<strong>de</strong> 1960 28 , isentando-as <strong>de</strong> encargos <strong>de</strong> importação, <strong>de</strong> contribuições fiscais sobre alimentos,54<strong>de</strong> contribuições para o FGTS e, principalmente, dos impostos 29fe<strong>de</strong>rais, estaduais <strong>em</strong>unicipais, o que certamente significou uma receita indireta <strong>de</strong> alguns bilhões por ano(DAVIES, 2002, p.157). Também merece <strong>de</strong>staque o incentivo às instituições filantrópicas,que são isentas da contribuição previ<strong>de</strong>nciária patronal sobre a folha <strong>de</strong> pagamento (20%), edo salário-educação, que é calculado através da aplicação <strong>de</strong> um percentual <strong>de</strong> 2,5% sobre afolha <strong>de</strong> pagamento 30 . São representativos, também, os recursos <strong>de</strong>stinados às instituiçõesprivadas, indiretamente, através do crédito educativo - CREDUC e do FIES - Fundo <strong>de</strong>Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (este último foi implantado <strong>em</strong> 1999, <strong>em</strong>substituição ao primeiro, que foi criado pelo governo militar <strong>em</strong> 1975). (Ibid., p. 169-173).Mais recent<strong>em</strong>ente, já no governo Lula, as escolas da re<strong>de</strong> particular foram beneficiadas,ainda, pelo PROUNI - <strong>Programa</strong> Universida<strong>de</strong> para Todos, cuja proposta é a compra <strong>de</strong> vagaspelo po<strong>de</strong>r público <strong>em</strong> instituições privadas, através da troca <strong>de</strong> mensalida<strong>de</strong>s pela isenção <strong>de</strong>impostos. Esse projeto <strong>de</strong>u fôlego às instituições particulares que estavam sofrendo comelevadas taxas <strong>de</strong> ociosida<strong>de</strong> 31 .Todos esses incentivos contribuíram para o crescimento do sist<strong>em</strong>a particular. Ofinanciamento <strong>de</strong>sse segmento pelo po<strong>de</strong>r público, no entanto, não é um fenômeno recente.Nesse sentido, a gran<strong>de</strong> inovação, que torna peculiar as recentes mudanças na estrutura28 Sobre isenções, subvenções e incentivos às instituições privadas, ver: Lei 4917, <strong>de</strong> 17/12/1965; Lei 5127, <strong>de</strong>29/09/1966; Decreto-lei 194, <strong>de</strong> 24/02/1967; Decreto-lei 999, <strong>de</strong> 21/10/1969; Decreto-lei 91030, <strong>de</strong> 05/03/1985;Lei 8032, <strong>de</strong> 12/04/1990; entre outras.29 Para po<strong>de</strong>r usufruir da isenção <strong>de</strong> impostos fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais as instituições <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>v<strong>em</strong>possuir o título <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública e não ter fins lucrativos. O título <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública é concedido àsinstituições que serv<strong>em</strong> “<strong>de</strong>sinteressadamente à coletivida<strong>de</strong>”, conforme os termos da Lei 91 <strong>de</strong> 28/08/1935 e doDecreto 50517 <strong>de</strong> 02/05/1961.30 Para usufruir <strong>de</strong>sse privilégio as faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> aten<strong>de</strong>r ao Art. 55 da Lei 8.212, <strong>de</strong> 24/07/1991. Essedispositivo legal exige que as entida<strong>de</strong>s beneficiadas sejam a) reconhecidas como <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública fe<strong>de</strong>ral eestadual ou do Distrito Fe<strong>de</strong>ral ou municipal; b) sejam portadoras do Certificado ou do Registro <strong>de</strong> Entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional <strong>de</strong> Assistência Social; c) promovam a assistência socialbeneficente, inclusive educacional ou <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes; d) nãor<strong>em</strong>uner<strong>em</strong> seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores e não permitam que estes usufruam<strong>de</strong> vantagens ou benefícios a qualquer título; e) apliqu<strong>em</strong> integralmente o eventual resultado operacional namanutenção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> seus objetivos institucionais. (DAVIES, 2002, p. 162).31 Em 2004, segundo dados do Censo da Educação Superior, a taxa <strong>de</strong> ociosida<strong>de</strong> chegou a 43,8%.
