>de</strong>cisão, comportamento e afetivida<strong>de</strong> que se constitui <strong>de</strong>energia humana, manifestada no sonho, reflexão e <strong>de</strong>sejo.


66Quando o ser humano for provido <strong>de</strong> livre arbítrio, <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong>cisão <strong>em</strong>relação <strong>ao</strong> seu tratamento, a sua mudança <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vida, essas atitu<strong>de</strong>spropiciam <strong>ao</strong> enfermeiro um cuidado individualizado <strong>de</strong> ações educativas quanto àpromoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, para esse ser humano acometido por doença crônica cardíaca.Para Waldow (2004), o enfermeiro <strong>de</strong>ve buscar a compreensão, ou seja,colocar-se no lugar do paciente, mostrar-se solidário, interessado, presente,disponível, ter compaixão e saber ouvir, ter misericórdia, humilda<strong>de</strong> e amor que sãoalgumas atitu<strong>de</strong>s e sentimentos que representam o cuidado humano mais visível.O respeito pelo ser humano é fundamental e centra-se na autonomia dopaciente, e o enfermeiro <strong>de</strong>ve ter consciência <strong>de</strong> que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da classesocial, gênero, ida<strong>de</strong>, profissão, religião, os direitos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser garantidosigualitariamente (HUMEREZ, 2002). Dessa forma, o hom<strong>em</strong> po<strong>de</strong> transformar omeio <strong>em</strong> que vive e a si mesmo, na medida <strong>em</strong> que exerce sua capacida<strong>de</strong> criativa eatua como <strong>processo</strong> <strong>de</strong> construção nas relações sociais nas quais se insere.Na subcategoria concepções <strong>de</strong> ser humano, o doente acometido <strong>de</strong>doença crônica cardíaca é o ser humano e/ou paciente <strong>portador</strong> <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>ascardiológicos irreversíveis há muitos anos, o qual necessita <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>, tratamento contínuo e consultas médicas periódicas, como po<strong>de</strong> seconstatar nas falas a seguir:Paciente que apresenta um quadro <strong>de</strong>generativo das funçõescardiovasculares, com evolução lenta até a insuficiência cardíaca total (E1).É o ser humano que necessita <strong>de</strong> assistência médica e <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong><strong>de</strong>vido a um agravo físico permanente do sist<strong>em</strong>a cardiovascular (E 2).Paciente que t<strong>em</strong> sofrimento pela patologia, que faz tratamento continuadoe consulta periódica (E 3).Paciente que manifesta probl<strong>em</strong>a cardíaco há muito t<strong>em</strong>po, comtratamento clínico (E 4).Pacientes <strong>portador</strong>es <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as cardiológicos, que necessitam controlee assistência continuamente (E 5).É um paciente que possui há muito t<strong>em</strong>po, o probl<strong>em</strong>a, a doença, um tipoespecífico <strong>de</strong> doença (E 6).Pacientes que têm um diagnóstico <strong>de</strong> patologia, cardíaca e reinternamvárias vezes para compensação do quadro clínico (E 7).


67O paciente que apresenta qualquer cardiopatia irreversível, que po<strong>de</strong>rátratar por muitos anos e s<strong>em</strong>pre irá necessitar <strong>de</strong> cuidados específicos(E8).A doença crônica cardíaca <strong>de</strong>senvolve-se com o t<strong>em</strong>po e na maioria dasvezes, é o resultado <strong>de</strong> uma incapacida<strong>de</strong> crescente <strong>de</strong> compensar os mecanismosfisiológicos. Desse modo, o melhor meio <strong>de</strong> controlar essa doença é a <strong>de</strong>tecçãoprecoce e tratamento <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar não só ocuidado preventivo do paciente como também prevenir as complicações (WOODS,FROELICHER e MOTZER, 2005).4.3.2 Concepções <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>Na subcategoria concepções <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>stacam-se algumasperspectivas como: profissão, categoria profissional, equipe, ciência e arte e açõesbaseadas nas necessida<strong>de</strong>s do paciente.A profissão é entendida como dotada <strong>de</strong> o<strong>br</strong>igações, direitos eresponsabilida<strong>de</strong>s, pois cuida da vida <strong>de</strong> seres humanos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento até amorte. Um erro do profissional po<strong>de</strong>rá ser fatal para o ser humano, portantoresponsabilida<strong>de</strong> e competência são fundamentais à essa profissão. O enfermeiroprecisa estar vinculado <strong>ao</strong> órgão <strong>de</strong> classe que regulariza a profissão e respeitar seuCódigo <strong>de</strong> Ética. Essas consi<strong>de</strong>rações são observadas nos <strong>de</strong>poimentos a seguir:[...] o profissional t<strong>em</strong> que estar vinculado a um órgão superior, que legalizaessa profissão, é um grupo <strong>de</strong> gente capacitada, formada, que cuida <strong>de</strong>outras pessoas, são profissionais, é uma profissão (E 2).É uma profissão como outra qualquer dotada <strong>de</strong> o<strong>br</strong>igação direito eresponsabilida<strong>de</strong> com um diferencial, que se trata <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong> vida, umerro po<strong>de</strong> ser fatal, isso aumenta a responsabilida<strong>de</strong> profissional (E 3).Enfermag<strong>em</strong> para mim é uma profissão que cuida, que t<strong>em</strong> como <strong>de</strong>ver o<strong>cuidar</strong> do paciente, do cliente. É uma profissão (E 6).


68O convívio entre seres humanos suscita a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regras,o<strong>br</strong>igações e <strong>de</strong>veres que padroniz<strong>em</strong> e regulament<strong>em</strong> a convivência entre aspessoas, mediante a formalização <strong>de</strong> leis, que ancoram o cotidiano do cidadão editam as normas quanto <strong>ao</strong>s aspectos civil, penal e constitucional e especificamentequanto às profissões. Quando se editam as leis profissionais, essas visamnormatizar os direitos e <strong>de</strong>veres do profissional, b<strong>em</strong> como especificar a execuçãodas atribuições que são <strong>de</strong> interesse da socieda<strong>de</strong> (KLETEMBERG, 2004). Ainda,Freitas (2005) afirma que é <strong>de</strong>ver ético do enfermeiro evitar riscos <strong>de</strong>snecessários<strong>ao</strong>s pacientes.É importante que o enfermeiro conheça, além da legislação geral, alegislação específica da profissão, pois, conforme Freitas (2005), esse conhecimentopossibilita a criação ou extinção <strong>de</strong> direitos e o<strong>br</strong>igações e sabe-se que ninguémestá isento do cumprimento da Lei, mesmo que alegue <strong>de</strong>sconhecê-la.O enfermeiro <strong>de</strong>senvolve suas ações <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> direta ou indiretamente eprocura aten<strong>de</strong>r a todos os fenômenos relevantes à prática <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> que énecessária <strong>ao</strong> paciente. Segundo Moreira (2005), esse profissional passa por um<strong>processo</strong> formal <strong>de</strong> aprendizado <strong>em</strong> ensino sist<strong>em</strong>atizado, com currículo <strong>de</strong>finido eestabelecido por ato normativo e, <strong>ao</strong> término do curso, recebe diploma e titulação.Tais questões po<strong>de</strong>m ser observadas nos <strong>de</strong>poimentos:Um profissional qualificado que trabalha <strong>em</strong> todos os aspectos necessáriosdo ser humano [...] (E 2).Um profissional enfermeiro, profissional com certeza, Enfermag<strong>em</strong> é umaprofissão que cuida [...] o enfermeiro cuida [...], cuidador [...] (E 1).Para laborar na Enfermag<strong>em</strong> é <strong>de</strong> consenso que, além da formaçãouniversitária, o enfermeiro precisa gostar do que faz e ter perfil para a profissão. Osprofissionais <strong>de</strong>ssa disciplina <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> suas ações <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> nos âmbitoscurativista, preventiva, educativa e/ou gerencial nas áreas como hospitalar, Unida<strong>de</strong>Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (UBS) e participam <strong>em</strong> programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, seja na promoção àsaú<strong>de</strong> ou gerenciando esses planos com enfoque profissional e com r<strong>em</strong>uneração,mas não como <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>, como se evi<strong>de</strong>ncia nas falas:


69Ninguém trabalha <strong>de</strong> graça, ninguém faz carida<strong>de</strong> e n<strong>em</strong> como o dahistória anterior. Somos profissionais, a área é b<strong>em</strong> discriminada, do meuponto <strong>de</strong> vista, só trabalha nela qu<strong>em</strong> gosta muito e t<strong>em</strong> que ter perfil [...](E 1).É uma profissão como outra qualquer, realmente presta cuidados, prestaassistência, orientações, administra uma unida<strong>de</strong>, ou seja, no Hospital, naUnida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> participar <strong>de</strong> outros programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,indiferente <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> cuidado direto ou indireto (E 4).A profissão <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> apresenta uma visão ampla da saú<strong>de</strong> nocontexto social, a qual transcen<strong>de</strong> as práticas médico-hospitalares. É fundamentalque o enfermeiro alcance uma representativida<strong>de</strong> social e que adote posturascríticas, reflexivas e pró-ativas no cenário <strong>de</strong> sua prática.O enfermeiro é qu<strong>em</strong> gerencia o cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> com uma visãoque integre e acolha os valores, direcionando-os para as necessida<strong>de</strong>s dospacientes. Ainda, é importante que ele ocupe os espaços <strong>de</strong> discussão e <strong>de</strong>negociações estratégicas para a garantia do cuidado (ROSSI e SILVA, 2005). Essesvalores também <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser extensivos <strong>ao</strong>s familiares e comunida<strong>de</strong>s.Ao atuar na Enfermag<strong>em</strong>, torna-se um <strong>de</strong>safio para o enfermeiroposicionar-se como um agente transformador da realida<strong>de</strong>. É preciso que ele tenh<strong>ao</strong>lhares amplos e a<strong>br</strong>angentes da saú<strong>de</strong>, que busque conhecimentos nos diferentesespaços <strong>de</strong> atuação, que se insira <strong>em</strong> todos os campos sociais e que aja como serpolitizado, consciente <strong>de</strong> suas atribuições e responsabilida<strong>de</strong>s, assim transformadordas condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do ser humano.Enfim, para que tenha um resultado eficaz precisa ancorar-se no corpo <strong>de</strong>conhecimento <strong>em</strong> cada área <strong>de</strong> atuação, na responsabilida<strong>de</strong> com cada m<strong>em</strong><strong>br</strong>o <strong>de</strong>sua equipe e no compromisso com seus pacientes, família e comunida<strong>de</strong>.A perspectiva categoria profissional, para os participantes caracteriza-sepelo conjunto dos profissionais <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> que, com enfermeiros, técnicos eauxiliares <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, constitui-se numa equipe que <strong>de</strong>senvolve ações e prestacuidados profissionais a pacientes/clientes, famílias e comunida<strong>de</strong>s, como evi<strong>de</strong>ncianas falas:É um grupo <strong>de</strong> profissionais tecnicamente capazes inseridos para prestarcuidado profissional (E 2).[...] enfermeiro, auxiliar, técnico, um ser humano, que estudou para <strong>cuidar</strong>do outro ser humano [...] (E 7).


70Nesse aspecto, cabe ressaltar que o Decreto nº 94.406/87 regulamenta aLei nº 7.498, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1986, que dispõe so<strong>br</strong>e a regulamentação doexercício profissional e <strong>de</strong>fine o papel <strong>de</strong> cada m<strong>em</strong><strong>br</strong>o da equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>(COFEN, 2002). Para Costenaro e Lacerda (2002), a habilida<strong>de</strong> técnica e oconhecimento teórico agrupam-se à cientificida<strong>de</strong> do fazer profissional e geram ocuidado profissional.A Enfermag<strong>em</strong> é consi<strong>de</strong>rada a maior força <strong>de</strong> trabalho <strong>em</strong> cuidados àsaú<strong>de</strong>, sendo um grupo <strong>de</strong> profissionais b<strong>em</strong> distribuídos e que têm vários papéis,funções e responsabilida<strong>de</strong>s. Os enfermeiros propiciam cuidados <strong>ao</strong>s sereshumanos, famílias e comunida<strong>de</strong>s na promoção à saú<strong>de</strong>, prevenção <strong>de</strong> doenças,tratamento a pacientes crônicos e agudos e reabilitação (ROCHA e ALMEIDA,2000).O aspecto equipe, na visão dos participantes, traduz-se na equipe <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong> e também <strong>em</strong> equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pois cada colaborador <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>presta cuidados profissionais diuturnamente durante 24 horas <strong>em</strong> Instituições <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> públicas ou particulares. O profissional <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> mantém contato comos pacientes e familiares e procura discernir quanto às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>le, mediantea execução das ações <strong>de</strong> cuidados e práticas educativas. Tais situaçõesevi<strong>de</strong>nciam-se a seguir:A enfermag<strong>em</strong> é a equipe que está presente durante as 24 horas <strong>de</strong> umpaciente <strong>em</strong> Instituição <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e por isso <strong>em</strong> contato com o paciente,po<strong>de</strong>ndo ter capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernir as necessida<strong>de</strong>s mais importantespara o cuidado da pessoa e orientação <strong>de</strong> seus familiares (E 5).O trabalho <strong>em</strong> equipe é requisito vital para a obtenção <strong>de</strong> resultadosquando se consi<strong>de</strong>ra o ser humano como um grupo sinérgico, que t<strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>se qualida<strong>de</strong>s coletivas que separadamente não manifesta. A equipe <strong>de</strong>ve serorientada pelo enfermeiro para obtenção <strong>de</strong> uma única meta que é o <strong>cuidar</strong>, mas abusca <strong>de</strong>ssa meta po<strong>de</strong> sofrer interferências se não houver um espírito <strong>de</strong> equipe eunião. Ainda, o trabalho <strong>em</strong> equipe se constitui <strong>em</strong> um instrumento básico <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong> (CIANCIARULLO, 2005). Quando cada m<strong>em</strong><strong>br</strong>o da equipe realiza suascompetências profissionais com segurança e negocia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um caráter <strong>de</strong>


