112crescimento da oferta <strong>de</strong> vagas no ensino superior, os impactos negativos não são menosevi<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>sconhecidos da socieda<strong>de</strong> brasileira, que test<strong>em</strong>unhou a proliferação <strong>de</strong> muitas<strong>em</strong>presas educacionais, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre compromissadas com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino. No governoLula a legislação para a educação superior continuou a se transformar. Em nove <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>2006 a presidência da república publicou o Decreto 5.773, que revogou o Decreto 3.860/2001(analisado no capítulo dois) e estabeleceu normas para o exercício das funções <strong>de</strong> regulação,supervisão e avaliação <strong>de</strong> instituições e cursos superiores <strong>de</strong> graduação e seqüenciais. Aanálise <strong>de</strong>sse novo instrumento legal é imprescindível para a compreensão dos rumos tomadospelo ensino superior no período recente. A mesma importância t<strong>em</strong> a leitura do Projeto <strong>de</strong> Leida Reforma Universitária, que tramita atualmente no Congresso Nacional e po<strong>de</strong> alterarsignificativamente o futuro da educação superior no Brasil.O Decreto 5.773, mais conhecido por Decreto-ponte, uma vez que antecipa algunspontos da reforma universitária, é um documento que po<strong>de</strong> ser analisado <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>finitiva 58 . O texto da reforma universitária, contrariamente, ainda po<strong>de</strong> ser alterado por<strong>em</strong>endas, a<strong>de</strong>ndos ou supressões no Congresso Nacional, antes <strong>de</strong> se transformar <strong>em</strong> lei.Nesse sentido, a análise <strong>de</strong> conteúdo que se po<strong>de</strong> fazer <strong>de</strong>sse projeto <strong>de</strong> lei vale apenas para omomento.Embora cada texto guar<strong>de</strong> suas especificida<strong>de</strong>s, ambos são essenciais àcompreensão da conformação atual da educação superior brasileira. O projeto <strong>de</strong> lei dareforma universitária t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> importância pelo fato <strong>de</strong> ter sido construído num período<strong>de</strong>mocrático, com a participação <strong>de</strong> setores representativos da comunida<strong>de</strong> universitária e dasocieda<strong>de</strong>. “Na história da República no Brasil, as duas leis gerais sobre a educação superiorque tiveram uma longa vigência foram promulgadas: a primeira, <strong>em</strong> 1931, por Francisco <strong>de</strong>Campos, durante o Governo Provisório <strong>de</strong> Vargas pós revolução <strong>de</strong> 1930, a segunda, <strong>em</strong>1968, pelo ministro da Educação, Tarso Dutra, durante a ditadura militar instaurada <strong>em</strong> 1964,e que ainda está <strong>em</strong> vigor” (TRINDADE, 2004, p. 4).O Decreto-ponte é importante por58 Os <strong>de</strong>cretos são atos impositivos do po<strong>de</strong>r executivo, aos quais cabe cumprimento obrigatório.
finalmente instituir parâmetros processuais claros, que regulamentam o arcabouço jurídico <strong>de</strong>regulação, supervisão e avaliação do ensino superior.Não far<strong>em</strong>os ao longo <strong>de</strong>ssa seção uma exposição <strong>de</strong>talhada do Projeto <strong>de</strong> Lei e doDecreto-ponte. Há um número elevado <strong>de</strong> particularida<strong>de</strong>s a ser<strong>em</strong> analisadas <strong>em</strong> ambos ostextos legais, que na prática terão implicações diversas e <strong>de</strong> difícil projeção. Restringir<strong>em</strong>os aanálise aos pontos essenciais já discutidos nos capítulos anteriores, sobretudo aos queconcern<strong>em</strong> ao processo <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> uma “nova universida<strong>de</strong>” (vi<strong>de</strong> subit<strong>em</strong> 2.3 docapítulo 2). As mudanças ocorridas ao longo dos anos 90 e início da década atual lentamentealteraram o perfil das instituições <strong>de</strong> ensino superior no Brasil. Todas as transformaçõesprocessadas foram b<strong>em</strong> sintetizadas na afirmação que José Dias Sobrinho fez <strong>em</strong> obrapublicada <strong>em</strong> 2005. Segundo esse autor,113“a funcionalização econômica da educação superior, a eficiência na capacitação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para omercado, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversificar as fontes <strong>de</strong> financiamento, o estreitamento das relações daeducação superior com setores produtivos, a flexibilida<strong>de</strong> curricular, o encurtamento da duração doscursos, a ênfase no conhecimento útil, a apropriação mercantil dos saberes, conexões mais diretas como mundo do trabalho, a liberalização do mercado educacional nas novas relações internacionais, aexpansão das instituições mantidas por diferentes provedores privados são alguns dos fenômenos maisimportantes das transformações recentes” (DIAS SOBRINHO, 2005, p. 66).Iniciar<strong>em</strong>os nossa análise pela discussão dos pontos que Dias Sobrinho resume atravésdas expressões “funcionalização econômica da educação superior, eficiência na capacitação<strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para o mercado, estreitamento das relações da educação superior comsetores produtivos e conexões mais diretas com o mundo do trabalho".5.1 MERCADO DE TRABALHO E ENSINO SUPERIOROs números apresentados no primeiro capítulo <strong>de</strong>monstram que a década <strong>de</strong> 1990 foipobre <strong>em</strong> perspectivas para os jovens brasileiros, inclusive para os portadores <strong>de</strong> diploma <strong>de</strong>nível superior. Nesse período, acentuaram-se os níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego, <strong>de</strong> flexibilização 59 dos59 “Como contratação flexibilizada, enten<strong>de</strong>-se a contratação do trabalhador diretamente pela <strong>em</strong>presa comoassalariado s<strong>em</strong> carteira <strong>de</strong> trabalho assinada, via <strong>em</strong>presa terceirizada, ou como trabalhador autônomo”(DIEESE, 2001, p. 63).
