114Em primeiro lugar, porque os indivíduos ao engajarem-se em projetos coletivos detransformação social, não eliminam as influências da ideologia, já que continuamsendo seres dessa ordem, que lhe exige certas práticas materiais para a produçãosocial de sua vida. O que é possível é colocar a própria consciência sob umareflexão crítica permanente e ao agir buscando criar novas relações produzemmudanças na consciência, ainda que incipientes. Com isso, só gostaríamos dereforçar que a pessoa não pode simplesmente abandonar a concepção de mundobaseada em modos de pensar, sentir e agir da classe dominante, mas pode elegerdiante de uma luta de motivos na ação concreta, ir contra tal consciência. Emsegundo lugar, devemos destacar que na luta de motivos, a negação da consciênciaalienada e a busca pela superação do capitalismo levam os indivíduos a renunciar acertos valores, normas, características sociais e ideológicas, como o individualismo,a competitividade etc., dando lugar ao companheirismo, solidariedade, ainda que deforma limitada e contraditória. Em terceiro, porque diante da compreensão doalcance da tarefa de transformação da sociedade, o indivíduo necessita transcendersua ação individual, que não é capaz de tamanha empreitada. É ao relacionar, nostermos de Leontiev, a sua ação individual com a atividade da classe, que a pessoatorna-se capaz de perceber que seu projeto transcende sua existência e que a únicaforma de dar continuidade a essa projeto é inserir-se no projeto histórico e naatividade organizada da classe. É pela formação de um sentido pessoal conectadoao significado produzido pela classe que o indivíduo é capaz de se perceber comouma contribuição no processo.O movimento da consciência de classe e a consciência revolucionária levama pessoa a reorganizar sua conduta, sua atividade e seu sistema de conceitos deacordo com novos parâmetros. Vigotski, ao tratar da reorganização dos sistemaspsicológicos, remete-se a Spinoza e destaca que(...) o homem pode com certeza reduzir a um sistema não apenas funçõesisoladas, mas também criar um centro único para todo o sistema. Spinozamostrou esse sistema no plano filosófico; existem pessoas, cuja vida é ummodelo de subordinação a um fim, que mostraram na prática que isso épossível. (VIGOTSKI, 1999a, p. 134)Essa passagem nos leva a refletir quea consciência de classerevolucionária possa ser um centro único, que reorienta a conduta do indivíduo.
1153.9 DA SUPERAÇÃO DA ALIENAÇÃOE se o oceano incendiarChico Buarque e Francis HimeJá discorremos sobre o processo ontológico de apropriação e objetivação,que produz como conseqüência o desenvolvimento das forças produtivas. Isso se dáno interior de certas relações sociais, em nosso caso, relações sociais capitalistas.Junto disso, devemos destacar que no desenvolvimento do capitalismo não surgiuuma nova classe que pudesse suplantar as classes existentes e fundar uma novasociedade de classes, como foi até agora o desenvolvimento histórico. Pelocontrário, as condições materiais criadas pelo desenvolvimento das forçasprodutivas inviabilizam o surgimento dessa nova classe, entre outros motivos, pelofato de cada vez mais deixar os homens em igual situação de expropriação. Esse éo fato que torna possível o argumento da sociedade sem classes.A consciência revolucionária torna-se um poder material para a superaçãoda alienação na medida em que se transforma em ação revolucionária, que busqueeliminar essa situação de expropriação. A superação da alienação supõe que deixede haver o abismo entre a produção do ser genérico e a apropriação individual dogênero humano. Marx e Engels apontam que a superação da contradição entre ointeresse individual e o coletivo se dá com a superação da divisão do trabalho entremanual e intelectual, o que acontece somente dadas algumas condições práticas,com o que fechamos o capítulo 1, mas que retomamos aqui:Para que ela [a alienação] se torne um poder ‘insuportável’, isto é, um podercontra o qual se faça uma revolução, é necessário que ela tenha feito damassa da humanidade uma massa totalmente ‘privada de propriedade’, quese ache ao mesmo tempo em contradição com um mundo de riqueza e decultura realmente existente, ambos pressupondo um grande aumento daforça produtiva, isto é, um estágio elevado de seu desenvolvimento. Por outrolado, esse desenvolvimento das forças produtivas (...) é uma condição práticaprévia absolutamente indispensável, pois, sem ele, a penúria segeneralizaria, e, com a necessidade, também a luta pelo necessáriorecomeçaria, e se cairia fatalmente na mesma imundície anterior. (MARX;ENGELS, 1998, p. 30-31)No sentido da construção de condições para a superação da alienação,vemos uma importante reflexão trazida por Duarte (1993). O autor mostra que no
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