24homens. A organização das intenções dessas ações passa a ocorrer internamente eao buscar comunicar essa intenção, ou seja, na própria atividade produtiva, oshomens produzem a linguagem. Marx e Engels afirmam queA linguagem é tão antiga quanto a consciência – a linguagem é a consciênciareal, prática, que existe para os outros homens e que, portanto, tambémexiste para mim mesmo; e a linguagem nasce, tal como a consciência, docarecimento, da necessidade de intercâmbio com outros homens. (MARX;ENGELS, 2007, p. 34 e 35).A linguagem - ao abstrair, isolar, generalizar e analisar os objetos do real -produz uma consciência de duplicidade: a consciência passa a perceber a existênciade um mundo externo objetivo e de um mundo interno subjetivo, que pensa tantosobre o mundo externo como sobre o mundo interno. A linguagem permite aoshomens operar com a representação do real na consciência, sem quenecessariamente haja uma relação direta com o próprio real no momento em que sepensa. Ao se apropriar da linguagem, os indivíduos apropriam-se também de formassociais de ver, pensar, sentir e agir no mundo. A consciência se forma peloselementos que compõem o mundo exterior na atividade prática humana e dependemdo processo real de vida do ser consciente. Vejamos então como ocorrem osprocessos de humanização e de alienação.1.3OS PROCESSOS <strong>DE</strong> HUMANIZAÇÃO E <strong>DE</strong> ALIENAÇÃOAs coisas estão no mundoSó que eu preciso aprenderPaulinho da Viola (Coisas do mundo, minha nêga)Por me ostentar assim, tão orgulhosode ser não eu, mas artigo industrial,peço que meu nome retifiquem.Já não me convém o título de homem,meu nome novo é coisa.Eu sou a coisa, coisamente.Carlos Drummond de Andrade (Eu, etiqueta)A inserção nas relações de produção da vida pressupõe a conquista deaspectos sociais para a individualidade. Esse processo denomina-se humanização.
25Duarte (1993), baseado na teoria marxista, afirma que o processo de humanizaçãocaracteriza-se pela dinâmica da apropriação-objetivação, em que ao apropriar-se danatureza para inseri-la em sua atividade social e satisfazer suas necessidades, ohomem a transforma e objetiva-se nessa transformação. Aqui também, evidencia-seo papel do trabalho, que ao produzir um salto ontológico no homem, possibilita odesenvolvimento de características que superam o que há de natural na espéciehumana. É no e pelo trabalho que se dá o processo de apropriação e objetivação.Um bom exemplo é o da produção de instrumentos, que é tanto um processo deapropriação da natureza pelo homem, quanto um processo de sua objetivação. Paraproduzir um instrumento, é necessário apropriar-se de objetos da natureza e criarpara estes, usos sociais. Nessa produção, os homens se objetivam, cristalizando noinstrumento, mesmo em repouso, movimentos e gestos da atividade humana. Comoinstrumento, o objeto passa a ser portador de funções sociais, ganhando umsignificado social a partir dessa objetivação. O movimento histórico leva aosurgimento de novas necessidades. Nas palavras do autorO que possibilita o desenvolvimento histórico é justamente o fato de que aapropriação de um objeto (transformando-o em instrumento, pela objetivaçãoda atividade humana nesse objeto, inserindo-o na atividade social) gera, naatividade e na consciência do homem, novas necessidades, novas forças,faculdades e capacidades. Ou seja, a relação entre objetivação e apropriaçãona incorporação de forças naturais à atividade social, gera a necessidade denovas apropriações e novas objetivações. [grifos no original] (DUARTE,1993, p. 35)As novas necessidades, portanto, levam à produção de novas capacidadeshumanas. A partir disso, podemos concluir que, os homens caracterizam-se porpossuírem capacidades e faculdades que podem ser ampliadas ilimitadamente,baseadas no processo de objetivação e apropriação. Mesmo a repetição daprodução de um instrumento já existente, por exemplo, é também apropriação eobjetivação podendo gerar a produção do novo.As objetivações humanas são sociais e dão base a novas objetivações,geradas em um processo de acumulação e de superação (incorporação e negação).Assim sendo, cada geração deve se apropriar das objetivações produzidas pelasgerações passadas, o que leva ao desenvolvimento histórico. Apropriar-se dasobjetivações supõe apropriar-se das significações sociais engendradas nestasobjetivações, ou seja, para apropriar-se de um dado instrumento, não basta fazer
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