disciplinado para servir ao capital.120As conseqüências <strong>de</strong>sse processo colocam <strong>em</strong> cheque(pelo menos para uma boa parcela dos trabalhadores) a teoria do capital humano 65 , quedurante muito t<strong>em</strong>po serviu <strong>de</strong> justificativa econômica às <strong>de</strong>spesas com educação.O cenário que t<strong>em</strong>os, nesse sentido, é o reverso do panorama da era <strong>de</strong> ouro docapitalismo, <strong>de</strong>lineado no capítulo primeiro <strong>de</strong>sse trabalho. A diminuição da oferta <strong>de</strong> vagas<strong>de</strong> alta exigência técnica e a queda do nível <strong>de</strong> renda da população mais escolarizada (11 anosou mais <strong>de</strong> estudo), exig<strong>em</strong> uma resposta urgente das políticas públicas na área <strong>de</strong> educação e<strong>em</strong>prego. Se o mercado <strong>de</strong> trabalho atual não consegue absorver os egressos do ensinosuperior brasileiro, apesar do nosso baixíssimo grau <strong>de</strong> escolarização líquida (10,5%), o quedizer da proposta <strong>de</strong> multiplicação por dois ou três <strong>de</strong>sse indicador s<strong>em</strong> o correspon<strong>de</strong>nte<strong>de</strong>senvolvimento da economia?Além <strong>de</strong> outras atribuições essenciais, a educação também t<strong>em</strong> a função <strong>de</strong> preparar apopulação jov<strong>em</strong> para o mercado <strong>de</strong> trabalho. Nesse sentido, a relação entre educação etrabalho <strong>de</strong>veria estar presente na legislação educacional, sobretudo na relacionada com oensino superior, que é a etapa da educação formal que possui maior conexão com o mundo dotrabalho. No ato recente já consumado (<strong>de</strong>creto-ponte) e no <strong>de</strong>bate <strong>em</strong> torno da proposta <strong>de</strong>reformulação da legislação (projeto <strong>de</strong> lei da reforma universitária), vejamos como é tratadaessa questão.65 “Os economistas <strong>de</strong>signam capital humano o ‘estoque <strong>de</strong> conhecimentos valorizáveis economicamente eincorporados aos indivíduos’. São as qualificações adquiridas inicialmente, seja no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> formação, seja naexperiência profissional. Mais amplamente, essa noção po<strong>de</strong> englobar os múltiplos trunfos que o indivíduo po<strong>de</strong>fazer valer no mercado e fazer reconhecer junto aos <strong>em</strong>pregadores como fontes potenciais <strong>de</strong> valor: aparênciafísica, civilida<strong>de</strong>, maneira <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> pensar ou estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, por ex<strong>em</strong>plo. Assim, segundo a OCDE, ocapital humano reuniria ‘os conhecimentos, as qualificações, as competências e características individuais quefacilitam a criação do b<strong>em</strong>-estar pessoal e econômico’” (LAVAL, 2005, p. 25).
5.1.1 A Interação Entre o Decreto-ponte, o Projeto <strong>de</strong> Lei da Reforma Universitária e oMercado <strong>de</strong> Trabalho121As gran<strong>de</strong>s universida<strong>de</strong>s brasileiras proporcionam, <strong>em</strong> todas as áreas doconhecimento, opções diversificadas <strong>em</strong> cursos <strong>de</strong> graduação. A Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas,no Estado <strong>de</strong> São Paulo, por ex<strong>em</strong>plo, oferece 75 cursos diferentes, s<strong>em</strong> contar aspossibilida<strong>de</strong>s diferenciadas <strong>de</strong> habilitação (licenciatura e bacharelado).No Paraná, aUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná oferta 69 opções <strong>de</strong> graduação. No segmento privado, aPontifícia Universida<strong>de</strong> Católica do Paraná proporciona à comunida<strong>de</strong> local 47 opções <strong>de</strong>cursos, <strong>em</strong> diversas áreas do conhecimento 66 . Apesar do leque variado <strong>de</strong> opções, 64,7% dasmatrículas <strong>em</strong> cursos <strong>de</strong> graduação no Brasil estão concentradas <strong>em</strong> apenas <strong>de</strong>z cursos (vi<strong>de</strong>tabela 25).Não por coincidência, 27.7% do total <strong>de</strong> matrículas se concentram <strong>em</strong> apenasdois cursos: Administração e Direito. Como a maioria das vagas é ofertada por instituiçõesprivadas, é natural que a concentração ocorra <strong>em</strong> áreas tradicionais, que não exig<strong>em</strong>investimentos elevados <strong>em</strong> laboratórios, instalações ou bibliotecas.TABELA 25 - OS DEZ MAIORES CURSOS POR NÚMEROS DEMATRÍCULAS E CONCLUINTES - BRASIL 2004Cursos Matrículas % ConcluintesAdministração 620.718 14,9 83.659Direito 533.317 12,8 67.238Pedagogia 388.350 9,3 97.052Engenharia 247.478 5,9 23.831Letras 194.319 4,7 37.507Comunicação Social 189.644 4,6 26.816Ciências Contábeis 162.150 3,9 24.213Educação Física 136.605 3,3 17.290Enfermag<strong>em</strong> 120.851 2,9 13.965Ciência da Computação 99.362 2,4 13.601Total dos <strong>de</strong>z 2.692.794 64,7 405.172Brasil 4.163.733 100,0 626.617FONTE: MEC/Inep/Deaes66 Os dados relativos ao número <strong>de</strong> cursos ofertados pelas três instituições (UNICAMP, UFPR e PUC-PR) foramobtidos nos respectivos sites institucionais <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 2006.
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