110atividade psicológica. O domínio da conduta é conseguido através do domínio dosmeios que influenciam na conduta.O indivíduo que toma consciência dos aspectos velados pela ideologia,especialmente quando a classe não realizou este movimento no mesmo momento, éum novo indivíduo em conflito. Está sob a constante pressão da sociedade que lhediz para “pensar em si mesmo”, “cuidar da própria vida”. Entra aqui o que Vigotskichama de luta de motivos no processo volitivo. O motivo é produto de um sistemacomplexo de estímulos que age na eleição volitiva. A luta entre motivos estápresente no processo de escolha, pois a pessoa consegue dominar sua conduta apartir da eleição de um motivo. No processo volitivo, um estímulo mais forte pode setransformar em um motivo débil e vive-versa. A vontade não é puramente livre, masdependente de motivos externos. Como diz Toassa (2004, p. 5), referindo-se aVigotski: “A vontade não é uma função psíquica, mas o comando das diferentesfunções e do estabelecimento de intenções concretas pelas quais a pessoa convertea ação condicionada em ação livre.”Parece-nos relevante que no processo de consciência haja um ato volitivoque eleja certos motivos e não outros. Para Vigotski (2000b, p. 289), o livre arbítrionão consiste em estar livre de motivos, mas tomar consciência da situação, tomarconsciência da necessidade de eleger, que o motivo se impõe e que sua liberdadenesse caso é uma necessidade gnoseológica.Elegemos algo livremente quando criamos a instrução, e não apenasrealizamos a instrução dada por outro. Enquanto inicialmente a eleição é feita com aajuda da atenção ou da memória; na eleição livre entre duas possibilidades, aescolha não é determinada de fora, por outro, mas pela própria pessoa, na escolhaentre motivos, levando em conta, é claro, as possibilidades materiais colocadas. Aodominar os meios que influem sobre nós (especialmente os signos), é quepassamos ao autodomínio dos processos psicológicos, quando a vontadedesenvolvida pela escolha passa a constituir a atividade humana. (VIGOTSKI,2000b).Outro aspecto não pode ser eliminado da livre escolha: o processo deconhecimento. Se para intervir sobre a realidade (externa ou interna) é necessárioconhecê-la, e se em grande parte a humanidade está alienada do conhecimentoproduzido socialmente, por este ser propriedade privada de uma classe, podemosconcluir que os processos de livre escolha sob o capitalismo ficam bastante
111comprometidos. Segundo Toassa:As condições de reação existentes nos experimentos de livre-escolha – pormais simples que sejam – são raridade em tempos de alienação. (...) Oprocesso de desenvolvimento da livre-escolha demanda tanto a necessidadeconcreta de escolher quanto a possibilidade de definir novas opções, mas, nocapitalismo, o poder econômico determina as possibilidades de escolhaexistentes. (TOASSA, 2004, p. 8).A autora refere-se a uma falsa escolha, presente nas relações capitalistas,que é a entre morrer ou viver explorado. “A necessidade de sobrevivência deforma edescaracteriza todas as outras necessidades, sobrepujando-as pela carência deopções concretas na realidade concreta.” (TOASSA, 2004, p. 9). Uma questão secoloca para nós: a consciência de classe pode ser entendida como um momento emque há uma luta de motivos e um processo de livre escolha?Para responder, é necessário notar que a consciência de classe é própriada sociedade de classes, e, com isso, traz também suas contradições. Embora aideologia imponha uma consciência social dominante, a realidade com suascontradições apresenta-se para ser apreendida pelos diferentes grupos sociais. Aapreensão da realidade se dá a partir da perspectiva de quem a olha, tornandopossível que a classe que vive no centro das contradições sociais, desenvolva umaconcepção de mundo, com modos de pensar, sentir e agir que integrem taiscontradições, que as faça visíveis. 38Uma das condições para que isso ocorra é que a classe trabalhadoraaproprie-se do conhecimento científico, filosófico, ético e político mais desenvolvidopela humanidade até o momento para o entendimento da realidade social. A partirdessa apropriação emerge a luta entre a concepção de mundo alienada -internalizada e enraizada, assumida como a própria concepção de mundo – e aconcepção de mundo revolucionária - baseada no sistema de conceitos filosóficocientíficosdo marxismo e que busca captar as contradições do real que produzemseu movimento para intervir sobre ele.Devemos lembrar que diante dessa ‘livre-escolha’ está colocada anecessidade da escolha e do querer escolher e que na atividade prática real inserida38 O marxismo desenvolve-se revelando aspectos da realidade material velados pela ideologia porqueparte de uma determinada perspectiva, fundada materialmente, que determina seu panorama daanálise.
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