120materiais da sociedade se chocam com as relações de produção existentes,ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações depropriedade dentro das quais se desenvolveram até ali.De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações seconvertem em obstáculos a elas. E se abre, assim, uma época de revoluçãosocial.Assim sendo, a primeira condição objetiva necessária à superação é ochoque entre o desenvolvimento das forças produtivas materiais e as relaçõessociais de produção, que abre uma época revolucionária. Isso quer dizer que asforças produtivas “que se desenvolvem no seio da sociedade burguesa criam, aomesmo tempo, as condições materiais para a solução desse antagonismo.” (MARX,idem). No entanto, tais condições abrem somente uma possibilidade objetiva derevolução do modo de produção.Além dessa condição objetiva presente na estrutura do sistema, é necessário,segundo Lênin, a conjugação em um âmbito conjuntural de outros três aspectos, queconfiguram, dentro dessa época de revolução social, uma situação revolucionária,quais sejam:1) impossibilidade de as classes dominantes manterem a sua dominação deforma inalterada; crise da “cúpula”, crise da política da classe dominante, oque seria uma fissura através da qual o descontentamento e a indignaçãodas classes oprimidas abrem caminho. Para que a revolução estoure nãobasta, normalmente, que “a base não queira mais” viver como outrora, mas épreciso que “a cúpula não o possa mais”;2) agravamento, além do comum, da miséria e da angústia das classesoprimidas;3) desenvolvimento acentuado, em virtude das razões indicadas acima, daactividade das massas, que se deixam, nos períodos “pacíficos”, saqueartranquilamente, mas que, em períodos agitados, são empurradas tanto pelacrise no seu conjunto como pela da própria “cúpula”, para uma acçãohistórica independente. (LÊNIN, 1979, p.27-28).Tais situações revolucionárias são produzidas pelo próprio desenvolvimentodo capitalismo, que em certos momentos oferece essas condições de formacombinada. Não são condições dadas permanentemente, mas que se produzem nomovimento do capital. Por serem resultado do movimento do capital e não davontade da classe revolucionária, essas condições são consideradas objetivas.Diante disso, aponta-se que sem essas condições não é possível uma revolução, ouseja, a superação da ordem capitalista.No entanto, nem toda situação revolucionária resulta em uma revolução. Issoocorre porque, embora a situação revolucionária seja um produto do
121desenvolvimento do capital, a revolução exige uma ação organizada e consciente daclasse revolucionária. Nas palavras de Lênin,(...) a revolução não surge em toda situação revolucionária, mas somente noscasos em que a todas as alterações objetivas acima enumeradas vem juntarseuma alteração subjetiva, a saber: a capacidade, no que respeita à classerevolucionária, de conduzir ações revolucionárias de massa suficientementevigorosas para quebrar completamente (ou parcialmente) o antigo governo,que não cairá jamais, mesmo em época de crise, sem ‘ser derrubado’. Essa éa concepção marxista da revolução (...). (LÊNIN, 1979, p. 28).É aqui que entram as condições subjetivas do processo revolucionário. Nessesentido, pensamos que o processo da consciência de classe tem fundamentalimportância, já que seu desenvolvimento para formas mais avançadas contribui noamadurecimento das condições subjetivas, para que quando se apresente umasituação revolucionária, seja possível a transformação social. As possibilidades desuperação podem se converter em realidade na medida em que a classe se coloqueem movimento, produzindo não só uma consciência revolucionária, mas uma açãocapaz de revolucionar a sociedade. Ocorre somente se a ação organizada eautoconsciente da classe revolucionária, no momento em que se apresentam ascondições objetivas, seja suficiente para abolir as relações capitalistas e iniciar aconstrução do socialismo. É necessário que a classe trabalhadora transcenda areação espontânea ao capital e entre em um processo autoconsciente que leve àação revolucionária intencional e organizada. Para isso, é necessário que osindivíduos que fazem parte da classe apropriem-se das experiências práticas e dateoria revolucionária produzidas pela classe trabalhadora em sua história. Como jádito antes, todo processo de apropriação e objetivação é um processo educativo.Nesse sentido, voltamos à questão da relação da consciência da classe coma consciência individual. No que diz respeito às condições subjetivas para asuperação da alienação, coloca-se uma contradição, a consciência de classe parase efetivar deve estar em relação com a ação da classe, mas essa consciência só serealiza no indivíduo. Segundo Vigotski (1999a, p. 368), “cada pessoa é em maior oumenor grau o modelo da sociedade, ou melhor, da classe a que pertence, já quenela se reflete a totalidade das relações sociais”. O autor afirma ainda que o caráterde classe, a natureza de classe e as distinções de classe são responsáveis pelaformação dos tipos humanos e que as contradições internas dos sistemas sociaisencontram sua expressão acabada no tipo de personalidade e da estrutura do
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