34ensinará as técnicas para cada trabalho etc. Assim mesmo, não vivemos apenas deparafusos. Produzimos na história, necessidade de outra diversidade de objetos –desde a alimentação diária até o transporte ou a internet. São muitos ostrabalhadores envolvidos em nossa produção cotidiana como seres humanos. Dessaforma, com o aprofundamento da divisão do trabalho, temos uma produção cada vezmais social e, logo, uma dependência cada vez maior dos seres humanos entre si.Acontece que, no processo de trabalho capitalista, a divisão do trabalho éperpassada pela divisão da sociedade em classes, levando a uma especializaçãointensa e um processo de alienação material crescente, o que decorre também emuma crescente alienação da consciência.Disso podemos concluir que a forma e o conteúdo das relações sociais, istoé, o como e o que os seres humanos produzem socialmente para sua existênciadarão base para a formação de uma determinada consciência social. Em umasociedade de classes com interesses antagônicos, como é a sociedade capitalista, aconsciência social se converte em ideologia, constituindo-se como reflexo dasrelações sociais dominantes, ou ainda, das relações de dominação de uma classesobre outra. Dessa forma, a consciência social constitui-se como a expressão emidéias, valores e normas, das relações materiais dominantes em uma sociedade.Porque a classe dominante tem controle dos meios de produção e distribuição dasidéias, tem o poder de transformar suas idéias particulares em idéias universaisdominantes.A classe dominante se apresenta como proprietária dos meios de produçãomaterial e intelectual. A materialidade dessas relações que produzem a alienação éexpressa no universo das idéias como ideologia, ou ainda, a ideologia representa asrelações materiais de classe concebidas como idéias, sendo a alienação terrenofértil para universalização da ideologia. Nas palavras de Marx e Engels:As idéias da classe dominante são, em cada época, as idéias dominantes,isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmotempo, sua força espiritual dominante. (...) As idéias dominantes não sãonada mais do que a expressão ideal das relações materiais dominantesapreendidas como idéias; portanto, são a expressão das relações que fazemde uma classe a classe dominante, são as idéias de sua dominação. (MARX;ENGELS, 2007, p. 47)Chauí (1984, p. 85-87) sistematiza as condições materiais para existênciada ideologia, algumas das quais já citamos anteriormente. A primeira é a separação
35entre trabalho material e intelectual, a partir do que a humanidade pode supor quehá uma independência entre as idéias e a realidade material. A segunda é aalienação, que torna objetivamente possível que a existência dos homens nãoapareça como produção humana. E a terceira é a luta de classes, a dominação deuma classe sobre outra, já que a ideologia cristaliza em verdades a visão parcial doreal da classe dominante. Ainda segundo Chauí (1984, p. 10 e 11), um traçofundamental da ideologia é de que toma as idéias como independentes da realidadehistórica e social, como se as idéias explicassem a realidade.Posto isso, é importante lembrar que o processo de alienação e a ideologiasão produtos da história, das relações humanas. A ideologia, como toda idéia, tembase no próprio real, mas coloca as idéias como autônomas em relação a esse real,servindo de base para construir um sistema teórico que camufla e justifica adominação de classe. Nesse sentido é que Marx e Engels destacam queA consciência não pode jamais ser outra coisa do que o ser consciente, e oser dos homens é o seu processo de vida real. Se, em toda a ideologia, oshomens e suas relações aparecem de cabeça para baixo como numa câmaraescura, este fenômeno resulta do seu processo histórico de vida, da mesmaforma como a inversão dos objetos na retina resulta de seu processo de vidaimediatamente físico. (MARX; ENGELS, 2007, p. 94)Para Chauí, a ideologia opera pelacriação de universais abstratos, isto é, a transformação das idéiasparticulares da classe dominante em idéias universais de todos e para todosos membros da sociedade. Essa universalidade das idéias é abstrata porquenão corresponde a nada real e concreto, visto que no real existemconcretamente classes particulares e não a universalidade humana. As idéiasda ideologia são, pois, universais abstratos. (CHAUÍ, 1981, p. 95).Embora a ideologia se transforme em instrumento de dominação, aouniversalizar as idéias da classe dominante, não podemos deixar de destacar que oos modos de pensar e sentir burgueses refletem o que são as relações sociaisburguesas. Löwy (1987) mostra que o pensamento dos representantes científicos daburguesia não pode superar os limites que o próprio burguês não supera em suavida. Não se trata de vontade, mas de possibilidade. Nesse sentido, Chauí (1984, p.92) diz que as idéias dominantes não são as únicas, mas tornam-se a maneira pelaqual todos os membros da sociedade irão pensar, sentir e agir.A alienação dá a base para a ideologia naturalizar uma forma como a forma,
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