em Lutero: uma análise a partir da doutrina dos dois ... - UEM
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Revista Brasileira de História <strong>da</strong>s Religiões. ANPUH, Ano II, n. 5, Set. 2009 - ISSN 1983-2850http://www.dhi.u<strong>em</strong>.br/gtreligiao_____________________________________________________________________________vingança de Deus. Os senhores deveriam parar de agir de forma tirânica e tentar um acordo depaz, o que traria muito mais benefícios. 39O fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> rebelião não é a pregação reformatória de <strong>Lutero</strong>, pois este s<strong>em</strong>preensinou a obediência às autori<strong>da</strong>des. O ver<strong>da</strong>deiro fun<strong>da</strong>mento são os ensinos <strong>dos</strong> falsosprofetas que se misturaram com o povo. Ain<strong>da</strong> que nos Doze Artigos haja reivindicaçõesjustas, que desmascaram a má índole <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des, estão também presentes pessoasinteresseiras por trás do movimento camponês. 40b) Na segun<strong>da</strong> parte <strong>Lutero</strong> se dirige ao campesinato, sendo esta a maior parte do seuescrito. O que está <strong>em</strong> jogo no conflito <strong>dos</strong> camponeses com as autori<strong>da</strong>des não é apenaspoder t<strong>em</strong>poral, mas salvação eterna. Como muitos já sucumbiram diante <strong>dos</strong> falsos ensinos,basta que alguns sejam salvos afirma <strong>Lutero</strong>. 41Uma <strong>da</strong>s preocupações do reformador é que o movimento se intitulava “cristão”. Porestar<strong>em</strong> usando a espa<strong>da</strong> por interesse próprio atra<strong>em</strong> a ira de Deus sobre si (Mt 26.52), poisdesobediência e rebelião atrai condenação (Rm 13.2). Isto tudo é usar o nome de Deus <strong>em</strong>vão. 42Diante <strong>da</strong> alegação de que a autori<strong>da</strong>de estaria proibindo os camponeses de ouvir oEvangelho e impondo altas taxas <strong>Lutero</strong> rebate que o fato <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des ser<strong>em</strong> tirânicas nãojustifica o uso de meios violentos. Castigar outr<strong>em</strong> compete à autori<strong>da</strong>de constituí<strong>da</strong>. Se opovo quer tirar este direito <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de, então já tirou tudo o que possui. 43<strong>Lutero</strong> alerta que há falsos profetas no meio <strong>dos</strong> camponeses querendo ser<strong>em</strong> senhoresdo mundo. Se quiser<strong>em</strong> seguir a lei de Deus, como diz<strong>em</strong>, façam, porém se não quiser<strong>em</strong> a iracairá sobre estes. O direito <strong>dos</strong> cristãos é desejar o b<strong>em</strong> para aqueles que os ofend<strong>em</strong>, orarpelos que os persegu<strong>em</strong>, amar o inimigo e fazer o b<strong>em</strong> ao que os maltrata. O direito do cristãoé a cruz, porém agora t<strong>em</strong> desejado bens t<strong>em</strong>porais. São cristãos imprestáveis. Não exist<strong>em</strong>tantos cristãos que dá para juntar num grupo, pois cristão é ave rara. 44Se as partes vier<strong>em</strong> a se enfrentar <strong>em</strong> luta arma<strong>da</strong>, não dev<strong>em</strong> usar o nome de cristãos.Mas tanto autori<strong>da</strong>des quanto camponeses só pod<strong>em</strong> se enfrentar considerando a si mesmos eo outro como gentios, pois cristãos não faz<strong>em</strong> uso <strong>da</strong> violência por interesses próprios. Se39 Ibid., p. 308-311.40 LUTERO, op. cit., p. 310-312.41 Ibid., p. 312-313.42 Ibid., p. 313-314.43 Ibid., p. 315.44 Ibid., p. 316-317.252