32consciência. A consciência objetiva-se e, na sociedade de classes, esses produtostornam-se alienados e alienantes, provocando nos indivíduos uma relação dealienação em relação ao gênero humano. “A atividade produtiva é então a fonte daconsciência, e a ‘consciência alienada’ é o reflexo da atividade alienada ou daalienação da atividade, isto é, da auto-alienação do trabalho.” (MÉSZÁROS, 2006, p.80).No debate sobre a alienação, Marx faz duras críticas à visão de Hegel, quedizia que a origem da alienação estaria na consciência e no fato dessa consciênciase objetivar nos produtos históricos da atividade social. Com isso, captava de formaalienada o processo objetivo da alienação, com o entendimento de que aobjetivação, característica da atividade humana, correspondesse à alienação, ouseja, já ao objetivar-se o homem produziria uma relação de alienação com suasobjetivações. Duarte (1993) recupera a concepção marxista pelo reconhecimento dadiferença entre a objetivação e a alienação:A alienação do homem não resulta, portanto, do fato de que ele se objetiveatravés de sua atividade. Essa objetivação não é um processo no qual aessência do homem, concebida por Hegel como autoconsciência, se alienede si mesma. A objetivação não é a essência saindo de si mesma e sealienando no objeto, para depois retornar a si mesma superando aobjetividade, que nesse sentido seria concebida como sinônimo de alienação.É verdade que a alienação tem origem objetiva, mas não decorre daobjetividade das forças essenciais humanas, e sim do fato de que aobjetivação e apropriação dessas forças ocorram sob relações sociais dedominação. (DUARTE, 1993, p. 72)A partir disso, vemos que a alienação precisa ter como base asobjetivações, ou seja, só é possível a alienação porque os seres humanos seobjetivam. Os animais, pelo contrário, não podem se alienar de sua espécie, poisnão se relacionam socialmente e, por conseguinte, não têm características além dasherdadas biologicamente a serem apropriadas. Já os homens, como seres sociais,precisam apropriar-se e objetivar-se e com isso entram em contato com o sergenérico. Assim, o fato de produzir objetivações sócio-históricas que superam suascaracterísticas biológicas é indicativo de que há do que se alienar. No entanto,diferente do que postulava Hegel, a alienação não é intrínseca à objetivação. Parahaver alienação, é necessário que essas objetivações voltem-se contra otrabalhador como um poder estranho. Essa condição é dada pela divisão dotrabalho, pela propriedade privada e pelo intercambio capitalista (mediações de
33segunda ordem).1.4 AS RELAÇÕES SOCIAIS CAPITALISTAS E A CONSCIÊNCIA SOCIAL NAFORMA <strong>DE</strong> I<strong>DE</strong>OLOGIAAquele riojamais se abre aos peixes,ao brilho,à inquietação de facaque há nos peixes.Jamais se abre em peixes.João Cabral de Melo Neto – O cão sem plumas, p. 74A produção da vida é social e foi sendo constituída, ao longo da história,subordinada a certa divisão social do trabalho. Como ressaltaram Marx e Engels emA ideologia alemã (2007), a divisão do trabalho realmente se efetiva quando se dá aseparação entre trabalho intelectual e trabalho material. A partir daí, a consciênciapode imaginar que é mais que a consciência da prática existente, podendoemancipar-se do mundo, passando à formação de uma dita teoria ‘pura’. Nessemomento, alguns indivíduos passam a dedicar-se ao trabalho intelectual, enquantooutros se dedicam ao trabalho material. O que antes pertencia à atividade de toda asociedade se fixa em uma ou outra pessoa. Em outras palavras, a divisão dotrabalho entre material e intelectual e a distinção entre aqueles que se dedicam a umou outro tipo de trabalho - uns produzem/ trabalham e outros gozam/ consomem -provocam uma mudança na consciência.Cada ser humano individualmente não produz todas as coisas necessáriasà sua subsistência, sendo cada produto humano fruto do trabalho de muitos sereshumanos. Confirmamos isso ao observar a quantidade de trabalho utilizado paraprodução de um produto qualquer necessário à nossa vida - um parafuso, porexemplo - que está presente em uma infinidade de objetos que utilizamosdiariamente. Para produzir um simples parafuso estão envolvidos trabalhadorescomo: minerador, siderúrgico, metalúrgico, motorista (que transporta o minério deferro), carregador, vendedor; ou ainda, se formos mais longe, o agricultor – que vaiproduzir o alimento necessário a todos esses trabalhadores, o cozinheiro, o serventede limpeza – que prepara o ambiente para a produção, o professor/ instrutor – que
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