Emir Guimarães Andrich - Programa de Pós-Graduação em ...
Emir Guimarães Andrich - Programa de Pós-Graduação em ... Emir Guimarães Andrich - Programa de Pós-Graduação em ...
34foi uma resposta às contradições produzidas pelo Estado de bem-estar social. Em linhasgerais, no entanto, podemos afirmar que, em ambos os casos, as políticas neoliberaiscontribuíram para a redução da inflação e o aumento dos lucros, mas não conseguirampromover a retomada do crescimento e a redução da pobreza (ANDERSON, 1995, p. 15).A incapacidade do modelo neoliberal de promover o crescimento e reduzir asdesigualdades pode ser comprovada pela situação de miséria em que a América Latina chegaao terceiro milênio, com cerca de 180 milhões de pobres sobrevivendo com menos de doisdólares por dia, e 80 milhões de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza (com rendainferior a um dólar por dia) (BORON, 2003, p. 24).Apesar do mercado ter se mostrado incapaz de superar essa situação de desequilíbrio,restando como única alternativa aos excluídos o apoio do Estado, os neoliberais têm sidoenfáticos na sua crítica à solidariedade e ao igualitarismo. Na ótica dos defensores dessateoria, a igualdade (que nos países pobres nunca existiu) poderia atrapalhar a competição e oprogresso da humanidade (Id). Além desse argumento, sempre esteve presente a crítica aodesequilíbrio das contas públicas. Para atender aos interesses dos credores internacionais, osestados latino-americanos foram literalmente intimados a cortar gastos sociais (ANDERSON,1995, p. 15).Os países que implantaram políticas neoliberais, inclusive o Brasil, reduziram seusinvestimentos em educação. Considerada a grande vilã do orçamento público, a educaçãosuperior foi a que mais sofreu com esse processo. Sob o estado de bem-estar social aUniversidade era vista como um investimento público de crucial importância para odesenvolvimento da nação. Com o neoliberalismo passou a ser vista como parte do problemaeconômico de cada país (SGUISSARDI, 2003, p. 203). Nesse sentido, “a perda de prioridadeda universidade pública, nas políticas públicas do Estado, foi, antes de mais nada, o resultadoda perda geral de prioridade das políticas sociais (educação, saúde, previdência), induzida
35pelo modelo de desenvolvimento econômico conhecido por neoliberalismo ou globalizaçãoneoliberal” (SANTOS, 2005, p. 9).O aumento exponencial da demanda por ensino superior, ocorrida nos últimos anos,deu mais relevo ao problema, chamando a atenção dos governos nacionais e organismosinternacionais para a questão do financiamento desse nível de ensino. Como o investimentonecessário à manutenção da educação superior pública, em relação aos níveis médio efundamental, é notoriamente superior, a questão ganhou importância especial, colocando areforma do ensino superior em pauta na maioria dos países.A crescente demanda e a necessidade de maiores recursos fez a oferta da educaçãosuperior pública começar a ser questionada. Os altos investimentos no sistema superiorentraram em conflito com a lógica neoliberal, amplamente difundida pelo mundo a partir dadécada de 1980. Nesse contexto, ganharam importância particular as ações empreendidaspelo Banco Mundial na formulação de diretrizes para a reforma do ensino superior. Naposição de principal financiador externo, o BM passou a discutir, sugerir e (explicitamente)impor condições para a realização de empréstimos. Dos estudos e debates promovidos peloBanco, originaram-se relatórios oficiais sobre a posição da entidade em relação à forma deorganização que deveria ser adotada nos países interessados em realizar empréstimos.AUNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura tambémentrou no debate, promovendo discussões regionais e encontros mundiais, que tambémresultaram em relatórios oficiais.Os documentos elaborados pelo BM e pela a UNESCO são essenciais para acompreensão dos fundamentos da reforma do ensino superior no Brasil. A análise dasprincipais mudanças operadas a partir da década de 1990, nesse campo, revela uma claraingerência desses organismos na formulação de políticas para a educação superior em nossopaís. Em razão dessa incontestável influência, examinaremos no tópico seguinte as principaisidéias contidas nesses documentos.
- Page 1 and 2: EMIR GUIMARÃES ANDRICHA EDUCAÇÃO
- Page 3 and 4: SUMÁRIO31 INTRODUÇÃO............
