134evitar a <strong>de</strong>missão, alguns doutores estariam se fazendo passar por especialistas, ou no máximomestres.Não há dúvidas <strong>de</strong> que professores mais qualificados elevariam o grau <strong>de</strong> exigênciados cursos <strong>de</strong> graduação. A experiência acumulada pela passag<strong>em</strong> <strong>em</strong> um curso <strong>de</strong> mestradoou doutorado não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada irrelevante, mesmo para as áreas on<strong>de</strong> a experiênciaprática ou profissional possui um peso superior. Em qualquer campo <strong>de</strong> atuação do serhumano a qualificação proporcionada pela formação educacional <strong>em</strong> graus elevados é umfator <strong>de</strong>terminante para a qualida<strong>de</strong> do que se produz. Na área do conhecimento e na esferaeducacional esse fator t<strong>em</strong> importância redobrada. Nesse sentido, a <strong>de</strong>finição dos parâmetrosque apresentamos <strong>de</strong> forma sist<strong>em</strong>atizada na tabela 26 é um ponto essencial do <strong>de</strong>bate dareforma universitária.Propostas <strong>de</strong> redução dos critérios <strong>de</strong>finidos pelo projeto <strong>de</strong> leirepresentam um conservadorismo que repercutirá negativamente na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino,sobretudo das instituições mantidas pela iniciativa privada.Além das condições <strong>de</strong> trabalho do corpo docente, da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> parâmetrosmínimos a ser<strong>em</strong> obe<strong>de</strong>cidos pelas instituições <strong>de</strong> ensino superior na contratação <strong>de</strong> docentes<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po integral e da importante questão da titulação, outros t<strong>em</strong>as abordados pelo projeto<strong>de</strong> lei da reforma, que também são mencionados na síntese <strong>de</strong> Dias Sobrinho (2005, p. 66),merec<strong>em</strong> uma análise mais <strong>de</strong>talhada. Na seqüência, abordar<strong>em</strong>os particularmente três <strong>de</strong>les:a questão da autonomia, do financiamento e da diversificação das fontes <strong>de</strong> financiamento.
1355.4 AUTONOMIA PARA NEGOCIAR COM O MERCADO OU PARA PRODUZIRCONHECIMENTO COM LIBERDADE? A DELICADA QUESTÃO DO FINANCIA-MENTOO t<strong>em</strong>a educação s<strong>em</strong>pre suscitou acalorados <strong>de</strong>bates. Por se tratar <strong>de</strong> um fator tãoimportante para o <strong>de</strong>senvolvimento do país, s<strong>em</strong>pre recebeu a atenção <strong>de</strong> políticos,<strong>em</strong>presários, trabalhadores, educadores, especialistas ou não na matéria. Paul Singer, que porsinal não é um especialista da área, resumiu b<strong>em</strong> essa atmosfera que envolve os <strong>de</strong>bates <strong>em</strong>torno dos t<strong>em</strong>as relacionados à educação, afirmando que “mais do que nunca, a educação estáhoje <strong>em</strong> <strong>de</strong>bate, no Brasil e <strong>em</strong> todo o mundo. O universo dos educadores, educandos,administradores <strong>de</strong> aparelhos educacionais, políticos e gestores públicos está dividido epolarizado <strong>em</strong> duas visões opostas dos fins da educação e <strong>de</strong> como atingi-los. Os dois ladossão entusiásticos <strong>de</strong>fensores da educação, que consi<strong>de</strong>ram importantíssima. Mas, além disso,quase nada têm <strong>em</strong> comum” (apud Di Giorgi, 2001, p. 53). Nenhuma afirmação po<strong>de</strong>riareproduzir com mais fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> o tom dos <strong>de</strong>bates <strong>em</strong> torno das políticas educacionais do queessa. Com efeito, todas as opiniões e projetos sobre o assunto, por mais divergentes quepareçam, s<strong>em</strong>pre apresentam como justificativa a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se melhorar a qualida<strong>de</strong> daeducação formal. Em relação à questão do financiamento e da autonomia das instituições <strong>de</strong>educação superior, as coisas não são diferentes.Na visão liberal, o probl<strong>em</strong>a da carência <strong>de</strong> recursos está relacionado à falta <strong>de</strong>critérios <strong>de</strong> financiamento baseados <strong>em</strong> análises <strong>de</strong> custo/benefício e metas <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho.Simon Schwartzman, ex-presi<strong>de</strong>nte do IBGE e <strong>de</strong>fensor da mesma tese, critica a forma <strong>de</strong>organização das instituições públicas, on<strong>de</strong> “quase todo o dinheiro é gasto <strong>em</strong> salários eaposentadorias pagos diretamente pelo governo fe<strong>de</strong>ral, e professores e pessoal administrativosão funcionários públicos com estabilida<strong>de</strong> assegurada” 69 . Ainda segundo Simon, o probl<strong>em</strong>a69 Fernando Haddad, que exerceu interinamente o cargo <strong>de</strong> Ministro da Educação <strong>em</strong> 2005, <strong>em</strong> esclarecimentopublicado no Jornal O Estado <strong>de</strong> São Paulo do dia 02 <strong>de</strong> fevereiro do mesmo ano, acha estarrecedor que
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