90revolucionária expressam diferentes momentos do processo da consciência declasse, determinados por uma série de condições históricas. (Iasi, 2006, p. 320-322)Uma dessas condições é a presença de contradições no próprio movimentodo real, das quais a principal é a contradição entre o desenvolvimento das forçasprodutivas materiais e as relações sociais de produção, contradição essa já tratadaanteriormente. O capitalismo possibilitou um desenvolvimento surpreendente dasforças produtivas materiais, inserindo tecnologias que fazem com que hoje, porexemplo, haja terra, energia e água suficiente para produzir alimento para o dobroda população mundial (FAO, 2002). No entanto, com a apropriação privada dosprodutos sociais, nem todos os seres humanos usufruem desse avanço. Segundorelatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e aAlimentação), cerca de 100 mil pessoas morrem por dia no mundo vítimas da fome;e no ano de 2002, por exemplo, estima-se que 852 milhões de pessoas sofreram decarências alimentares e de subnutrição.Marx e Engels (2007, p. 41) argumentam queNo desenvolvimento das forças produtivas advém uma fase em que surgemforças produtivas e meios de intercâmbio que, no marco das relaçõesexistentes, causam somente malefícios e não são mais forças de produção,mas forças de destruição (maquinaria e dinheiro) – e, ligado a isso, surgeuma classe que tem que suportar todos os fardos da sociedade semdesfrutar de suas vantagens e que, expulsa da sociedade, é forçada à maisdecidida oposição a todas as outras classes; uma classe que configura amaioria dos membros da sociedade e da qual emana a consciência danecessidade de uma revolução radical, a consciência comunista (...).Nesse caso, as relações sociais capitalistas passam a apresentar-se comoentrave ao desenvolvimento das forças produtivas, servindo à sua destruição (videas guerras, miséria, poluição). Com esse impasse, a luta de classes acirra-se aindamais, pois uma classe, o proletariado, suporta todos os ônus da sociedade, do quesurge a consciência da necessidade da transformação radical das relações sociais,inclusive, para a sobrevivência da espécie humana.Marx destaca que os seres humanos não renunciam ao grau de avanço dasforças produtivas conquistado pelo gênero humano em detrimento da manutençãode certas relações sociais. Pelo contrário,Para não serem privados do resultado obtido, para não perderem os frutos dacivilização, os homens são forçados a modificar todas as suas formas sociaistradicionais assim que a forma de seu comércio [commerce] não corresponde
91mais às forças de produção obtidas. (MARX, 1984, p. 433)O capital, com sua força econômica, ideológica, política, jurídica e militar,tem grande poder de reconstrução e recomposição e busca a manutenção da ordemsocial. Todavia, esse sistema deixa uma grande massa da humanidade em situaçãode miserabilidade, impulsionando ao conflito. O resultado desse conflito dependerátambém, além de outros fatores, da consciência de classe dos trabalhadores e desua organização para enfrentar essa grande força.Se a consciência de classe é determinada pelo ser social da classe, convémcompreender como se define uma classe. Marx e Engels (2007) deixam claro que aclasse é um processo. Ao mesmo tempo em que os indivíduos isolados só formamuma classe na medida em que devem travar uma luta contra outra classe; a classetorna-se independente dos indivíduos, já que estes são subordinados à sua classe,pois recebem dela sua posição na vida e seu desenvolvimento pessoal, tendo suascondições de vida determinadas antecipadamente.Iasi (2001) sintetiza alguns aspectos conceituais levantados por Marx eaponta que a definição do fenômeno de classe se dá a partir de múltiplasdeterminações: 1) pela posição diante da propriedade – ou não propriedade – dosmeios de produção; 2) pela posição no interior de certas relações sociais deprodução; 3) pela consciência de classe, que se associa ou se distancia de umaposição de classe; 4) pela ação desta classe na luta concreta no interior de umaformação social. Assim, a classe conforma-se como uma síntese dos fatoresobjetivos (posição diante da propriedade e das relações sociais de produção) esubjetivos (ação e consciência de classe) na resposta a uma contradição históricaobjetiva/ subjetiva que é a contradição entre as forças produtivas materiais e asrelações sociais de produção. Como se vê, determinar a qual classe pertencedeterminado indivíduo particular não é uma questão simples. Ao olhar para o real,por exemplo, vemos relações contraditórias, que caracterizam algumas posições,que só podem ser definidas na dinâmica da luta de classes. (IASI, 2006, p. 343).O proletariado ao mesmo tempo em que é parte constitutiva das relaçõescapitalistas, existindo apenas nestas, sofre também com a exploração, a alienação eas contradições impostas por esse modo de produção da vida. O ser da classe forjase,portanto, de maneira contraditória. Por vezes adapta-se e por outras reage eresiste. São as contradições da realidade material que permitem esse movimento.
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