68cursos mais curtos, <strong>de</strong> natureza específica, e <strong>de</strong> sentido profissionalizante, ao mesmo t<strong>em</strong>poque contribuiria para a redução da evasão e a massificação do sist<strong>em</strong>a, serviria <strong>de</strong> estímulopara o retorno à escola <strong>de</strong> trabalhadores adultos já inseridos no mercado <strong>de</strong> trabalho.Outro argumento bastante comum, expressado <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa das políticas <strong>de</strong>diversificação, ressalta a necessida<strong>de</strong> da criação <strong>de</strong> cursos superiores para o atendimento <strong>de</strong><strong>de</strong>mandas específicas. O <strong>de</strong>senvolvimento dos vários ramos científicos t<strong>em</strong> levado a umafragmentação contínua das profissões.Na Medicina, no Direito, nas Engenharias, naContabilida<strong>de</strong> e <strong>em</strong> outras carreiras, a especialização é uma tendência irreversível.Acomplexida<strong>de</strong> e extensão dos conhecimentos acumulados estão contribuindo para o<strong>de</strong>saparecimento dos profissionais generalistas, que estão dando lugar a uma ampla gama <strong>de</strong>especialistas, <strong>em</strong> todos os ramos do conhecimento.Nesse sentido, a criação <strong>de</strong> cursosvoltados para subcampos das várias ciências (por ex<strong>em</strong>plo, Recursos Humanos paracontadores) t<strong>em</strong> sido encarada como uma iniciativa importante no sentido <strong>de</strong> favorecer ainserção profissional dos estudantes. A graduação tradicional, sob essa ótica, estaria <strong>de</strong>fasada<strong>em</strong> relação a essa exigência por oferecer uma visão geral <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as, s<strong>em</strong>aprofundar nenhum.Não po<strong>de</strong>mos simplesmente rotular <strong>de</strong> conservador o posicionamento daqueles queconsi<strong>de</strong>ram a diversificação um passo a frente no sentido <strong>de</strong> promover a <strong>de</strong>mocratização doacesso à educação <strong>de</strong> nível superior. Certas idéias, <strong>de</strong>scontextualizadas, po<strong>de</strong>m parecerprogressistas, mas quando inseridas <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminada totalida<strong>de</strong>, revelam implicações que n<strong>em</strong>s<strong>em</strong>pre se enquadram nessa categoria.Até mesmo os <strong>de</strong>fensores mais entusiasmados das recentes “reformas” <strong>em</strong>preendidasno sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ensino superior brasileiro terão que concordar, se quiser<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrar ummínimo <strong>de</strong> honestida<strong>de</strong> intelectual, que estamos construindo uma “nova universida<strong>de</strong>”. Aampla gama <strong>de</strong> instituições e cursos criados nos últimos anos no Brasil t<strong>em</strong> pouco a ver com omo<strong>de</strong>lo tradicional <strong>de</strong> instituição universitária, caracterizado pela ênfase na formação geral;
pela associação das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino e pesquisa; pelo financiamento estatal e pela69preocupação com a preservação e difusão da cultura.A “nova universida<strong>de</strong>” aten<strong>de</strong> ainteresses mais pragmáticos; se preocupa mais com a informação do que com a formação; estámais ligada às <strong>de</strong>mandas do mercado do que interessada <strong>em</strong> resolver os probl<strong>em</strong>as da nação;reproduz conhecimentos, mas não t<strong>em</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzi-los; e, infelizmente, não sesente responsável pelo futuro da humanida<strong>de</strong>, já que seus interesses são imediatos.A “nova universida<strong>de</strong>”, preocupada apenas com a formação dos estudantes para omercado <strong>de</strong> trabalho, não t<strong>em</strong> compromissos com a transmissão <strong>de</strong> valores, com a educaçãohumana integral e com a formação para a cidadania. Os esforços que realiza estão “servindoapenas para facilitar o processo <strong>de</strong> adaptação do indivíduo ao meio, ao invés <strong>de</strong> instrumentálopara compreen<strong>de</strong>r essa realida<strong>de</strong> (...)” (GISI, 2003, p. 111).Nesse processo <strong>de</strong> adaptação, possui um significado importante a difusão dos i<strong>de</strong>aisliberais <strong>de</strong> incentivo à competição, ao individualismo e ao livre mercado, que invadiram asinstituições <strong>de</strong> ensino superior nas últimas décadas. O liberalismo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as suas origens noséculo XVIII, até hoje, “s<strong>em</strong>pre foi radicalmente contrário à busca <strong>de</strong> um maior grau <strong>de</strong>igualda<strong>de</strong> entre os indivíduos e grupos sociais, pela via <strong>de</strong> uma intervenção pública orientadapelo princípio da universalida<strong>de</strong> ou da igualação dos resultados” (FIORI, 1997, p. 212).Entre os liberais (pelo menos entre os legítimos liberais), s<strong>em</strong>pre esteve presente a <strong>de</strong>fesa daigualda<strong>de</strong> nas condições <strong>de</strong> partida. A partir daí, “as diferenças e as competências <strong>de</strong> cada umgerariam inevitavelmente resultados distintos perfeitamente legítimos e necessários para aprópria dinâmica da socieda<strong>de</strong> capitalista” (Id.). A gran<strong>de</strong> questão, no entanto, é que osliberais nunca discutiram sobre o probl<strong>em</strong>a concreto <strong>de</strong> que nas socieda<strong>de</strong>s reais exist<strong>em</strong>enormes diferenças e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s no ponto zero, que dificilmente serão corrigidas (Ibid., p.213).Se consi<strong>de</strong>rarmos a educação superior como uma das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se produzir aigualda<strong>de</strong> nas condições <strong>de</strong> partida, acabar<strong>em</strong>os <strong>de</strong>scobrindo sérias implicações no processo
- Page 1 and 2:
EMIR GUIMARÃES ANDRICHA EDUCAÇÃO
- Page 3 and 4:
SUMÁRIO31 INTRODUÇÃO............
