o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico estaria exigindo um trabalhador mais qualificado, com um118grau mais elevado <strong>de</strong> estudo.Segundo a autora, os procedimentos realizados pelostrabalhadores bancários “ten<strong>de</strong>m a ser cada vez mais simplificados e seguros”.Com o<strong>de</strong>senvolvimento das tecnologias <strong>de</strong> informação, os processos foram “submetidos a controlesmais rígidos, tanto para os postos <strong>de</strong> trabalho passíveis <strong>de</strong> alto grau <strong>de</strong> normatização(escriturário, caixa, compensador), como para aqueles que vivenciam forte tensão entre osprocedimentos pré-normatizados, padronizados e a particularida<strong>de</strong>, ou seja, aqueles queestabelec<strong>em</strong> relação direta com o cliente”.As particularida<strong>de</strong>s e singularida<strong>de</strong>s seriamreduzidas pela aplicação dos softwares. Na visão <strong>de</strong> Segnini, a utilização <strong>de</strong>sses programas,<strong>de</strong> comandos simples, não <strong>de</strong>manda longo processo <strong>de</strong> formação.Na prática, a autoraconstatou que os novos funcionários aprendiam com os colegas como proce<strong>de</strong>r <strong>em</strong> cadasituação.Diante dos fatos observados, Segnini conclui que “os índices <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> maiselevados registrados nos bancos refer<strong>em</strong>-se não a uma exigência do conteúdo próprio ao posto<strong>de</strong> trabalho, mas a um longo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego que possibilita privilegiar, parapermanecer <strong>em</strong>pregado, os bancários mais escolarizados, entre os outros que vão sendoexcluídos <strong>de</strong>sse segmento do mercado <strong>de</strong> trabalho” (Id).A crescente <strong>de</strong>composição do trabalho <strong>em</strong> rotinas mais simples, <strong>de</strong> mais fácilsupervisão e <strong>de</strong> menor risco <strong>de</strong> erros ou perdas, não é uma novida<strong>de</strong> do capitalismocont<strong>em</strong>porâneo. Des<strong>de</strong> o início da industrialização, antes mesmo da introdução das máquinas,no período manufatureiro, a divisão do trabalho já era utilizada para reduzir o custo da força<strong>de</strong> trabalho. As habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um artesão eram b<strong>em</strong> mais caras do que a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umtrabalhador parcial, que realizava apenas uma única tarefa repetitiva. A divisão do trabalhosurgiu com o capitalismo. “Revela-se, <strong>de</strong> um lado, progresso histórico e fator necessário do<strong>de</strong>senvolvimento econômico da socieda<strong>de</strong>, e, <strong>de</strong> outro, meio civilizado e refinado <strong>de</strong>exploração” (MARX, 2004, p. 420).A organização do processo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>composta e a exploração <strong>de</strong> outros recursos da tecnologia serviram para os interesses da
119acumulação. “(...) Uma das características marcantes da socieda<strong>de</strong> capitalista, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suaconsolidação, é a incorporação direta da ciência à produção, na forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentotecnológico e <strong>de</strong> organização do processo <strong>de</strong> trabalho (...)” (KLEIN, 2003, p. 17).Antes do capitalismo, a divisão social do trabalho se dava entre os vários ramos daprodução. Sob o capital, a parcelarização do processo produtivo passou a caracterizar afabricação <strong>de</strong> todos os produtos. Com a reorganização da produção o trabalhador integral,que antes realizava todas as etapas da fabricação, da concepção à execução, passou a realizaruma única função parcial, transformando-se num trabalhador coletivo 64 .Enquanto noartesanato a hierarquia era praticamente inexistente, restringindo-se ao relacionamentovertical entre mestres e aprendizes, no capitalismo t<strong>em</strong>os uma hierarquia <strong>de</strong> funções, nas quaisos trabalhadores buscam se enquadrar <strong>de</strong> acordo com suas habilida<strong>de</strong>s. Nessa hierarquia, ostrabalhadores inábeis <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham as funções mais simples, que prescin<strong>de</strong>m dosconhecimentos adquiridos através da educacional formal.Os hábeis, por sua vez,<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham tarefas mais elaboradas, para as quais o sist<strong>em</strong>a educacional <strong>de</strong>ve oferecerformação a<strong>de</strong>quada e diferenciada, <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s exigidas pelo processo <strong>de</strong>produção (Ibid., p. 20-26).A crescente aplicação da tecnologia nas indústrias, nas <strong>em</strong>presas prestadoras <strong>de</strong>serviços e <strong>em</strong> outros segmentos do mercado <strong>de</strong> trabalho diminui, a cada dia, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>trabalhadores hábeis. Assim, “sob o ponto <strong>de</strong> vista da qualificação, acentua-se o processo <strong>de</strong>nivelamento dos trabalhadores para baixo, (...) <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da homogeneização do trabalho,ampliando-se tanto o exército <strong>de</strong> inábeis quanto o exército <strong>de</strong> excluídos do processoprodutivo” (Ibid., p. 27).A escolarida<strong>de</strong>, nesse contexto, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um critério <strong>de</strong> comprovação da existência<strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s essenciais ao processo <strong>de</strong> produção, e passa a ser apenas uma garantia <strong>de</strong> que otrabalhador possui um comportamento social “a<strong>de</strong>quado”, isto é, <strong>de</strong> que está suficient<strong>em</strong>ente64 Trabalhador coletivo: é o somatório dos trabalhadores parciais, isto é, “dos trabalhadores que realizam apenasuma parcela das ativida<strong>de</strong>s que compõ<strong>em</strong> o processo integral <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> um dado produto” (KLEIN, 2003,p. 21).
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