- Page 5 and 6: 5.6 A CONSOLIDAÇÃO DE UM SISTEMA
- Page 7 and 8: RESUMO7Este trabalho analisa as tra
- Page 9 and 10: I - INTRODUÇÃO9A educação super
- Page 11 and 12: 113.17% em 2002 (44% de queda); e n
- Page 13 and 14: 13implementadas por decretos, suces
- Page 15 and 16: 15mudança de perfil de alguns curs
- Page 17 and 18: CAPÍTULO II17A CRISE DO CAPITALISM
- Page 19 and 20: crescimento quantitativo do setor p
- Page 21 and 22: 21tempo em que ele assegurou as con
- Page 23 and 24: era interpretado como um elemento f
- Page 25 and 26: 25anos subseqüentes o problema só
- Page 27 and 28: 27organizacionais, a redução do p
- Page 29 and 30: 29garantiu o acesso ao emprego e mu
- Page 31 and 32: 31possuidor é que ele tem atitude
- Page 33: 33Inicialmente, a crise iniciada na
- Page 37 and 38: incentivo à privatização do ensi
- Page 39 and 40: 39na implantação de cursos a dist
- Page 41 and 42: 41“quantidade”, “tempo” e
- Page 43 and 44: 43sentido foi a criação do PROUNI
- Page 45 and 46: 45explorando o pluralismo de idéia
- Page 47 and 48: pesquisas que tivessem interesse co
- Page 49 and 50: financiamento, defende a concepçã
- Page 51 and 52: 51seja creditado à falta de vocaç
- Page 53 and 54: Essa tendência, que não se restri
- Page 55 and 56: superior de ensino, pode ser credit
- Page 57 and 58: 3.1.2 A LDB 36 e os Seus Decretos R
- Page 59 and 60: ) centros universitários e59c) fac
- Page 61 and 62: 61empresários da educação por es
- Page 63 and 64: 63administrativo de cozinha; entre
- Page 65 and 66: 65estimulada pela legislação rece
- Page 67 and 68: 67Estado quase sempre omitem sua im
- Page 69 and 70: pela associação das atividades de
- Page 71 and 72: 71Boa parte da reflexão que Gramsc
- Page 73 and 74: “As várias noções não eram ap
- Page 75 and 76: outrora desempenharam um papel pol
- Page 77 and 78: CAPÍTULO IV77O ENSINO SUPERIOR NO
- Page 79 and 80: 79Gráfico 2 - Evolução do Númer
- Page 81 and 82: 81GRÁFICO 4 - Evolução do Númer
- Page 83 and 84: 834.1.3 CursosA evolução do núme
34foi uma resposta às contradições produzidas pelo Estado <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estar social. Em linhasgerais, no entanto, po<strong>de</strong>mos afirmar que, <strong>em</strong> ambos os casos, as políticas neoliberaiscontribuíram para a redução da inflação e o aumento dos lucros, mas não conseguirampromover a retomada do crescimento e a redução da pobreza (ANDERSON, 1995, p. 15).A incapacida<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo neoliberal <strong>de</strong> promover o crescimento e reduzir as<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> ser comprovada pela situação <strong>de</strong> miséria <strong>em</strong> que a América Latina chegaao terceiro milênio, com cerca <strong>de</strong> 180 milhões <strong>de</strong> pobres sobrevivendo com menos <strong>de</strong> doisdólares por dia, e 80 milhões <strong>de</strong> pessoas vivendo <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a pobreza (com rendainferior a um dólar por dia) (BORON, 2003, p. 24).Apesar do mercado ter se mostrado incapaz <strong>de</strong> superar essa situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio,restando como única alternativa aos excluídos o apoio do Estado, os neoliberais têm sidoenfáticos na sua crítica à solidarieda<strong>de</strong> e ao igualitarismo. Na ótica dos <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong>ssateoria, a igualda<strong>de</strong> (que nos países pobres nunca existiu) po<strong>de</strong>ria atrapalhar a competição e oprogresso da humanida<strong>de</strong> (Id). Além <strong>de</strong>sse argumento, s<strong>em</strong>pre esteve presente a crítica ao<strong>de</strong>sequilíbrio das contas públicas. Para aten<strong>de</strong>r aos interesses dos credores internacionais, osestados latino-americanos foram literalmente intimados a cortar gastos sociais (ANDERSON,1995, p. 15).Os países que implantaram políticas neoliberais, inclusive o Brasil, reduziram seusinvestimentos <strong>em</strong> educação. Consi<strong>de</strong>rada a gran<strong>de</strong> vilã do orçamento público, a educaçãosuperior foi a que mais sofreu com esse processo. Sob o estado <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estar social aUniversida<strong>de</strong> era vista como um investimento público <strong>de</strong> crucial importância para o<strong>de</strong>senvolvimento da nação. Com o neoliberalismo passou a ser vista como parte do probl<strong>em</strong>aeconômico <strong>de</strong> cada país (SGUISSARDI, 2003, p. 203). Nesse sentido, “a perda <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>da universida<strong>de</strong> pública, nas políticas públicas do Estado, foi, antes <strong>de</strong> mais nada, o resultadoda perda geral <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> das políticas sociais (educação, saú<strong>de</strong>, previdência), induzida