71<strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dorismo, com conhecimento técnico-científico e respeito ético e moral,contribui para a transformação sociopolítica da Enfermag<strong>em</strong>.No que se refere a ciência e arte, a Enfermag<strong>em</strong> é evi<strong>de</strong>nciada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>suas diferentes especialida<strong>de</strong>s, cuja prática é baseada nas pesquisas. Cada m<strong>em</strong><strong>br</strong>oda equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve suas competências <strong>em</strong>basadas <strong>em</strong>conhecimento científico, tendo o enfermeiro como gerenciador e mo<strong>de</strong>rador do<strong>cuidar</strong>/cuidado, pois a convicção e o prazer são as melhores maneiras <strong>de</strong> se sentirb<strong>em</strong>. Isso po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrado a seguir:[...] a Enfermag<strong>em</strong> é uma especialida<strong>de</strong>, baseia-se na ciência, na práticada assistência <strong>de</strong>senvolvida pela pesquisa, cada profissional <strong>de</strong>senvolvese<strong>de</strong>ntro da sua capacida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> sua hierarquia e cada um <strong>de</strong>ntro do seu<strong>de</strong>senvolvimento [...] (E 2).[...] Enfermag<strong>em</strong> t<strong>em</strong> que ter <strong>em</strong>basamento científico, não faz nada porfazer, para <strong>de</strong>senvolver ações do cuidado <strong>ao</strong> paciente [...] (E 7).Salienta-se que a enfermag<strong>em</strong>, como ciência, busca conhecimentosespecíficos, organizados e sist<strong>em</strong>atizados <strong>em</strong> teorias e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> estrutura, quevisam <strong>de</strong>screver, explicar e predizer fenômenos relevantes à disciplina <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>. Além disso, as teorias evi<strong>de</strong>nciam-se várias abordagens e <strong>de</strong>finiçõesquanto <strong>ao</strong> seu uso e a sua utilização, servindo <strong>de</strong> guia para a prática dosenfermeiros (CIANCIARULLO, 2001). Ainda, como ciência, a enfermag<strong>em</strong> evi<strong>de</strong>nciasepor meio da aplicação <strong>de</strong> conhecimentos sist<strong>em</strong>atizados e instrumentalizadospela arte (CARRARO e WESTPHALEN, 2001). Como arte, a Enfermag<strong>em</strong> é umaforma <strong>de</strong> expressão cultural, <strong>de</strong> comunicação que expressa sentimentos. Ao realizaro <strong>cuidar</strong> e <strong>ao</strong> se relacionar com o outro, dispõe-se a conhecer e a vivenciar ossentimentos (WALDOW, 2006). Ainda, da ciência e da arte da Enfermag<strong>em</strong>, surg<strong>em</strong>ações que são compreendidas como <strong>cuidar</strong>-educar-pesquisar, as quais estão ligadasentre si. Essas ações compõ<strong>em</strong> as competências do enfermeiro (DAHER, SANTOSe ESCUDEIRO, 2002).O enfermeiro <strong>ao</strong> fazer uso do método científico <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> fortalecea profissão como ciência. É da competência <strong>de</strong>sse profissional <strong>de</strong>senvolverraciocínios, conceitos e julgamentos para que seja capaz <strong>de</strong> articular argumentos e<strong>de</strong>monstrar soluções para a construção <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>(SAMPAIO e PELLIZZETTI, 2005).


72A prática <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> t<strong>em</strong> como essência o <strong>cuidar</strong>/cuidado. SegundoBittes et al. (2005), o <strong>cuidar</strong> baseia-se nos princípios científicos, não se restringe <strong>ao</strong>sprocedimentos técnicos, mas incorpora outras ações do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, e acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões da equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> diz respeito relativoàs ações <strong>de</strong> cuidados, ou seja, <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong> das necessida<strong>de</strong>s básicas do paciente,família e comunida<strong>de</strong>.Os enfermeiros relatam que a Enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>verá estar <strong>em</strong>basada <strong>em</strong>conhecimento científico e que cada profissional <strong>de</strong>senvolve sua prática <strong>em</strong> um únicocorpo <strong>de</strong> conhecimento − as ciências biológicas. Atualmente, é importante oenfermeiro incorporar outras ciências no seu saber científico como as sociais,humanas, tecnológicas, <strong>de</strong>ntre outras, a fim <strong>de</strong> aplicá-las na sua prática, no ensino ena pesquisa. Além <strong>de</strong>ssa fundamentação científica, Lacerda, Zagonel e Martins(2006) afirmam ser importante a percepção do significado do momento do <strong>cuidar</strong>entre o profissional e o paciente no sentido <strong>de</strong> se realizar uma ação significativa,consi<strong>de</strong>rada arte.De acordo com os enfermeiros entrevistados, o aspecto ações baseadasnas necessida<strong>de</strong>s do paciente são <strong>em</strong>basadas no cuidado do paciente com doençacrônica cardíaca, a fim <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r suas especificida<strong>de</strong>s. Esse cuidado ocorr<strong>em</strong>ediante avaliação das necessida<strong>de</strong>s à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira integral e leva <strong>em</strong> contaas diferenças dos doentes.O enfermeiro, durante a prática do <strong>cuidar</strong>, <strong>de</strong>ve procurar trazer à práticaas pesquisas feitas com o objetivo <strong>de</strong> obter resultados com efetivida<strong>de</strong>, o quecontribui na melhoria do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>. Ainda, o envolvimento do profissionalno cuidado <strong>ao</strong> paciente crônico cardíaco po<strong>de</strong> levá-lo a apresentar alteraçõespsicossociais como o estresse, uma vez que t<strong>em</strong> preocupações com esse paciente.Mesmo assim ele <strong>de</strong>ve estar s<strong>em</strong>pre atento para po<strong>de</strong>r intervir <strong>em</strong> prol do paciente.As falas a seguir confirmam essas observações:É personalizar o atendimento, porque eu não posso padronizar certascoisas, pois as pessoas são diferentes. Dar um retorno para que se sintamaqui não só mais um. Cada um vê a sua doença <strong>de</strong> um tamanho, então eume preocupo, t<strong>em</strong> dia que estou estressada (E 1).Entendo por <strong>processo</strong> um conjunto <strong>de</strong> ações, ativida<strong>de</strong>s, levantamento epesquisa que te levam a obter um resultado. Essa pesquisa estariadiretamente relacionada <strong>ao</strong> cuidado. Esse t<strong>em</strong> que se processar <strong>de</strong> maneiraintegral, não po<strong>de</strong> fragmentar o indivíduo porque seria chocar com a palavra


73<strong>processo</strong> [...] o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> significa conjunto <strong>de</strong> ações e <strong>de</strong>pesquisa (E 2).No <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> t<strong>em</strong> que saber o quê o paciente t<strong>em</strong>, quais ossintomas, saber dos cuidados que t<strong>em</strong> aquele paciente, geralmente essepaciente t<strong>em</strong> um monte <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as, t<strong>em</strong> que estar s<strong>em</strong>pre atento parapo<strong>de</strong>r intervir nesse paciente (E 6).O profissional, <strong>ao</strong> personalizar o atendimento <strong>ao</strong> paciente, proporcionaum cuidado <strong>de</strong> forma individual, que é <strong>em</strong>basado <strong>em</strong> conhecimento, a fim <strong>de</strong> quepossa intervir a qualquer momento. Para que o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> ocorra há um<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações, atitu<strong>de</strong>s e comportamentos com base <strong>em</strong> conhecimentocientífico, experiência, intuição e pensamento crítico realizado <strong>em</strong> prol do paciente,no sentido <strong>de</strong> promover, manter e recuperar a dignida<strong>de</strong> humana. Além, <strong>de</strong> possuiresses atributos, o enfermeiro <strong>de</strong>ve perceber a situação e o paciente com um todo.Quando isso acontece, o pensamento crítico, por meio da reflexão, inicia o <strong>processo</strong>,estabelecendo-se o começo da ação do cuidador (WALDOW, 2005).Entretanto, é necessário indagar o paciente regularmente para saber seele t<strong>em</strong> quaisquer preocupações ou dúvidas quanto <strong>ao</strong> seu tratamento, visto que<strong>de</strong>ve ser orientado pelo enfermeiro a procurar uma terapêutica ou prossegui-la(WOODS, FROELICHER e MOTZER, 2005).O aspecto ações baseadas nas necessida<strong>de</strong>s do paciente <strong>de</strong>monstraainda a avaliação <strong>de</strong>ssas necessida<strong>de</strong>s por meio da qual se realiza a orientação daequipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, para que ofereça os cuidados conforme o levantamento dosfenômenos relevantes à prática <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, <strong>de</strong>ntro da cientificida<strong>de</strong>. Isso po<strong>de</strong>ser observado no comentário:Avaliar as necessida<strong>de</strong>s dos pacientes e através <strong>de</strong>las orientar a equipepara os cuidados <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s levantadas na avaliação[...] e o <strong>processo</strong> é um levantamento <strong>de</strong> tudo aquilo que ele necessita [...]assim, que é mais a<strong>br</strong>angente que você vai levantar os dados, levantar asnecessida<strong>de</strong>s [...] (E 5).A realida<strong>de</strong> prática, conforme o <strong>de</strong>poimento dos enfermeiros <strong>de</strong>stapesquisa, mostra que a avaliação po<strong>de</strong> ser interpretada, por meio do levantamentodas necessida<strong>de</strong>s do paciente, num <strong>processo</strong> contínuo e sist<strong>em</strong>ático. Essa avaliaçãoglobal do cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> é consi<strong>de</strong>rada instrumento básico que envolve a


74estrutura e o resultado das ações. Diante disso, quando a avaliação sist<strong>em</strong>ática é<strong>de</strong>senvolvida durante o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, po<strong>de</strong>m ser feitos ajustes antes queocorram resultados insatisfatórios para o paciente e o enfermeiro (ZANEI et al.,2005). Para a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (2003), s<strong>em</strong> as evidências científicasque orient<strong>em</strong> o tratamento, as intervenções (cuidados) efetivas corr<strong>em</strong> o risco <strong>de</strong> serexcluída, e os pacientes continuarão submetidos a intervenções reconhecidamenteineficazes. Da mesma forma, a atenção às condições crônicas <strong>de</strong>ve ser coor<strong>de</strong>nada,adotando-se como referência as evidências científicas para orientar a prática.Ainda, o aspecto ações <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>, baseadas nas necessida<strong>de</strong>s dopaciente, é aquele que ocorre durante a hospitalização do paciente com doençacrônica cardíaca. É o momento <strong>em</strong> que ele <strong>de</strong>ve receber todo o cuidado e terpreservadas as suas necessida<strong>de</strong>s básicas como as fisiológicas, <strong>de</strong> segurança, associais, <strong>de</strong> afeto e auto-estima, a fim <strong>de</strong> o paciente tenha um internamento s<strong>em</strong>intercorrências psicossoais. Essas ações são mencionadas nos <strong>de</strong>poimentos abaixo:O cuidado dispensado <strong>ao</strong> paciente durante sua internação, s<strong>em</strong>prepreservando as necessida<strong>de</strong>s básicas do mesmo. T<strong>em</strong> que se inteirar <strong>de</strong>tudo, se está recebendo os cuidados que ele precisa no momento (E 7).O <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> para mim vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento que o paciente seinterna, até que você <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>e que ele é cardíaco, muito t<strong>em</strong>po nointernamento, até a pós-alta (E 3).O <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> é o momento <strong>em</strong> que o enfermeiro i<strong>de</strong>ntifica anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidado e os meios disponíveis para que ele o realize, sendo esseinstante o início da ação do enfermeiro. Essa ação inclui a interação interpessoal, ooferecimento <strong>de</strong> um ambiente a<strong>de</strong>quado, a expressão <strong>de</strong> aceitação do paciente e dafamília, o estar presente, a <strong>em</strong>patia e a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> segurança e eficiência no<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho das ações (WALDOW, 2006).Outro aspecto que se <strong>de</strong>staca na perspectiva ações baseadas nanecessida<strong>de</strong> do paciente, é a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão do enfermeiro quanto <strong>ao</strong> momento<strong>de</strong> liberar o paciente para que possa fazer por si só. Essa atitu<strong>de</strong> do enfermeirocontribui para que o paciente tenha uma melhor aceitabilida<strong>de</strong>, confiabilida<strong>de</strong> ea<strong>de</strong>são <strong>ao</strong> tratamento, não retornando com maior freqüência <strong>ao</strong>s internamentos.


75É avaliar, verificar a real necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le, t<strong>em</strong> que ver a realida<strong>de</strong>daquele paciente, uma hora que <strong>de</strong>le precisar fazer por si, eu acho que o<strong>cuidar</strong> está no <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> (E 8).Uma das funções do enfermeiro na área específica, conformepreconizado por Horta (2005), é assistir o ser humano <strong>em</strong> suas necessida<strong>de</strong>sbásicas e ensinar-lhe o autocuidado. Dessa forma, possibilita <strong>ao</strong>s pacientes <strong>cuidar</strong><strong>de</strong> si mesmos, com o auxílio <strong>de</strong> informações e materiais educacionaiscriteriosamente elaborados (OMS, 2003).Nas subcategorias concepções <strong>de</strong> ser humano e concepções <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>, evi<strong>de</strong>ncia-se que os sujeitos <strong>de</strong>ste estudo utilizam o termo<strong>cuidar</strong>/cuidado e assistir/assistência como sinônimos. Quando eles e sua equiperealizam esse <strong>cuidar</strong>/cuidado, constata-se que vivenciam o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>: estarpresente, dar mais atenção, interagir, não fragmentar o paciente, prestar orientaçõespara que o paciente crônico cardíaco se autocui<strong>de</strong>, avaliar as condições do pacientetanto no aspecto biológico quanto no aspecto <strong>em</strong>ocional e, por fim, o fazer com queas pesquisas sejam aplicadas no cotidiano do enfermeiro. Com isso, os resultadosefetivos <strong>de</strong> suas ações po<strong>de</strong>m contribuir para um avanço técnico-científico naEnfermag<strong>em</strong>.A prática do <strong>cuidar</strong> é efetiva e humana uma vez que é oferecida apacientes que são seres integrados e integradores, ativos e com sentimentos. Oenfermeiro, “para atingir sua plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação, subtranscen<strong>de</strong>-se e po<strong>de</strong> assimalcançar os níveis mais elevados” do assistir <strong>ao</strong> ser humano, respeitando-o,mantendo-lhe a “unicida<strong>de</strong>, autenticida<strong>de</strong>, individualida<strong>de</strong>” e reconhecendo-o “comoel<strong>em</strong>ento participante ativo no seu autocuidado” (HORTA, 2005, p. 4-31). ParaCostenaro e Lacerda (2002), o ser humano necessita ser cuidado por si mesmo, oupor familiares, ou por colegas da equipe <strong>de</strong> trabalho que estão b<strong>em</strong> habilitados epreparados para <strong>cuidar</strong>, imbuídos <strong>de</strong> momentos <strong>de</strong> competência técnica, científica ehumana.No século XXI, o enfermeiro necessita <strong>de</strong> um olhar crítico, <strong>de</strong>safiador etransformador mediante a promoção à saú<strong>de</strong>, estratégia <strong>de</strong> Política <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> paraas populações mundiais, que será apresentada na próxima categoria <strong>de</strong>ste estudo.


