74para a compreensão da consciência humana.Vigotski (1998b, p. 128-129) afirma que “É impossível conhecercorretamente a realidade sem um certo elemento de imaginação, sem se afastardela, das impressões isoladas imediatas, concretas, em que essa realidade estárepresentada nos atos elementares da nossa consciência.”Até aqui, vimos que os conceitos têm papel fundamental na formação daconsciência humana, pois a relação do indivíduo com o mundo não ocorre de formaimediata, mas mediada pelo sistema de conceitos produzido com base na unidadeafetivo-cognitiva. Passemos agora à formação da personalidade e da concepção demundo.2.9 O <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO CULTURAL 30 DAS IDA<strong>DE</strong>S: A FORMAÇÃO DAPERSONALIDA<strong>DE</strong> E DA CONCEPÇÃO <strong>DE</strong> MUNDODepois de analisar a formação e o desenvolvimento da consciênciahumana, podemos falar do desenvolvimento cultural. O processo dedesenvolvimento cultural do indivíduo se define, por seu conteúdo, pelodesenvolvimento da personalidade da criança e de sua concepção de mundo.Personalidade é um conceito social que abarca, para Vigotski, o que sesobrepõe ao natural; o que é histórico no ser humano. Desenvolve-se comototalidade e não é inata, mas surge como resultado do desenvolvimento cultural.(VYGOTSKI, 2000b, p. 328).Para Martins (2004, p. 84-85), a personalidade remete ao plano da pessoa,da vida real dos indivíduos, a forma pela qual se constrói uma maneira particular defuncionamento: de fazer, de pensar, de sentir. A personalidade se produz naprodução da humanidade e é entendida pela autora comoautoconstrução da individualidade por conquista de sua genericidade, ouseja, síntese de processos biológicos e psicológicos que em interaçãodialética com o meio transforma o indivíduo de maneira criadora eautocriadora graças à ação e consciência. (MARTINS, 2004, p. 86).30 Relembramos que o desenvolvimento cultural deve ser entendido como o desenvolvimentobaseado nas condições sócio-históricas de produção do gênero humano, conforme explicado naspáginas 42 e 43.
75Ao constituir sua personalidade, a criança desenvolve uma concepção demundo, entendida por nós como essa maneira particular de funcionamento dapessoa, expressa em seus modos de pensar, sentir e agir. A concepção de mundoé, segundo Vigotski (2000b, p. 328), tudo aquilo que caracteriza a conduta global dohomem, sua relação cultural com o mundo exterior; e não um sistema lógico refletidoem forma de concepção consciente sobre o mundo e seus aspectos maisfundamentais. Convém lembrar que o que internalizamos, em nossodesenvolvimento cultural, não é o próprio mundo, mas uma representação domundo, mediada por um sistema de significações fixado na linguagem e expressonos modos de agir, pensar e sentir. Esse desenvolvimento começa desde onascimento da criança, quando ela começa a relacionar-se com o meio social.Segue uma breve passagem sobre essa trajetória, produzida sócio-historicamente eque, portanto, não deve necessariamente seguir as idades com rigor, mas dependedas relações sociais e do momento histórico em que se produz.O recém-nascido pode ser considerado um ser natural no sentido maiscompleto e exato da palavra, por ser a etapa mais primitiva do ser humano. Algumasformas primitivas de conduta cultural, que já encontramos nos bebês, têm umcaráter semi-orgânico, por exemplo, a reação à voz humana ou à presença de umadulto. A partir dos seis meses de idade, as crianças já fazem tentativas de realizarações com a ajuda de objetos, mas é em torno dos nove meses que ocorre umavirada significativa. A criança começa a dominar as primeiras ferramentas, captaralguns nexos mecânicos e se formam as primeiras conexões sensório-motrizescomplexas, (VYGOTSKI, 2000b, p. 330-332).Na criança pequena, há um período de transição da vida natural à culturalem que cada ação da criança constitui-se como uma mescla do animal (no sentidoda espécie) e do humano (no sentido do gênero). Tem um caráter natural-históricoou primitivo-cultural e sua concepção de mundo é mágica, baseada em suaexperiência motriz produzida casualmente e repetida – movimento das mãos ebraços - sem distingui-la de outros movimentos externos que não dependem dele –aproximação de outra pessoa, por exemplo. (VYGOTSKI, 2000b, p. 332-333).O bebê não diferencia o ‘eu’ do mundo, para ele há uma coincidência entrea personalidade e a concepção de mundo, o que vai se manifestar em suas ações.O primeiro ano de vida é a pré-história do desenvolvimento cultural. Não temos
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