Emir Guimarães Andrich - Programa de Pós-Graduação em ...
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estagnação do setor público tem ligação com a situação sócio-econômica da região em que108está inserido o Paraná.Os dados levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra deDomicílios – 2004, do IBGE, indicam que a região sul ainda é uma das mais ricas do país.Do total de pessoas ocupadas no Brasil, em 2004, 27.6% ganhavam até 1 salário mínimo derendimento. No nordeste, esse indicador alcançou 46.0%, superando as demais regiões. Osegundo maior percentual foi o da região norte (30.9%), que ainda ficou distanciado dosdemais (sudeste: 20.1%; centro-oeste: 23.1% e sul: 17.9%).“Em termos [de] rendimentomensal domiciliar, que agrega as remunerações de todas as fontes de moradores na residência,a proporção de moradias com rendimento de até 1 salário mínimo ficou em 11.5%”. Nessecritério, a região sul também ficou com a melhor posição (6.7%), superando inclusive a regiãosudeste (6.9%).A mesma pesquisa ainda revelou que, em termos regionais, as maioresdiferenças na proporção de estudantes em escola da rede pública ocorreram no ensinosuperior. Enquanto na região sudeste 18.6% dos estudantes do ensino superior freqüentavamescola pública, na região norte eram 46.0%.Esses dados reforçam a tese de que o sistema privado procurou direcionar seusinvestimentos para as regiões mais ricas. Na região sul, o crescimento das matrículas no setorpúblico foi bem inferior ao verificado na região norte.Os interesses particulares sãoorientados pelo mercado. Os cursos priorizados são sempre aqueles que exigem menoresinvestimentos e proporcionam retornos financeiros mais rápidos. O planejamento estratégico,que leva em conta as reais necessidades de cada região, sempre foi iniciativa do setor público,em todas as esferas, inclusive na área educacional.Nos últimos três anos, o Censo da Educação Superior registrou uma pequena masconstante diminuição no ritmo de crescimento do setor privado, tanto em número deinstituições como de matrículas. Depois de uma década de forte crescimento (1991-2001), osistema privado parece estar entrando em um processo de estabilização ou até mesmo deretração. Esse processo pode ser fruto da altíssima taxa de ociosidade verificada no setor
privado em 2004 (43.8%). Aparentemente, as condições sócio-econômicas do país não estãopermitindo que o ensino pago mantenha o ritmo de crescimento da década de 90.109Alunos interessados em ingressar no ensino superior existem.A relaçãocandidatos/vaga cresce a cada ano nas instituições públicas. A baixíssima taxa deescolarização líquida brasileira demonstra que o sistema teria que quintuplicar para atingir osíndices já alcançados pelos países desenvolvidos. Os extratos mais baixos da população, noentanto, só terão o acesso garantido se o Estado aumentar os investimentos no nível superiorde ensino. No Paraná, dados do ENADE revelam que a maior concentração (70.6% na redepública e 68.7% na particular) dos estudantes matriculados no ensino superior sãoprovenientes de famílias cuja faixa de renda mensal está entre 0 e 10 salários mínimos. Entreos estudantes que prestaram o exame, boa parte ainda declarou (73.9% nas instituiçõespúblicas e 57.3% nas particulares) que possui seus gastos financiados pela família, nãoexercendo nenhum tipo de atividade remunerada.Embora o ensino superior ainda possa ser considerado um privilégio, não há coerênciano discurso daqueles que criticam a universidade pública por atender majoritariamente aosricos. Dez salários mínimos é uma bela remuneração para os padrões brasileiros, mas estábem abaixo da renda auferida pelos membros da elite econômica paranaense. A origem socialde alunos da rede pública e privada paranaense, segundo os números do ENADE, é muitoparecida. Há poucos pobres nas instituições privadas, mas também não os encontramos commaior facilidade no sistema público.Para aprofundar essa análise seria interessante considerar a origem social dosestudantes e cruzar esse dado com as opções de cursos e carreiras. Achamos plausível lançara hipótese de que os alunos mais ricos estão freqüentando cursos que proporcionarão, nofuturo, rendimentos superiores no mercado de trabalho, ao passo que os mais pobres tendemque forçosamente fazer a opção por carreiras profissionais ou instrumentais.
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estagnação do setor público t<strong>em</strong> ligação com a situação sócio-econômica da região <strong>em</strong> que108está inserido o Paraná.Os dados levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra <strong>de</strong>Domicílios – 2004, do IBGE, indicam que a região sul ainda é uma das mais ricas do país.Do total <strong>de</strong> pessoas ocupadas no Brasil, <strong>em</strong> 2004, 27.6% ganhavam até 1 salário mínimo <strong>de</strong>rendimento. No nor<strong>de</strong>ste, esse indicador alcançou 46.0%, superando as <strong>de</strong>mais regiões. Osegundo maior percentual foi o da região norte (30.9%), que ainda ficou distanciado dos<strong>de</strong>mais (su<strong>de</strong>ste: 20.1%; centro-oeste: 23.1% e sul: 17.9%).“Em termos [<strong>de</strong>] rendimentomensal domiciliar, que agrega as r<strong>em</strong>unerações <strong>de</strong> todas as fontes <strong>de</strong> moradores na residência,a proporção <strong>de</strong> moradias com rendimento <strong>de</strong> até 1 salário mínimo ficou <strong>em</strong> 11.5%”. Nessecritério, a região sul também ficou com a melhor posição (6.7%), superando inclusive a regiãosu<strong>de</strong>ste (6.9%).A mesma pesquisa ainda revelou que, <strong>em</strong> termos regionais, as maioresdiferenças na proporção <strong>de</strong> estudantes <strong>em</strong> escola da re<strong>de</strong> pública ocorreram no ensinosuperior. Enquanto na região su<strong>de</strong>ste 18.6% dos estudantes do ensino superior freqüentavamescola pública, na região norte eram 46.0%.Esses dados reforçam a tese <strong>de</strong> que o sist<strong>em</strong>a privado procurou direcionar seusinvestimentos para as regiões mais ricas. Na região sul, o crescimento das matrículas no setorpúblico foi b<strong>em</strong> inferior ao verificado na região norte.Os interesses particulares sãoorientados pelo mercado. Os cursos priorizados são s<strong>em</strong>pre aqueles que exig<strong>em</strong> menoresinvestimentos e proporcionam retornos financeiros mais rápidos. O planejamento estratégico,que leva <strong>em</strong> conta as reais necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada região, s<strong>em</strong>pre foi iniciativa do setor público,<strong>em</strong> todas as esferas, inclusive na área educacional.Nos últimos três anos, o Censo da Educação Superior registrou uma pequena masconstante diminuição no ritmo <strong>de</strong> crescimento do setor privado, tanto <strong>em</strong> número <strong>de</strong>instituições como <strong>de</strong> matrículas. Depois <strong>de</strong> uma década <strong>de</strong> forte crescimento (1991-2001), osist<strong>em</strong>a privado parece estar entrando <strong>em</strong> um processo <strong>de</strong> estabilização ou até mesmo <strong>de</strong>retração. Esse processo po<strong>de</strong> ser fruto da altíssima taxa <strong>de</strong> ociosida<strong>de</strong> verificada no setor