22As relações sociais características de determinado modo de produçãoconstituem-se baseadas no grau de desenvolvimento das forças produtivasmateriais de cada época. Como forças produtivas materiais, Marx (2001) define asforças que fazem parte do processo de trabalho: 1) o próprio trabalho humano, ohomem; 2) o objeto do trabalho, ou seja, o meio natural e a natureza transformadapor trabalho anterior; 3) os meios de trabalho, ou seja, os instrumentos econhecimentos colocados pelo trabalhador entre si mesmo e o objeto de trabalho eque serve para dirigir sua atividade. À medida que há um avanço no grau dedesenvolvimento das forças produtivas materiais - crescimento significativo dapopulação, grande avanço tecnológico e de conhecimentos, máquinas - aumentatambém o grau de dependência entre os seres humanos nas relações sociais.O ser humano, em sua atividade vital, o trabalho social, produz seus meiosde existência e com isso faz desenvolverem-se as forças produtivas materiais. Issoquer dizer que o desenvolvimento das forças produtivas é intrínseco ao ato detrabalhar. 9 Assim, as forças produtivas desenvolvem-se, impulsionadas pelo trabalhoe esse desenvolvimento transforma as relações sociais de produção.No desenvolvimento histórico, em um determinado momento, que não serápor nós analisado aqui, por não ser o foco do presente estudo, essas relaçõessociais dão origem à propriedade privada, ou uma determinada forma deapropriação, que se cristaliza como conceito jurídico. Acontece que os sereshumanos continuam trabalhando e, portanto, continuam desenvolvendo as forçasprodutivas. Com isso, desenvolvem-se também novas formas de apropriação, novosapropriadores e novas relações de trabalho, não contidas no registro jurídico, e quevão corrompendo as antigas. É então que surge uma contradição real entre asclasses sociais representadas por cada um desses interesses, ou seja, acontradição entre as forças produtivas e as relações sociais de produção seexpressa na luta de classes. O processo real de domínio da classe proprietáriacomeça a erodir, embora essa classe tenha a seu favor uma instituição,juridicamente criada para mantê-la, o Estado. (GERMER, 2006).Com a emergência e o desenvolvimento do capitalismo, as relações sociaise a propriedade privada dos meios de produção ganham contornos peculiares. Por9 Cabe lembrar que o próprio Marx admite que na história é possível que momentos de catástrofesnaturais ou sociais levem a um retrocesso, por exemplo, destruindo certo grau de desenvolvimento deforças produtivas.
23um lado, as relações de produção capitalistas produziram um desenvolvimento dasforças produtivas, nunca visto antes. Se pensarmos nas condições das forçasprodutivas do início do capitalismo e compararmos com as de hoje, perceberemosque o desenvolvimento não foi pouco. Da carroça ao trem-bala, da lamparina àmicroeletrônica, da enxada à colheitadeira, da baioneta à bomba atômica. Por outrolado, todo esse desenvolvimento, produzido socialmente, não é apropriado por todaa humanidade, ao passo que é propriedade privada de uma classe social e estásubjugado ao processo econômico de produção de valor, isto é, à reproduçãoampliada do capital.Como vimos, a vida dos seres humanos se constitui pela forma comoproduzem socialmente sua existência, ou seja, pelas relações sociais de produção.Em seu Prefácio à Crítica da Economia Política, Marx 10aponta que “o conjuntodessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a basereal sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qualcorrespondem determinadas formas de consciência social.” Ou seja, as formas deprodução das relações sociais incidem na constituição da consciência dos sereshumanos que fazem parte dessa formação histórico-social, que por sua vez, recairásobre as relações sociais de produção, reproduzindo-as e transformando-as.A consciência é, antes de qualquer coisa, um produto social e desenvolvesebaseada na complexidade da produção material humana. A forma como oshomens produzem sua existência – a partir das relações que estabelecem entre si ecom a natureza – é o que dá a base material para a produção de determinadasformas de consciência social. De acordo com o enunciado marxista: “Não é aconsciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu sersocial é que determina a sua consciência.” (MARX, Prefácio à crítica da economiapolítica). 11Tendo o agrupamento humano um caráter de interdependência, integraçãoe modificação mútua, em sua atividade social, os homens passam a ter anecessidade de organizar as ações e a necessidade do intercâmbio com os outros10 MARX, K. Prefácio à Contribuição à Crítica da Economia Política. [1859] Marxists Internet Archive,mar. 2007. Disponível em:Acesso em: 20 set. 2007.11 Conforme se aprofunda a divisão social do trabalho, transformada em divisão entre trabalhomaterial e trabalho intelectual, a consciência pode imaginar que é mais do que a consciência práticaexistente, como se a representação do mundo estivesse emancipada do próprio mundo. Isso levaráàs concepções idealistas da sociedade e da história. (MARX e ENGELS, 2007, p. 35)
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