106das instituições públicas, reiteradamente diagnosticada nos processos <strong>de</strong> avaliação do MEC.Segundo dados do Censo da Educação Superior <strong>de</strong> 2004, nas instituições fe<strong>de</strong>rais 82,4% dosdocentes (<strong>em</strong> exercício e afastados) possu<strong>em</strong> contrato <strong>de</strong> trabalho <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> t<strong>em</strong>pointegral. Nas universida<strong>de</strong>s estaduais esse percentual é <strong>de</strong> 73,8%, enquanto nas particulares ecomunitárias a proporção é <strong>de</strong> 12,5% e 16,6%, respectivamente. Não há como negar que a<strong>de</strong>dicação exclusiva eleva, na maioria dos casos, a qualida<strong>de</strong> da educação. A subcontratação,comum <strong>em</strong> instituições privadas, transforma o magistério superior <strong>em</strong> uma função acessória,<strong>de</strong> compl<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> renda ou <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> status a ser explorado no mercado porprofissionais liberais. A <strong>de</strong>dicação integral proporciona um envolvimento maior do docentecom a universida<strong>de</strong> e com os estudantes. A r<strong>em</strong>uneração por hora-aula é um <strong>de</strong>sincentivo aoesforço que o professor precisa realizar fora da instituição, se realmente <strong>de</strong>seja oferecer ummínimo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> às disciplinas que oferta.O Censo da Educação Superior ainda apresenta dados sobre a titulação dos professorespor região e categoria administrativa.Novamente as instituições públicas apresentam<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho superior, com um número elevado <strong>de</strong> mestres e doutores (26,1% e 62,5%,respectivamente), contra 73,9% e 37,5% na re<strong>de</strong> privada. Nas instituições particulares, muitasvezes, a preferência é dada para qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> menor titulação, <strong>em</strong> razão do custo associado àcontratação <strong>de</strong> professores mais qualificados. Para avaliar a representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssesnúmeros, basta contrastá-los com os indicadores da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, consi<strong>de</strong>radareferência nacional pela excelência do ensino. Em 2003, a USP possuía 4884 docentes, dosquais 94% com título <strong>de</strong> doutor ou superior. Desses, 68% encontravam-se orientandotrabalhos na pós-graduação (VILELA, 2005, p. 43).As estatísticas disponíveis sobre a educação superior no Brasil e no Paraná, associadasa alguns dados levantados pelo ENADE-2004, indicam claramente um progressivosucateamento das instituições públicas nos últimos anos, processo que ocorreu <strong>em</strong> paralelo àexpansão <strong>de</strong> todos os indicadores no sist<strong>em</strong>a particular. A diminuição dos recursos aplicados
na estrutura pública acentuou a <strong>de</strong>terioração da estrutura física das instituições que compõ<strong>em</strong>esse sist<strong>em</strong>a. É acentuada a diferença <strong>de</strong> percepção dos alunos da re<strong>de</strong> pública e particular <strong>em</strong>107relação às instalações disponíveis nas IES do Estado.Na re<strong>de</strong> privada é b<strong>em</strong> maior asatisfação com as condições <strong>de</strong> conservação das instalações físicas (salas <strong>de</strong> aula,laboratórios, ambientes <strong>de</strong> estudo, material <strong>de</strong> consumo, computadores, equipamentos ebiblioteca). O fato das instituições particulares ter<strong>em</strong> sido consi<strong>de</strong>radas mais aparelhadas, noentanto, não inverteu os indicadores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> resultantes das avaliações do MEC. Ouseja, as instituições públicas, apesar <strong>de</strong> tudo, continuam oferecendo melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ensino. Isso significa que os recursos humanos continuam sendo, <strong>em</strong> educação, muito maisimportantes do que os recursos materiais.É claro que exist<strong>em</strong> outras variáveis que interfer<strong>em</strong> na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino. Osrecursos humanos e materiais oferecidos pelas instituições são aproveitados <strong>de</strong> forma distinta,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> preparação dos alunos que ingressam <strong>em</strong> cada instituição. Em razãoda alta concorrência, as instituições públicas acabam s<strong>em</strong>pre atraindo melhores alunos.Dequalquer forma, seja na re<strong>de</strong> pública ou privada, o nível intelectual dos alunos do ensinosuperior brasileiro precisa ser elevado.No Paraná, por ex<strong>em</strong>plo, 22.5% dos estudantes dosist<strong>em</strong>a público e 23.1% da re<strong>de</strong> particular <strong>de</strong>clararam, <strong>em</strong> enquete do ENADE, que nãohaviam lido um único livro no ano <strong>em</strong> que fizeram o exame, excetuando os livros escolares.Em relação ao t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>dicado aos estudos <strong>em</strong> casa, 28.8% dos alunos da re<strong>de</strong> pública e41.0% da particular <strong>de</strong>clararam estudar no máximo duas horas por s<strong>em</strong>ana. Esses dados sãosugestivos para se pensar o grau <strong>de</strong> exigência dos cursos <strong>de</strong> graduação.De um modo geral, as estatísticas do INEP sobre o Estado do Paraná indicam umacirramento do processo <strong>de</strong> privatização nos últimos anos, associado a uma involução dosist<strong>em</strong>a público. Em todos os indicadores (nº <strong>de</strong> instituições, matrículas, cursos, entre outros),a relação obe<strong>de</strong>ce a essa proporcionalida<strong>de</strong> inversa. Como já afirmamos anteriormente, o fato<strong>de</strong>sta relação ter se acentuado mais no plano estadual além <strong>de</strong> estar relacionado com a
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