764.4 PROMOÇÃO À SAÚDEA categoria promoção à saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacada neste estudo, tanto <strong>em</strong> sua<strong>de</strong>finição quanto <strong>em</strong> sua aplicabilida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> sido, mundialmente, foco <strong>de</strong> atenção dosprofissionais da saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> conseqüência da predominância das doenças nãotransmissíveis,principalmente das doenças cardiovasculares, visto que a promoçãoà saú<strong>de</strong> oferece <strong>ao</strong>s doentes possibilida<strong>de</strong>s transformadoras <strong>em</strong> seus hábitos <strong>de</strong>vida. Essa categoria é consi<strong>de</strong>rada “como um mecanismo <strong>de</strong> fortalecimento eimplantação <strong>de</strong> uma política transversal, integrada e intersetorial, que faça dialogaras diversas áreas do setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado enão-governamental e a socieda<strong>de</strong>, compondo re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compromisso e coresponsabilida<strong>de</strong>quanto à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população <strong>em</strong> que todos sejampartícipes na proteção e no cuidado com a vida” (BRASIL, 2006a, p.12).Neste estudo, os enfermeiros traz<strong>em</strong> alguns aspectos so<strong>br</strong>e a categoriapromoção à saú<strong>de</strong> como sendo o preparo do paciente para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,que foram distinguidos <strong>em</strong> cinco subcategorias: educação à saú<strong>de</strong>, orientação,concepção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, concepção <strong>de</strong> doença crônica cardíaca e ambiente.Nas falas <strong>de</strong>scritas dos enfermeiros existe uma inferência signitificativa dapalavra “orientação”, que po<strong>de</strong> ser vista sob duas circunstâncias. A primeira éeducação à saú<strong>de</strong>, na qual o enfermeiro promove o conhecimento <strong>ao</strong> pacientecrônico cardíaco, mediante a troca <strong>de</strong> informações que são, conseqüent<strong>em</strong>ente,apreendidas pelo enfermeiro, paciente e por sua família. Nesse <strong>processo</strong> há respeitopelas crenças e valores dos envolvidos no contexto. A segunda situação é <strong>ao</strong>rientação propriamente dita, <strong>em</strong> que se transmit<strong>em</strong> informações para o ser cuidadoe seus familiares. Portanto, essas subcategorias ficaram evi<strong>de</strong>nciadas <strong>em</strong> seus<strong>de</strong>poimentos.4.4.1 Educação à Saú<strong>de</strong>A educação à saú<strong>de</strong> vai além do <strong>cuidar</strong> imediato. Esten<strong>de</strong>-se à educaçãoque promove o <strong>de</strong>senvolvimento do conhecimento mediante o apren<strong>de</strong>r e o


77apreen<strong>de</strong>r, para buscar as transformações dos hábitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do paciente comdoença crônica cardíaca, as quais lhe proporcionarão qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Talprocedimento abarca uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições externas e internas e,apesar <strong>de</strong> inúmeros avanços tecnológicos, que permit<strong>em</strong> prolongar suas vidas, n<strong>em</strong>s<strong>em</strong>pre esses avanços produz<strong>em</strong> a impressão qualificável.O enfermeiro procura <strong>de</strong>senvolver ações para a saú<strong>de</strong> do paciente comdoença crônica cardíaca <strong>de</strong> forma lúdica para que o <strong>em</strong>ocional esteja <strong>em</strong> sincroniacom a dimensão física. Desse modo, também propicia às famílias condições paraque sejam coadjuvantes não só na prevenção e na manutenção, mas também nareabilitação <strong>de</strong>sses pacientes. Essas ações evi<strong>de</strong>nciam-se nos <strong>de</strong>poimentos aseguir:Orientações que possam melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos pacientescrônicos cardíacos (E 1).[...] a educação e orientações preventivas, que busqu<strong>em</strong> as transformaçõesdos hábitos causadores <strong>de</strong>ste agravo, [...] quando dão a alta eu tentariabuscar algo <strong>de</strong> que ele gostasse, por ex<strong>em</strong>plo, trabalhar com ele <strong>de</strong> umamaneira que não fosse imposta, mas trabalhar o <strong>em</strong>ocional <strong>de</strong>le; vamostrabalhar <strong>de</strong> uma forma alegre, divertida, talvez grupos <strong>de</strong> assistência,on<strong>de</strong> as pessoas po<strong>de</strong>m falar e ouvir as outras (E2).Cuidados básicos e específicos, orientar quanto a seus costumes, dietas<strong>em</strong>pre foca o paciente é uma forma <strong>de</strong> que a gente t<strong>em</strong> que fazer omáximo possível para retornar o paciente <strong>em</strong> uma socieda<strong>de</strong>, tirar opaciente, t<strong>em</strong> que procurar saber primeiro qual é o meio social <strong>de</strong>le,cuidados básicos, por ex<strong>em</strong>plo, é você fazer com que o paciente tome asua medicação nos horários certos, que tenha seus bons hábitos,alimentação no horário certo, alimentação <strong>de</strong>le conforme a dieta, fazer comque se torne o mais autônomo possível pra tirar a <strong>de</strong>pendência do paciente(E 3).Que mantenham o paciente estabilizado na sua doença <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aprevenção, orientar a família, o paciente <strong>em</strong> casa (E 4).De acordo com Silva et al. (2005), o enfermeiro necessita estarcomprometido com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do paciente. Para tanto <strong>de</strong>ve procurarestratégias que favoreçam a ele um viver mais saudável, apesar <strong>de</strong> ele ter umadoença crônica. Para Martins, França e Kimura (1996), refer<strong>em</strong>-se <strong>ao</strong> cuidado a serprestado e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da percepção que o paciente e seus familiares têm da doençae do significado que a experiência t<strong>em</strong> para eles.


78Os pacientes necessitam <strong>de</strong> uma atenção integrada que envolva: t<strong>em</strong>po,cenários <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, cuidadores e treinamento para se autogerenciar<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua casa,a fim <strong>de</strong> realizar<strong>em</strong> seus cuidados, que são fatores importantes para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida (OMS, 2003).Quanto à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, Rocha (2007) a consi<strong>de</strong>ra um componenteessencial do cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> e uma das principais responsabilida<strong>de</strong>s doenfermeiro, pois todo o contato do enfermeiro com o paciente, estando ele doente ounão, <strong>de</strong>veria ser consi<strong>de</strong>rado uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> educação à saú<strong>de</strong>. Contudo, opaciente t<strong>em</strong> o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir se quer apren<strong>de</strong>r ou não e cabe <strong>ao</strong> profissionalapresentar as informações que irão motivá-lo quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r.A educação à saú<strong>de</strong> é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do enfermeiro e t<strong>em</strong> comoobjetivo básico aumentar o conhecimento do paciente na expectativa <strong>de</strong> que amudança <strong>de</strong> comportamento ocorrerá. Também avaliar as necessida<strong>de</strong>s e os<strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> apreensão do paciente e da sua família. No entanto, a associação entrea troca <strong>de</strong> informação pelo enfermeiro e o comportamento do paciente é pequeno.Para tal, sugere-se que a educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> agregue intervenções educacionaissupl<strong>em</strong>entares com estratégias comportamentais, aumentando a efetivida<strong>de</strong> daintervenção <strong>de</strong> ensino (WOODS, FROELICHER e MOTZER, 2005).Por outro lado, o enfermeiro capacita não só o paciente <strong>portador</strong> <strong>de</strong>doença crônica cardíaca, mas também a família por ocasião da internação e da alta,uma vez que é um el<strong>em</strong>ento fundamental e motivador durante o regime terapêutico<strong>de</strong>le. Essa ação é realizada não só por meio <strong>de</strong> palestras, mas também nasreconsultas e nos programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. O que po<strong>de</strong> ser conferido nas falasseguintes:Orientação <strong>ao</strong>s pacientes e familiares durante a internação e na ocasião daalta [...] [...] venha fazer a reconsulta, que não abandone o tratamento,inscrever no Posto <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, nos programas [...] (E 7).Manter o paciente s<strong>em</strong>pre orientado so<strong>br</strong>e sua doença, orientar so<strong>br</strong>e seuscostumes e cultura [...] [...] fazer palestras [...] (E 3).Quando o paciente recebe “informação e capacitação sist<strong>em</strong>áticas parareduzir os riscos à saú<strong>de</strong>”, é provável que reduza o uso <strong>de</strong> substâncias nocivas, que


79coloque <strong>em</strong> seu cardápio alimentos saudáveis que pratique ativida<strong>de</strong>s físicas, quepare <strong>de</strong> fumar e mantenha relações sexuais seguras (OMS, 2003, p. 48).Durante os dias <strong>de</strong> recuperação, são úteis, para a adaptação do pacientee <strong>de</strong> sua família, o entendimento e a valorização da educação à saú<strong>de</strong> para amanutenção da estabilida<strong>de</strong> clínica. O enfermeiro t<strong>em</strong> um papel fundamental naeducação à saú<strong>de</strong> no que diz respeito <strong>ao</strong> ensinar, reforçar, melhorar e avaliar ashabilida<strong>de</strong>s do paciente para o autocuidado como o controle do peso, restrição <strong>de</strong>sódio, ativida<strong>de</strong> física, o uso contínuo da terapia medicamentosa, a monitorização <strong>de</strong>sinais e sintomas, el<strong>em</strong>entos que pioram a doença cardiovascular. Além disso, cabea ele também orientá-lo para que procure a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> regularmente (RABELOet al., 2007). Caso os pacientes não absorvam ou retenham tais informações so<strong>br</strong>e oautocuidado, as “orientações necessitam ser fornecidas <strong>de</strong> modo repetitivo ereforçadas <strong>de</strong> maneira positiva” (RABELO et al., 2007, p. 2). Com isso o enfermeirocontribui para que os pacientes com doença cardiovascular melhor<strong>em</strong> o seuconhecimento <strong>ao</strong> apren<strong>de</strong>r<strong>em</strong> so<strong>br</strong>e a sua doença, o que os leva a a<strong>de</strong>rir maisfacilmente <strong>ao</strong> regime terapêutico.Na educação à saú<strong>de</strong>, a intenção é também promover a mudança <strong>de</strong>comportamento do paciente e da família, para que tom<strong>em</strong> consciência e saibam oquão importante é a redução dos fatores <strong>de</strong> riscos. Outro aspecto relevante é o fato<strong>de</strong> que o paciente crônico cardíaco precisa saber realmente so<strong>br</strong>e a sua doença.Isso o ajudará a ter atitu<strong>de</strong>s positivas e estimulantes que contribuam so<strong>br</strong><strong>em</strong>aneirano controle do seu peso, da sua alimentação, que <strong>de</strong>ve ser equili<strong>br</strong>ada saudável, ena realização a<strong>de</strong>quada das suas ativida<strong>de</strong>s físicas. Diante <strong>de</strong>ssas ações,evi<strong>de</strong>ncia-se que a promoção à saú<strong>de</strong> ainda é a melhor prescrição <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.Tendo <strong>em</strong> vista a educação à saú<strong>de</strong> quanto <strong>ao</strong>s hábitos como a dieta e otabagismo dos pacientes com doença crônica cardíaca, o enfermeiro cuida por meio<strong>de</strong> ações educativas junto a esses pacientes, no que se refere <strong>ao</strong>s malefícios dosfatores <strong>de</strong> risco, consi<strong>de</strong>rados agravantes para as doenças crônicas cardíacas.Nesse caso, são mencionados somente dois fatores <strong>de</strong> risco, mas o profissional t<strong>em</strong>conhecimento <strong>de</strong> outros, como a elevação do nível <strong>de</strong> colesterol, distúrbios dometabolismo lipídico, se<strong>de</strong>ntarismo, pressão arterial elevada, os quais influ<strong>em</strong> noaparecimento <strong>de</strong>les, alterando a expectativa <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sses pacientes. No entanto,se eles for<strong>em</strong> b<strong>em</strong> orientados e controlados quanto <strong>ao</strong>s fatores <strong>de</strong> risco e se


80respeitam os próprios costumes, não apresentam gran<strong>de</strong>s riscos. Essasobservações estão expressas no relato a seguir:[...] Orientação mais na questão dos costumes <strong>de</strong>les, na dieta, porex<strong>em</strong>plo, que o cigarro é prejudicial; se for o caso, até mesmo orientardieta (E 3).Nas ações educativas dos costumes, principalmente, quanto à combustãodo fumo, como acontece no cigarro, sabe-se que este libera significativa quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> radicais livres <strong>de</strong> oxigênio, que quando inalados, produz<strong>em</strong> peroxidação lipídica elesão endotelial que são prejudiciais <strong>ao</strong>s pacientes cardiovascularescomprometendo as coronárias e conseqüent<strong>em</strong>ente, a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida (FRANÇA,2002).O enfermeiro também promove a saú<strong>de</strong> com <strong>de</strong>terminadas práticaseducativas, no sentido <strong>de</strong> prevenir os sintomas e agravos possíveis: mudanças <strong>de</strong>hábitos, promovendo uma alimentação saudável, controle do nível <strong>de</strong> estresse eativida<strong>de</strong> física. Com esses cuidados no sentido <strong>de</strong> transmitir informações eleoferece condições para que o paciente crônico cardíaco tenha saú<strong>de</strong>. Os<strong>de</strong>poimentos ex<strong>em</strong>plificam essas situações:Orientação quanto à prevenção dos sintomas e agravos possíveis através<strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong> hábitos, como alimentar, controle <strong>de</strong> nível do estresses,melhora a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida; você promove a saú<strong>de</strong> quando você dácondições para aquela pessoa ter saú<strong>de</strong> [...] (E 2).Orientação com relação à ativida<strong>de</strong> física, alimentação para que ele possarestabelecer e manter as condições físicas <strong>em</strong> bom estado, que possa sercontrolado a doença cardíaca (E 5).Nesses <strong>de</strong>poimentos, fica evi<strong>de</strong>nte a promoção à saú<strong>de</strong> por meio d<strong>ao</strong>rientação como uma prática educacional sob a óptica <strong>de</strong> mudança docomportamento saudável do paciente. A Organização Pan-Americana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>(2003b) afirma que já foi comprovado que a mudança nos hábitos alimentares e naativida<strong>de</strong> física po<strong>de</strong> influenciar fort<strong>em</strong>ente os vários fatores <strong>de</strong> risco da população eque a promoção global <strong>de</strong>ssas mudanças é prevenir doenças crônicas e assimpromover a saú<strong>de</strong> da população.