- Page 5 and 6:
5.6 A CONSOLIDAÇÃO DE UM SISTEMA
- Page 7 and 8:
RESUMO7Este trabalho analisa as tra
- Page 9 and 10:
I - INTRODUÇÃO9A educação super
- Page 11 and 12:
113.17% em 2002 (44% de queda); e n
- Page 13 and 14:
13implementadas por decretos, suces
- Page 15 and 16:
15mudança de perfil de alguns curs
- Page 17 and 18: CAPÍTULO II17A CRISE DO CAPITALISM
- Page 19 and 20: crescimento quantitativo do setor p
- Page 21 and 22: 21tempo em que ele assegurou as con
- Page 23 and 24: era interpretado como um elemento f
- Page 25 and 26: 25anos subseqüentes o problema só
- Page 27 and 28: 27organizacionais, a redução do p
- Page 29 and 30: 29garantiu o acesso ao emprego e mu
- Page 31 and 32: 31possuidor é que ele tem atitude
- Page 33 and 34: 33Inicialmente, a crise iniciada na
- Page 35 and 36: 35pelo modelo de desenvolvimento ec
- Page 37 and 38: incentivo à privatização do ensi
- Page 39 and 40: 39na implantação de cursos a dist
- Page 41 and 42: 41“quantidade”, “tempo” e
- Page 43 and 44: 43sentido foi a criação do PROUNI
- Page 45 and 46: 45explorando o pluralismo de idéia
- Page 47 and 48: pesquisas que tivessem interesse co
- Page 49 and 50: financiamento, defende a concepçã
- Page 51 and 52: 51seja creditado à falta de vocaç
- Page 53 and 54: Essa tendência, que não se restri
- Page 55 and 56: superior de ensino, pode ser credit
- Page 57 and 58: 3.1.2 A LDB 36 e os Seus Decretos R
- Page 59 and 60: ) centros universitários e59c) fac
- Page 61 and 62: 61empresários da educação por es
- Page 63 and 64: 63administrativo de cozinha; entre
- Page 65 and 66: 65estimulada pela legislação rece
- Page 67: 67Estado quase sempre omitem sua im
- Page 71 and 72: 71Boa parte da reflexão que Gramsc
- Page 73 and 74: “As várias noções não eram ap
- Page 75 and 76: outrora desempenharam um papel pol
- Page 77 and 78: CAPÍTULO IV77O ENSINO SUPERIOR NO
- Page 79 and 80: 79Gráfico 2 - Evolução do Númer
- Page 81 and 82: 81GRÁFICO 4 - Evolução do Númer
- Page 83 and 84: 834.1.3 CursosA evolução do núme
- Page 85 and 86: 85Todas essas formas de organizaç
- Page 87 and 88: 87GRÁFICO 8 - Evolução do Númer
- Page 89 and 90: 89cursos, de matrículas e institui
- Page 91 and 92: 91GRÁFICO 11 - Evolução do Núme
- Page 93 and 94: De 1999 a 2004, o número de cursos
- Page 95 and 96: 95Tabela 16 - Crescimento da Educa
- Page 97 and 98: 97preservação da cultura e da eru
- Page 99 and 100: 99grau. O cenário nacional para as
- Page 101 and 102: Os modestos indicadores brasileiros
- Page 103 and 104: 103Gráfico 15 - Evolução da Dema
- Page 105 and 106: 105respectivamente. Quatorze anos d
- Page 107 and 108: na estrutura pública acentuou a de
- Page 109 and 110: privado em 2004 (43.8%). Aparenteme
- Page 111 and 112: CAPÍTULO V111PELOS CAMINHOS DA REF
- Page 113 and 114: finalmente instituir parâmetros pr
- Page 115 and 116: 115Sob o ponto de vista das oportun
- Page 117 and 118: 117aceleração e intensificação
- Page 119 and 120:
119acumulação. “(...) Uma das c
- Page 121 and 122:
5.1.1 A Interação Entre o Decreto
- Page 123 and 124:
123princípios e diretrizes a serem
- Page 125 and 126:
125Nacional”, e que o Decreto-pon
- Page 127 and 128:
127decreto exige a apresentação d
- Page 129 and 130:
129O descumprimento do protocolo de
- Page 131 and 132:
131TABELA 26 - Parâmetros Mínimos
- Page 133 and 134:
133apenas 20% de professores com o
- Page 135 and 136:
1355.4 AUTONOMIA PARA NEGOCIAR COM
- Page 137 and 138:
137ANDES-SN - Associação Nacional
- Page 139 and 140:
139O Projeto de Lei da Reforma prev
- Page 141 and 142:
5.6 A CONSOLIDAÇÃO DE UM SISTEMA
- Page 143 and 144:
143“a adoção [de] um padrão un
- Page 145 and 146:
145as IES possuem um prazo máximo
- Page 147 and 148:
1472004 já dominavam quase 90% do
- Page 149 and 150:
149as rádios e televisões educati
- Page 151 and 152:
151Mas não para a pesquisa cujos r
- Page 153 and 154:
7 REFERÊNCIAS153ABMES - Associaç
- Page 155 and 156:
DECRETO-PONTE para preparar a refor
- Page 157 and 158:
LEHER, Roberto. Reforma universitá
- Page 159 and 160:
____. Educação superior no limiar