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MELISSA RODRIGUES DE ALMEIDA A RELAÇÃO ENTRE A ...

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99Segundo Vigotski (2000b, p. 284), vemos apenas um fragmento do mundo,pois um olho que tudo visse, nada veria; assim como uma consciência que se desseconta de tudo, não se daria conta de nada. Para o autor, a consciência estáencerrada entre certos limiares e no interior desses limiares não se capta toda adiversidade de mudanças e matizes, mas a percepção das mudanças depende denovos limiares. É como se a consciência fosse um órgão seletor, que selecionapontos estáveis da realidade em meio ao fluxo geral. É uma peneira que filtra omundo e o modifica de modo que seja possível agir.A realidade converte-se em concepção de mundo fixada na consciência naforma de linguagem, o que lhe confere certa estabilidade. Essa concepção pode sernaturalizada ou ainda mecanizada, fossilizada (em analogia ao mecanismopsicológico do comportamento fossilizado) com base na alienação. Pensamos, comisso, que a alienação e a ideologia oferecem obstáculos ao avanço para novoslimiares da consciência, já que dão uma aparência de ausência de movimento,quando a realidade é movimento contínuo. No entanto, a ideologia não pode impediro movimento do real, pode no máximo lhe dar uma aparência estática.Sob as relações sociais capitalistas, os limiares da consciência sãodeterminados pela atividade alienada e pela consciência fragmentada da totalidade.Ou seja, são determinados pelas relações materiais dominantes e suascorrespondentes idéias de dominação. Não apenas todos e cada um se inserem emalgum ponto das relações capitalistas, como a consciência social universalizada é aconsciência liberal burguesa.Mas se a formação da consciência se dá pela internalização de certasrelações sociais, devemos lembrar, em primeiro lugar, que as relações sociais sãocontraditórias e que a situação objetiva da classe trabalhadora lhe possibilita apercepção de aspectos contraditórios dessa realidade. Em segundo lugar,entendemos que a inserção da pessoa em novos contextos materiais (mudar decidade, começar a trabalhar ou participar de uma greve, por exemplo) permite novasinternalizações. Ocorre, então, que enunciados, normas, regras sempre aceitas pordeterminada pessoa, podem se somar às já internalizadas ou entrar em choque comessa nova realidade, a partir da percepção e da vivência de um contexto materialque não corresponde, pelo menos em parte, à concepção anterior. Não quer dizerque a mudança no contexto material produza diretamente a internalização de outrosvalores, pois a pessoa pode (e tende a) entender a nova realidade a partir dos

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