30b) está alienado de si mesmo (de sua própria atividade);c) de seu “ser genérico” (de seu ser como membro da espécie humana);d) o homem está alienado do homem (dos outros homens).(MÉSZÁROS, 2006, p. 19-20).Como dissemos anteriormente, na produção de sua vida, os homensinserem a natureza em sua atividade social, transformando tanto a natureza como asi mesmos. Considerando que a natureza, o corpo inorgânico do homem do qual elenecessita para sobreviver, é também propriedade privada (como meios de produçãoou matéria-prima, por exemplo), a natureza está por sua vez alienada desse homem.Disso decorre, uma relação de alienação do trabalhador com o produto de seupróprio trabalho, que se volta contra ele como um objeto estranho. Mészáros (2006)contribui com essa reflexão formulando os conceitos de mediações de primeiraordem e de mediações de segunda ordem. As mediações de primeira ordem sãoaquelas que ligam o homem à natureza, ou seja, o próprio trabalho e seus produtos,por exemplo, o instrumento. Há entre o homem, a natureza e a atividade produtivauma reciprocidade dialética, já que o homem não apenas cria a indústria, mas étambém produto dela, bem como é criador e produto da natureza.Porém, quando a atividade produtiva se transforma em atividade alienada, arelação homem-natureza passa a estar interposta por mediações de segundaordem, institucionalizadas na forma divisão do trabalho – propriedade privada –intercâmbio capitalista. O homem confronta-se com a natureza e com o homem demaneira hostil, no antagonismo entre capital e trabalho. (MÉSZÁROS, 2006).Além da alienação em relação à natureza, há a alienação do trabalhador desua própria atividade, como uma atividade não dominada e não dirigidaconscientemente por ele. O trabalho torna-se para o trabalhador um meio desatisfação de necessidades e não a própria realização ou satisfação de umacarência. Desse modo, ao invés de o trabalhador afirmar-se no trabalho, humanizarse,ele nega-se no trabalho, aliena-se. (MARX, 2004, p. 81-86).O trabalho alienado faz ainda do ser humano genérico um ser estranho aotrabalhador, pois cada indivíduo está impossibilitado de fruir daquilo que ahumanidade obteve como conquista em sua época histórica. Pelo caráter dasrelações sociais e pelo regime da propriedade privada, coloca-se a impossibilidadede apropriar-se de várias dimensões do gênero humano, estabelecendo-se umarelação de alienação pelos trabalhadores com aquilo que foi produzido socialmente.
31Os seres humanos de nossa época conquistaram no decorrer do desenvolvimentohistórico, objetivações humanas que geram novas necessidades. Por exemplo, paracomer não basta a satisfação da fome. Comer de acordo com as conquistas do sergenérico de nossa época supõe sabor, cor, odor, utensílios. Ao satisfazer a fomecomendo sobras do lixo, quem o faz não está realizando sua humanidade, masaproxima-se de uma condição animal. Vêm nesse sentido os apontamentos deMARX (2004, p. 110), ao dizer que “Para o homem faminto não existe a formahumana da comida, mas somente a sua existência abstrata como alimento; poderiaela justamente existir muito bem na forma mais rudimentar, e não há como dizer emque esta atividade de se alimentar se distingue da atividade animal de alimentar-se.”Nessa passagem, além de destacar a aproximação do homem de uma condiçãoanimal, quando está impossibilitado de acessar o gênero humano, é possível tirarcomo conseqüência que, sob condições de alienação, quanto maior a riqueza social,ou seja, quanto mais desenvolvido o gênero humano; mais pobres são os indivíduos,já que não terão acesso a grande parte dessa riqueza, criando um imenso abismoentre a individualidade e o ser genérico.Sobre isso Vigotski 17 aponta que na organização capitalista da sociedade,Cada novo patamar de desenvolvimento das forças produtivas materiais dasociedade, alcançado à frente, não só fracassou em elevar a humanidadecomo um todo – e cada personalidade humana individual – para um nívelmais alto, como a reconduziu a uma degradação mais profunda dapersonalidade humana e de seu potencial crescimento omnilateral.O que faz com que os trabalhadores estejam impossibilitados de realizarplenamente as conquistas humanas, ou seja, de apropriar-se da genericidade, sãorelações sociais específicas, que subsumem a satisfação das necessidadeshumanas à lógica predominante destas relações. No caso da sociedade capitalista,há a subsunção de toda relação à reprodução ampliada do capital, ao processo devalorização do valor. No capitalismo, portanto, a humanização possível se dácircunscrita nos limites da condição de mercadoria da força de trabalho.Com essa reflexão, tínhamos por objetivo demonstrar que a alienação nãotem origem na consciência, mas na atividade material humana, que é a fonte da17 VIGOTSKI, L. S. A transformação socialista do homem.Disponível em: .Acesso em: 25/01/2007. (Trabalho original de 1930).
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