superior <strong>de</strong> ensino, po<strong>de</strong> ser creditada à política <strong>de</strong> flexibilização impl<strong>em</strong>entada pelalegislação recente.553.1 O SENTIDO DA FLEXIBILIZAÇÃO NA LEGISLAÇÃO RECENTE PARA AEDUCAÇÃO SUPERIOR3.1.1 A Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988.Um exame da legislação recente para a educação superior (Constituição Fe<strong>de</strong>ral, LDB,<strong>de</strong>cretos, leis e portarias) revela que o atendimento do princípio da indissociabilida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>finido na Reforma Universitária <strong>de</strong> 1968 como condição para a expansão <strong>de</strong>sse nível <strong>de</strong>ensino, foi totalmente abandonado nas décadas <strong>de</strong> 80 e 90, passando a ser uma exigênciaapenas para as universida<strong>de</strong>s (FÁVERO, 1998, p. 63).Um dos primeiros sinais <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> rumos da política educacional foi aConstituição Fe<strong>de</strong>ral (CF) <strong>de</strong> 1988 32 . Nesse documento, "pela primeira vez <strong>em</strong> nossa históriafoi atribuída às escolas privadas laicas a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> lucro, legitimando-asjuridicamente como <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços” (NEVES, 2002c, p. 138). A CF <strong>de</strong>1988 ainda assegurou, no seu Art. 213 33 , a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> recursos públicospara a iniciativa privada, apesar <strong>de</strong> restringir formalmente esse benefício às instituições s<strong>em</strong>fins lucrativos.Ao responsabilizar o Estado pela manutenção do ensino fundamental eprogressiva extensão e manutenção do ensino médio (Art. 208, incisos I e II) 34 , a Carta Magna32 Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;II - autorização e avaliação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> pelo Po<strong>de</strong>r Público.33 Art. 213. Os recursos públicos serão <strong>de</strong>stinados às escolas públicas, po<strong>de</strong>ndo ser dirigidos a escolascomunitárias, confessionais ou filantrópicas, <strong>de</strong>finidas <strong>em</strong> lei, que:I - comprov<strong>em</strong> finalida<strong>de</strong> não-lucrativa e apliqu<strong>em</strong> seus exce<strong>de</strong>ntes financeiros <strong>em</strong> educação;II - assegur<strong>em</strong> a <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou aoPo<strong>de</strong>r Público, no caso <strong>de</strong> encerramento <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s.34 Art. 208. O <strong>de</strong>ver do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia <strong>de</strong>:I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a elenão tiver<strong>em</strong> acesso na ida<strong>de</strong> própria;
- Page 1 and 2:
EMIR GUIMARÃES ANDRICHA EDUCAÇÃO
- Page 3 and 4: SUMÁRIO31 INTRODUÇÃO............
