1162006, p.1). Obviamente, ainda é injusta e <strong>de</strong>sumana a diferença <strong>de</strong> renda entre os menosescolarizados e aqueles que estão no topo da pirâmi<strong>de</strong>, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> instrução. No entanto,não po<strong>de</strong>mos pensar que esse fato atinge apenas os trabalhadores mais escolarizados. A perda<strong>de</strong> r<strong>em</strong>uneração das pessoas com maior nível <strong>de</strong> instrução, <strong>de</strong>corrente da gran<strong>de</strong> oferta <strong>de</strong>mão-<strong>de</strong>-obra qualificada, aumenta a competição no mercado e afeta os salários <strong>de</strong> formageneralizada.O mo<strong>de</strong>lo econômico brasileiro, <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> tecnologia, <strong>de</strong>ixa s<strong>em</strong>perspectivas o trabalhador mais preparado, forçando-o a exercer funções que exig<strong>em</strong> muitomenos <strong>de</strong> suas competências técnicas e intelectuais.Todas as estatísticas comprovam que mais escolarida<strong>de</strong> não representa,necessariamente, <strong>em</strong>pregos mais sofisticados e salários melhores.Esse fato torna maisevi<strong>de</strong>nte a contradição implícita nos discursos que ainda confiam na capacida<strong>de</strong> automáticada escolarização formal <strong>de</strong> garantir sucesso na busca por colocação profissional. Ao mesmot<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que observamos a sobrevivência do discurso da qualificação, constatamos que cadavez mais se acentuam os processos <strong>de</strong> flexibilização e precarização 62dos contratos <strong>de</strong>trabalho. (SEGNINI, 2000, p. 3).A redução dos postos <strong>de</strong> trabalho no setor industrial, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimentotecnológico verificado nas últimas décadas, fez boa parte da mão-<strong>de</strong>-obra dispensada nessesegmento migrar para o setor <strong>de</strong> serviços. Na década <strong>de</strong> 1990, a situação piorou para osoperários brasileiros. Na região metropolitana <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> se concentram as maioresindústrias do país, os dados compilados sobre o mercado <strong>de</strong> trabalho indicam que, “enquantoos serviços cresceram b<strong>em</strong> acima da média, o <strong>em</strong>prego no comércio praticamente ficouestagnado entre 1995 e 2002, e a indústria sofreu um <strong>de</strong>clínio <strong>em</strong> sua ocupação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>13,5%” (CHAHAD, 2003, p. 7).Para os analistas do DIEESE,“a queda do <strong>em</strong>prego na indústria está intimamente relacionada ao padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e àforma recente <strong>de</strong> inserção internacional escolhidos pelo Brasil. A adoção <strong>de</strong> medidas como a aberturacomercial abrupta, taxas <strong>de</strong> juros elevadas, câmbio apreciado (com moeda sobrevalorizada) e reduçãodo papel do Estado resultaram não só num débil e instável crescimento econômico, como também numa62 Contratos <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po parcial, subcontratação, terceirização, etc.
117aceleração e intensificação da reestruturação tecnológica e organizacional das <strong>em</strong>presas. Ess<strong>em</strong>ovimento acabou por eliminar e/ou <strong>de</strong>slocar postos <strong>de</strong> trabalho, via racionalização, aumento <strong>de</strong>produtivida<strong>de</strong> e intensificação do processo <strong>de</strong> terceirização, nas regiões mais industrializadas. Comoresultado, o setor industrial reduz, <strong>em</strong> termos absolutos, seu nível <strong>de</strong> ocupação e per<strong>de</strong> sua participaçãona estrutura ocupacional setorial” (DIEESE, 2001, p. 62).O mesmo estudo do DIEESE constatou que ao longo dos anos 1990 houve umaumento da participação do setor <strong>de</strong> serviços e uma ampliação das relações <strong>de</strong> trabalho àmarg<strong>em</strong> da legislação trabalhista, além do crescimento dos trabalhos autônomos e <strong>em</strong> serviçosdomésticos. (Ibid., p. 61). Dados mais recentes do IBGE (2006, p. 22), referentes ao período<strong>de</strong> 2003 a 2005, indicam que a tendência <strong>de</strong> crescimento do setor <strong>de</strong> serviços manteve-se apósa virada do milênio. Dos oito 63 agrupamentos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> elencados pelo IBGE, o queobteve o maior crescimento no período foi o <strong>de</strong> serviços domésticos.O crescimento b<strong>em</strong> acima da média do setor <strong>de</strong> serviços domésticos, que <strong>em</strong> 2005<strong>em</strong>pregava mais do que a construção civil, indica que boa parte das vagas abertas nessesegmento não exige trabalhadores com elevado grau <strong>de</strong> instrução. Assim como na indústria,no setor <strong>de</strong> serviços a tecnologia também reduziu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra qualificada.Ao analisar o processo <strong>de</strong> reestruturação produtiva no setor bancário <strong>em</strong> São Paulo,maior centro financeiro do Brasil e da América Latina, Segnini (1999, p. 4) apresenta dadosinteressantes sobre o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego nesse setor.Segundo a autora, <strong>em</strong> 1986 a categoriarepresentava um milhão <strong>de</strong> trabalhadores <strong>em</strong> todo o Brasil. Dez anos após, <strong>em</strong> 1996, haviaapenas 497 mil bancários no país. Ou seja, <strong>em</strong> <strong>de</strong>z anos, 503 mil postos <strong>de</strong> trabalho foramsuprimidos. Se consi<strong>de</strong>rarmos o crescimento da população e o incr<strong>em</strong>ento da economia nomesmo período, fator que supostamente forçou uma ampliação dosetor bancário,concluir<strong>em</strong>os que <strong>em</strong> termos proporcionais a retração foi b<strong>em</strong> superior.A queda das taxas <strong>de</strong> ocupação no setor bancário impressiona, mas o mais interessantedo estudo <strong>de</strong> Segnini (Ibid., p. 9-10) é o fato <strong>de</strong> que ele ajuda a <strong>de</strong>smistificar o discurso <strong>de</strong> que63A) indústria extrativista, <strong>de</strong> transformação, <strong>de</strong> produção e distribuição <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>, gás e água; B)construção; C) comércio, reparadoras <strong>de</strong> veículo automotores e <strong>de</strong> objetos pessoais e domésticos; D)intermediação financeira e ativida<strong>de</strong>s imobiliárias, aluguéis e serviços prestados a <strong>em</strong>presas; E) administraçãopública, <strong>de</strong>fesa, segurida<strong>de</strong> social, educação, saú<strong>de</strong> e serviços sociais; F) serviços domésticos; G) outrosserviços; H) outras ativida<strong>de</strong>s.
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