52de trabalho, servindo de mediação e transforma-se depois em meio de influênciasobre si mesmo. Nesse momento, pode-se dizer que os signos constituem-se comoestímulo-estímulo artificiais introduzidos pelo homem na situação psicológica e quecumprem a função de auto-estimulação. (VYGOTSKI, 2000b, p. 83 e p. 146). Nocaso da memória, por exemplo, quando para potencializar o próprio processo dememorização de uma quantidade de objetos, se traça num pedaço de madeira umnúmero de riscos que correspondem a certo número de objetos. Com isso, oindivíduo insere em sua atividade um estímulo artificial, um signo, na maioria dasvezes apropriado por ele do meio social ou criado por ele com base em suasapropriações anteriores, que amplia sua capacidade de recordar.O processo de significação constitui-se, assim, pela criação e emprego dossignos, sendo que o sistema de signos da linguagem é ‘dominante’ em relação aoutros. Nas funções elementares, há um papel determinante do estímulo queprovoca uma determinada resposta; enquanto nas superiores, o papel determinanteé da auto-estimulação, isto é, do processo de significação. Um estímulo neutroassume a função de signo quando na realização de uma tarefa surge um obstáculo,que só pode ser transposto pela criação de estímulos artificiais. O signo e seu modode uso passam a ser o foco de todo o processo. Todavia, não podemos deixar delembrar que o processo de passagem das funções elementares para as superiores éde superação dialética, em que ao mesmo tempo anula e conserva o patamaranterior. Os processos elementares e as leis que os regem estão engendrados naforma superior do comportamento e aparecem nela subordinadas e ocultas. Deacordo com Vigotski, “a análise demonstra que o fundamento e o conteúdo da formasuperior é a inferior, que a superior aparece tão somente em uma etapa dedesenvolvimento e volta a converter-se incessantemente em forma inferior.”(VYGOTSKI, 2000b, p. 118, tradução nossa). Toda forma superior de conduta éimpossível sem as inferiores, mas a existência das inferiores não esgota a essênciada superior.Nesse processo, fica evidente o importante papel da mediação. Os signos,como mediação na relação de apropriação do gênero humano pelo indivíduo,assumem uma posição definitiva no desenvolvimento do comportamento humano.São produtos do processo histórico e social da humanidade e estão em permanenteconstrução. A criança entrará em contato com o mundo através da mediação deoutras pessoas, que é justamente o que vai lhe dar possibilidade de se apropriar de
53modos de viver, pensar e sentir daquele período histórico.Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividadesadquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e,sendo dirigidas a objetos definidos, são refratadas através do prisma doambiente da criança. O caminho do objeto até a criança e desta até o objetopassa através de outra pessoa. (VIGOTSKI, 1998a, p. 40).Um importante mecanismo para a apropriação da concepção de mundo edas relações sociais do adulto pelas crianças é a brincadeira de papéis sociais ou obrinquedo.A brincadeira, segundo Vigotski (1998a, p. 122), surge quando a criançaexperimenta necessidades que não podem ser satisfeitas imediatamente, porexemplo, ser mãe e pela necessidade de agir em relação aos objetos e situaçõescom as quais se defronta. Ao brincar de ser mãe, a criança envolve-se em umasituação imaginária, criada a partir do brinquedo e com isso começa a apropriar-sedas regras sociais a serem seguidas por uma mãe, do lugar social dado para asmães, do como uma mãe deve se relacionar com os filhos e com os demais etc. Deacordo com Rossler,Ao brincar a criança nunca está, portanto, inteiramente sozinha, num mundoà parte do mundo dos adultos ou mesmo tentando fugir dele. A brincadeiranão é uma atividade alucinatória. Ao contrário, brinca para poder dominar epenetrar nesse mundo, que é um mundo social. Brinca para ser um adulto.Direta ou indiretamente, o universo dos adultos sempre estará presente nasatividades lúdicas das crianças, determinando sua forma e seu conteúdo,interferimos nelas ou não. (ROSSLER, 2006a, p. 57)Nesse sentido, a brincadeira exerce um papel fundamental nodesenvolvimento da criança, especialmente na idade pré-escolar, mesmo não sendoa única fonte de desenvolvimento e nem sequer a atividade predominante dacriança. Mas pelo fato de a criança, na situação da brincadeira, envolver-se ematividades que vão além daquelas próprias de sua idade, são criadas zonas dedesenvolvimento proximal e por meio da brincadeira ela desenvolve formas de serelacionar com os objetos e com os outros.Para Vigotski, o aprendizado é que promove o desenvolvimento 24 , isto é, a24 Cabe salientar que essa concepção é contrária a de Piaget, por exemplo, que defendia a idéia queo aprendizado segue o desenvolvimento, ou seja, seria necessário que a criança atingisse um nívelde desenvolvimento, em cima de que se torna possível produzir certa aprendizagem. Somente depoisde um novo desenvolvimento, seria possível alçar novos níveis de aprendizado. Já para Vigotski
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