136é que “os salários são uniformes para todo o país, pelo princípio da isonomia, e asuniversida<strong>de</strong>s não têm autonomia n<strong>em</strong> liberda<strong>de</strong> para pagar mais a um professor excepcionalou <strong>de</strong>mitir o professor incompetente, ou <strong>de</strong> uma matéria para a qual não exist<strong>em</strong> alunos”(2004, p. 1). Para que isso fosse viável, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a implantação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> avaliaçãoque produza indicadores claros e comparáveis da qualida<strong>de</strong> dos cursos, que sirvam <strong>de</strong> basepara políticas <strong>de</strong> apoio e financiamento (Ibid., p. 2).Além do financiamento atrelado à produtivida<strong>de</strong>, outra proposta <strong>de</strong> impacto, também<strong>de</strong> matriz liberal, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a autonomia apenas como estratégia para facilitar a captação <strong>de</strong>recursos externos. Essa opinião é bastante comum entre as entida<strong>de</strong>s ligadas ao mundo daprodução, como a Confe<strong>de</strong>ração Nacional da Indústria - CNI. Na visão da CNI, “érecomendável a flexibilização do uso <strong>de</strong> recursos próprios, gerados internamente, o qu<strong>em</strong>otivará o aumento da prestação <strong>de</strong> serviços à socieda<strong>de</strong>” (CNI, 2004, p. 19). Em documentoproduzido especialmente para discutir a reforma universitária, a CNI consi<strong>de</strong>ra que “agilizaro registro <strong>de</strong> patentes no Brasil é fator crítico para que os divi<strong>de</strong>ndos oriundos das inovaçõesproduzidas nas instituições <strong>de</strong> educação superior, sob a forma <strong>de</strong> royalties, estimul<strong>em</strong> ospesquisadores responsáveis pelo seu <strong>de</strong>senvolvimento a produzir<strong>em</strong> pesquisas aplicadas, compotencial para alavancar as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> vários segmentos produtivos” (Ibid., p. 42).A visão <strong>de</strong> autonomia dos segmentos que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a ampliação da universida<strong>de</strong>pública contrasta com as opiniões da vertente liberal. Para os primeiros, a autonomia nãopo<strong>de</strong> ser uma estratégia para redução dos investimentos públicos, e a avaliação <strong>de</strong>ve ser umaetapa imprescindível do processo, na medida <strong>em</strong> que auxilia a socieda<strong>de</strong> a verificar se auniversida<strong>de</strong> está cumprindo com suas missões acadêmicas e sociais.O financiamentopúblico ou a autorização <strong>de</strong> funcionamento das escolas privadas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser justificados. Noentanto, não se po<strong>de</strong> utilizar a avaliação como parâmetro para o rankiamento das instituições,muito menos como critério para a distribuição dos recursos públicos.Na opinião daSchwartzman não saiba que “os vencimentos dos inativos das universida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998, não oneram avinculação <strong>de</strong> 18% dos impostos <strong>de</strong>stinados à educação”
137ANDES-SN - Associação Nacional <strong>de</strong> Docentes do Ensino Superior, vincular avaliação edistribuição <strong>de</strong> recursos é uma medida que po<strong>de</strong>rá ampliar ainda mais o fosso entre asinstituições que já possu<strong>em</strong> recursos e pessoal altamente qualificado e as que ainda nãopossu<strong>em</strong>. Esse mo<strong>de</strong>lo, segundo a entida<strong>de</strong>, segue “o i<strong>de</strong>ário <strong>de</strong> controle da Qualida<strong>de</strong> Total,concebido para a gestão <strong>em</strong>presarial, no qual se enfatizam a concorrência, a rentabilida<strong>de</strong> e aexcelência individual, pressupondo a exclusão dos menos aptos” (ANDES, 2003, p. 14).Entre os que se i<strong>de</strong>ntificam com esse discurso, é consenso também a crítica <strong>em</strong> relaçãoà subordinação da universida<strong>de</strong> à indústria, como condição para a arrecadação <strong>de</strong> fundos. Naopinião <strong>de</strong>sse grupo, a universida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o controle da agenda <strong>de</strong> pesquisacientífica, por isso o financiamento público é imprescindível. A falta <strong>de</strong> recursos po<strong>de</strong>obrigar as IES a privatizar<strong>em</strong> suas funções. É necessário que haja um equilíbrio entre apesquisa fundamental, s<strong>em</strong> interesse comercial imediato, e a pesquisa aplicada (SANTOS,2004, p 65). Segundo dados da União das Organizações Educacionais, Científicas eCulturais das Nações Unidas – UNESCO, países como o Chile, que fizeram a opção peloensino superior privado, verificaram que o montante obtido pelas mensalida<strong>de</strong>s não financiamais do que 25% <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>spesas. Nesse sentido, “o retorno social do investimento nauniversida<strong>de</strong> se dá indiretamente e a longo prazo, a fundo perdido para o investidor, o que nãoestimula a iniciativa privada e torna obrigatória a presença do Estado” (ANDES-SN, 2003, p.15).Em relação ao financiamento, o projeto <strong>de</strong> reforma prevê a aplicação nas instituiçõesfe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> ensino superior vinculadas ao Ministério da Educação, anualmente, “nunca menosdo equivalente a setenta e cinco por cento da receita constitucionalmente vinculada àmanutenção e <strong>de</strong>senvolvimento do ensino”. Para os representantes da ANDIFES 70 (2006), otexto encaminhado ao Congresso Nacional omitiu um ponto crucial, que havia sido previstonas três versões anteriores do Projeto <strong>de</strong> Lei da Reforma. Trata-se da responsabilização das70 ANDIFES: Associação Nacional <strong>de</strong> Dirigentes das Instituições Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Ensino Superior.
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