Emir Guimarães Andrich - Programa de Pós-Graduação em ...
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110Os discursos em defesa de estruturas mais flexíveis e fragmentadas, de caráterprofissional, parecem sempre bem intencionados, mas muitas vezes ocultam o desejo de seoferecer apenas o mínimo necessário para a formação de trabalhadores acríticos e submissos.Acusar todos os desvios que levam ao acirramento dessa tendência deve ser ocompromisso de todos os educadores. “(...) Ainda que não mais se alimente a crença de quea educação produzirá necessariamente mais empregos, mais desenvolvimento e maisprogresso, é inegável que sua falta significará inevitavelmente mais pobreza, maisdependência política e mais submissão econômica” (DIAS SOBRINHO, 2005, p.200).As críticas dirigidas às instituições públicas, frequentemente acusadas de servir apenasa uma minoria de privilegiados, precisam ser ponderadas. O beneficiário do ensino superiornão é apenas o estudante diplomado. “Na sociedade contemporânea, a ciência e a técnicaproduzidas ou apropriadas pelo indivíduo não servem apenas para que este obtenha emprego,mas são relevantes sobretudo porque tornam mais rica uma coletividade nacional,assegurando-lhe a capacidade de se modernizar e de competir na cena internacional”(PANIZZI, 2004, p. 64).O parâmetro para a avaliação da qualidade na educação superior não pode ser osucesso dos indivíduos nas competições que a vida econômica gera. O conhecimento deve terum sentido de formação de espírito. A formação integral deve integrar as qualidades morais eéticas. O desenvolvimento humano e social deve ser o fim da educação e da ciência (DIASSOBRINHO, 2005, p. 129-133). “Os principais desafios e tarefas da humanidade hoje sãomenos de caráter técnico, do que ético, menos devem dizer respeito à eficácia, que à justiça.Isso pode ser uma boa indicação para a educação superior.” (Ibid., p. 42-43).
CAPÍTULO V111PELOS CAMINHOS DA REFORMA: O FUTURO DAEDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASILMuitos objetos investigados pelas Ciências Humanas encontram-se distantesfisicamente ou temporalmente dos cientistas que trabalham nesse amplo campo do saber.Entre os pesquisadores que atuam na área de educação esse fenômeno não é incomum. Osrecortes temporais, sobretudo, localizam-se frequentemente a uma distância considerável damaioria dos investigadores. Esse fato tem a grande positividade de permitir uma análise maisobjetiva. Dados essenciais para a leitura fiel de determinados fenômenos muitas vezes só sãoconhecidos muito tempo depois da consumação dos fatos. A proximidade do objeto e o calordos debates acabam sempre dificultando a elaboração de análises de maior profundidade econsistência. A escolha de temas atuais, no entanto, apesar de todos os riscos implícitos,ajuda a iluminar e orientar as discussões presentes. Em meio a tantas opiniões ideológicas,um estudo de caráter científico tem sempre o mérito de oferecer informações mais imparciaisao debate. A opção de investigar um tema atual, vivo e candente como a educação superiorfatalmente acabaria nos impondo a missão de apresentar algumas perspectivas sobre o futuro.Depois de discutir os impactos das transformações marcantes do capitalismo mundial naspolíticas educacionais brasileiras, de traçar um panorama da atuação dos organismosmultilaterais e de percorrer a legislação para o ensino superior, enfatizando os dispositivosque contribuíram para o crescimento acelerado da rede privada, sobretudo no Estado doParaná, vemos como lógica e obrigatória a tarefa de apresentar o estado atual do debate acercada reforma da educação superior no Brasil.A legislação apresentada e discutida nos capítulos dois e três ajuda a explicar de queforma a edição de sucessivos decretos contribuiu para a evolução do sistema privado deensino na última década. Se a conseqüência positiva desse processo pode ser percebida pelo
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110Os discursos <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> estruturas mais flexíveis e fragmentadas, <strong>de</strong> caráterprofissional, parec<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre b<strong>em</strong> intencionados, mas muitas vezes ocultam o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> seoferecer apenas o mínimo necessário para a formação <strong>de</strong> trabalhadores acríticos e submissos.Acusar todos os <strong>de</strong>svios que levam ao acirramento <strong>de</strong>ssa tendência <strong>de</strong>ve ser ocompromisso <strong>de</strong> todos os educadores. “(...) Ainda que não mais se alimente a crença <strong>de</strong> quea educação produzirá necessariamente mais <strong>em</strong>pregos, mais <strong>de</strong>senvolvimento e maisprogresso, é inegável que sua falta significará inevitavelmente mais pobreza, mais<strong>de</strong>pendência política e mais submissão econômica” (DIAS SOBRINHO, 2005, p.200).As críticas dirigidas às instituições públicas, frequent<strong>em</strong>ente acusadas <strong>de</strong> servir apenasa uma minoria <strong>de</strong> privilegiados, precisam ser pon<strong>de</strong>radas. O beneficiário do ensino superiornão é apenas o estudante diplomado. “Na socieda<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porânea, a ciência e a técnicaproduzidas ou apropriadas pelo indivíduo não serv<strong>em</strong> apenas para que este obtenha <strong>em</strong>prego,mas são relevantes sobretudo porque tornam mais rica uma coletivida<strong>de</strong> nacional,assegurando-lhe a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se mo<strong>de</strong>rnizar e <strong>de</strong> competir na cena internacional”(PANIZZI, 2004, p. 64).O parâmetro para a avaliação da qualida<strong>de</strong> na educação superior não po<strong>de</strong> ser osucesso dos indivíduos nas competições que a vida econômica gera. O conhecimento <strong>de</strong>ve terum sentido <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> espírito. A formação integral <strong>de</strong>ve integrar as qualida<strong>de</strong>s morais eéticas. O <strong>de</strong>senvolvimento humano e social <strong>de</strong>ve ser o fim da educação e da ciência (DIASSOBRINHO, 2005, p. 129-133). “Os principais <strong>de</strong>safios e tarefas da humanida<strong>de</strong> hoje sãomenos <strong>de</strong> caráter técnico, do que ético, menos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> dizer respeito à eficácia, que à justiça.Isso po<strong>de</strong> ser uma boa indicação para a educação superior.” (Ibid., p. 42-43).