122psiquismo humano de cada período histórico. 41A partir disso, o autor soviético ressalta que a produção capitalista ao mesmotempo em que mutila os indivíduos das possibilidades de desenvolvimentoproduzidas pela humanidade, contém em si as forças para sua destruição, comovemos na passagem a seguir:Não importa qual traço particular – que caracteriza o tipo psicológico humanodado – escolhamos, seja nos períodos iniciais ou mais recentes dodesenvolvimento capitalista, por toda parte encontraremos sempre naturezase significados duplos, em cada característica crucial. A fonte da degradaçãoda personalidade das pessoas, na forma capitalista de produção, tambémcontém, em-si mesma, o potencial para um infinito crescimento dapersonalidade humana. (VIGOTSKI, idem, p. 5)Assim, completa Vigotski, o crescimento da grande indústria traz dentro de sio potencial oculto para o desenvolvimento da personalidade humana, sendo ocapitalismo responsável pelo desenvolvimento unilateral e deformante dapersonalidade.O autor retoma o fato de que a contradição entre o poder crescente dohomem e sua degradação, entre o crescente domínio da natureza e sua liberdade,de um lado e a escravidão e dependência crescente das coisas produzidas por elemesmo, de outro; esta contradição parcial está subordinada a outra mais geral etotalizante: a contradição entre o grau de desenvolvimento das forças produtivas eas relações sociais. Vigotski afirma que esta contradição se resolve pela revoluçãosocialista e pela transição a um novo modo de produção. Ao longo do processorevolucionário ocorrem transformações no homem e em sua personalidade,decorrentes de três fatores:1) a destruição das formas capitalistas de organização da vida social que levaà libertação do homem, ou seja, a personalidade se liberta daquilo que oprimia seudesenvolvimento;2) a libertação do potencial positivo da grande indústria, que ao invés de secolocar contra as pessoas, estará a seu benefício;3) uma mudança nas próprias relações sociais, entre as pessoas, que trazmudanças às idéias, padrões de comportamento, exigências, gostos. (VIGOTSKI,idem, p. 6).41 VIGOTSKI, L. S. A transformação socialista do homem. (Trabalho original de 1930).Disponível em: . Acesso em: 25/01/2007.
123Aqui, retomamos a idéia já bastante exposta no decorrer de nosso trabalho deque a consciência do indivíduo se forma de acordo com as relações sociais em queestá inserido. Assim, transformando as relações sociais, transformam-se os modosde pensar, sentir e agir sintetizados na concepção de mundo, transformando deforma significativa a consciência humana.Devemos relembrar que no processo de internalização, o que internalizamosnão é o mundo, mas uma concepção de mundo, pela mediação de um sistema deconceitos. Esse processo foi uma das chaves que encontramos na análise darelação entre a consciência de classe e a consciência individual. Parece-nos aindaser um terreno bastante fértil para aprofundamentos posteriores.Outra importante contribuição de Vigotski é sobre o processo de imaginação,que se mostra fundamental na produção da consciência e, em especial, daconsciência de classe revolucionária. Segundo VIGOTSKI (1998b), no processo daimaginação é importante a direção da consciência, que consiste em se afastar darealidade, em uma atividade de abstração que se diferencia da cognição imediata darealidade. Junto com as imagens que se criam durante o processo da cogniçãoimediata da realidade, o indivíduo cria imagens que são reconhecidas como produtoda imaginação, pela combinação criativa de imagens existentes. Com base nasimagens produzidas na relação ativa com as condições materiais apresentadas narealidade, podemos criar novas imagens que não estão prontas na realidadecircundante imediata. É no processo de abstração e da comprovação da abstraçãona realidade, que se produz o conhecimento sobre suas contradições e que aimaginação se inscreve como uma função psicológica fundamental para a produçãode uma consciência revolucionária.As possibilidades de agir com liberdade, que surgem na consciência dohomem, estão intimamente ligadas com a imaginação, ou seja, à tão peculiardisposição da consciência para com a realidade, que surge graças àatividade da imaginação. (...) Toda penetração mais profunda da realidadeexige uma atitude mais livre da consciência para com os elementos dessarealidade, um afastamento do aspecto externo aparente da realidade dadaimediatamente na percepção primária, a possibilidade de processos cada vezmais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complicae se enriquece. (VIGOTSKI, 1998b, p.129)A imaginação permite, portanto, certo afastamento pela consciência do véuideológico encontrado na aparência imediata das relações reais na sociedade declasses. Esse afastamento produz, de outro lado, uma aproximação da realidade em
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