14dos autores.As obras de Vigotski que foram utilizadas são as disponíveis em espanhol eportuguês. Utilizamos também alguns textos de Leontiev e Luria que junto comVigotski compunham o grupo de pesquisadores soviéticos conhecidos como troika 3 .Eles trouxeram importantes formulações para o campo da psicologia e buscaramdelinear uma psicologia marxista.É importante destacar que o acesso às obras de Vigotski tem se ampliadobastante, mas é perpassado por alguns problemas. Durante um longo período, seustextos deixaram de ser publicados na URSS, já que se privilegiavam visões maispositivistas do marxismo. Uma de suas obras, Pensamento e Linguagem, porexemplo, foi publicada pela primeira vez, postumamente, em 1934, proibida em1936, voltando a ser publicada somente em 1956. 4Duarte faz importantes considerações sobre a substituição do que o Vigotskiescreveu por traduções resumidas e censuradas ou por aquilo que escreveram seusintérpretes. Esse procedimento, aliado à assepsia realizada nas obras de Vigotskipara depurar suas bases marxistas, seu distanciamento de Leontiev e o ecletismonas interpretações, segundo Duarte (2004a, p. 166), “facilita a assimilação deVigotski ao universo ideológico do capitalismo contemporâneo”. Cabe apontar queas traduções de algumas de suas principais obras publicadas em português, comoPensamento e Linguagem e A formação social da mente, foram editadas de acordocom seus intérpretes. O texto de Pensamento e Linguagem, por exemplo, possuiatualmente duas traduções para o português. A primeira, lançada em 1987, foitraduzida da edição em inglês publicada nos EUA e chamada de Pensamento eLinguagem (VYGOTSKY, 1987). Já a segunda, lançada mais recentemente em2001, foi traduzida diretamente do russo e denominada A construção dopensamento e da linguagem (VIGOTSKI, 2001a). Tal livro foi em partes escrito e emoutras, ditado por Vigotski - em estado terminal de tuberculose - a seuscolaboradores. Os tradutores norte-americanos argumentam quea repetição excessiva e certas discussões polêmicas que seriam de poucointeresse para o leitor contemporâneo deveriam ser eliminadas, em favor de3 Troika tem origem etimológica russa e significava originariamente um conjunto de três cavalosatrelados a um trenó ou a uma carruagem. Passou a significar também um conjunto de três pessoasou coisas; trinca, trio. Fonte: Edição Eletrônica do Dicionário Houaiss.4 BRUNER, J. S. Introdução. In: VIGOTSKI, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: MartinsFontes, 1987.
15uma exposição mais clara. Ao traduzir o livro, simplificamos e tornamos maisclaro o estilo de Vygotsky, ao mesmo tempo em que nos esforçamos parareproduzir com exatidão o seu sentido. 5Através da nossa pesquisa, percebemos importantes diferenças entre asduas obras, além da evidente diferença de volume, cuja versão reduzida cortou maisde 60% da original. Como evidencia Duarte (2004a, p. 170), esses cortes tornam ”otexto mais facilmente interpretável à luz de concepções não-marxistas do serhumano, da história e das relações entre indivíduo e sociedade. Nesse, sentido oautor é categórico ao afirmar que “Vigotski era bastante claro em sua posição: apsicologia não poderia desenvolver-se de forma efetiva a não ser como parte doprocesso de construção de uma sociedade socialista.” (DUARTE, 2004a, p. 171).Não pretendemos com essa sucinta discussão, esgotar esse tema, masapontar para os problemas existentes nas apropriações dos textos de Vigotski. 6Nosso estudo pretende contribuir com o aprofundamento de umacompreensão marxista da constituição da consciência de classe e sua relação com aconsciência individual. Dessa forma, coloca-se a importância de proceder a análiseda consciência humana no momento histórico atual, caracterizado pela divisão socialem classes distintas e antagônicas. Localizamos a psicologia de Vigotski dentro docampo marxista o que, por isso, traz preciosos subsídios. A escolha do tema se deupela necessidade de iniciar a construção de um entendimento que estabeleça arelação entre a teoria de Vigotski com a consciência de classe. Sendo o início deuma trajetória que não se encerra nessa pesquisa, sabemos que permaneceráincompleta e inconclusa.Concentramos nossos estudos fundamentalmente em três processos, quederam origem aos três capítulos. No primeiro capitulo, retomamos o debate marxistasobre a formação de uma consciência social a partir das relações sociais deprodução da vida, a sua nascente e o seu movimento. Esse processo produz ahumanização e, na sociedade de classes, produz também a alienação. Buscamosdemonstrar que na sociedade de classes, a consciência social converte-se emideologia, universalizando as idéias da classe dominante. No segundo capítulo,analisamos o processo de internalização do mundo na forma de uma concepção de5 HANFMANN, E.; VAKAR, G. Prefácio à tradução inglesa. In: VIGOTSKI, L. S. Pensamento eLinguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.6 Para aprofundamento nesse tema, recomendamos o livro Vigotski e o ‘Aprender a Aprender’: críticaàs apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana de Newton Duarte (DUARTE,2004a).
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