81Ficou evi<strong>de</strong>nte nos discursos dos sujeitos <strong>de</strong>ste estudo que o enfermeiro,além <strong>de</strong> realizar a promoção à saú<strong>de</strong> por meio da educação, é um agenteeducador e <strong>ao</strong> realizar a orientação para a promoção é um agente orientador. Esseúltimo aspecto será apresentado na seqüência.4.4.2 OrientaçãoConforme o <strong>de</strong>poimento dos sujeitos, a orientação visa promover a saú<strong>de</strong>do paciente com doença crônica cardíaca, orientá-lo nas alterações que apresenta<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado t<strong>em</strong>po e investigar o que ele t<strong>em</strong> e o que está sentindo.Na fala a seguir estão evi<strong>de</strong>nciados tais procedimentos:Eu posso promover, orientar o paciente potencialmente; a orientação àsaú<strong>de</strong> é trabalhar com as alterações que ele já apresenta, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> umt<strong>em</strong>po que está com a doença, o que ele esta sentindo, o que ele t<strong>em</strong> (E1).O enfermeiro promove a saú<strong>de</strong> do paciente por meio <strong>de</strong> orientações,informações baseadas nas alterações apresentadas pela doença, conforme odiscurso supracitado. Quando menciona orientação à saú<strong>de</strong>, retorna a década <strong>de</strong>40, <strong>ao</strong> antigo conceito <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> que consi<strong>de</strong>rava a história natural dadoença como um dos el<strong>em</strong>entos do nível primário <strong>de</strong> atenção <strong>em</strong> medicinapreventiva (HEIDMANN et al., 2006). Essa orientação é uma prática <strong>de</strong> receberinformações focadas na prevenção da doença.Outro enfoque <strong>de</strong> orientação na promoção à saú<strong>de</strong> é quanto à alternativa<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r usar os recursos já existentes dos gestores. Quando o paciente estiver sesentido mal, <strong>de</strong>verá procurar uma Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (UBS). Ele também<strong>de</strong>ve conhecer melhor a UBS do seu bairro, não consultar-se com um médico ououtro e sim ter seu médico como referencial. É preciso que faça da UBS uma pontepara o hospital, ou seja, uma via <strong>de</strong> mão dupla. Essas idéias foram i<strong>de</strong>ntificadas nasseguintes falas:


82[...] promover a saú<strong>de</strong> é você dar alternativa, promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é usar osrecursos já existentes dos gestores atuais, fazer o hospital lá na ponta dobairro, para que ele dê continuida<strong>de</strong>, uma ponte (E 2).Aconselhar que quando sentir-se mal <strong>de</strong>ve procurar uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> [...] conhecer melhor a Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>le, ele t<strong>em</strong>s<strong>em</strong>pre o médico <strong>de</strong>le, que não fique consultando com um médico ououtro, já o mesmo médico passa a conhecer a história da doença <strong>de</strong>le (E3).Ao reconhecer a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorar as condições crônicas <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (2003) lançou um novo mo<strong>de</strong>lo ampliado<strong>de</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominado “Cuidados Inovadores para as CondiçõesCrônicas” que envolve, <strong>em</strong> um contexto político mais a<strong>br</strong>angente, os pacientes esuas famílias, as organizações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e as comunida<strong>de</strong>s.Nas falas dos enfermeiros, observa-se que eles são capazes <strong>de</strong> realizaras orientações <strong>ao</strong> paciente crônico cardíaco com doença não-transmissívelcardiovascular tanto na unida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> quanto no hospital. Os serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar organizados <strong>de</strong> forma a orientar a população so<strong>br</strong>e os benefícios<strong>de</strong> estilos <strong>de</strong> vida saudáveis. Assim, as instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são co-responsáveispela garantia do direito humano e <strong>de</strong> cidadania e mobilizar<strong>em</strong> a formulação <strong>de</strong>intervenções (BRASIL, 2006a).Os cuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> quanto a orientação do paciente internadocom doença crônica cardíaca significam compensar o quadro <strong>de</strong>pletado com aterapêutica medicamentosa, verificar a pressão arterial sistêmica, <strong>de</strong>senvolver açõesso<strong>br</strong>e a dietoterapia e exercícios a<strong>de</strong>quados. Na fala a seguir, observam-se taisorientações:[...] cuidados com medicação, pressão arterial na promoção da saú<strong>de</strong>compensa o quadro <strong>de</strong>pletado, na verda<strong>de</strong> vou usar o que tenho paratratar; já na prevenção vou evitar que ele chegue <strong>ao</strong>n<strong>de</strong> chegou, tratar epromover a sua saú<strong>de</strong>, as orientações quanto <strong>ao</strong>s exercícios, tomarmedicação correta, fazer dieta (E 4).Exist<strong>em</strong> progressos importantes que estão sendo feitos para o profissional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os fatores <strong>de</strong> risco das doenças crônicas cardíaca. O seucontrole para uma ativida<strong>de</strong> física a<strong>de</strong>quada, e o controle do peso, precauçõesquanto <strong>ao</strong> tabagismo, colesterol sérico aumentado e pressão arterial elevada, estãosendo significativos (WOODS, FROELICHER e MOTZER, 2005).


83O momento presente proporciona o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações apromoção à saú<strong>de</strong>, construindo-se novos saberes <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. Essesconhecimentos po<strong>de</strong>m ser transpostos mediante um enfoque que não priorizaapenas o tratamento da doença, mas que cont<strong>em</strong>pla também a situação maisa<strong>br</strong>angente <strong>em</strong> que o indivíduo se encontra doente. Após tais ações, o pacienteretornará para o contexto social do qual faz parte (LUCENA et al., 2006).O enfermeiro precisa motivar, ou seja, proporcionar condições favoráveis<strong>ao</strong> paciente com doença crônica cardíaca para que este busque s<strong>em</strong>pre, no seuinterior, a força estimuladora, para então po<strong>de</strong>r <strong>cuidar</strong> <strong>de</strong> si próprio, s<strong>em</strong> que seja“o<strong>br</strong>igado” a realizar ativida<strong>de</strong>s, a fim <strong>de</strong> reduzir os fatores <strong>de</strong> riscos.No universo das doenças crônicas cardíacas, a hipertensão arterialsistêmica (HAS) é evi<strong>de</strong>nciada pelas complicações consi<strong>de</strong>radas como um dosfatores <strong>de</strong> risco predominantes. Desse modo, o enfermeiro clínico <strong>de</strong>ve orientar ospacientes acometidos por essa doença, so<strong>br</strong>e a restrição <strong>de</strong> sal <strong>em</strong> sua alimentaçãodiária, so<strong>br</strong>e a verificação da pressão arterial sistêmica periodicamente, realização<strong>de</strong> exercício a<strong>de</strong>quado. Continuadamente, <strong>de</strong>ve orientá-lo a fazer o uso contínuo damedicação, a participar <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> hipertensão e receber orientação so<strong>br</strong>e o que éessa doença, a fim <strong>de</strong> que ele não interrompa o tratamento, pois po<strong>de</strong>rá tercomplicações severas. Os <strong>de</strong>poimentos a seguir confirmam as afirmações:Orientar o paciente que t<strong>em</strong> uma hipertensão, você t<strong>em</strong> que estarorientando so<strong>br</strong>e o que é alimentação, tenha s<strong>em</strong>pre controle, fazerexercícios <strong>de</strong> forma que o paciente compreenda, que consiga fazer,orientar o paciente b<strong>em</strong> so<strong>br</strong>e a doença para que não tenha complicações(E 6).Procurar orientar os pacientes so<strong>br</strong>e os cuidados que <strong>de</strong>ve ter <strong>em</strong> casa,como a restrição <strong>de</strong> sal para pacientes hipertensos, cuidados quanto <strong>ao</strong>uso <strong>de</strong> medicamento, para que não interrompa o tratamento (E 8).[...] orientar para participação <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> hipertensão [...] (E 3).É manter o paciente livre <strong>de</strong> hipertensão, [...] controlar o nível da dieta <strong>de</strong>le,ingestão <strong>de</strong> líquidos, o que mais estimular, digamos <strong>de</strong>ambulação dopaciente, não só manter na cama. É não <strong>de</strong>ixar a pressão <strong>de</strong>le subir (E 4).O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> tratamento, preconizado pela Organização Mundial <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> (2003) do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, intensifica a atuação dos pacientes e familiares


84e reconhece que eles po<strong>de</strong>m gerenciar <strong>de</strong> forma efetiva as condições crônicas como apoio das equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e da comunida<strong>de</strong>.A a<strong>de</strong>são <strong>ao</strong> tratamento dos pacientes crônicos cardíacos, segundo A<strong>br</strong>euet al. (2006), merece uma análise cuidadosa por parte dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,pois a não-a<strong>de</strong>são implica <strong>em</strong> uma barreira <strong>ao</strong> controle da hipertensão arterialsistêmica. É fundamental unir esforços direcionados para que ela aconteça e sejauma forma <strong>de</strong> evitar as complicações que a doença po<strong>de</strong> causar.O enfermeiro, <strong>ao</strong> orientar na prevenção à saú<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>rá atuar na unida<strong>de</strong><strong>de</strong> internação e/ou no ambulatório, para que o paciente tenha uma continuida<strong>de</strong> dotratamento. No <strong>de</strong>poimento a seguir isso po<strong>de</strong> ser verificado:A orientação na questão da prevenção da patologia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o pacienteesteja com angina, então vamos prevenir o que exacerba essa doranginosa [...] Eu acho que o enfermeiro não po<strong>de</strong>ria ficar só <strong>de</strong>ntro dasenfermarias, ele tinha que estar atuando no ambulatório, po<strong>de</strong>ria essetrabalho dar continuida<strong>de</strong> (E 2).No âmbito hospitalar, intensifica-se a necessida<strong>de</strong> do enfermeiro estarvoltado mais <strong>ao</strong> cuidado do paciente, pois sua prática implica ativida<strong>de</strong>s não maisconsi<strong>de</strong>radas tradicionais, porém inovadoras e <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> outras necessida<strong>de</strong>s,como mudanças do perfil do paciente e complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidados, <strong>de</strong>ntro docontexto econômico, político e social (IDE e DOMENICO, 2001). Para Horta (2005),o enfermeiro atua tanto na área da inter<strong>de</strong>pendência como na manutenção,promoção e recuperação da saú<strong>de</strong>.4.4.3 Concepções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>Na subcategoria as concepções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, evi<strong>de</strong>nciam duasperspectivas como: equilí<strong>br</strong>io e conforto/b<strong>em</strong>-estar. Consi<strong>de</strong>ra-se equilí<strong>br</strong>io omomento <strong>em</strong> que o ser humano está <strong>em</strong> plena normalida<strong>de</strong> com suas dimensõesbiológica e psíquica, conseqüent<strong>em</strong>ente suas necessida<strong>de</strong>s fisiológicas estãosatisfeitas. Ao <strong>de</strong>finir saú<strong>de</strong> como equilí<strong>br</strong>io, o enfermeiro está consciente daprevenção da doença, como exprim<strong>em</strong> as seguintes falas.


85[...] o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>-doença <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> qu<strong>em</strong>avalia o que é saú<strong>de</strong> e o que é doença, [...] não estão juntos; quando vocêfala <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>, automaticamente, está fazendo a prevenção <strong>de</strong> algumadoença que possa a vir a ter (E 1).A saú<strong>de</strong> é quando as necessida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong>le estão supridas (E 2).Saú<strong>de</strong> é quando o ser humano está com todas as suas faculda<strong>de</strong>s físicas epsíquicas <strong>de</strong>ntro do parâmetro <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong>, é você estar pleno, nãoestar com alguma patologia física, psíquica (E 7).Saú<strong>de</strong> qualquer coisa que não esteja irregular, e a doença quando nãoestá <strong>de</strong>ntro do padrão <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> (E 8).Observa-se que os enfermeiros <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> como ausência <strong>de</strong> doença,o que vai <strong>ao</strong> encontro da <strong>de</strong>finição da epi<strong>de</strong>miologia, conforme Beaglehole, Bonita eKyellstron (2003). Estes afirmam que o estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ten<strong>de</strong> a ser simples comodoença ausente e, geralmente, os critérios dos diagnósticos são baseados <strong>em</strong> sinaisou sintomas e <strong>em</strong> resultados <strong>de</strong> exames.No momento <strong>em</strong> que os sujeitos afirmam que o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>doença<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos olhares <strong>de</strong> cada um, r<strong>em</strong>onta <strong>ao</strong> saber antropológico.Conforme Helman (2003, p. 115), “as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e doença variam entre osdiferentes indivíduos, famílias, grupos culturais e classes sociais”. E <strong>em</strong> relação àsnecessida<strong>de</strong>s básicas, a saú<strong>de</strong> segundo Nery e Vanzin (2002) é a resultante <strong>de</strong>ssasnecessida<strong>de</strong>s básicas atendidas. Isso ficou evi<strong>de</strong>nte nas falas dos enfermeiros.O aspecto conforto/b<strong>em</strong>-estar é <strong>de</strong>finido como a saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> que o serhumano está b<strong>em</strong> com seu eu interior, exterior, família e socieda<strong>de</strong>, trazendo para sium conforto pleno, assim explicitado na fala:É tudo que traz um conforto pessoal para gente, se você está b<strong>em</strong> com omundo, com você mesmo, com a família e com o social, isso é saú<strong>de</strong> (E 3).Tal situação <strong>de</strong>monstra que a saú<strong>de</strong> é um “<strong>processo</strong> contínuo comestados situacionais dinâmicos e subjetivos, que permite <strong>ao</strong> ser humano ofuncionamento nos seus papéis, com prazer” (RADUNZ, 1999, p. 14). A família t<strong>em</strong>espaço privilegiado na história da humanida<strong>de</strong>; é nela que apren<strong>de</strong>mos a ser e aconviver, pois é mediadora das relações entre sujeitos e coletivida<strong>de</strong>, sendogeradora <strong>de</strong> formas comunitárias <strong>de</strong> vida (MIOTO, 2004).