- Page 1 and 2:
EMIR GUIMARÃES ANDRICHA EDUCAÇÃO
- Page 3 and 4:
SUMÁRIO31 INTRODUÇÃO............
- Page 5 and 6:
5.6 A CONSOLIDAÇÃO DE UM SISTEMA
- Page 7 and 8:
RESUMO7Este trabalho analisa as tra
- Page 9 and 10:
I - INTRODUÇÃO9A educação super
- Page 11 and 12:
113.17% em 2002 (44% de queda); e n
- Page 13 and 14:
13implementadas por decretos, suces
- Page 15 and 16:
15mudança de perfil de alguns curs
- Page 17 and 18:
CAPÍTULO II17A CRISE DO CAPITALISM
- Page 19 and 20:
crescimento quantitativo do setor p
- Page 21 and 22:
21tempo em que ele assegurou as con
- Page 23 and 24:
era interpretado como um elemento f
- Page 25 and 26:
25anos subseqüentes o problema só
- Page 27 and 28:
27organizacionais, a redução do p
- Page 29 and 30:
29garantiu o acesso ao emprego e mu
- Page 31 and 32:
31possuidor é que ele tem atitude
- Page 33 and 34:
33Inicialmente, a crise iniciada na
- Page 35 and 36:
35pelo modelo de desenvolvimento ec
- Page 37 and 38:
incentivo à privatização do ensi
- Page 39 and 40:
39na implantação de cursos a dist
- Page 41 and 42:
41“quantidade”, “tempo” e
- Page 43 and 44:
43sentido foi a criação do PROUNI
- Page 45 and 46:
45explorando o pluralismo de idéia
- Page 47 and 48:
pesquisas que tivessem interesse co
- Page 49 and 50:
financiamento, defende a concepçã
- Page 51 and 52:
51seja creditado à falta de vocaç
- Page 53 and 54:
Essa tendência, que não se restri
- Page 55 and 56:
superior de ensino, pode ser credit
- Page 57 and 58:
3.1.2 A LDB 36 e os Seus Decretos R
- Page 59 and 60:
) centros universitários e59c) fac
- Page 61 and 62: 61empresários da educação por es
- Page 63 and 64: 63administrativo de cozinha; entre
- Page 65 and 66: 65estimulada pela legislação rece
- Page 67 and 68: 67Estado quase sempre omitem sua im
- Page 69 and 70: pela associação das atividades de
- Page 71 and 72: 71Boa parte da reflexão que Gramsc
- Page 73 and 74: “As várias noções não eram ap
- Page 75 and 76: outrora desempenharam um papel pol
- Page 77 and 78: CAPÍTULO IV77O ENSINO SUPERIOR NO
- Page 79 and 80: 79Gráfico 2 - Evolução do Númer
- Page 81 and 82: 81GRÁFICO 4 - Evolução do Númer
- Page 83 and 84: 834.1.3 CursosA evolução do núme
- Page 85 and 86: 85Todas essas formas de organizaç
- Page 87 and 88: 87GRÁFICO 8 - Evolução do Númer
- Page 89 and 90: 89cursos, de matrículas e institui
- Page 91 and 92: 91GRÁFICO 11 - Evolução do Núme
- Page 93 and 94: De 1999 a 2004, o número de cursos
- Page 95 and 96: 95Tabela 16 - Crescimento da Educa
- Page 97 and 98: 97preservação da cultura e da eru
- Page 99 and 100: 99grau. O cenário nacional para as
- Page 101 and 102: Os modestos indicadores brasileiros
- Page 103 and 104: 103Gráfico 15 - Evolução da Dema
- Page 105 and 106: 105respectivamente. Quatorze anos d
- Page 107 and 108: na estrutura pública acentuou a de
- Page 109 and 110: privado em 2004 (43.8%). Aparenteme
- Page 111: CAPÍTULO V111PELOS CAMINHOS DA REF
- Page 115 and 116: 115Sob o ponto de vista das oportun
- Page 117 and 118: 117aceleração e intensificação
- Page 119 and 120: 119acumulação. “(...) Uma das c
- Page 121 and 122: 5.1.1 A Interação Entre o Decreto
- Page 123 and 124: 123princípios e diretrizes a serem
- Page 125 and 126: 125Nacional”, e que o Decreto-pon
- Page 127 and 128: 127decreto exige a apresentação d
- Page 129 and 130: 129O descumprimento do protocolo de
- Page 131 and 132: 131TABELA 26 - Parâmetros Mínimos
- Page 133 and 134: 133apenas 20% de professores com o
- Page 135 and 136: 1355.4 AUTONOMIA PARA NEGOCIAR COM
- Page 137 and 138: 137ANDES-SN - Associação Nacional
- Page 139 and 140: 139O Projeto de Lei da Reforma prev
- Page 141 and 142: 5.6 A CONSOLIDAÇÃO DE UM SISTEMA
- Page 143 and 144: 143“a adoção [de] um padrão un
- Page 145 and 146: 145as IES possuem um prazo máximo
- Page 147 and 148: 1472004 já dominavam quase 90% do
- Page 149 and 150: 149as rádios e televisões educati
- Page 151 and 152: 151Mas não para a pesquisa cujos r
- Page 153 and 154: 7 REFERÊNCIAS153ABMES - Associaç
- Page 155 and 156: DECRETO-PONTE para preparar a refor
- Page 157 and 158: LEHER, Roberto. Reforma universitá
- Page 159 and 160: ____. Educação superior no limiar