criado. 12 Identificam-se ainda como objetivações a linguagem e as relações sociais.26uso do objeto, mas usar o objeto de acordo com a função social para a qual foiAlém dos instrumentos, que servem de mediação na ação humana sobre a natureza,por meio do trabalho os homens desenvolvem a linguagem, que surge inicialmentecomo meio de comunicação na atividade, mas que se torna, no decorrer dodesenvolvimento, um instrumento psicológico. Assim como as relações sociais, alinguagem se fixa como objetivação humana, sendo objeto de apropriação dosindivíduos ao longo da vida. (DUARTE, 1993). O papel da linguagem e dosinstrumentos na atividade e na consciência humana é sempre destacado porVigotski, como no trecho que segue: “É na linguagem que se encontra precisamentea fonte do comportamento social e da consciência” (VIGOTSKI, 1999a, p. 81).O processo de apropriação-objetivação ocorre tanto no gênero humanoquanto nos indivíduos, que para se inserir na história precisam se apropriar daquiloque as gerações precedentes produziram. Dessa forma, a produção histórico-socialda humanidade, que permite ampliar suas capacidades, potencialidades, sentidos efazem parte do gênero humano deve ser apropriada pelos indivíduos, para que estespossam dar continuidade à produção do ser genérico. Não devemos esquecer queos indivíduos se constituem como seres sociais, o que percebemos através doraciocínio de Marx (2004, p. 107):O indivíduo é o ser social. (...) A vida individual e a vida genérica do homemnão são diversas, por mais que também – e isto necessariamente – o modode existência da vida individual seja um modo mais particular ou maisuniversal da vida genérica, ou quanto mais a vida genérica seja uma vidaindividual mais particular ou universal.O homem é um ser social e o indivíduo, em sua concretude, apresenta-secomo uma manifestação mais particular ou mais universal desse ser social humano.Quanto mais os indivíduos apropriam-se da genericidade humana, mais seaproximam do universal.Conforme comentamos anteriormente, Marx (2004) nos mostra que mesmonossos sentidos, herdados biologicamente, tornam-se humanos, ao modificarem-sepela relação com o gênero humano, de forma que o ouvido rude frui de forma12 Há casos em que a apropriação de um objeto social confere ao mesmo uma nova função social. Éo caso, por exemplo, quando um utensílio ou ferramenta passa a ser usado como objeto ornamental.
27diferente do ouvido humanizado. Segundo o autor,os sentidos do homem social são sentidos outros que não os do não social;[é] apenas pela riqueza objetivamente desdobrada da essência humana quea riqueza da sensibilidade humana subjetiva, que um ouvido musical, umolho para a beleza da forma, em suma as fruições humanas todas se tornamsentidos capazes, sentidos que se confirmam como forças essenciaishumanas, em parte recém cultivados, em parte recém engendrados. Pois nãosó os cinco sentidos, mas também os assim chamados sentidos espirituais,os sentidos práticos (vontade, amor etc.), numa palavra o sentido humano, ahumanidade dos sentidos, vem a ser primeiramente pela existência do seuobjeto, pela natureza humanizada. [grifos no original] (MARX, 2004, p. 110).Sendo assim, o indivíduo, para aproximar-se do universal, deve reproduzirpara si as habilidades humanas desenvolvidas historicamente pelo gênero humano,apropriando-se da cultura e tornando os órgãos histórico-sociais, órgãos de suaindividualidade. (DUARTE, 1993).É por isso que destacamos baseados em Duarte (1993), a relação deapropriação-objetivação como fundamental na atividade vital humana. É essarelação que caracteriza o processo de humanização e de apropriação dasobjetivações genéricas. O processo de humanização constitui-se fundamentalmentecomo um processo educativo, em que os aspectos sociais devem ser aprendidospelo indivíduo através da mediação dos outros seres humanos e da linguagem. Deacordo com a teoria de Vigotski (1998), o processo de aprendizado dascaracterísticas culturais criadas ao longo da história leva ao desenvolvimento dasfunções psicológicas. Esse processo ocorre tanto em termos do gênero humanocomo em termos do desenvolvimento de cada indivíduo. Iremos nos deter a isto nosegundo capítulo.Mas se o processo de apropriação e objetivação é o que gera humanização,como entender o impacto de relações sociais que impossibilitam que grande parteda humanidade acesse a produção genérica?É então, que se faz importante lembrar que “a relação entre o indivíduo e ogênero humano se realiza no interior das relações sociais concretas e históricas nasquais cada homem se insere” (DUARTE, 1993, p. 111). Isso quer dizer que agenericidade se realiza no indivíduo, pela mediação da socialidade. 1313 Duarte (1993, p. 111) justifica a distinção das categorias genericidade e socialidade: “Por que entãoa utilização da categoria gênero humano na análise da formação do indivíduo, isto é, por que nãoanalisar essa formação simplesmente como uma relação entre indivíduo e sociedade? Porqueembora a forma concreta de existência da genericidade seja a socialidade, a apropriação de uma
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