86Ainda, a <strong>de</strong>finição dada pelos enfermeiros da pesquisa quanto aperspectiva conforto/b<strong>em</strong>-estar vai além da <strong>de</strong>finição preconizada pela OrganizaçãoMundial da Saú<strong>de</strong>. De acordo com eles o ser humano necessita <strong>de</strong> que suasnecessida<strong>de</strong>s básicas sejam satisfeitas e atendidas − lazer, moradia, profissão − e<strong>de</strong> que seus direitos sejam respeitados como cidadãos, conforme expressam asfalas:Para mim, uma pessoa saudável, além da <strong>de</strong>finição da OrganizaçãoMundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, a pessoa t<strong>em</strong> todos aqueles requisitos, todanecessida<strong>de</strong> básica e necessária, t<strong>em</strong> lazer, t<strong>em</strong> moradia, profissão, é terseus direitos <strong>de</strong> cidadãos (E 1).Saú<strong>de</strong> é o b<strong>em</strong>-estar social, físico e mental (E 3).Saú<strong>de</strong> é o b<strong>em</strong>-estar físico, social, psíquico <strong>de</strong> toda pessoa (E 4).Saú<strong>de</strong> é o b<strong>em</strong>-estar geral, tanto físico como psíquico (E 8).Em 1946, quando a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>finiu a saú<strong>de</strong> como“um estado <strong>de</strong> completo b<strong>em</strong>-estar físico, mental e social e não apenas a meraausência da doença”, já projetava esse conceito para o futuro numa visãoprogressista. Entretanto, tal conceito permanece até a atualida<strong>de</strong> como utópico,apesar das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se <strong>de</strong>finir e mensurar o b<strong>em</strong>-estar (BEAGLEHOLE,BONITA e KYELLSTRON, 2003, p. 11).Os enfermeiros apontam que a saú<strong>de</strong> é um b<strong>em</strong>-estar geral que significaestar <strong>em</strong> harmonia consi<strong>de</strong>rando-se a dimensão física, social e psíquica. Porém,quando se associa <strong>ao</strong> ser humano a importância <strong>de</strong> se ter satisfação, lazer, moradiae trabalho digno, expressões da organização social e econômica <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>,tais atributos vêm <strong>ao</strong> encontro do conceito estabelecido na Conferência da Alma-Ata,<strong>em</strong> 1978. Nessa conferência, a saú<strong>de</strong> está relacionada a fatores <strong>de</strong>terminantes econdicionantes como alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente,trabalho, educação, transporte, lazer, acesso <strong>ao</strong>s bens e serviços essenciais.Relaciona-se da mesma forma, <strong>ao</strong>s níveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população, evi<strong>de</strong>nciados n<strong>ao</strong>rganização social e econômica <strong>de</strong> cada país (MELO, 2001). Na 8ª ConferênciaNacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong> 1986, foi garantido à população o direito do ser humano àcidadania, visto que esse direito inclui-se também no conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (NERY eVANZIN, 2002).Destarte, a saú<strong>de</strong> permanece na dimensão biopsicossociópolítica do serhumano, como cuidadores dos pacientes acometidos por doença crônica cardíaca. O


87ser humano, quando está com saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolve ações responsáveis econscientes, pois se encontra <strong>em</strong> pleno b<strong>em</strong>-estar nas dimensões física, psicológica,<strong>em</strong>ocional, social e espiritual. É o que se evi<strong>de</strong>ncia nos <strong>de</strong>poimentos:As pessoas, quando estão saudáveis, po<strong>de</strong>m executar ativida<strong>de</strong>s e tal, éum b<strong>em</strong>-estar do indivíduo quanto à parte física, mental, espiritual, tudo(E5).Saú<strong>de</strong> é você estar b<strong>em</strong> com você, é estar b<strong>em</strong>, não sentir nenhuma dor, évocê não estar preocupada com nada, você estar-b<strong>em</strong> (E 6).Quando a concepção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> vai além do físico-biológico, r<strong>em</strong>ete-se <strong>ao</strong>sentido <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong>, totalida<strong>de</strong>, plenitu<strong>de</strong> e realização, pois a saú<strong>de</strong> t<strong>em</strong> a vercom o viver pleno das pessoas, transpondo o físico-biológico, ou seja,transcen<strong>de</strong>ndo (PESSINI, 2000).4.4.4 Concepções <strong>de</strong> doença crônica cardíacaEvi<strong>de</strong>nciam-se nos discursos dos enfermeiros nessa subcategoria duasperspectivas relevantes da sua prática profissional: <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io e incapacida<strong>de</strong>. Aperspectiva <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io acontece quando as necessida<strong>de</strong>s básicas do ser humanonão estão <strong>em</strong> harmonia, o que prejudica suas ativida<strong>de</strong>s cotidianas, como po<strong>de</strong> serobservado a seguir:[...] <strong>de</strong> não conseguir exercer mais suas ativida<strong>de</strong>s no dia-a-dia, a doença éestar <strong>em</strong> <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io, [...] a ponto <strong>de</strong> não se conseguir manter asativida<strong>de</strong>s e rotinas do padrão preconizado pela socieda<strong>de</strong>, para mim éisso (E 1).É o estado <strong>em</strong> que o indivíduo gera <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io <strong>em</strong> suas necessida<strong>de</strong>sbásicas levando-o <strong>ao</strong> adoecimento físico, mental ou psíquico, ele estádoente, ele produziu <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io [...] a doença significa que há um<strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io numa <strong>de</strong>ssas necessida<strong>de</strong>s básicas que ele t<strong>em</strong> (E 2).Tais situações <strong>de</strong>monstram que cada doença t<strong>em</strong> suas característicasindividualizadas e <strong>em</strong>ergentes, que envolve o conjunto sociocultural e a vida pessoal


88do ser humano (CARTANA e HECK, 1997). A doença ocorre quando asnecessida<strong>de</strong>s não são atendidas ou quando são atendidas ina<strong>de</strong>quadamente(HORTA, 2005). Ambas as situações traz<strong>em</strong> o <strong>de</strong>sconforto <strong>ao</strong> ser humano. Por outrolado, a doença po<strong>de</strong> ser causada por <strong>de</strong>ficiências ou excesso <strong>de</strong> certas substânciasno corpo, que po<strong>de</strong>m ser corrigidas pela substituição dos el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong>ficientes oupelo contrabaleanceamento do excesso (HELMAN, 2003).A doença, conforme os enfermeiros do estudo é qualquer situação <strong>em</strong> queo ser humano não esteja b<strong>em</strong>, <strong>em</strong> que esteja fora do padrão <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> nasdimensões biopsíquica, como expressa a fala:Doença é qualquer coisa que esteja fora do padrão <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong>,ina<strong>de</strong>quadamente, tanto mental como física (E 8).Para Beaglehole, Bonita e Kyellstron, (2003), os termos normalida<strong>de</strong> ouanormalida<strong>de</strong> são utilizados na doença como critérios <strong>de</strong> diagnóstico e também no<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> valores normais, como nos sinais ou sintomas e até <strong>em</strong> resultados <strong>de</strong>exames, a fim <strong>de</strong> <strong>em</strong>basar os parâmetros entre o que é normal e o anormal Ainda,<strong>em</strong> termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong>, ou seja, do parâmetro científico fundamental, adoença se dá quando o doente se afasta do normal para mais ou para menos <strong>de</strong>sseparâmetro (SOUZA e LIMA, 2007).O aspecto incapacida<strong>de</strong> caracteriza-se por tudo aquilo que perturba atranqüilida<strong>de</strong> do ser humano nas suas dimensões biopsicossocioespiritual,prejudicando o estar consigo mesmo <strong>em</strong> sua plenitu<strong>de</strong> e na sua totalida<strong>de</strong>, comov<strong>em</strong> explicitado a seguir:A doença é aquilo que perturba o sossego, altera sua vida tanto no físicocomo no mental (E 3).A doença já seria instalada, a patologia não necessariamente física, atémais psicológica, psíquica, no caso, a <strong>de</strong>pressão, o que acarreta mais doque a própria doença física (E 4).Qualquer probl<strong>em</strong>a ou físico, mental, espiritual até social acarreta umadoença (E 5).A doença é tudo aquilo que incomoda, tudo o que está incomodando, sejafísico, mental, espiritual; como as pessoas falam, aquilo que está teincomodando, para mim (E 6).


89A doença faz parte das dimensões psicológicas, moral e social <strong>de</strong> umacultura <strong>em</strong> particular e <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada como as pessoas interpretam seusprobl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e respon<strong>de</strong>m a eles (HELMAN, 2003). Para R<strong>em</strong>en (1993), adoença é consi<strong>de</strong>rada não só uma mudança física, mas uma força que altera o ritmoe direção do <strong>processo</strong> individual.4.4.5 AmbienteO ambiente está interligado com a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> que o paciente crônicocardíaco convive, ou seja, seus familiares, profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e comunida<strong>de</strong>.Dessa subcategoria originaram-se duas perspectivas: o lugar on<strong>de</strong> se vive e trabalhae o ambiente <strong>em</strong> construção.Nas falas dos enfermeiros entrevistados, o ambiente é consi<strong>de</strong>rado umlugar ou local on<strong>de</strong> se vive e trabalha: a casa <strong>em</strong> que o ser humano se encontra e omeio on<strong>de</strong> trabalha, on<strong>de</strong> vive <strong>em</strong> comunida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> se relaciona <strong>em</strong> condições <strong>de</strong>b<strong>em</strong>-estar. Também é consi<strong>de</strong>rado o Planeta, como se observa a seguir:É o local on<strong>de</strong> estou e ter condições <strong>de</strong> estar b<strong>em</strong> naquele local é oambiente (E 1).Ambiente é o local on<strong>de</strong> você está inserido e, no caso, <strong>em</strong> relação <strong>ao</strong>Planeta, mas po<strong>de</strong> ser o meu trabalho, a minha vida, a minha casa [...] é oambiente, é o local on<strong>de</strong> o hom<strong>em</strong> está inserido (E 2).O ambiente do paciente você t<strong>em</strong> que trabalhar on<strong>de</strong> ele participa, separticipa num ambiente social [...] (E 3).Local <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong> todos os seres humanos <strong>em</strong> comunida<strong>de</strong>s é oambiente, é tudo, é o que existe no mundo todo [...] (E 4).[...] o ambiente <strong>em</strong> que as pessoas estão inseridas, o local é o ambiente[...] (E 5).Ambiente é o lugar on<strong>de</strong> a gente trabalha, on<strong>de</strong> a gente vive [...] (E 6).O ambiente é on<strong>de</strong> vive, on<strong>de</strong> você trabalha, por on<strong>de</strong> você circula [...](E7).


90Quando o ser humano cria socialmente um ambiente, on<strong>de</strong> vivesalutarmente, ele cria espaços <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s e impossibilida<strong>de</strong>s que estãoarticulados <strong>ao</strong> <strong>processo</strong> psíquico e que mantém as pessoas <strong>em</strong> movimento, unindo–as para as questões, que lhes interessam e lhes satisfaçam. Nessa perspectiva, aequipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolve suas ações, mantém a divisão social na qualcircula, comunica-se, faz o exercício <strong>de</strong> sua política, expressa suas crenças, <strong>br</strong>inca,cria condições <strong>de</strong> trabalho e viv<strong>em</strong> b<strong>em</strong> (FIGUEIREDO e SANTOS, 2004).Na subcategoria ambiente, aparece ainda outra perspectiva: o ambiente<strong>em</strong> construção, que o ser humano vai construindo, seja no trabalho, na suaresidência ou no lazer. Esse ambiente po<strong>de</strong>rá influenciá-lo ou não e,conseqüent<strong>em</strong>ente, haverá uma transformação, gradativa <strong>em</strong> seu espaço social.Observa-se a fala:Ambiente você constrói. [...] o ambiente você cria, você t<strong>em</strong> uma influêncianele ou não [...] (E 3).Para Horta (2005), entre o ambiente e o ser humano há umainseparabilida<strong>de</strong> e como as mudanças seqüenciais do ciclo vital que são contínuas,ocorr<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma constante revisões da interação entre eles. Segundo Waldow(2006), todos os meios ambientes, sejam físicos, administrativos, sociais,tecnológicos, são consi<strong>de</strong>rados organizacionais e estão relacionados. Ainda, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>contribuir para as relações <strong>de</strong> cuidado.Ao i<strong>de</strong>ntificar os el<strong>em</strong>entos do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> é necessário expor <strong>de</strong>que modo eles se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> na prática dos enfermeiros <strong>de</strong>ste estudo, que seráevi<strong>de</strong>nciado no próximo it<strong>em</strong>.


915 DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS EVIDENCIADOS NO PROCESSO DE CUIDARDurante a investigação <strong>em</strong>ergiram três (03) el<strong>em</strong>entos no <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>,que os enfermeiros <strong>de</strong>sta pesquisa oferec<strong>em</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônicacardíaca, como o <strong>cuidar</strong>, prática do <strong>cuidar</strong>/cuidado e promoção à saú<strong>de</strong>, quepasso a <strong>de</strong>screver respectivamente, representados <strong>de</strong> forma integrada na Figura 1.O enfermeiro manifesta o <strong>cuidar</strong> por meio das dimensões técnicas eexpressivas e este é realizado <strong>ao</strong> paciente <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíacaconsi<strong>de</strong>rando-se a primeira dimensão ─ os procedimentos técnicos, oslevantamentos <strong>de</strong> sinais e sintomas e a terapêutica medicamentosa ─, e a segundadimensão ─ o <strong>cuidar</strong> do paciente <strong>de</strong> modo presente, com mais atenção e amparo,com consi<strong>de</strong>ração, conversa, transmissão <strong>de</strong> calma, com o olhar voltado <strong>ao</strong> todo<strong>de</strong>sse paciente, oferecendo-lhe um cuidado individualizado.A prática do <strong>cuidar</strong>/cuidado ocorre entre os profissionais que laboram naEnfermag<strong>em</strong>, os quais precisam ter o dom <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, que <strong>de</strong>ve ser praticado comoum ato a partir das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado,mantendo a interação/vínculo com o paciente <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca esua família. Assim, esses profissionais tornam pessoal o cuidado, mantendo umaproximida<strong>de</strong> com o paciente, oferecendo-lhe uma ação efetiva, humana e comconhecimentos específicos, encarando-o como um ser integrado e integrador ativo ecom sentimentos.Para que isso realmente se processe, recorre-se às concepções <strong>de</strong> serhumano e concepções <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>. O ser humano, para os enfermeiros, é umSer pensante, projetado por Deus, uma criatura que, além <strong>de</strong> ser complexa, comnecessida<strong>de</strong>s básicas é, neste caso, o Ser doente crônico cardíaco. É um Servivente que t<strong>em</strong> sentimentos, <strong>em</strong>oções, inteligência, vida própria, hábitos, estilo <strong>de</strong>vida, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolver probl<strong>em</strong>as e <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões. Alguém que passoupor dificulda<strong>de</strong>s e que está, no momento presente, frágil e preocupado com suasaú<strong>de</strong> e com a família.A concepção <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> é caracterizada como ciência e arte, profissão,categoria profissional, e os enfermeiros do estudo a relacionam com a sua própriaequipe e a outros profissionais da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>ao</strong> avaliar o paciente no aspectobiológico e <strong>em</strong>ocional e <strong>ao</strong> fazer com que a pesquisa seja aplicada na prática do seu


