118CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAISPorque é muito mais espessaa vida que se desdobraem mais vida,como uma frutaé mais espessaque sua flor;como a árvoreé mais espessaque sua semente;como a floré mais espessaque sua árvore,etc. etc.João Cabral de Melo Neto (O cão sem plumas)Como vimos, a consciência da classe trabalhadora se constitui comoexpressão de seu ser social, é a consciência de ocupar um determinado lugar nasrelações sociais e a possibilidade de agir conforme essa consciência. Esse lugar nãoé estático, já que o ser da classe trabalhadora se constitui no movimento produzidopela contradição de estar integrada ao capital como sua parte constitutiva e aomesmo tempo suportar o ônus dessa relação. Dessa forma, dependendo domomento do movimento da classe para o qual se olhe, ela aparece alienada eamoldada à ordem ou reivindicando direitos do capital ou ainda tomando as rédeasde sua história e produzindo o salto qualitativo necessário à superação docapitalismo.Esse movimento relaciona-se e interfere em outro processo, o da formação daconsciência individual. Embora a consciência de classe não possa ser considerada asoma da consciência dos indivíduos que compõem a classe trabalhadora, mas comouma síntese produzida por seu ser social, tal consciência somente se realiza nospróprios indivíduos, por seus modos de pensar, sentir e agir, que constituem suaconcepção de mundo. Essa concepção de mundo é também um produto histórico eque varia conforme os modos de produção social da vida. Na sociedade de classes,é produzida pelas classes, como vemos na seguinte passagem de Marx,Sobre as diferentes formas de propriedade, sobre as condições sociais,maneiras de pensar e concepções de vida distintas e peculiarmenteconstituídas. A classe inteira os cria e os forma sobre a base de suascondições materiais e das relações sociais correspondentes. O indivíduoisolado, que as adquire através da tradição e da educação, poderá imaginar
119que constituem os motivos reais e o ponto de partida de sua conduta.(MARX, 2002, p. 51-52).As classes sociais produzem maneiras de pensar relativas à sua posição nasociedade, da forma como apreendem o mundo de sua perspectiva. É com base noseu poder de dominação, material e intelectual, que a classe dominante faz com quesua perspectiva se universalize. A partir disso, compreendemos como os indivíduosda classe trabalhadora, imersos em sua cotidianidade, apropriam-seespontaneamente, pela tradição e pela educação, de certos modos ideológicos depensar e os naturalizam. No entanto, a posição da classe trabalhadora no mirantedas relações sociais lhe oferece um horizonte mais amplo e com isso a possibilidadede melhor apreender a paisagem e captar aspectos das relações materiais que oscolocam de frente com contradições importantes e fundamentais para o curso dahistória. (LÖWY, 1987).Nesse sentido, nossa pesquisa buscou contribuir no entendimento de comoaquela consciência alienada, fruto de relações sociais alienadas, pode tomarconsciência de sua alienação e movimentar-se na direção de uma consciênciarevolucionária, que vise à superação de tais relações. Esse movimento precisaocorrer, sem dúvida, nas consciências individuais, mas não de forma isolada senãonecessariamente na relação com o acúmulo teórico e prático produzido pela classeem sua trajetória, sintetizado na consciência de classe.Diante disso, devemos analisar a questão da superação das relaçõescapitalistas e da construção do socialismo como um novo modo de produção. Noque se refere à superação do atual modo de produção, retomaremos algunselementos.Sabemos que para a superação da sociedade de classes é necessária umaruptura radical com as atuais formas de produção e organização da sociedade pormeio de uma revolução. Isso se dá pela conjugação de dois tipos de condições, asobjetivas e as subjetivas. Em primeiro lugar, analisemos as condições objetivas.Marx 40 aponta queAo chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas40 MARX, K. Prefácio à Contribuição à Crítica da Economia Política. [1859] Marxists Internet Archive,mar. 2007. Disponível em:Acesso em: 20 set. 2007.
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