- Page 5 and 6: 5.6 A CONSOLIDAÇÃO DE UM SISTEMA
- Page 7 and 8: RESUMO7Este trabalho analisa as tra
- Page 9 and 10: I - INTRODUÇÃO9A educação super
- Page 11 and 12: 113.17% em 2002 (44% de queda); e n
- Page 13 and 14: 13implementadas por decretos, suces
- Page 15 and 16: 15mudança de perfil de alguns curs
- Page 17 and 18: CAPÍTULO II17A CRISE DO CAPITALISM
- Page 19 and 20: crescimento quantitativo do setor p
- Page 21 and 22: 21tempo em que ele assegurou as con
- Page 23 and 24: era interpretado como um elemento f
- Page 25 and 26: 25anos subseqüentes o problema só
- Page 27 and 28: 27organizacionais, a redução do p
- Page 29 and 30: 29garantiu o acesso ao emprego e mu
- Page 31 and 32: 31possuidor é que ele tem atitude
- Page 33 and 34: 33Inicialmente, a crise iniciada na
- Page 35 and 36: 35pelo modelo de desenvolvimento ec
- Page 37 and 38: incentivo à privatização do ensi
- Page 39 and 40: 39na implantação de cursos a dist
- Page 41 and 42: 41“quantidade”, “tempo” e
- Page 43 and 44: 43sentido foi a criação do PROUNI
- Page 45 and 46: 45explorando o pluralismo de idéia
- Page 47 and 48: pesquisas que tivessem interesse co
- Page 49 and 50: financiamento, defende a concepçã
- Page 51 and 52: 51seja creditado à falta de vocaç
- Page 53: Essa tendência, que não se restri
- Page 57 and 58: 3.1.2 A LDB 36 e os Seus Decretos R
- Page 59 and 60: ) centros universitários e59c) fac
- Page 61 and 62: 61empresários da educação por es
- Page 63 and 64: 63administrativo de cozinha; entre
- Page 65 and 66: 65estimulada pela legislação rece
- Page 67 and 68: 67Estado quase sempre omitem sua im
- Page 69 and 70: pela associação das atividades de
- Page 71 and 72: 71Boa parte da reflexão que Gramsc
- Page 73 and 74: “As várias noções não eram ap
- Page 75 and 76: outrora desempenharam um papel pol
- Page 77 and 78: CAPÍTULO IV77O ENSINO SUPERIOR NO
- Page 79 and 80: 79Gráfico 2 - Evolução do Númer
- Page 81 and 82: 81GRÁFICO 4 - Evolução do Númer
- Page 83 and 84: 834.1.3 CursosA evolução do núme
- Page 85 and 86: 85Todas essas formas de organizaç
- Page 87 and 88: 87GRÁFICO 8 - Evolução do Númer
- Page 89 and 90: 89cursos, de matrículas e institui
- Page 91 and 92: 91GRÁFICO 11 - Evolução do Núme
- Page 93 and 94: De 1999 a 2004, o número de cursos
- Page 95 and 96: 95Tabela 16 - Crescimento da Educa
- Page 97 and 98: 97preservação da cultura e da eru
- Page 99 and 100: 99grau. O cenário nacional para as
- Page 101 and 102: Os modestos indicadores brasileiros
- Page 103 and 104: 103Gráfico 15 - Evolução da Dema
- Page 105 and 106:
105respectivamente. Quatorze anos d
- Page 107 and 108:
na estrutura pública acentuou a de
- Page 109 and 110:
privado em 2004 (43.8%). Aparenteme
- Page 111 and 112:
CAPÍTULO V111PELOS CAMINHOS DA REF
- Page 113 and 114:
finalmente instituir parâmetros pr
- Page 115 and 116:
115Sob o ponto de vista das oportun
- Page 117 and 118:
117aceleração e intensificação
- Page 119 and 120:
119acumulação. “(...) Uma das c
- Page 121 and 122:
5.1.1 A Interação Entre o Decreto
- Page 123 and 124:
123princípios e diretrizes a serem
- Page 125 and 126:
125Nacional”, e que o Decreto-pon
- Page 127 and 128:
127decreto exige a apresentação d
- Page 129 and 130:
129O descumprimento do protocolo de
- Page 131 and 132:
131TABELA 26 - Parâmetros Mínimos
- Page 133 and 134:
133apenas 20% de professores com o
- Page 135 and 136:
1355.4 AUTONOMIA PARA NEGOCIAR COM
- Page 137 and 138:
137ANDES-SN - Associação Nacional
- Page 139 and 140:
139O Projeto de Lei da Reforma prev
- Page 141 and 142:
5.6 A CONSOLIDAÇÃO DE UM SISTEMA
- Page 143 and 144:
143“a adoção [de] um padrão un
- Page 145 and 146:
145as IES possuem um prazo máximo
- Page 147 and 148:
1472004 já dominavam quase 90% do
- Page 149 and 150:
149as rádios e televisões educati
- Page 151 and 152:
151Mas não para a pesquisa cujos r
- Page 153 and 154:
7 REFERÊNCIAS153ABMES - Associaç
- Page 155 and 156:
DECRETO-PONTE para preparar a refor
- Page 157 and 158:
LEHER, Roberto. Reforma universitá
- Page 159 and 160:
____. Educação superior no limiar