92dia-a-dia. Desse modo, os resultados efetivos tanto da ciência quanto da arte <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>, contribu<strong>em</strong> para um avanço técnico-científico na trajetória profissionaldo enfermeiro.Destarte, para trabalhar na Enfermag<strong>em</strong> é preciso <strong>em</strong>basar-se <strong>em</strong> um corpo<strong>de</strong> conhecimento <strong>em</strong> cada área <strong>de</strong> atuação, o que torna o enfermeiro expertise. Oenfermeiro é o protagonista do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> inserido na equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, poisé responsável direta ou indiretamente pelo <strong>cuidar</strong>/cuidado não só <strong>em</strong> relação <strong>ao</strong>sm<strong>em</strong><strong>br</strong>os <strong>de</strong> sua equipe, mas também <strong>em</strong> relação <strong>ao</strong>s pacientes, família ecomunida<strong>de</strong>, transformando a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les.Na promoção à saú<strong>de</strong>, o enfermeiro procura modificar os hábitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>do paciente <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca, tendo como meta a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida. Dessa forma, a promoção à saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser expressa pela educação àsaú<strong>de</strong> e orientações, para que essa educação não aconteça apenas por meio datransmissão <strong>de</strong> informações, mas também <strong>de</strong> forma a <strong>de</strong>senvolver novosconhecimentos, a fim <strong>de</strong> que ocorra a mudança <strong>de</strong> comportamento do paciente,levando-o a tomar consciência, apreen<strong>de</strong>r e saber administrar os fatores <strong>de</strong> risco.Visa, da mesma forma, orientar a família para que seja coadjuvante não só naprevenção e na manutenção, mas também na reabilitação <strong>de</strong>sse paciente.Tais ações po<strong>de</strong>m ser realizadas <strong>de</strong> forma lúdica para que o <strong>em</strong>ocional esteja<strong>em</strong> sincronia com a dimensão física. São fundamentais as ações educacionais so<strong>br</strong>ea dietoterapia, exercícios a<strong>de</strong>quados, assim como aquelas para adquirir novoshábitos <strong>de</strong> vida. Enfim, é <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância que o enfermeiro <strong>de</strong>senvolvapráticas educativas e capacite não só o paciente com doença crônica cardíaca, mastambém a família para ajudá-lo na a<strong>de</strong>são à terapêutica medicamentosa, noreconhecimento precoce dos fatores <strong>de</strong> risco e na a<strong>de</strong>são <strong>ao</strong>s hábitos <strong>de</strong> vidasaudável como controle <strong>de</strong> dieta, da glic<strong>em</strong>ia, da dislipi<strong>de</strong>mia e exercícios físicosregulares.Diante da perspectiva <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong>, observa-se que esta ésustentada pela concepção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> doença crônica cardíaca,caracterizadas como equilí<strong>br</strong>io, b<strong>em</strong>-estar e <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io e incapacida<strong>de</strong>,respectivamente. O equilí<strong>br</strong>io é o momento <strong>em</strong> que o ser humano encontra-se <strong>em</strong>plena normalida<strong>de</strong> quanto as suas dimensões biológica, psíquica, <strong>em</strong>ocional eespiritual. O conforto/b<strong>em</strong>−estar ocorre quando ele está b<strong>em</strong> com seu eu interior eexterior <strong>em</strong> proporção <strong>de</strong>vida, <strong>em</strong> conjunto com sua família e socieda<strong>de</strong>, o que traz


93para si um conforto amplo. O <strong>de</strong>sequilí<strong>br</strong>io surge quando as suas necessida<strong>de</strong>sbásicas não estão <strong>em</strong> harmonia, o que prejudica suas ativida<strong>de</strong>s cotidianas. Emcontrapartida, a incapacida<strong>de</strong> é aquilo que perturba a tranqüilida<strong>de</strong> do ser humanonas suas dimensões biopsicossocial e espiritual e que prejudica o estar consigomesmo <strong>em</strong> sua plenitu<strong>de</strong> e <strong>em</strong> totalida<strong>de</strong>.Todos esses aspectos estão ancorados no ambiente <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado, queestá interligado com a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> que o paciente crônico cardíaco convive, comos seus familiares, profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e comunida<strong>de</strong>. Esse ambiente po<strong>de</strong>ráinfluenciá-lo ou não, portanto, é provável haver uma transformação gradativa <strong>em</strong> seuespaço social.Esse é o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> que o enfermeiro realiza <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong> do pacientecrônico cardíaco. Um atendimento <strong>de</strong> maneira humanizada, com o olhar voltado àintegralida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse paciente, olhar que engloba amor, interação, envolvimento,proximida<strong>de</strong>, conhecimento técnico-científico e respeito <strong>ao</strong> contexto sociocultural<strong>de</strong>le.


94Figura 1 - Representação dos el<strong>em</strong>entos do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong>doença crônica cardíacaFONTE: O autor (2007)


956 CONSIDERAÇÕES FINAISNo caminho percorrido é importante manifestar a importância domestrado, no sentido do diálogo que estabeleci com os meus pares e com arealida<strong>de</strong> pesquisada, no intuito <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r <strong>ao</strong> probl<strong>em</strong>a que norteou estapesquisa: quais são os el<strong>em</strong>entos utilizados pelos enfermeiros no <strong>processo</strong> <strong>de</strong><strong>cuidar</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca? E, também, no intuito <strong>de</strong> atingir osobjetivos propostos: i<strong>de</strong>ntificar os el<strong>em</strong>entos do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> realizado peloenfermeiro <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca e <strong>de</strong>screver os el<strong>em</strong>entosevi<strong>de</strong>nciados no <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônicacardíaca, que são oferecidos pelos enfermeiros <strong>de</strong> um hospital <strong>de</strong> ensino nomunicípio <strong>de</strong> Curitiba.Por outro lado, quando iniciei a pesquisa, parti do pressuposto <strong>de</strong> queapós a implantação da SAEI, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1991, no hospital-foco <strong>de</strong>ste estudo, oenfermeiro <strong>de</strong>ssa instituição conheceria os meios, princípios do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> ecomo fundamentos utilizaria os mo<strong>de</strong>los teóricos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.Porém, a realida<strong>de</strong> encontrada foi outra, porque além <strong>de</strong> utilizar<strong>em</strong> váriosmo<strong>de</strong>los teóricos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> dos mais diversos paradigmas, <strong>de</strong>monstraram acarência <strong>de</strong> uma filosofia institucional que forneça a base para o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>,a partir <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo filosófico metodológico do <strong>cuidar</strong>/cuidado e <strong>de</strong> uma dimensãoepist<strong>em</strong>ológica. No entanto, n<strong>em</strong> por isso o enfermeiro <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter um papelrelevante no seu trabalho. Uma vez que a Enfermag<strong>em</strong> é ciência, arte e profissão,tida como além do saber fazer, utiliza-se <strong>de</strong> conhecimento específico e <strong>de</strong> outrossaberes que ancoram o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> raciocínios, julgamentos clínicos,tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, sensibilida<strong>de</strong>s e profissionalismo dos enfermeiros, para queconsigam sustentar com argumentos consistentes suas <strong>de</strong>cisões e ações <strong>ao</strong>s seuspares e à equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Enfim, a prática do <strong>cuidar</strong>/cuidado é manifestada peloenfermeiro com significativa importância, mediante ação efetiva, humana, calcada<strong>em</strong> conhecimentos específicos, visto que é oferecida <strong>ao</strong>s doentes: seres integrados,ativos e com sentimentos.Ainda, verificou-se que há alguns vocábulos referentes à SAE e <strong>ao</strong><strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> que têm diferentes significados para os enfermeiros como, porex<strong>em</strong>plo: o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> é uma aproximação para o <strong>de</strong>senvolvimento da


96<strong>em</strong>patia e, <strong>ao</strong> mesmo t<strong>em</strong>po, está relacionado <strong>ao</strong>s sintomas físicos, <strong>ao</strong> diagnósticomédico e <strong>ao</strong> da enfermag<strong>em</strong>, mas compreen<strong>de</strong>m que é uma ativida<strong>de</strong> daenfermag<strong>em</strong>. Os enfermeiros <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> seu <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> por meio dasações nas dimensões técnicas e expressivas, durante a visita diária <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.Tais dimensões não ocorr<strong>em</strong> isoladamente, mas cada qual t<strong>em</strong> sua magnitu<strong>de</strong>,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> como acontece a interação/vínculo entre profissional e paciente.Outro aspecto que chamou atenção foi o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, como prática<strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/ cuidado. O enfermeiro está consciente <strong>de</strong> que precisa <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong>conhecimento próprio para cada especialida<strong>de</strong> e ele busca, <strong>de</strong>ntro do seu ambiente<strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, os conhecimentos necessários para si <strong>em</strong> suas ações <strong>de</strong> julgamentoclínico para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões necessárias <strong>ao</strong> <strong>cuidar</strong>, assim como para orientaros m<strong>em</strong><strong>br</strong>os da equipe <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. Apesar do t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>ssesenfermeiros ser, <strong>em</strong> média, <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenove (19) anos e cinco (5) meses e levando-se<strong>em</strong> conta que naquela época o enfermeiro era formado no mo<strong>de</strong>lo biomédico, apesquisa aponta que há, por parte <strong>de</strong>les uma atualização <strong>em</strong> seu fazer e pensar.É importante salientar também o extr<strong>ao</strong>rdinário <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho doenfermeiro neste cenário <strong>de</strong> atuação: o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> como promoção à saú<strong>de</strong>,no qual se configuram as ações do enfermeiro <strong>de</strong>ste estudo. Suas ações direcionamsecontinuamente no sentido <strong>de</strong> mediar o conhecimento para reduzir e/ou amenizaros fatores <strong>de</strong> risco dos pacientes crônicos cardíacos, a fim <strong>de</strong> proporcionar-lhes umaconscientização do quanto isso é relevante para a sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Cabe <strong>ao</strong>enfermeiro, da mesma forma, encorajar os pacientes para o autocuidado e estimulálosa encontrar<strong>em</strong> a maneira a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> lidar com o seu b<strong>em</strong>-estar físico,psíquico, <strong>em</strong>ocional e espiritual por meio das ações <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado como:orientações, educação à saú<strong>de</strong>, ambientação durante a internação e conhecimentoso<strong>br</strong>e a doença.Portanto, verificou-se que os el<strong>em</strong>entos do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> para osenfermeiros <strong>de</strong>ste estudo são o <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> suas duas dimensões, técnica eexpressiva, como fundamento, a prática <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado como meio e a promoçãoà saú<strong>de</strong> como princípio.Desse modo, os profissionais manifestam algumas propostas, visto quehá vários mo<strong>de</strong>los teóricos que subsidiam a prática, sendo necessário, no entanto,ter o referencial institucional na mesma. Assim, enumeram-se as sugestões: revisão<strong>de</strong> conceitos e pressupostos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> o paciente crônico cardíaco,


97elaboração <strong>de</strong> diretrizes para o atendimento e o <strong>cuidar</strong>/cuidado específico paraesses tipos <strong>de</strong> pacientes. Tais solicitações <strong>de</strong>verão estar inseridas na filosofia doServiço <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>.Assim, espera-se que a realização <strong>de</strong>sta pesquisa tenha contribuído paraum repensar do saber e do saber fazer <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> que são aplicados durante o<strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>, seja na prática, no ensino ou na pesquisa dos enfermeiros, quersejam assistenciais, docentes ou discentes. Espera-se também que os gestores dosServiços <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> ou os dirigentes <strong>de</strong> Instituições <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> proporcion<strong>em</strong>condições para um ambiente <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>/cuidado saudável e <strong>de</strong> interação/vínculo comos pacientes, a família e a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pois como seres humanos inseridos noPlaneta precisam ser olhados com dignida<strong>de</strong>, compreensão e solidarieda<strong>de</strong>.Acredita-se que o enfermeiro, <strong>ao</strong> oferecer o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> nessamagnitu<strong>de</strong> apresentada, é gente que cuida <strong>de</strong> gente, mas não basta só isso. Esseprofissional precisa ser visível, ter <strong>em</strong>po<strong>de</strong>ramento perante a equipe <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>, a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a socieda<strong>de</strong>, como coadjuvante do <strong>processo</strong> <strong>de</strong><strong>cuidar</strong> <strong>de</strong>sses pacientes.É com otimismo que termino esta dissertação, na esperança <strong>de</strong> que oenfermeiro busque no seu caminhar profissional, seja na prática, no ensino ou napesquisa, todos os dias, um saber, um fazer e um ser enfermag<strong>em</strong> comconhecimento, compreensão, <strong>em</strong>patia, envolvimento, proximida<strong>de</strong>, solidarieda<strong>de</strong> edignida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> todas as dimensões do ser humano, como um agente inovador,mo<strong>de</strong>rador e transformador do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>.


98REFERÊNCIASABREU, R. et al.. Análise da produção do conhecimento <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong> acerca dat<strong>em</strong>ática hipertensão arterial, 1995 a 2005. Online Brazilian Journal of Nursing,Rio <strong>de</strong> Janeiro, v.5, n.3, 2006. Disponível <strong>em</strong>: http://www.uff.<strong>br</strong>/objnursing/viewarticle.php id=789. Acesso <strong>em</strong>: 27/2 2007.ALFARO-LEFEVRE, R. Aplicação do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>–promoção docuidado colaborativo. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2005.ALMEIDA, M. C. P.; ROCHA, J. S. Y. O saber <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> e sua dimensão. 2.ed. São Paulo: Cortez, 1989.ANDRADE, A. C. A enfermag<strong>em</strong> não é mais uma profissão submissa. RevistaBrasileira <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Brasília, v.60, n.16, p. 96-98, jan./fev. 2007.ARAÚJO, S.; ARAÚJO, I. E. M. Princípios básicos <strong>de</strong> fisiologia cardiocirculatória. In:ARAÚJO, C. E.; NISHIDE, V. M.; NUNES, W. A. (Org.). Assistência <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong> paciente grav<strong>em</strong>ente enfermo. São Paulo: Atheneu, 2003. p. 201-222.ATKINSON, L. D. et al.. Fundamentos <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>: introdução <strong>ao</strong> <strong>processo</strong> <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara, 1989.BALDUINO, A. F. A. Histórico da metodologia da assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>informatizada. Curitiba: 1993. mimeografado.BALDUINO, A. F. A.; PERES, A. M.; CARRARO, T. E. A metodologia daassistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> informatizada−MAEI. In: CARRARO, T. E.;Westphalen, M. E. A. Metodologia para a assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>: teorização,mo<strong>de</strong>los e subsídios para a prática. Goiânia: AB, 2001. p.101-113.BALDUINO, A. F. A. et al.. Um marco <strong>de</strong> referência para a prática da enfermeira àpacientes com doenças crônicas à luz da teoria <strong>de</strong> Wanda <strong>de</strong> Aguiar Horta. CogitareEnfermag<strong>em</strong>, Curitiba, v.12, n.1, p.89-94, jan./mar. 2007.BARDIN, l. Análise <strong>de</strong> conteúdo. Lisboa: Ed. 70, 1977.BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R.; KYELLSTRON, T. Epi<strong>de</strong>miologia básica. 3. ed.São Paulo: Santos, 2003.BETINELLI, L. A.; WASKIEVICZ, J.; ERDMANN, A. L. Humanização do cuidado noambiente hospitalar. O Mundo da Saú<strong>de</strong>, São Paulo, v.27, n.2, p.231-239, a<strong>br</strong>./jun.2003BITTES, A. J. et al.. Princípios científicos como instrumento básico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.In: CIANCIARULLO, T. I. (Org.). Um <strong>de</strong>safio para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência. SãoPaulo: Atheneu, 2005. p. 39-46.


99BOBROFF, M. C. C. I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong> cuidado afetivoexpressivosno aluno <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>: construção <strong>de</strong> instrumento. 149 f.Dissertação (Mestrado) - Centro <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>, Escola <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong>Ribeirão Preto, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Ribeirão Preto, 2003.BOFF, l. Saber <strong>cuidar</strong>: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes2004.BORK, A. M. T. Enfermag<strong>em</strong> <strong>de</strong> excelência: da visão à ação. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Koogan, 2003.BRASIL, Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretária <strong>de</strong> Assistência à Saú<strong>de</strong>. Conselho Nacional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Diretrizes e normas regulamentadoras <strong>de</strong> pesquisa envolvendo sereshumanos. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1996._____. Conjunto <strong>de</strong> ações para a redução multifatorial das enfermida<strong>de</strong>s não–transmissíveis. Projeto CARMEN, Protocolo Nacional. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>,2000._____. Inquérito domiciliar so<strong>br</strong>e comportamento <strong>de</strong> risco e morbida<strong>de</strong> referida<strong>de</strong> doenças e agravos não-transmissíveis. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2003.Disponível <strong>em</strong>: http://portal.sau<strong>de</strong>.gov.<strong>br</strong>/portal/svs/area.cfm?id_area=448. Acesso<strong>em</strong>: 02/12/2006._____. Política nacional <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>. Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>,2006a. Disponível <strong>em</strong>:http://portal.sau<strong>de</strong>.gov.<strong>br</strong>/portal/arquivos/pdf/portaria687_2006_anexo1.pdf. Acesso<strong>em</strong>: 15/07/2007._____.Saú<strong>de</strong> Brasil 2006: uma análise da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>. Brasília:Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2006b. Disponível <strong>em</strong>: http://portal.saú<strong>de</strong>.gov.<strong>br</strong>. Acesso <strong>em</strong>12/6/2007.BURMESTER, A. M. O. et. al.. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná: 90 anos <strong>em</strong>construção. Curitiba: Ed. da UFPR, 2002.CARPENITO, L. J. Planos <strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> e documentação:diagnóstico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> e probl<strong>em</strong>as colaborativos. 2. ed. Porto Alegre: ArtesMédicas, 1999.CARRARO, T. E. Enfermag<strong>em</strong> e assistência: resgatando Florence Nightingale.Goiânia: AB, 1997.CARRARO, T. E.; Westphalen, M. E. A. Metodologia para a assistência <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>: teorização, mo<strong>de</strong>los e subsídios para a prática. Goiânia: AB, 2001.CARTANA, M.H.F.; HECK, R.M. Contribuições da antropologia na enfermag<strong>em</strong>:refletindo so<strong>br</strong>e a doença. Texto & Contexto Enfermag<strong>em</strong>, Florianópolis, v.6, n.3,p.233-240, set./<strong>de</strong>z. 1997.


100CARVALHO, V. Cuidando, pesquisando e ensinado: acerca <strong>de</strong> significados eimplicações para a prática da enfermag<strong>em</strong>. Revista Latino-Americana <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>, Ribeirão Preto, v.12, n.5, 2004. Disponível <strong>em</strong>:http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo. Acesso <strong>em</strong>: 08/11/ 2006.CAMPEDELLI, M. C. et al.. Processo <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> na prática. São Paulo: Ática,1989.CELICH, K. L. S. Dimensões do <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>: a visão das enfermeiras. Rio<strong>de</strong> Janeiro: EPUB, 2004.CÉSAR, L. A. M. FERREIRA, J. F. M. Seguimento clínico <strong>de</strong> <strong>portador</strong>es <strong>de</strong>cardiopatia isquêmica crônica e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> revascularização direta do miocárdio.Revista da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cardiologia <strong>de</strong> São Paulo, v.11, n.1, p.113-119, jan./fev.2001.CIANCIARULLO, T. I. Instrumentos básicos para o <strong>cuidar</strong>: um <strong>de</strong>safio para aqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência. São Paulo: Atheneu, 2005.CIANCIARULLO, T. I. et al.. Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>: evolução etendências. São Paulo: Ícone, 2001.CINTRA, E. A.; NISHIDE, V. M.; NUNES, W. A. Assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> <strong>ao</strong>paciente grav<strong>em</strong>ente enfermo. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003.CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Documentos básicos/ConselhoFe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>. 8. ed. Natal, 2002.CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO PARANÁ. Resoluções Cofen.Disponível <strong>em</strong>: http://www.corenpr.org.<strong>br</strong>/legislac<strong>ao</strong>/in<strong>de</strong>x.htm. Acesso <strong>em</strong>:02/09/2007.COSTA, V. T.; ALVES, P. C.; LUNARDI, V. L. Vivendo uma doença crônica e falandoso<strong>br</strong>e ser cuidado. Revista <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v.14, n.1, p.27-31, jan./mar. 2006.COSTENARO, R. G. S.; LACERDA, M. R. Qu<strong>em</strong> cuida <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> cuida? Qu<strong>em</strong>cuida do cuidado? 2. ed. Santa Maria: Unifra, 2002.DAHER, D. V.; SANTOS, F. H. E.; ESCUDEIRO, C. L. Cuidar e pesquisar: práticascompl<strong>em</strong>entares e exclu<strong>de</strong>ntes? Revista Latino - Americana <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>,Ribeirão Preto, v.10, n.2, 2002. Disponível <strong>em</strong>: http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo. Acesso<strong>em</strong>: 08/06/2007.DANIEL, L. F. A Enfermag<strong>em</strong> planejada. 3. ed. São Paulo: EPU. 1981.DELANDES, S. F. Análise do discurso oficial so<strong>br</strong>e a humanização da assistênciahospitalar. Ciência & Saú<strong>de</strong> Coletiva, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v.9, n.1, 2004. Disponível <strong>em</strong>:http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo. Acesso <strong>em</strong>: 08/072007.


101DOENGES, M. E.; MOORHOUSE, M. F. Diagnóstico e intervenções <strong>em</strong>enfermag<strong>em</strong>. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa.Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira,1999.FIQUEIREDO, N. M. A., STIPP, M. A. C.; LEITE, J. L. Cuidando <strong>de</strong> clientescardiopáticos. São Caetano do Sul: Difusão, 2004.FIQUEIREDO, N. M. A.; SANTOS, I. Introduzindo a enfermag<strong>em</strong> clínica no ambienteterapêutico hospitalar: In: SANTOS, I. et al.. (Org.) Enfermag<strong>em</strong> assistencial noambiente hospitalar: realida<strong>de</strong>, questões, soluções. São Paulo: Atheneu, 2004.Série atualização <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>; v. 2.FRANÇA, H. H. O paradoxo da Doença Coronariana. Arquivos Brasileiros <strong>de</strong>Cardiologia, São Paulo, v. 79, n. 4, p.419-421, 2002. Disponível <strong>em</strong>:http://www.arquivosonline.com.<strong>br</strong>/pesquisartivos. Acesso <strong>em</strong> 05/07/ 2007.FREITAS, F. G. A responsabilida<strong>de</strong> ético-legal do enfermeiro. In: OGUISSO, T.(Org.). Trajetória histórica e legal da enfermag<strong>em</strong>. Barueri: Manole, 2005. p. 73-200.GEORGE, J. B. Teorias <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>: os fundamentos para a práticaprofissional. Trad. Regina Machado Garces. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.GIL, A. C. Como elaborar projeto <strong>de</strong> pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.HEIDMANN, I.T.B. et al.. Promoção à saú<strong>de</strong>: trajetória <strong>de</strong> suas concepções. Texto &Contexto Enfermag<strong>em</strong>, Florianópolis, v.15, n.2, p.352-358, a<strong>br</strong>./jun. 2006.HELMAN, C. G. Cultura, saú<strong>de</strong> & doença. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.HORTA, W. A. Processo <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. São Paulo: EPU, 2005.HUMEREZ, D. C. Consi<strong>de</strong>rações éticas gerais para o cuidado <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> dopaciente na clínica: In: BARROS, A. L. B. L. et al.. (Org.). Anamnese e examefísico: avaliação diagnóstica <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> no adulto. Porto Alegre: Artmed, 2002.p. 51-55.IDE, C. C. A.; DOMENICO, E. B. L. Ensinando a apren<strong>de</strong>ndo um novo estilo <strong>de</strong><strong>cuidar</strong>. São Paulo: Atheneu, 2001.INTERNATIONAL COUNCIL OF NURSES. CIPE – Beta 2 ClassificaçãoInternacional para Prática <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> Beta 2. Trad. Heimar <strong>de</strong> Fátima Marin.São Paul, 2003.INTERNATIONAL COUNCIL OF NURSES. CIPE Versão 1. ClassificaçãoInternacional para Prática <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> Versão 1. Trad. Heimar <strong>de</strong> FátimaMarin. São Paulo: 2007.


102IYER, P. W.; TAPTICH, B. J.; BERNOCCHI-LOSEY, D. Processo e diagnóstico <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong>. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.KLETEMBERG, D. F. A metodologia da assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> no Brasil:uma visão histórica. 105 f. Dissertação (Mestrado) - Centro <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>,Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, Curitiba, 2004.KRON, T. Manual <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. Trad. Giuseppe Taranto, Hégueno OliveiraCelino, Nelson Gomes <strong>de</strong> Oliveira. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Interamericana, 1978.LABRONICI, L. M. Erros propiciando a compreensão da sexualida<strong>de</strong> dasenfermeiras. 135 f. Tese (Doutorado) - Centro <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>. Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral da Santa Catarina, Florianópolis, 2002.LACERDA, M. R. As relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e cuidado terapêutico. CogitareEnfermag<strong>em</strong>, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 43-59, jan./jun. 1999.LACERDA, M. R.; ZAGONEL, I., MARTINS, S. Padrões do conhecimento <strong>de</strong>enfermag<strong>em</strong> e sua interface <strong>ao</strong> atendimento domiciliar à saú<strong>de</strong>: revisão <strong>de</strong> literatura.Online Brazilian Journal of Nursing, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v. 5, n. 2, p. 1-12, ago., 2006.Disponível <strong>em</strong>: http://www.uff.<strong>br</strong>.objnursing/in<strong>de</strong>x.php/nursing/article/view/293/59.Acesso <strong>em</strong>: 02/09/2007.LEOPARDI, M. T.; GELBCKE, F. L.; RAMOS, F. R. S. Cuidado: objeto <strong>de</strong> trabalhoou objeto epist<strong>em</strong>ológico da enfermag<strong>em</strong>? Texto & Contexto Enfermag<strong>em</strong>,Florianópolis, v. 10, n. 1, p.32-49, jan./a<strong>br</strong>. 2001.LEOPARDI, M. T. Teorias <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>: instrumentos para a prática.Florianópolis: Papa-Livros, 1999.LESSA, I. O adulto <strong>br</strong>asileiro e as doenças da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> - epi<strong>de</strong>miologia dasdoenças crônicas não–transmissíveis. São Paulo: Hucitec, 1998.LUCENA, A. F. et al.. Construção do conhecimento e do fazer enfermag<strong>em</strong> e osmo<strong>de</strong>los assistenciais. Revista da Escola <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> da USP, São Paulo, v.40 n. 2, p.292-298, 2006. Disponível <strong>em</strong>:http://www.scielo.<strong>br</strong>/pdf/rlae/v15n1/pt_v15n1a24.pdf. Acesso <strong>em</strong>: 15/072007.MARIN, H. F. Informática <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>. São Paulo: EPU, 1995.MARTINS, L. M.; FRANÇA, A. P. D.; KIMURA, M. Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> pessoascom doença crônica. Revista Latino-Americana <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Ribeirão Preto,v. 4, n. 3, 1996. Disponível <strong>em</strong>: http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo. Acesso <strong>em</strong>: 28/06/2007.MEIER, J. M. Tecnologia <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>: <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um conceito. 216 f.Tese (Doutorado) - Centro <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da SantaCatarina, Florianópolis, 2004.MELO, E. C. P. Saú<strong>de</strong> e doença no Brasil: como analisar os dadosepi<strong>de</strong>miológicos. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nacional, 2001.


103MIOTO, R. C. T. Do conhecimento que t<strong>em</strong>os à integração que faz<strong>em</strong>os: umareflexão so<strong>br</strong>e atenção às famílias no âmbito das políticas sociais. In: ALTHOFF, C.R.; ELSEN, I.; NITSCHKE, R. G. (Org.). Pesquisando a família olharescont<strong>em</strong>porâneos. Florianópolis: Papa–Livro, 2004. p. 107-114.MORAES, R. Uma t<strong>em</strong>pesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz: a compreensão possibilida<strong>de</strong> pela análisetextual discursiva. Ciências & Educação, São Paulo, v. 9, n. 2, p.191-211, 2003.MOREIRA, A. A profissionalização da enfermag<strong>em</strong>: In: OGUISSO, Taka. Trajetóriahistórica e legal da enfermag<strong>em</strong>. Barueri: Manole, 2005. p. 98-119.NERY, M. E. S; VANZIN, A. S. Enfermag<strong>em</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> pública: fundamentaçãopara o exercício da enfermag<strong>em</strong> na comunida<strong>de</strong>. 3. ed. Porto Alegre: RM&L, 2002.NEVES, E. P. As dimensões do <strong>cuidar</strong> <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>: concepções teóricofilosóficas.Escola Anna Nery Revista <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v. 6, supl.1, p. 79-92, <strong>de</strong>z. 2002.O’CONNOR, Fr. T. O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Cuidar. O Mundo da Saú<strong>de</strong>. São Paulo: v. 24, n.4, p.328, jul./ago. 2000.OGUISSO, T. As origens da prática do <strong>cuidar</strong>. In: OGUISSO, T. (Org.) Trajetóriahistórica e legal da enfermag<strong>em</strong>. Barueri: Manole, 2005. p. 3-29.ORGANIZAÇÃO Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Cuidados inovadores para condiçõescrônicas: componentes estruturais <strong>de</strong> ação; relatório mundial. Brasília, 2003.ORGANIZAÇÃO Pan–Americana da Saú<strong>de</strong>. CARMEN - Iniciativa para aprevenção integrada <strong>de</strong> doenças não-transmissíveis nas Américas. Brasília,2003a._____. Doenças crônico-<strong>de</strong>generativas e obesida<strong>de</strong>: estratégia mundial so<strong>br</strong>ealimentação saudável, ativida<strong>de</strong> física e saú<strong>de</strong>. Brasília, 2003b.PADILHA, M. I. C. S.; SOBRAL. V.; SILVEIRA. M. F. Histórias do cuidado e daenfermag<strong>em</strong>. In: SANTOS, I. et al.. Enfermag<strong>em</strong> fundamental: realida<strong>de</strong>, questões,soluções. São Paulo: Atheneu, 2002. p. 55-76.PAIM, R. C. N. Probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> e terapia centrada nas necessida<strong>de</strong>sdo paciente. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1978.PAIM, L. Probl<strong>em</strong>as prescrições e planos: estilo <strong>de</strong> assistência <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>.Ca<strong>de</strong>rnos Científicos ABEN, n. 1, p. 5-55, 1978.PASSOS, E. S. De anjos a mulheres: I<strong>de</strong>ologias e valores na formação <strong>de</strong>enfermeiros. Salvador: EDUFBA / EGBA, 1996.PESSINI, L. Saú<strong>de</strong>, religião e espiritualida<strong>de</strong> [editorial]. O Mundo da Saú<strong>de</strong>, SãoPaulo, v. 24, n. 6, p. 435-436, 2000.


104PESSINI, L. et al.. Humanização <strong>em</strong> saú<strong>de</strong>: o resgate do ser com competênciascientífica. [editorial]. O Mundo da Saú<strong>de</strong>. São Paulo. v. 27, n. 2, p. 203-205, a<strong>br</strong>./jun.,2003.PINHO, I. C., SIQUEIRA, J. C. B. A., PINHO, L. M. O. As perspectivas do enfermeiroacerca da integralida<strong>de</strong> da assistência. Revista Eletrônica <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>,Goiânia, v.8, n.1, p. 42-51, 2006. Disponível <strong>em</strong>:http://www.fen.ufg.<strong>br</strong>/revista/revista8_1/original_5.htm. Acesso <strong>em</strong> 15/07/2007.PIRES, M. R. G. M. Politicida<strong>de</strong> do cuidado como referência <strong>em</strong>ancipatória para aenfermag<strong>em</strong>: conhecer para <strong>cuidar</strong> melhor <strong>cuidar</strong> para confrontar, <strong>cuidar</strong> para<strong>em</strong>ancipar. Revista Latino-Americana <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Ribeirão Preto, v.13, n.5,2005. Disponível <strong>em</strong>: http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo. Acesso <strong>em</strong>: 28/07/2007.POLIT, D. F.; HUNGLER, B. P Fundamentos <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>. Trad.Regina Machado Garcez. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1995.POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong>enfermag<strong>em</strong>: métodos, avaliação e utilização. Trad. Ana Thorell. 5. ed. Porto Alegre:Artmed, 2004.PRAÇA, N. S.; MERIGHI, M. A. B. Pesquisa qualitativa <strong>em</strong> enfermag<strong>em</strong>. In:MERIGHI, M. A. B.; PRAÇA DE SOUZA, N. Abordagens teórico-metodológicasqualitativas: vivência da mulher no período reprodutivo. São Paulo: GuanabaraKoogan, 2003. p. 1-3.RABELO, E. R. et al.. O que ensinar <strong>ao</strong>s pacientes com insuficiência cardíaca e porquê: o papel dos enfermeiros <strong>em</strong> clínicas <strong>de</strong> insuficiência cardíaca. Revista Latino -Americana <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Ribeirão Preto, v. 15, n. 1, 2007. Disponível <strong>em</strong>:http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo. Acesso <strong>em</strong>: 15/072007.RADUNZ, V. Cuidando e se cuidando: fortalecendo o self do cliente oncológico e oself da enfermeira. 2. ed. Goiânia: AB, 1999.REMEN, N. O paciente como ser humano. Trad. Denise Bolanhol. São Paulo:Summus, 1993.RIBEIRO, D. S.; MANTOVANI, M. F. Caminhando para a cronicida<strong>de</strong>: asrepresentações do adoecimento <strong>em</strong> adultos com dor torácica aguda. CogitareEnfermag<strong>em</strong>, Curitiba, v.6, n.1, p. 97-104, jan./jun. 2001.ROCHA, S. M. M.; ALMEIDA, M. C. P. O <strong>processo</strong> <strong>de</strong> trabalho da enfermag<strong>em</strong> <strong>em</strong>saú<strong>de</strong> coletiva e a interdisciplinarida<strong>de</strong>. Revista Latino-Americana <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>, Ribeirão Preto, v. 8, n. 6, 2000. Disponível <strong>em</strong>:http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo. Acesso <strong>em</strong>: 15/07/2007.ROCHA, K. P. W. F. A educação <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> no ambiente hospitalar. Nursing, SãoPaulo, v. 108, n. 9, p.216-221, 2007.


105ROLIM, K. M. C.; PAGLIUCA, L. M. F.; CARDOSO, M. V. L. M. L. Análise da teoriahumanística e a relação interpessoal do enfermeiro no cuidado <strong>ao</strong> recém-nascido.Revista Latino-Americana <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Ribeirão Preto, v.13, n.3, 2005.Disponível <strong>em</strong>: http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo. Acesso <strong>em</strong>: 08/08/2006.ROSSI, F. R.; SILVA, M. A. D. Fundamentos para <strong>processo</strong>s gerenciais na prática docuidado. Revista da Escola <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> da USP, São Paulo, v. 39, n. 4, 2005.Disponível <strong>em</strong>: http://www.ee.usp.<strong>br</strong>/reeusp/upload/pdf/68.pdf. Acesso <strong>em</strong>:08/07/2007.RUDIO, F. V. Introdução <strong>ao</strong> projeto <strong>de</strong> pesquisa científica. Petrópolis: Vozes,2004.SAMPAIO, L. A. B. N.; PELLIZZETTI, N. Método científico–instrumento básico daenfermeira. In: CIANCIARULLO, T. I. (Org.). Um Desafio para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>assistência. São Paulo: Atheneu, 2005. p. 25-38.SANTOS, I. et al.. Enfermag<strong>em</strong> assistencial no ambiente hospitalar: realida<strong>de</strong>,questões, soluções. São Paulo: Atheneu, 2004.SILVA, D. M. G. V. et al.. Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida na perspectiva <strong>de</strong> pessoas comprobl<strong>em</strong>as respiratórios crônicos: a contribuição <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> convivência.Revista Latino-Americana <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong>, Ribeirão Preto, v. 3, n. 1, 2005.Disponível <strong>em</strong>: http://www.scielo.<strong>br</strong>/scielo. Acesso <strong>em</strong>: 22/082007.SOUZA, M. L. et al.. O cuidado <strong>em</strong> Enfermag<strong>em</strong> - uma aproximação teórica. Texto eContexto Enfermag<strong>em</strong>, Florianópolis, v.14, n. 2, a<strong>br</strong>./jun. 2005.SOUZA, S.P.S.; LIMA, R.A.G. Condição crônica e normalida<strong>de</strong>: rumo <strong>ao</strong> movimentoque amplia a potência <strong>de</strong> agir e ser feliz. Revista Latino-Americana <strong>de</strong>Enfermag<strong>em</strong>, São Paulo, v. 15, n. 1, 2007. Disponível <strong>em</strong>:http://www.scielo.<strong>br</strong>/pdf/rlae/v15n1/pt_v15n1a23.pdf. Acesso <strong>em</strong> 15/07/ 2007.STEFANELLI, M. C. CARVALHO, E. C. Comunicações nos diferentes contextosda enfermag<strong>em</strong>. Barueri: Manole. 2005.TEIXEIRA, R. C.; LACERDA, M. R.; MANTOVANI, M. F. A dimensão expressivado cuidado <strong>em</strong> domicílio: um <strong>de</strong>spertar a partir da prática docente. Curitiba, 2007.Apresentado na vivência da prática <strong>de</strong> docência do curso <strong>de</strong> pós - graduação <strong>em</strong>enfermag<strong>em</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.TOBAR, F.; YALOUR, M. R. Como fazer teses <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> pública: conselhos eidéias para formular projetos e redigir teses e informes <strong>de</strong> pesquisa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Fiocruz, 2003.TURATO, E. R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico–qualitativa:construção teórico-epist<strong>em</strong>ológica discussão comparada e aplicação nas áreas dasaú<strong>de</strong> e humanos. Petrópolis: Vozes, 2003.


106UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Hospital <strong>de</strong> Clínicas. Relatórios <strong>de</strong>Ativida<strong>de</strong>s 2005 [on-line]. Disponível:http://www.hc.<strong>ufpr</strong>.<strong>br</strong>/fol<strong>de</strong>r2006/menu/in<strong>de</strong>x.html. Acesso <strong>em</strong>: 06/09/ 2007VOLICH, R. M. O <strong>cuidar</strong> e o sonhar: por uma outra visão da ação terapêutica e doato educativo. O Mundo da Saú<strong>de</strong>, São Paulo, v. 24, n. 4, p.237-245, jul./ago. 2000.WALDOW, V. R. Definições <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> e assistir: uma mera questão <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ântica?Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre. v.19, n. 1, p. 20-32, jan. 1998._____. Cuidado humano: o resgate necessário. 3. ed. Alegre: Sagra Luzzato,2001a._____. O <strong>cuidar</strong> humano: reflexões so<strong>br</strong>e o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong> versus o<strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong>. Revista <strong>de</strong> Enfermag<strong>em</strong> UERJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v. 9, n. 3, p.284-293, set./<strong>de</strong>z. 2001b._____. O cuidado na saú<strong>de</strong>: as relações entre o eu, o outro e o cosmo. Petrópolis:Vozes, 2004._____. Estratégias <strong>de</strong> ensino na enfermag<strong>em</strong>: enfoque no cuidado e nopensamento crítico. Petrópolis: Vozes, 2005._____. Cuidar expressão humanizadora da enfermag<strong>em</strong>. Petrópolis: Vozes,2006.WALL, M. L. Metodologia da assistência: um elo entre a enfermag<strong>em</strong> e a mulhermãe. (Dissertação) - Centro <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da SantaCatarina, Florianópolis, 2000.WOODS, S. L.; FROELICHER, E. S. S.; MOTZER, S. A. U. Enfermag<strong>em</strong> <strong>em</strong>cardiologia. Trad: Shizuka Ishii. Barueri: Manole, 2005.YUSUF, S.; HAWKEN, S.; OUNPUU, S. Effect of potentially modifiable risk factorsassociated with myocardial infarction in 52 countries (the INTERHEART Study).Lancet, London, v. 364, p. 937-952, 2004.ZANEI, A. S. V. et al.. Avaliação − instrumento básico <strong>de</strong> enfermag<strong>em</strong>. In:CIANCIARULLO, T. I. (Org.). Um Desafio para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência. SãoPaulo: Atheneu, 2005. p. 111-135.


APÊNDICES107


108APÊNDICE 1ROTEIRO DA ENTREVISTATÍTULO: O PROCESSO DE CUIDAR EM ENFERMAGEM AO PORTADOR DE DOENÇA CRÔNICACARDÍACAQUESTÃO NORTEADORA: Quais são os el<strong>em</strong>entos utilizados pelos enfermeiros no <strong>processo</strong> <strong>de</strong><strong>cuidar</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca?Para <strong>de</strong>senvolvermos o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> <strong>ao</strong> <strong>portador</strong> <strong>de</strong> doença crônica cardíaca, por gentilezarespon<strong>de</strong>r às questões abaixo.Data: __________________ Início: ___________ Término: _________CARACTERÍSTICAS DO ENFERMEIRO1. Sexo F<strong>em</strong>inino ( ) Masculino ( )2. T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> formado (a) __3. T<strong>em</strong>po que trabalha com pacientes crônicos ___4. Há quanto t<strong>em</strong>po trabalha com paciente crônico cardíaco?QUESTÕES GUIAS1. O que é para você paciente crônico cardíaco?2. O que você enten<strong>de</strong> por <strong>cuidar</strong>/cuidado um paciente crônico cardíaco3. O que você enten<strong>de</strong> por “<strong>processo</strong>” <strong>de</strong> <strong>cuidar</strong> um paciente crônico cardíaco?


109APÊNDICE 2TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOEu li e discuti com o investigador responsável pelo presente estudo os <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong>scritosneste documento. Entendo que eu sou livre para aceitar ou recusar, e que eu posso interromperminha participação a qualquer momento s<strong>em</strong> dar uma razão. Eu concordo que os dados coletadospara o estudo sejam usados para o propósito acima <strong>de</strong>scrito.Eu entendi a informação apresentada nesse termo <strong>de</strong> consentimento. Eu tive <strong>ao</strong>portunida<strong>de</strong> para fazer perguntas e todas as minhas perguntas foram respondidas.Informado.Eu receberei uma cópia assinada e datada <strong>de</strong>sse Documento <strong>de</strong> Consentimento___________________________________________________________NOME DO ENFERMEIROASSINATURADATA___________________________________________________________NOME DO INVESTIGADORASSINATURADATA(Pessoa que tomou o TCLE)


ANEXOS110


111ANEXO 1AUTORIZAÇÃO PARA CONSTAR O NOME DA INSTITUIÇÃO NO RELATÓRIO


112ANEXO 2PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!